Catarina de Siena: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m ajustando datas, traduzindo nome/parâmetro, ajustes gerais nas citações, outros ajustes usando script
Linha 26:
}}
{{misticismo cristão}}
'''Catarina de Siena''' [[T.O.S.D.]], nascida ''Caterina Benincasa'' ([[Siena]], [[25 de março]] de [[1347]] {{mdash}} [[Roma]], [[29 de abril]] de [[1380]]), foi uma [[ordem terceira|terceira]] da [[Ordem dos Pregadores]] (dominicanos), [[escolasticismo|filósofa escolástica]] e teóloga do século XIV. Lutou arduamente para trazer o [[papado]] de [[Gregório XI]] de volta para [[Roma]] durante o chamado "[[Grande Cisma do Ocidente|Cisma do Ocidente]]", um período de quase um século no qual se estabeleceu o [[papado de Avinhão]], e também foi fundamental para a restauração da paz entre as [[Lista de províncias da Itália|cidades-estado italianas]].
 
Desde 18 de junho de 1866, ela é uma das duas [[santo padroeiro|padroeiras]] da [[Itália]] juntamente com [[São Francisco de Assis]].<ref name=Vatican>{{citar web|url = http://www.vatican.va/holy_father/pius_xii/briefs/documents/hf_p-xii_brief_19390618_patroni-italia_it.html| título = Patronos da Itália| publicado = Site oficial do Vaticano| língua = inglês}}</ref>. Em 3 de outubro de 1970, Catarina foi proclamada [[Doutor da Igreja|Doutora da Igreja]] pelo [[papa Paulo VI]]<ref name=Vatican1>{{citar web|url = http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/homilies/1970/documents/hf_p-vi_hom_19700927_it.html| título = Homilias de Paulo VI| publicado = Site oficial do Vaticano| língua = inglês}}</ref> e, em 1 de outubro de 1999, [[São João Paulo II]] nomeou-a uma das seis padroeiras da Europa, juntamente com [[São Bento de Núrsia|São Bento]], [[Cirilo, o Filósofo|Santos Cirilo]] & [[Metódio]], [[Santa Brígida da Suécia]] e [[Santa Teresa Benedita da Cruz]] (Edith Stein).<ref name=Vatican2>[http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/motu_proprio/documents/hf_jp-ii_motu-proprio_01101999_co-patronesses-europe_en.html ''Proclamation of the Co-Patronesses of Europe'', Apostolic Letter, 1 October 1999].</ref><ref name=Vatican3>[http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:C6LwYidIAYgJ:www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/homilies/1999/documents/hf_jp-ii_hom_13111999_st-bridget_en.html+%22Saint+Bridget,+whom+I+recently+chose+to+proclaim+a+Co-Patroness+of+Europe,+together+with+Saint+Catherine+of+Siena+and+Saint+Teresa+Benedicta+of+the+Cross%22&hl=en ''Liturgical Feast of St. Bridget'', Homily, 13 November 1999].</ref>.
 
== Biografia ==
Caterina Benincasa nasceu em 25 de março de 1347 na cidade de [[Siena]] devastada pela [[peste negra]], filha de Jacopo Benincasa, um [[tinturaria|tintureiro]] que tocava seus negócios com a ajuda de seus filhos, e Lapa Piacenti, que pode ser a filha de um poeta local,<ref name=gardner>{{1913CE|St. Catherine of Siena}}</ref>, numa casa que ainda existe na cidade. Lapa tinha aproximadamente quarenta anos quando prematuramente deu à luz as gêmeas Catarina (''Caterina'') e Joana (''Giovanna'') depois de já ter tido outros 22 filhos, mas metade deles já mortos na época. Joana foi entregue aos cuidados de uma [[ama-de-leite]] e morreu logo ao passo que Catarina, [[Amamentação|amamentada]] pela mãe, cresceu bastante saudável. Ela tinha dois anos quando Lapa teve seu vigésimo quinto filho, uma outra menina chamada Joana (''Giovanna''){{sfn| Skårderud, p.411}}.
 
Uma criança muito feliz, Catarina recebeu da família o apelido carinhoso de "Eufrosina", que deriva da palavra [[língua grega|grega]] para "alegria" e era também o nome de uma das santas cristãs mais antigas, [[Santa Eufrosina]].<ref name=crawley>[http://www.ewtn.com/library/MARY/CATSIENA.HTM ''Lives of Saints'', John J. Crawley & Co., Inc.]</ref>.
 
Segundo o [[confissão (sacramento)|confessor]] e, posteriormente, biógrafo de Catarina, [[Raimundo de Cápua]], [[O.P.]], Catarina teve a primeira de suas [[visão (religião)|visões]] de [[Jesus Cristo]] quando tinha apenas cinco ou seis anos de idade. Ela estava voltando pra casa com o irmão de uma visita à casa de uma de suas irmãs casadas e viu [[Cristo em Majestade|Cristo entronado]] em majestade com os [[apóstolos]] [[São Pedro|Pedro]], [[Paulo de Tarso|Paulo]] e [[João Evangelista|João]]. Raimundo conta ainda que, ao sete, Catarina jurou [[vida consagrada|dedicar sua vida a Deus]]<ref name=crawley/><ref>Raimundo de Cápua, ''Legenda Major'' I, iii.</ref>
Linha 39:
Ainda atormentada pelo luto pela morte de sua irmã mais velha, Boaventura, a jovem Catarina, com apenas dezesseis anos, foi pressionada pelos pais a se casar com o viúvo dela. Absolutamente contrária à ideia, iniciou um duríssimo [[jejum]], prática que havia aprendido com a irmã recém-falecida e cujo marido não apreciava, pois mais de uma vez Boaventura havia conseguido mudar suas atitudes recusando-se a comer. Mais adiante, Catarina desapontou a mãe ao cortar os longos cabelos para protestar contra a constante pressão para que melhorasse sua aparência para conseguir atrair um bom marido<ref name=foley>[http://www.americancatholic.org/Features/Saints/saint.aspx?id=1368 Foley O.F.M., Leonard. ''Saint of the Day, Lives, Lessons, and Feast'', (revised by Pat McCloskey O.F.M.), Franciscan Media], ISBN 978-0-86716-887-7</ref>
 
Muito depois, Catarina recomendaria que Raimundo de Cápua, quando tivesse que enfrentar um problema, seguisse uma prática que criara em sua adolescência: ''"Construa uma cela em sua mente da qual você jamais possa escapar"''. Nesta cela mental, ela transformou seu pai numa representação de Cristo, sua mãe, na [[Virgem Maria]], e seus irmãos, nos [[apóstolos]]. Servi-los com humildade tornou-se uma oportunidade de crescimento espiritual para ela e, desta forma, Catarina conseguiu resistir ao costume do casamento e da maternidade por um lado e, por outro, a tornar-se uma [[freira]], escolhendo viver uma vida ativa e piedosa fora do [[claustro]] dos [[convento]]s, mas seguindo o modelo dos [[dominicanos]].<ref name=bellitto>[http://www.americancatholic.org/Messenger/Nov1999/feature2.asp#F5 Bellitto, Christopher M. "10 Great Catholics of the Second Millennium", ''St. Anthony Messenger'']</ref>. No fim, o pai de Catarina desistiu e permitiu que a filha vivesse como bem entendesse.
 
Uma visão de [[São Domingos de Gusmão|São Domingos]] deu-lhe ainda mais forças, mas seu desejo de juntar-se à sua ordem incomodava Lapa, que levou a filha consigo até as termas em [[Bagno Vignoni]] numa tentativa de melhorar sua saúde. Ao contrário do esperado, Catarina ficou muito doente, acometida de uma violenta coceira, febre e dores no corpo, o que, convenientemente, serviu como pretexto para que sua mãe aceitasse tentar conseguir a sua admissão no ''"Mantellato"'', a associação local dos [[T.O.S.D.|terceiros dominicanos]].<ref name="Siena. Available Means 2001">Catherine of Siena. Available Means. Ed. Joy Ritchie and Kate Ronald. Pittsburgh, Pa.: University of Pittsburgh Press, 2001. Print.</ref>. Lapa foi então às [[freira|irmãs]] da ordem e as convenceu a aceitarem sua filha, o que deu algum trabalho, pois a ordem até então só aceitava viúvas. Em questão de dias, Catarina se recuperou completamente, saindo da cama para receber o [[hábito religioso|hábito]] preto e branco da [[Ordem Terceira de São Domingos]] das mãos de um [[frade]] terceiro. No ''Mantellato'', Catarina aprendeu a ler e, ali, ela passou a viver solitariamente em silêncio total.<ref name="Siena. Available Means 2001"/>.
 
Por volta de 1368, aos vinte e um anos, Catarina experimentou o que ela própria descreveu em suas cartas como um "[[casamento místico]]" com Jesus{{sfn|Raymond of Capua, Life, pp. 99-101}}, um tema que se tornaria extremamente popular na [[arte cristã]] com o nome de "[[Casamento Místico de Santa Catarina]]". ''"Sublinhando o tanto que este casamento era uma fusão física com Cristo [...] Catarina recebeu não um anel de ouro e jóias que seu biógrafo relata em sua versão atenuada, mas o anel do [[Santo Prepúcio|prepúcio de Cristo]]"''<ref>{{cite bookcitar livro| titletítulo=Holy Feast and Holy Fast. The Religious Significance of Food to Medieval Women | url=http://books.google.com/books?id=zhjT8CIZLM4C&printsec=frontcover |primeiro first=Caroline Walker |último last=Bynum |autorlink authorlink=Caroline Bynum | yearano=1987 | publisherpublicado=[[University of California Press]] | pagepágina=[http://books.google.it/books?id=zhjT8CIZLM4C&pg=246&dq=%22Underlining+the+extent+to+which+the+marriage+was+a+fusion+with+Christ%27s+physicality%22%22Catherine+received,+not+the+ring+of+gold+and+jewels+that+her+biographer+reports+in+his+bowdlerized+version,+but+the+ring+of+Christ%27s+foreskin%22 246] | idisbn=ISBN 0-52006329-5 | isbn=978-0-52006-329-7}}</ref><ref>{{cite bookcitar livro| titletítulo=Rag and Bone. A Journey Among the World's Holy Dead | url=http://books.google.com/books?id=T-FrEhVhIBgC&printsec=frontcover |primeiro first=Peter |último last=Manseau | yearano=2009 |publisherpublicado=[[Macmillan Publishers|Macmillan]] | locationlocal=London | idisbn=ISBN 1-42993665-7 | isbn=978-142993-665-1 |quotecitação=[http://books.google.com/books?id=T-FrEhVhIBgC&pg=PT58&dq=%22Some,+most+famously+Saint+Catherine+of+Siena,+imagined+wearing+the+foreskin+as+a+wedding+ring%22 Algumas <nowiki>[</nowiki>freiras<nowiki>]</nowiki>, a mais famosa delas, Santa Catarina de Siena, imaginava-se vestindo o prepúcio como um anel de casamento.}}</ref>. Raimundo também relata que Cristo teria lhe pedido que deixasse a vida reclusa e se dedicasse à vida pública no mundo{{sfn|Raymond of Capua, Life, pp. 105-107}}. Assim, Catarina voltou pra casa e passou a ajudar os pobres e doentes, em casa e nos hospitais. Suas atividades piedosas em Siena logo atraíram um grupo de seguidores, homens e mulheres, que se juntaram a ela em sua missão.<ref name=gardner/>. Catarina tinha por hábito distribuir roupas e comida aos pobres sem pedir permissão à família, o que tinha um considerável custo; porém, em contrapartida, nada pedia para si própria. Ao permanecer no seio de sua família, sentia a rejeição ao seu modo de vida mais fortemente, principalmente por que ela não aceitava a comida deles citando a mesa que havia sido posta para ela no céu por sua verdadeira família{{sfn| Skårderud, pp. 412-413}}.
 
Conforme as tensões políticas e sociais se aprofundavam em Siena, Catarina se viu tentada a intervir na arena política. Ela viajou pela primeira vez para [[Florença]] em 1374, provavelmente para ser entrevistada pelas autoridades dominicanas no [[capítulo geral]] que se realizou em maio de 1374, embora o tema seja ainda debatido: se ela foi de fato entrevistada, a ausência de evidências sugere que ela foi considerada suficientemente ortodoxa.<ref name=foley/>. Aparentemente, foi também nesta época que Raimundo de Cápua tornou-se seu [[confissão (sacramento)|confessor]] e [[diretor espiritual]]{{sfn|Noffke, p. 5}}.
 
Depois desta viagem, Catarina passou a viajar com seus seguidores pelas regiões norte e central da Itália defendendo a reforma do [[clero]] e aconselhando o povo que o [[arrependimento]] e a renovação poderiam ser alcançados através ''"do amor total a Deus"''{{sfn|Hollister, p. 342}}. Em Pisa, em 1375, Catarina utilizou de toda sua influência para evitar que a cidade e também [[Lucca]] se aliassem às forças contrárias ao papa, que na época vinham se fortalecendo e ganhando momento. Ela também ajudou com seu entusiasmo na formação de uma nova [[cruzada]]. Segundo Raimundo, foi em Pisa, em 1375, que ela recebeu seus ''[[estigma (fenômeno)|estigma]]s'' (visíveis, depois de um pedido dela, somente para ela){{sfn|Noffke, p. 5}}
Linha 51:
Suas viagens não eram a única forma que Catarina utilizava para fazer conhecer suas opiniões. A partir de 1375{{sfn|Noffke, p. 5}}, ela começou a ditar cartas para diversos assistentes<ref name="Siena. Available Means 2001"/> endereçadas inicialmente a homens e mulheres de seu círculo de amigos e, gradativamente, a uma audiência mais ampla, incluindo figuras políticas a quem ela pedia paz e o retorno do [[papado de Avinhão]] para Roma. Ela manteve ainda uma duradoura correspondência com o [[papa Gregório XI]], na qual pedia-lhe que reformasse o clero e a administração dos [[Estados Papais]].
 
No final de 1375, Catarina retornou para Siena para ajudar um jovem prisioneiro político, Niccolò di Tuldo, em sua execução{{sfn|Noffke, p. 5}}.<ref>Carta T273, destinada a Raimundo provavelmente em junho de 1375, trata do tema.</ref>. Em junho do ano seguinte, foi pra [[Avinhão]] pessoalmente como embaixadora de [[República de Florença|Florença]] para tratar da paz com os Estados Papais (em 31 de março de 1376, Gregório XI interditou Florença). Sem sucesso, acabou sendo desautorizada pelos líderes florentinos, que enviaram embaixadores para negociar seus próprios termos continuando o caminho já iniciado por Catarina{{sfn|Noffke, p. 5}};ela, por sua vez, enviou uma calorosa carta a Florença.<ref>Carta 234 na contagem de Tommaseo.</ref>. Ainda em Avinhão, Catarina tentou convencer Gregório a voltar para Roma{{sfn|Hollister, p. 343}}, o que ele de fato fez em janeiro de 1377. Porém, o peso real da influência de Catarina é tema de acalorado debate moderno.<ref>Veja Bernard McGinn, ''The Varieties of Vernacular Mysticism'', (Herder & Herder, 2012), p561.</ref>.
 
Catarina voltou para Siena e passou os primeiros meses de 1377 fundando um mosteiro [[estrita observância]] para mulheres fora da cidade, na antiga fortaleza de Belcaro{{sfn|Noffke, p. 6}}. O resto do ano passou em Rocca d'Orcia, por volta de 35 quilômetros de Siena, numa missão de paz e pregação. Durante o período, no outono de 1377, ela teve uma nova experiência que a levou a escrever seu "Diálogo" e a passar a escrever por conta própria, apesar de continuar utilizando assistentes em suas correspondências.<ref name=gardner/><ref>Esta experiência está descrita na carta 272, escrita a Raimundo, em outubro de 1377.</ref>.
 
No final de 1377 ou início do ano seguinte, Catarina foi novamente para Florença por ordem de Gregório XI para tentar negociar a paz entre florentinos e romanos. Depois da morte do papa em março de 1378, [[Revolta dos Ciompi|revoltas]] irromperam em Florença a partir de 18 de junho e, na violência que se seguiu, Catarina quase foi morta. Finalmente, em julho, a paz foi negociada entre as duas cidades e ela pôde voltar para casa.
Linha 59:
No final de novembro de 1378, depois do [[Grande Cisma do Ocidente|cisma]], o novo papa, [[papa Urbano VI|Urbano VI]], convocou-a a Roma e ela permaneceu na corte papal tentando convencer nobres e [[cardeal|cardeais]] da legitimidade do novo papa romano, pessoalmente ou através de suas cartas{{sfn|Noffke, p. 6}}.
 
Por muitos anos, Catarina se acostumou a períodos de rigorosa abstinência.<ref>[http://www.ewtn.com/library/MARY/CSIENA.HTM Butler, Alban. ''The Lives or the Fathers, Martyrs and Other Principal Saints'', Vol.IV, D. & J. Sadlier, & Company, (1864)]</ref>. A [[Eucaristia|comunhão]] diária era, muitas vezes, sua única "refeição". Esta forma extrema de jejum já parecia pouco saudável aos olhos do clero, de suas irmãs e de seu confessor, que tentavam fazê-la comer adequadamente. Mas Catarina alegava que era incapaz e descrevia sua incapacidade como uma ''infermità'' (doença). A partir do início de 1380, Catarina já não conseguia nem comer e nem beber água. Em 26 de fevereiro, não podia mais andar{{sfn|Noffke, p. 6}}. Catarina morreu em Roma em 29 de abril de 1380 aos trinta e três anos de idade, depois de ter sofrido um [[derrame]] oito dias antes.<ref name=dictionary>{{cite bookcitar livro|lastúltimo =Farmer|firstprimeiro =David Hugh|titletítulo=The Oxford dictionary of saints|yearano=1997|publisherpublicado=Oxford Univ. Press|locationlocal=Oxford [u.a.]|isbn=0-19-280058-2|pagespáginas=93|editionedição=4. ed.}}</ref>.
 
== Fontes para vida de Catarina ==
Linha 74:
Três tipos diferentes de obras de Catarina de Siena chegaram aos nossos dias:
* Seu principal tratado é o "O Diálogo da Providência Divina", iniciado provavelmente em outubro de 1377 e certamente terminado em novembro do ano seguinte. Contemporâneos de Catarina afirmam unanimemente que a maior parte da obra foi ditada enquanto Catarina experimentava seus [[êxtase religioso|êxtases]], embora seja possível também que a própria Catarina possa, depois, ter reeditado muitas passagens no livro{{sfn|Noffke, p. 13}}. Trata-se de um diálogo entre uma alma que ascende a Deus e o próprio [[Deus]].
* As cartas de Catarina são consideradas uma das grandes obras da literatura toscana primitiva. Muitas delas foram ditadas, embora a própria Catarina tenha aprendido a escrever em 1377. Quase quatrocentas sobreviveram. Em suas cartas ao [[papa]], ela geralmente se refere a ele afetuosamente simplesmente como ''"papa"'' ("papai") ao invés do [[pronome de tratamento|pronome de tratamento]] formal "[[Sua Santidade]]". Outros correspondentes incluem seus vários [[confissão (sacramento)|confessores]], entre eles [[Raimundo de Cápua]], os [[rei da França|reis da França]] e da [[rei da Hungria|Hungria]], o infame mercenário [[John Hawkwood]], o [[rei de Nápoles]], membros da [[família Visconti]] de [[Ducado de Milão|Milão]] e numerosas figuras religiosas. Aproximadamente um terço delas era endereçada a mulheres.
* 26 orações de Catarina de Siena também sobreviveram, a maioria composta nos últimos dezoito meses de sua vida.
 
== Veneração ==
Catarina foi enterrada no cemitério de [[Santa Maria sopra Minerva]], uma [[basílica]] perto do [[Panteão (Roma)|Panteão]], em [[Roma]]. Depois que [[milagre]]s passaram a ser relatados perto do túmulo, Raimundo moveu-o para dentro da basílica,<ref name=grave>{{citecitar web |url=http://www.findagrave.com/cgi-bin/fg.cgi?page=gr&GSln=Catherine+of+Siena&GSbyrel=in&GSdyrel=in&GSob=n&GRid=19919& |titletítulo=Catherine of Siena |publisherpublicado=findagrave.com |accessdateacessodata=1 Decemberde dezembro de 2010}}</ref>, onde está até hoje e é visitado por milhares de [[peregrino]]s anualmente.
 
Sua cabeça, porém, foi separada de seu corpo e colocada no interior de um busto de [[bronze]] que, posteriormente, foi levado para Siena para ser carregado pela cidade durante as [[procissão|procissões]] dominicanas. Nas primeiras, caminhava atrás dele Lapa, a mãe de Catarina, que viveu até os 89 anos e já havia presenciado o fim da riqueza e da felicidade de sua família. Tendo sobrevivido a todos os seus filhos e a diversos netos, Lapa ajudou Raimundo a escrever a biografia de Catarina e afirmou: ''"Acredito que Deus tenha colocado minha alma de través no meu corpo para que ela não consiga sair"''.<ref>{{cite journalcitar periódico|firstprimeiro =Finn |lastúltimo =Skårderud |titletítulo=Hellig anoreksi Sult og selvskade som religiøse praksiser. Caterina av Siena (1347–80)|url=http://www.psykologtidsskriftet.no/?seks_id=42861&a=2 |journalperiódico=Tidsskrift for norsk psykologforening |volume=45|issuenúmero=4|pagespáginas=408–420|yearano=2008|accessdateacessodata=12 Mayde maio de 2013|quotecitação=«Jeg tror at Gud har gjort det slik at sjelen ligger på tvers i kroppen min og ikke kan komme ut.»}}</ref>. A [[corpo incorrupto|cabeça e o polegar incorruptos]] estão preservados na [[Basílica de São Domingos (Siena)|Basílica de São Domingos]], em Siena.<ref name=grave/>.
 
O [[papa Pio II]], nascido em Siena, [[canonização|canonizou]] Santa Catarina em 29 de junho de 1461.<ref name=beckwith>[http://www.americancatholic.org/Messenger/Apr2006/Feature1.asp Beckwith, Barbara. "St. Catherine of Siena: A Feisty Role for Sister Nancy Murray", ''St. Anthony Messenger'']</ref>. Em 3 de outubro de 1970, [[papa Paulo VI|Paulo VI]] proclamou-a [[Doutor da Igreja|Doutora da Igreja]],<ref name=Vatican1/>, título recebido apenas alguns dias antes por [[Santa Teresa de Ávila]] (27 de setembro), o que faz delas as primeiras mulheres a receberam a honraria.<ref name=beckwith/>.
[[Ficheiro:Sarcophagus of Saint Catherine of Siena.jpg|thumb|direita|300px|Túmulo de Santa Catarina em [[Santa Maria sopra Minerva]], em [[Roma]].]]
Inicialmente, porém, sua festa não foi incluída no [[calendário romano]]. Quando foi, em 1597, a data escolhida foi a de sua morte, 29 de abril; porém, como a data já estava ocupada pela festa de [[São Pedro de Verona]], a de Catarina foi movida, em 1628, para o dia 30 de abril.<ref>''"Calendarium Romanum"'' (Libreria Editrice Vaticana, 1969), p. 91.</ref>. Em 1969, durante a revisão do [[Calendário de Santos da Igreja Católica Romana]], decidiu-se deixar a festa de Pedro para os calendários locais - pois ele não era conhecido mundialmente - e Santa Catarina passou a ser novamente celebrada em 29 de abril.<ref>{{cite bookcitar livro|titletítulo=Calendarium Romanum |publisherpublicado=Libreria Editrice Vaticana |yearano=1969 |pagepágina= 121}}</ref>.
 
=== Padroeira ===
Num decreto em 13 de abril de 1866, [[Papa Pio IX|Pio IX]] declarou Santa Catarina co-padroeira de Roma. Em 18 de junho de 1939, [[papa Pio XII|Pio XII]] declarou-a padroeira da Itália juntamente com [[São Francisco de Assis]].
 
Em 1 de outubro de 1999, [[São João Paulo II]] tornou-a também padroeira da [[Europa]].<ref name=Vatican2/><ref name=Vatican3/>.
 
=== Iconografia ===
Linha 108:
{{Refbegin|2}}
* Blessed Raymond of Capua, ''The Life of St. Catherine of Siena,'' tr. George Lamb (Rockford, Illinois: TAN Books, 2003)
* Catherine of Siena, ''The Dialogue'', ed. Suzanne Noffke, (Paulist Press, New York, 1980) ISBN 0-8091-2233-2
* Hollister, Warren C. and Bennett, Judith M. ''Medieval Europe: A Short History'', 9th ed., (McGraw-Hill Companies Inc, Boston, 2002)
* Skårderud, Finn. ''Holy anorexia: Catherine of Siena'', (Tidsskrift for norsk psykologforening, Oslo, 2008)
Linha 115:
* The most recent Italian critical edition of the Letters is Antonio Volpato, ed, ''Le lettere di Santa Caterina da Siena: l'edizione di Eugenio Duprè Theseider e i nuovi problemi'', (2002)
* Carolyn Muessig, George Ferzoco, Beverly Mayne Kienzle, eds, ''A companion to Catherine of Siena'', (Leiden: Brill, 2012).
* {{cite bookcitar livro| lastúltimo = Hollister| firstprimeiro = Warren |author2autor2 =Judith Bennett |title título= Medieval Europe: A Short History | publisher publicado= McGraw-Hill Companies Inc. | location local= Boston|editionedição=9| year ano= 2001| isbn = 0-07-234657-4|pagepágina=343}}
* {{cite bookcitar livro|lastúltimo =McDermott,|firstprimeiro =Thomas, O.P.|titletítulo=Catherine of Siena: spiritual development in her life and teaching|publisherpublicado=Paulist Press|locationlocal=New York|yearano=2008|isbn=0-8091-4547-2}}
* Cross, F. L., ed. (1957) ''The Oxford Dictionary of the Christian Church''. Oxford U. P.; p.&nbsp;251
* {{citar livro|sobrenome=Ferretti|nome=Lodovico|título=Catherine de Sienne|editora=Cantagalli|ano=1998|páginas=176|local=Siena|ref=Harv}}
Linha 127:
* Phyllis Hodgson and Gabriel M Leigey, ''The Dialogue'', eds, ''The Orcherd of Syon'', (London; New York: Oxford UP, 1966).
* Catherine of Siena, ''The Dialogue of the seraphic virgin Catherine of Siena'', trans Algar Thorold, (London: Kegan Paul, Trench, Trübner & Co, 1896).
* {{cite bookcitar livro| lastúltimo = Catherine of Siena| firstprimeiro = | title título= The Letters of St. Catherine of Siena |editor=Suzanne Noffke | publisher publicado= Center for Medieval and Early Renaissance Studies, State University of New York at Binghamton | location local= Binghamton | year ano= 1988 | isbn = 0-86698-036-9 |volume= 4}} [Republicado como ''The letters of Catherine of Siena'', 4 vols, trans Suzanne Noffke, (Tempe, AZ: Arizona Center for Medieval and Renaissance Studies, 2000-2008))
* ''The Prayers of Catherine of Siena'', trans Suzanne Noffke, 2nd edn 1983, (New York, 2001)
* {{cite bookcitar livro| lastúltimo = Raimundo de Cápua|authorlinkautorlink =Raimundo de Cápua |editor= Conleth Kearns | firstprimeiro = | title título= The Life of Catherine of Siena | publisher publicado= Glazier | location local= Wilmington | year ano= 1980 | isbn = 0-89453-151-4 }}
* Girolamo Gigli, ed, ''L'opere di Santa Caterina da Siena'', 4 vols, (Siena e Lucca, 1707-1721)
* ''The Dialogue of St. Catherine of Siena'', [[TAN Books]], 2009. ISBN 978-0-89555-149-8