Capitalismo: diferenças entre revisões

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Alguns definem o capitalismo como um sistema onde todos os meios de produção são de propriedade privada, outros o definem como um sistema onde apenas a "maioria" dos meios de produção está em mãos privadas, enquanto uma terceira abordagem trata de propriedade mista dos meios de produção, como é o caso da maioria dos países da [[América Latina]]. A propriedade privada no capitalismo implica o direito de controlar a propriedade, incluindo a determinação de como ela é usada, quem a usa, seja para vender ou alugar, e o direito à renda gerada pela propriedade.<ref>Bessette, Joseph M. American Justice, Volume 2. Salem Press (1996). p. 637</ref> O capitalismo também se refere ao processo de [[acumulação de capital]]. Não há consenso sobre a definição exata do capitalismo, nem como o termo deve ser utilizado como categoria analítica.<ref>The Idea of Capitalism before the Industrial Revolution. Critical Issues in History. Lanham, Md: Rowman and Littlefield, 1999, p. 1</ref> Há, no entanto, pouca controvérsia que a propriedade privada dos meios de produção, criação de produtos ou serviços com fins lucrativos num [[mercado]], e preços e [[salário]]s, são elementos característicos do capitalismo.<ref>Tormey, Simon. Anti-Capitalism. One World Publications, 2004. p. 10</ref> Há uma variedade de casos históricos em que o termo ''capitalismo'' é aplicado, variando no tempo, geografia, política e cultura.<ref name="Scott"/>
 
[[Economistas]], [[Economia política|economistas políticos]] e [[historiadores]] tomaram diferentes perspectivas sobre a análise do capitalismo. Economistas costumam enfatizar o grau de que o governo não tem controle sobre os mercados (''[[laissez faire]]'') e sobre os direitos de propriedade. A maioria<ref>{{citecitar booklivro|authorautor =Tucker, Irvin B.|titletítulo=Macroeconomics for Today|pagespáginas=553|yearano=1997}}</ref><ref>{{citecitar booklivro|authorautor =Case, Karl E.|titletítulo=Principles of Macroeconomics|publisherpublicado=Prentice Hall|yearano=2004}}</ref> dos economistas políticos enfatizam a propriedade privada, as [[relações de poder]], o trabalho assalariado e as [[Classe social|classes econômicas]].<ref name="Stilwell"/> Há um certo consenso de que o capitalismo incentiva o [[crescimento econômico]],<ref>"Economic systems". EncyclopediaEncyclopædia Britannica 2007 Ultimate Reference Suite. (Chicago: Encyclopædia Britannica, 2009)</ref> enquanto aprofunda diferenças significativas de [[renda]] e [[riqueza]]. O grau de liberdade dos mercados, bem como as regras que definem a propriedade privada, são uma questão da [[política]] e dos políticos, e muitos [[Estado]]s que são denominados economias mistas.<ref name="Stilwell">Stilwell, Frank. “Political Economy: the Contest of Economic Ideas.” First Edition. Oxford University Press. Melbourne, Australia. 2002.</ref>
 
O capitalismo se tornou dominante no [[mundo ocidental]] depois da queda do [[feudalismo]].<ref name="britannica">{{citecitar booklivro|titletítulo=Capitalism|publisherpublicado=EncyclopediaEncyclopædia Britannica|yearano=2006}}</ref> Este sistema gradualmente se espalhou pela Europa e, nos [[Século XIX|séculos XIX]] e [[Século XX|XX]], forneceu o principal meio de [[industrialização]] na maior parte do mundo.<ref name="Scott">{{citecitar booklivro|titletítulo=Industrialism: A Dictionary of Sociology|authorautor =Scott, John|publisherpublicado=Oxford University Press|yearano=2005}}</ref> As variantes do capitalismo são: o [[Anarcocapitalismo]], o [[capitalismo corporativo]], o [[capitalismo de compadrio]], o [[capitalismo financeiro]], o [[Laissez-faire|capitalismo laissez-faire]], [[capitalismo tardio]], o [[capitalismo de estado]] e o [[tecnocapitalismo]].
 
== Etimologia ==
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Outros termos algumas vezes utilizados para se referir ao capitalismo:
* [[Modo de produção capitalista]]
* [[Liberalismo econômico]]<ref>{{citecitar journalperiódico|titletítulo=Adam Smith and His Legacy for Modern Capitalism|authorautor =Werhane, P.H.|journalperiódico=The Review of Metaphysics|volume=47|yearano=1994|publisherpublicado=Philosophy Education Society, Inc.|issuenúmero=3}}</ref>
* Economia de livre-empresa<ref name="britannica"/><ref name="rogetfreeenterprise">"free enterprise." Roget's 21st Century Thesaurus, Third Edition. Philip Lief Group 2008.</ref>
* [[Mercado livre]]<ref name="rogetfreeenterprise"/><ref name="mutualist">{{citar web | url=http://www.mutualist.org/ | título=Mutualist.org }} "...based on voluntary cooperation, free exchange, or mutual aid."</ref>
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A palavra ''[[capital]]'' vem do [[latim]] ''capitale'', derivado de ''capitalis'' (com o sentido de "principal, primeiro, chefe"), que vem do [[proto-indo-europeu]] ''kaput'' significando "cabeça".<ref>[http://www.etymonline.com/index.php?term=cattle Etymology of "Cattle"]</ref>
''Capitale'' surgiu em [[Itália]] nos [[Século XII|séculos XII]] e [[Século XIII|XIII]] (pelo menos desde [[1211]]) com o sentido de fundos, existências de mercadorias, somas de dinheiro ou dinheiro com direito a [[juro]]s. Em [[1283]] é encontrada referindo-se ao capital de bens de uma firma comercial.<ref name="Braudel on capitalism">{{citecitar booklivro|lastúltimo =Braudel|firstprimeiro =Fernand|titletítulo=The Wheels of Commerce, Vol. 2, Civilization & Capitalism 15th-18th Century|url=http://books.google.com/?id=WPDbSXQsvGIC&lpg=PP1&dq=capitalism%20and%20civilization%20wheels%20of%20commerce&pg=PP1#v=onepage&q=|publisherpublicado=University of California Press|locationlocal=Los Angeles|pagespáginas=231–373|chaptercapítulo=Production, or Capitalism away from home|yearano=1982|isbn=9780520081154}}</ref>
 
O termo ''capitalista'' refere-se ao proprietário de capital, e não ao sistema econômico, e o seu uso é anterior ao do termo ''capitalismo'', datando desde meados do [[século XVII]]. O ''Hollandische Mercurius'' usa o termo em [[1633]] e [[1654]] para se referir aos proprietários de capital.<ref name="Braudel on capitalism"/> [[David Ricardo]], na sua obra ''Principles of Political Economy and Taxation'' ([[1817]]), usa frequentemente a expressão "o capitalista".<ref>Ricardo, David. Principles of Political Economy and Taxation. 1821. John Murray Publisher, 3rd edition.</ref>
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{{Artigo principal|Mercantilismo}}
[[Imagem:Lorrain.seaport.jpg|esquerda|thumb|Uma pintura de um porto francês de 1638, no auge do [[mercantilismo]].]]
O período entre os séculos [[Século XVI|XVI]] e [[Século XVIII|XVIII]] é comumente descrito como [[mercantilismo]].<ref name="Burnham">{{Citecitar booklivro|authorautor =Burnham, Peter|titletítulo=Capitalism: The Concise Oxford Dictionary of Politics|publisherpublicado=Oxford University Press|yearano=2003}}</ref> Associa-se este período à exploração geográfica da [[Era dos Descobrimentos]] por parte de mercadores, especialmente da [[Inglaterra]] e dos [[Países Baixos (região)|Países Baixos]]; à [[colonização européia das Américas|colonização europeia das Américas]]; e ao rápido crescimento do comércio exterior. O mercantilismo foi um sistema de comércio com fins lucrativos, embora as ''[[commodities]]'' ainda fossem em grande parte produzidas por métodos de produção não-capitalista.<ref name="Scott" />
 
Enquanto alguns estudiosos vêem o mercantilismo como o primeiro estágio do capitalismo, outros argumentam que o capitalismo não surgiu até mais tarde. Por exemplo, [[Karl Polanyi]], observou que "o mercantilismo, com toda a sua tendência para a comercialização, nunca atacou as salvaguardas que protegeram [os] dois elementos básicos do trabalho de produção e da terra de se tornar os elementos do [[comércio]]"; assim atitudes mercantilistas para o regulamento da economia estão mais próximas das atitudes [[Feudalismo|feudais]], "eles discordavam apenas sobre os métodos de regulação."
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Práticas semelhantes de arregimentação econômica tinham começado mais cedo nas cidades [[Idade média|medievais]]. No entanto, sob o mercantilismo, dada a ascensão contemporânea do [[absolutismo]], o Estado substituiu a corporações locais como regulador da [[economia]]. Durante esse tempo, as [[guilda]]s funcionavam essencialmente como um [[cartel]] que monopolizava a quantidade de [[artesão]]s que ganham salários acima do mercado.<ref>Mancur Olson, The rise and decline of nations: economic growth, stagflation, and social rigidities (New Haven & London 1982).</ref>
 
No período compreendido entre o [[século XVIII]], a fase comercial do capitalismo, originada a partir do início da [[Companhia Britânica das Índias Orientais]] e da [[Companhia das Índias Orientais Holandesas]].<ref name="Banaji">{{citecitar journalperiódico|authorautor =Banaji, Jairus|yearano=2007|titletítulo=Islam, the Mediterranean and the rise of capitalism|journalperiódico=Journal Historical Materialism|volume=15|pagespáginas=47–74|publisherpublicado=Brill Publishers|doi=10.1163/156920607X171591}}</ref><ref name="britannica2">{{Citecitar booklivro|titletítulo=Economic system :: Market systems|url=http://www.britannica.com/EBchecked/topic/178493/economic-system/61117/Market-systems#toc242146|publisherpublicado=EncyclopediaEncyclopædia Britannica|yearano=2006}}</ref> Estas empresas foram caracterizadas por suas potências [[Colonialismo|coloniais]] e [[Expansionismo|expansionistas]] que lhes foram atribuídas por [[Estado-nação|Estados-nação]].<ref name="Banaji" /> Durante esta época, os comerciantes, que haviam negociado com o estágio anterior do mercantilismo, investiram capital nas Companhias das Índias Orientais e de outras colônias, buscando um retorno sobre o investimento. Em sua "História da Análise Econômica", o economista austríaco [[Joseph Schumpeter]] reduz as proposições mercantilistas a três preocupações principais: controle do [[taxa de câmbio|câmbio]], monopolismo de exportação e saldo da [[balança comercial]].<ref>Schumpeter, J.A. (1954) History of Economic Analysis</ref>
 
=== Industrialismo ===
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[[Imagem:Maquina vapor Watt ETSIIM.jpg|esquerda|thumb|Uma [[máquina a vapor de Watt]]. O [[motor a vapor]], abastecido primeiramente com [[carvão]], impulsionou a [[Revolução Industrial]] no [[Reino Unido]].<ref>[[Watt steam engine]] image: located in the lobby of into the Superior Technical School of Industrial Engineers of a the UPM ([[Madrid]])</ref>]]
 
Um novo grupo de teóricos da economia, liderado por [[David Hume]]<ref>{{Citecitar booklivro|authorautor =Hume, David|titletítulo=Political Discourses|locationlocal=Edinburgh|publisherpublicado=A. Kincaid &amp; A. Donaldson|yearano=1752}}</ref> e [[Adam Smith]], em meados do [[século XVIII]], desafiou as doutrinas mercantilistas fundamentais, como a crença de que o montante da riqueza mundial permaneceu constante e que um Estado só pode aumentar a sua riqueza em detrimento de outro Estado.
 
Durante a [[Revolução Industrial]], o industrial substituiu o comerciante como um ator dominante no sistema capitalista e efetuou o declínio das habilidades de artesanato tradicional de [[artesãos]], [[Guilda|associações]] e [[artífice]]s. Também durante este período, o excedente gerado pelo aumento da [[agricultura]] comercial encorajou o aumento da mecanização da agricultura. O capitalismo industrial marcou o desenvolvimento do [[Fábrica|sistema fabril]] de produção, caracterizado por uma complexa [[divisão do trabalho]] entre e dentro do processo de trabalho e a rotina das tarefas de trabalho; e, finalmente, estabeleceu a dominação global do modo de produção capitalista.<ref name="Burnham" />
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No período seguinte à [[Grande Depressão|depressão global dos anos 1930]], o [[Estado]] desempenhou um papel de destaque no sistema capitalista em grande parte do mundo.
 
Após a [[Segunda Guerra Mundial]], um vasto conjunto de novos instrumentos de análise nas [[ciências sociais]] foram desenvolvidos para explicar as tendências sociais e econômicas do período, incluindo os conceitos de [[sociedade pós-industrial]] e do [[Estado de bem-estar social]].<ref name="Burnham" /> Esta época foi muito influenciada por políticas de estabilização econômica [[Grande Depressão|keynesianas]]. O ''boom'' do pós-guerra terminou no final dos [[anos 1960]] e início dos [[anos 1970]], e a situação foi agravada pelo aumento da [[estagflação]].<ref>{{Citecitar booklivro|authorautor =Barnes, Trevor J.|titletítulo=Reading economic geography|publisherpublicado=Blackwell Publishing|isbn=063123554X|pagespáginas=127|yearano=2004}}</ref>
 
A [[inflação]] excepcionalmente elevada combinada com um lento crescimento da produção, aumento do [[desemprego]], [[Recessão econômica|recessão]] e, eventualmente, causaram uma perda de credibilidade no modo de regulação keynesiano de bem-estar estatal. Sob a influência de [[Friedrich Hayek]] e [[Milton Friedman]], os [[Mundo ocidental|países ocidentais]] adotaram as normas da política inspiradas pelo capitalismo ''[[laissez-faire]]'' e do [[liberalismo clássico]].<ref>[http://www.cobra.pages.nom.br/ftm-liberalismo.html Liberalismo]</ref><ref>LIBERALISMO CLÁSSICO: ORIGENS HISTÓRICAS E FUNDAMENTOS BÁSICOS - UNICAMP, Por Michelle Fernandes Lima; Alessandra Wihby; Neide de Almeida Lança Galvão Favaro</ref>
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=== Globalização ===
{{Artigo principal|Globalização}}
Embora o [[comércio internacional]] tenha sido associado com o desenvolvimento do capitalismo por mais de 500 anos, alguns pensadores afirmam que uma série de tendências associadas à globalização têm agido para aumentar a mobilidade de pessoas e de capitais desde o último quarto do [[século XX]], combinando a circunscrever a margem de manobra dos [[Estado]]s na escolha de modelos não-capitalistas de desenvolvimento. Hoje, essas tendências têm reforçado o argumento de que o capitalismo deve agora ser visto como um [[Governo mundial|sistema verdadeiramente mundial]].<ref name="Burnham" /> No entanto, outros pensadores argumentam que a [[globalização]], mesmo no seu grau quantitativo, não é maior agora do que em períodos anteriores do comércio capitalista.<ref>{{Citecitar booklivro|titletítulo=After the New Economy |lastúltimo =Henwood |firstprimeiro =Doug |publisherpublicado=New Press |datedata=1 de outubro de 2003 |isbn=1-56584-770-9}}</ref>
 
== Teoria capitalista ==
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A relação entre o [[Estado]], seus mecanismos formais e as sociedades capitalistas tem sido debatida em vários campos da teoria política e social, com uma discussão ativa desde o [[século XIX]]. [[Hernando de Soto]] é um [[economista]] contemporâneo que argumenta que uma característica importante do capitalismo é a proteção do Estado e do funcionamento dos direitos de propriedade em um sistema de propriedade formal, onde a propriedade e as operações são registrados claramente.<ref>{{Citar web|url=http://www.imf.org/external/pubs/ft/fandd/2001/03/desoto.htm |título=The mystery of capital|autor=Hernando de Soto|acessodata=26 de fevereiro de 2008}}</ref>
 
Segundo Soto, este é o processo pelo qual os bens físicos são transformados em [[capital]], que por sua vez podem ser utilizados de muitas formas mais e muito mais eficiente na economia de mercado. Um número de economistas [[Marxismo|marxistas]] argumentaram que as leis do cerco, na Inglaterra, e legislações semelhante em outros lugares, eram parte integrante da acumulação primitiva capitalista e que um quadro jurídico específico da [[propriedade privada]] da terra têm sido parte integrante do desenvolvimento do capitalismo.<ref>{{Citar web|url=http://www.marxists.org/archive/marx/works/1867-c1/ch27.htm |título=Capital, v. 1. Part VIII: primitive accumulation|autor=Karl Marx|acessodata=26 de fevereiro de 2008}}</ref><ref>{{Citecitar journalperiódico|authorautor =N. F. R. Crafts |titletítulo=Enclosure and labor supply revisited |journalperiódico=Explorations in economic history |issuenúmero=15 |data=Abril de 1978 |pagespáginas=172–183 |doi=10.1016/0014-4983(78)90019-0 |volume=15}}.we the say yes</ref>
 
=== Instituições ===
A [[nova economia institucional]], um campo aberto por [[Douglass North]], salienta a necessidade de um quadro jurídico para que o capitalismo funcione em condições ótimas e enfoca a relação entre o desenvolvimento histórico do capitalismo e a criação e manutenção de instituições políticas e econômicas.<ref>{{Citecitar booklivro|authorautor =North, Douglass C.|titletítulo=Institutions, Institutional Change and Economic Performance|publisherpublicado=Cambridge University Press|yearano=1990}}</ref> Na nova economia institucional e em outros campos com foco nas políticas públicas, os economistas buscam avaliar quando e se a intervenção governamental (tais como [[imposto]]s, [[Bem-estar social|segurança social]] e a [[Regulação econômica|regulamentação do governo]]) pode resultar em ganhos potenciais de eficiência. De acordo com [[Gregory Mankiw]], um economista [[Nova economia keynesiana|neo-keynesiano]], a intervenção governamental pode melhorar os resultados do [[mercado]] em condições de "[[falha de mercado]]", ou situações em que o mercado por si só não aloca recursos de forma eficiente.<ref>{{Citecitar booklivro|titletítulo=Principles of Economics|publisherpublicado=Harvard University|yearano=1997|pagespáginas=10|autor=Mankiw, N. Gregory}}</ref>
 
A falha de mercado ocorre quando uma [[externalidade]] está presente e um mercado sub-produz um produto com uma superprodução de externalização positiva ou um produto que gera uma externalização negativa. A [[poluição do ar]], por exemplo, é uma externalização negativa que não pode ser incorporada em mercados, visto que o ar do mundo não é propriedade e, consequentemente, não é vendido para uso dos poluidores. Então, muita [[poluição]] poderia ser emitida e as pessoas não envolvidas na produção pagam o custo da poluição, em vez da empresa que, inicialmente, emitiu a poluição do ar. Os críticos da teoria da falha de mercado, como [[Ronald Coase]], [[Demsetz Harold]] e [[James M. Buchanan]], alegam que os programas e políticas governamentais também ficam aquém da perfeição absoluta. Falhas de mercado são muitas vezes pequenas, e falhas de governo são, por vezes de grandes dimensões. É, portanto, o caso que os mercados são imperfeitos, muitas vezes melhor do que as alternativas imperfeitas governamentais. Enquanto todas as [[nações]] têm atualmente algum tipo de regulamentação do mercado, o grau de regulamentação desejável é contestado.
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== Benefícios políticos ==
=== Crescimento econômico ===
[[Imagem:World GDP Capita 1-2003 A.D.png|thumb|[[PIB]] mundial per capita mostra um crescimento exponencial desde o início da [[Revolução Industrial]].<ref>{{Citecitar booklivro|titletítulo=The World Economy: A Millennial Perspective |authorautor =Angus Maddison |publisherpublicado=[[OECD]] |locationlocal=Paris |yearano=2001 |isbn=92-64-18998-X}}</ref>]]
[[Imagem:GDP of China in RMB.svg|lang=pt|thumb|Capitalismo e a economia da [[República Popular da China]]]]
 
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Muitos teóricos e políticos nos países predominantemente capitalistas têm enfatizado a capacidade do capitalismo em promover o [[crescimento econômico]], medido pelo [[Produto Interno Bruto]] (PIB), a utilização da [[capacidade instalada]], ou [[padrão de vida]]. Este argumento foi central, por exemplo, na defesa de [[Adam Smith]] de deixar um controle livre da produção e do preço do mercado, e alocar recursos. Muitos teóricos observaram que este aumento do PIB mundial ao longo do tempo coincide com o surgimento do sistema mundial capitalista moderno.<ref>{{Citar web|url=http://www.minneapolisfed.org/pubs/region/04-05/essay.cfm |título=The Industrial Revolution: Past and Future |autor=Robert E. Lucas Jr. |obra=Federal Reserve Bank of Minneapolis 2003 Annual Report |acessodata=26 de fevereiro de 2008}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.j-bradford-delong.net/TCEH/1998_Draft/World_GDP/Estimating_World_GDP.html |título=Estimating World GDP, One Million B.C. – Present |autor=J. Bradford DeLong |acessodata=26 de fevereiro de 2008 }}</ref>
 
Os defensores argumentam que o aumento do PIB (per capita) é empiricamente demonstrado sobre um padrão de vida melhor, como uma melhor disponibilidade de alimentos, habitação, vestuário e cuidados de saúde.<ref>{{Citar web|url=http://www.econlib.org/library/Enc/IndustrialRevolutionandtheStandardofLiving.html |título=Industrial Revolution and the Standard of Living |autor=Clark Nardinelli |acessodata=26 de fevereiro de 2008 }}</ref> A diminuição do número de horas trabalhadas por semana e a diminuição da participação das crianças e dos idosos no [[mercado de trabalho]] também têm sido atribuídas ao capitalismo.<ref>{{Citecitar booklivro|authorautor =Barro, Robert J.|titletítulo=Macroeconomics|publisherpublicado=MIT Press|yearano=1997|isbn=0262024365}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.mises.org/article.aspx?Id=1481|título=Morality and Economic Law: Toward a Reconciliation|publicado=Ludwig von Mises Institute|acessodata=26 de fevereiro de 2008|autor=Woods, Thomas E.|data=5 de abril de 2004}}</ref>
 
Os defensores também acreditam que uma economia capitalista oferece muito mais oportunidades para os indivíduos aumentar a sua renda através de novas profissões ou empreendimentos que as outras formas econômicas. Para o seu pensamento, esse potencial é muito maior do que em qualquer das sociedades tradicionais [[Tribo|tribais]] ou [[Feudalismo|feudais]] ou em sociedades [[Socialismo|socialistas]].
 
=== Liberdade política ===
[[Milton Friedman]] argumentava que a [[liberdade econômica]] do capitalismo competitivo é um requisito da [[liberdade política]]. Friedman argumentou que o controle centralizado da atividade econômica é sempre acompanhado de [[repressão política]]. Na sua opinião, as transações em uma economia de mercado são voluntárias e a grande diversidade que permite o voluntariado é uma ameaça fundamental à repressão de líderes políticos e diminui consideravelmente o poder de coagir do Estado. A visão de Friedman foi também partilhada por [[Friedrich Hayek]] e John Maynard Keynes, tanto de quem acreditava que o capitalismo é vital para a liberdade de sobreviver e prosperar.<ref>{{Citecitar booklivro|authorautor =Friedrich Hayek|titletítulo=The Road to Serfdom|publisherpublicado=University Of Chicago Press|yearano=1944|isbn=0-226-32061-8}}</ref><ref>{{Citecitar booklivro|authorautor =Bellamy, Richard|titletítulo=The Cambridge History of Twentieth-Century Political Thought|publisherpublicado=Cambridge University Press|yearano=2003|isbn=0-521-56354-2|pagespáginas=60}}</ref>
 
=== Auto-organização ===
Os economistas da [[Escola Austríaca]] têm argumentado que o capitalismo pode se organizar em um sistema complexo, sem uma orientação externa ou mecanismo de planejamento. Friedrich Hayek considerou o fenômeno da [[auto-organização]] é subjacente ao capitalismo. [[Preço]]s servem como um sinal sobre a urgência das vontades das pessoas e a promessa de [[lucro]]s incentiva os empresários a utilizar os seus conhecimentos e recursos para satisfazer esses desejos. Assim, as atividades de milhões de pessoas, cada um buscando seu próprio interesse, são coordenadas.<ref>{{Citecitar booklivro|authorautor =Walberg, Herbert|titletítulo=Education and Capitalism|publisherpublicado=Hoover Institution Press|yearano=2001|pagespáginas=87–89|isbn=0-8179-3972-5}}</ref>
 
== Críticas ==
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Muitas [[Religião|religiões]] têm criticado ou sido contra elementos específicos do capitalismo. O [[judaísmo]] tradicional, o [[cristianismo]] e o [[islamismo]] proíbem [[Usura|emprestar dinheiro a juros]], embora os métodos bancários tenham sido desenvolvidos em todos os três casos e adeptos de todas as três religiões são autorizados a emprestar para aqueles que estão fora de sua religião. O cristianismo tem sido uma fonte de louvor para o capitalismo, bem como uma fonte de críticas ao sistema, particularmente em relação aos seus aspectos [[Materialismo|materialistas]].<ref>{{Citar web|url=http://www.vatican.va/archive/ENG0015/__P8C.HTM#-2FX|título=III. The Social Doctrine of the Church|publicado=The Vatican|acessodata=26 de fevereiro de 2008}}</ref> O [[filósofo]] [[Índia|indiano]] [[Prabhat Ranjan Sarkar|P.R. Sarkar]], o fundador do movimento [[Ananda Marga]], desenvolveu a ''Lei do Ciclo Social'' para identificar os problemas do capitalismo.<ref>{{Citar web|url=http://www.prout.org/aftercapitalism/ |título=After Capitalism |autor=Dada Maheshvarananda |acessodata=26 de fevereiro de 2008}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.proutworld.org/|título=proutworld|acessodata=26 de fevereiro de 2008|publicado=ProutWorld}}</ref>
 
Os críticos argumentam que o capitalismo está associado à desigual [[distribuição de renda]] e [[poder]], uma tendência de [[monopólio]] ou [[oligopólio]] no mercado (e do governo pela [[oligarquia]]); [[imperialismo]], a guerra [[contra-revolucionária]] e várias formas de exploração econômica e cultural, a repressão dos trabalhadores e [[Sindicato|sindicalistas]] e fenômenos como a [[Alienação|alienação social]], [[desigualdade econômica]], [[desemprego]] e instabilidade econômica. O capitalismo é considerado por muitos socialistas um sistema irracional em que a produção e a direção da economia não são planejadas, criando muitas incoerências e contradições internas.<ref>Brander, James A. Government policy toward business. 4th ed. Mississauga, Ontario: John Wiley & Sons Canada, Ltd., 2006. Print.</ref>. Outra crítica frequente se dá ao caráter acumulativo do capitalismo, que, segundo os críticos, sobretudo marxistas e anarquistas, acaba por criar uma abismal divisão da sociedade entre classes antagônicas e uma consequente dominação da maioria trabalhadora pela minoria proprietária.
 
Os [[ambientalistas]] argumentam que o capitalismo exige crescimento econômico contínuo, e, inevitavelmente, esgota os [[recursos naturais]] finitos da [[Terra]] e outros recursos amplamente utilizados. Historiadores e estudiosos, como [[Immanuel Wallerstein]], argumentam que o [[Escravidão moderna|trabalho não-livre]], por [[escravos]], [[servos]], [[prisioneiro]]s e outras pessoas coagidas, é compatível com as relações capitalistas.<ref>That unfree labor is acceptable to capital was argued during the 1980s by Tom Brass. See ''Towards a Comparative Political Economy of Unfree Labor'' (Cass, 1999). {{Citar web|url=http://www.historycooperative.org/journals/llt/52/linden.html |título="Labour History as the History of Multitudes", ''Labour/Le Travail'', 52, Fall 2003, p. 235-244 |autor=Marcel van der Linden |acessodata=26 de fevereiro de 2008}}</ref>
Linha 187:
* GEORGE, Richard T. De (1986) ''Business ethics'' p.&nbsp;104
* LASH, Scott]] and [[John Urry (sociologist)|Urry, John]] (2000). ''Capitalism''. In [[Nicholas Abercrombie]], S. Hill & BS Turner (Eds.), ''The Penguin dictionary of sociology'' (4th ed.) (pp.&nbsp;36–40).
* {{Citecitar booklivro|titletítulo=Profit Theory and Capitalism|authorautor =Obrinsky, Mark|authorlinkautorlink =Mark Obrinsky|publisherpublicado=University of Pennsylvania Press|url=http://www.questia.com/PM.qst?a=o&d=4995059|yearano=1983|pagespáginas=1}}
* WOLF, Eric (1982) ''[[Europe and the People Without History]]''
* WOOD, Ellen Meiksins (2002) ''[http://books.google.co.uk/books?id=FZPyKjVguVoC The Origins of Capitalism: A Longer View]'' London: Verso