Mikhail Kuzmin: diferenças entre revisões

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== Biografia ==
Nascido no seio de uma família nobre de [[Iaroslavl|Yaroslavl,]] Kuzmin cresceu em São Petersburgo e estudou música no [[Conservatório de São Petersburgo|Conservatório da cidade]] com [[Nikolai Rimsky-Korsakov|Nikolai Rimsky-Korsakov.]]. Não se formou, no entanto, mais tarde, explicando a sua transição para a poesia, disse: "É mais fácil e mais simples. A poesia cai pronta do céu, como o maná caiu aos israelitas no deserto ". <ref>Solomon Volkov, ''St. Petersburg: A Cultural History'' (Simon &amp; Schuster/Free Press, 1997), pp. 189-90.</ref> Mas ele não desistiu da música; compôs a música para a famosa produção de [[Vsevolod Emilevitch Meyerhold|Meyerhold]], em 1906, da pela de [[Aleksandr Blok|Alexander Blok]], ''Balaganchik'' (O Teatro de Feira), e as suas canções eram populares entre a elite de Petersburgo: "Cantava-as, acompanhando-se ao piano, primeiro em diversos salões privados, incluindo a Torre, de Ivanov, e posteriormente em O Cão Vadio. Kuzmin gostava de dizer das suas obras que "são apenas um musicazinhas, mas têm o seu veneno."<ref>Solomon Volkov, ''St. Petersburg: A Cultural History'' (Simon &amp; Schuster/Free Press, 1997), p. 190.</ref><ref>Solomon Volkov, ''St. Petersburg: A Cultural History'' (Simon &amp; Schuster/Free Press, 1997), p. 190.</ref>
 
Um dos seus amigos mais próximos e uma das suas principais fontes de inspiração enquanto jovem, foi o aristocrata germanófilo poliglota Georgy Chicherin (que mais tarde entrou para o serviço diplomático e depois da [[Revolução de Outubro|Revolução de Outubro]] foi Comissário do Povo para os Negócios Estrangeiros), um apaixonado por [[Richard Wagner|Wagner]] e [[Friedrich Nietzsche|Nietzsche.]] Outra influência forte foram as suas viagens, primeiro ao [[Egito|Egito]] e a [[Itália|Itália]], e depois ao norte da Rússia, onde ele ficou profundamente impressionado pelos Velhos Crentes. Depois de se instalar em São Petersburgo, tornou-se próximo do círculo de ''Mir iskusstva'' (Mundo da Arte). As suas primeiras obras publicadas apareceram em 1905 e atraíram a atenção de Valery Bryusov, que o convidou para contribuir para a sua influente revista literária ''Vesy'' , no centro do movimento simbolista, onde em 1906 ele publicou os seus versos do ciclo "Canções de Alexandria" (inspirados em Les Chansons de Bilitis, por Pierre Louÿs<ref>Osip Mandelstam, ''Complete Critical Prose'' (Ardis, rev. ed. 1997), pp. 306-07, n. 15.</ref>) e o primeiro romance russo homossexual, ''[[Asas (romance)|Asas]],'' que atingiu instantaneamente notoriedade e que fez dele um escritor muito popular. Em 1908, apareceu a sua primeira colectânea de poesia, ''Seti'' (Redes), que também foi muito elogiada. Nas palavras de Roberta Reeder, "A sua poesia é erudita e a gama de temas vai da Grécia Antiga e de Alexandria até à Petersburgo moderna".<ref>Roberta Reeder, ''Anna Akhmatova'' (St. Martin's Press, 1994), p. 67.</ref>
 
Em 1908, quando morava com Sergei Sudeikin e a sua primeira esposa, Olga Glebova, com quem Sergei havia casado apenas um ano antes, Olga descobriu que o seu marido estava envolvido amorosamente com Kuzmin, e obrigou Kuzmin a sair. "Mas, apesar deste contratempo, Kuzmin, Sudeikin e Glebova continuram a manter uma relação produtiva, profissional, colaborando em muitos iniciativas, como peças de teatro, noites musicais, declamações de poesia, especialmente nos cabarés de São Petersburgo." <ref>John E. Bowlt, ''The Salon Album of Vera Sudeikin-Stravinsky'' (Princeton University Press, 1995), p. 13.</ref> Kuzmin também foi um dos poetas favoritos da segunda esposa de Sudeikin, Vera, e um álbum que ela publicou contém vários poemas manuscritos de Kuzmin.
 
A associação de Kuzmin aos simbolistas não foi definitiva e, em 1910, ele ajudou a criar o movimento [[Acmeísmo|Acmeísta]] com o seu ensaio "O prekrasnoi yasnosti" (Sobre a bela clareza), no qual atacou as "incompreensíveis, negras armadilhas cósmicos" e exortou os escritores a serem "lógicos na concepção, na construção da obra, na sintaxe... a amar a palavra, como [[Gustave Flaubert|Flaubert,]] a ser económicos em meios e mesquinho em palavras, precisos e genuínos - e descobrirás o segredo de uma coisa incrível - a bela clareza - a que eu chamaria clarismo."<ref>[http://etc.dal.ca/kuzmin/clarity_frames.html "On Beautiful Clarity"], tr. John Albert Barnstead.</ref> Não se associou mais fortemente a este grupo que aos simbolistas, mas conviveu pessoalmente com um grande número deles, nos anos de 1910-12 viveu no famoso apartamento (chamado a Torre) de Vyacheslav Ivanov, que foi outra influência inspiradora dos Acmeists, e foi amigo de [[Anna Akhmatova|Anna Akhmatova,]], para quem escreveu um elogioso prefácio ao seu primeiro livro de poesia, ''Vecher'' [Noite]. (Posteriormente, Kuzmin incorreria na ira de Akhmatova, provavelmente por causa de uma crítica de 1923 que ela considerou condescendente, fazendo com que ela o tomasse para modelos dos vilões do seu "Poema Sem Herói." <ref>Roberta Reeder, ''Anna Akhmatova'' (St. Martin's Press, 1994), p. 170.</ref> )
 
O último volume de poesia que Kuzmin publicou em vida foi ''A Truta Quebra o Gelo'' (1929), um ciclo de poesia narrativa. <ref>{{citecitar journalperiódico|titletítulo=Review: Death and Resurrection of Mikhail Kuzmin|firstprimeiro =S.|lastúltimo = Karlinsky|journalperiódico=Slavic Review|volume=38|issuenúmero=1|yearano=1979|pagespáginas=72&ndash;76|url=http://www.jstor.org/stable/2497230}}</ref>
 
Kuzmin passou os seus últimos anos a traduzir peças de Shakespeare. {{citationcarece neededde fontes|data=agosto de 2011}} Morreu em Leningrado. Sepultado no [[Cemitério de Volkovo]] em São Petersburgo.
 
==Legado==
O poeta e crítico contemporâneo Alexei Purin pensa que a tradição fortemente "trágica" e social da literatura russa se esgotou e precisa de se reorientar ao longo do eixo pessoal e artístico exemplificado por Kuzmin e [[Vladimir Nabokov|Vladimir Nabokov.]]. Cita Innokenty Annensky, dizendo que seria importante evitar "o abraço persistente do 'igual aos outros'", e escreve: "É precisamente a poesia de Annensky e Kuzmin que, no início do século XX, deu o primeiro e decisivo passo para se afastar "dos outros' - na direção da interpretação psicológica das pequenas coisas e das palavras simples, na direção da entoação viva - uma etapa comparável apenas, talvez, com a revolução de Pushkin. É impossível imaginar toda a subsequente poesia lírica russa sem este passo". <ref>[http://all-himia.livejournal.com/19117.html "Двойная тень"] (Double shadow), de Alexei Purin.</ref>
 
Mandelstam, na sua recensão de 1916, "Sobre a Poesia Contemporânea", escreveu:<blockquote>O classicismo de Kuzmin é cativante. Como é doce ler um poeta clássico que vive entre nós, experimentar uma mistura da "forma" e do "conteúdo" de Goethe, deixar-se convencer de que a alma não é uma substância
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{{referências}}
 
*{{citecitar booklivro
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|firstprimeiro = Editors Robert Aldrich and Garry Wotherspoon
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|title título= Who’s Who in Gay and Lesbian History from Antiquity to World War II
|publisher publicado= Routledge; London
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|year ano= 2002
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