Mariana Vitória de Bourbon: diferenças entre revisões

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Na sequência da curta, mas para a Espanha desastrada guerra contra as quatro potências em 1718-1720, o rei de Espanha tinha ainda prometido uma filha ― a infanta Mariana Vitória ― a [[Luís XV da França]], para também tentar melhorar as relações com esse reino. Com menos de quatro anos de idade foi a pequena princesa por isso enviada além-[[Pirenéus]]. Mas o rei francês entretanto não quis esperar que a pequena princesa crescesse, e acabou por optar por outra esposa. Em março de 1725, a pequena princesa, agora com sete anos, regressou a Espanha.
 
Entretanto, novos conflitos tinham surgido entre Portugal e a Espanha, por causa da fundação pelos portugueses de [[MontevideuMontevidéu]], no [[Rio da Prata]], a 22 de novembro de 1723. Isto era uma zona que os portugueses consideravam ser o limite meridional natural do [[Brasil]], enquanto os espanhóis de [[Buenos Aires]] queriam controlar todo o estuário do Rio da Prata.<ref>SATURNINO MONTEIRO, Armando da Silva: ''Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa'', Vol. VII, pp. 54-56.</ref>
 
Os portugueses tinham desde 1680 a [[Colónia do Sacramento]] na região, que fora ocupada pelos espanhóis durante a Guerra da Sucessão Espanhola, mas devolvida pelo tratado de paz de 1715. No entanto, o tratado nada dizia sobre novas fundações na zona. Exatamente três meses após a fundação de MontevideuMontevidéu, a 22 de Fevereiro de 1724, os espanhóis de Buenos Aires julgaram-se por isso justificados em ocupar a praça. Apenas um ano após o contrato de casamento entre Maria Bárbara e o Príncipe das Astúrias, estes acontecimentos, nesta remota parte dos respetivos impérios, causaram assim novos atritos diplomáticos entre as coroas ibéricas..<ref>Id., ''Ibid.'', Vol. VII, p. 141.</ref>
 
===A Troca das Princesas===
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D. João V decidiu então enviar uma forte esquadra ao Rio da Prata para fazer valer os interesses de Portugal na região. Em 1736, largaram assim ao todo seis naus de guerra, com 390 peças no total, para a América do Sul. Encontrariam no Mar da Prata uma esquadra espanhola de cinco pequenas naus e três fragatas, com 332 peças no total ― uma força manifestamente inferior. Alguns combates foram travados, em que nenhum dos lados perdeu naves; mas os espanhóis não conseguiram impedir que a esquadra portuguesa, ao comando de Luís de Abreu Prego, iniciasse um '''bloqueio a Montevidéu''', bloqueando assim o exército espanhol em terra. Durante um ano, de Agosto de 1736 a Agosto de 1737, a esquadra portuguesa bloqueou o exército espanhol em Montevidéu, sem que a esquadra espanhola no Mar da Prata tentasse fazer alguma tentativa de desafiar os portugueses, até que chegou uma nau de guerra do Rio de Janeiro com notícias de que em [[Paris]] se tinha assinado um armistício em Maio de 1737.<ref>SATURNINO MONTEIRO, Armando da Silva: ''Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa'', Vol. VII, pp. 141-145.</ref> Assim foi devolvida Montevidéu a Portugal, sem que durante um ano a esquadra espanhola na zona tivesse ousado desafiar a portuguesa. Por ironia, a única nave perdida durante toda esta campanha foi uma fragata espanhola de 36 peças, por encalhe.
 
Enquanto tudo isto se passava, D. João V tinha invocado a aliança com a Grã-Bretanha logo em 1735, quando depois do incidente das embaixadas se adivinhava uma possível guerra com Espanha. Como resultado da aliança anglo-lusa, chegou a Lisboa no verão de 1736 uma poderosíssima armada de vinte e seis naus de guerra ― equivalente practicamentepraticamente a toda a Armada Real espanhola ― às ordens do próprio ''Admiral of the Fleet'' Sir John Norris. A maior parte desta armada permaneceu em Lisboa até o verão seguinte, após o armistício de Paris.<ref>''Ibidem.''</ref>
 
Assim se explica porque pôde D. João V enviar a esquadra ao Rio da Prata sem ter que se preocupar com a defesa das àguaságuas da metrópole, e assim se explica porque Espanha rapidamente assinou um armistício com Portugal. E assim se explica, talvez, porque Portugal a partir da segunda metade do reinado de D. João V começou a sofrer uma certa dependência da Grã-Bretanha, que apenas se tornaria mais manifesta com o passar das décadas.
 
==Rainha consorte e regente de Portugal==
 
=== Reinado do marido ===
[[Ficheiro:Alegoria à Aclamação do Rei D. José I (c. 1750) - atribuidoatribuído a Joana do Salitre.png|miniaturadaimagem|Alegoria à Aclamação do Rei D. José I (c. 1750) - atribuidoatribuído a Joana do Salitre. D. Mariana Vitória aparece ao lado do marido.]]
Vinte anos mais tarde, falecia D. João V, e o marido de D. Mariana Vitória subia ao trono. A rainha tinha então trinta e dois anos e D. José I, trinta e seis anos.
 
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=== O processo dos Távoras ===
{{Artigo principal|[[Processo dos Távoras]]}}
[[Ficheiro:AtentadoJoseI.jpg|miniaturadaimagem|O atentado sofrido por D. José, marido de D. Mariana Vitória em 1758. Este atentado foi o catalizadorcatalisador do [[Processo dos Távoras]].]]
Na sequência do terramoto ficou só menos de dois anos mais como Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. O rei [[D. José I]] deu ao seu primeiro-ministro poderes acrescidos, tornando-o numa espécie de [[ditador]], e fê-lo [[Fidalgo do Conselho|Conselheiro de Estado]] e [[Comenda|Comendador]] de [[Santa Marinha da Mata de Lobos]] e de [[São Miguel das Três Minas]], ambas na [[Ordem de Cristo]]. À medida que o seu poder cresceu, os seus inimigos aumentaram e as disputas com a [[Nobreza|alta nobreza]] tornaram-se frequentes.