Ciência de má qualidade: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
ajustando referencias.
m traduzindo nome/parâmetro, ajustes gerais nas citações, outros ajustes usando script
Linha 10:
Peter W. Huber popularizou o termo em relação ao seu uso em tribunais em seu livro de 1991, ''Galileo's Revenge: Junk Science in the Courtroom.'' Essa obra foi citada em mais de 100 livros e referências jurídicas, e como consequência algumas fontes citam Huber como o primeiro a utilizar o termo. Em 1997, a expressão havia efetivamente entrado no léxico jurídico americano, como se observa em um parecer de autoria de [[John Paul Stevens]] endereçado à [[Suprema Corte dos Estados Unidos]]: <blockquote class="" style="">"Um exemplo de "ciência lixo", que deve ser excluído [...] como muito duvidoso, seria o testemunho de um [[Frenologia|frenologista]] que pretenda provar a futura periculosidade de um réu com base no contornos do crânio do mesmo".<ref>{{citar web|url=https://www.law.cornell.edu/supct/html/96-188.ZO.html|titulo=General Electric Company v. Robert K. Joiner (96-188) 78 F.3d 524 reversed and remanded|data=1997|acessodata=29 de julho de 2017|publicado=Cornell University Law School|ultimo=United States|primeiro=Supreme Court of the United States|lingua=en}}</ref></blockquote> Os tribunais americanos de instâncias inferiores têm, posteriormente, definido diretrizes para a identificação da ciência lixo, como no caso de um parecer de 2005 das Cortes de Apelação dos Estados Unidos para o Sétimo Circuito:<blockquote>"Relatos positivos sobre tratamentos com água magnética não podem ser replicados; isso, mais a falta de uma explicação física para seus efeitos, são marcas típicas da ciência lixo".<ref>{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/23767354|título=Galileo's revenge: junk science in the courtroom|ultimo=Huber|primeiro=Peter William|data=|editora=Basic Books|ano=1991|local=New York|página=191|páginas=|lingua=en|isbn=9780465026234|acessodata=}}</ref></blockquote>Como sugere o subtítulo do livre de Huber, ''Junk Science in the Courtroom'', sua ênfase reside no uso e no mal uso de prova pericial no processo civil. Um exemplo importante citado no livro trata de um litígio relacionado à disseminação da [[Síndrome da imunodeficiência adquirida|AIDS]], em que uma escola da [[Califórnia]] procurou impedir que um menino com AIDS frequentasse o [[jardim de infância]]. Essa escola contratou um perito, que declarou que existia a possibilidade de a AIDS ser transmitida aos colegas de escola do garoto, através de "vetores" ainda não descobertos. Por outro lado, cinco especialistas testemunharam em nome do garoto, afirmando que a AIDS não é transmitida através de contato casual. Nesse caso, o tribunal acabou por rejeitar o argumento do perito contratado pela escola.<ref>{{citar web|url=http://law.justia.com/cases/federal/appellate-courts/F3/415/620/524906/|titulo=Charles H. Sanderson, Plaintiff-appellant, v. Culligan International Company, Defendant-appellee, 415 F.3d 620 (7th Cir. 2005)|data=2005|acessodata=29 de julho de 2017|publicado=Justia|ultimo=United States|primeiro=U.S. Court of Appeals for the Seventh Circuit}}</ref>
 
Em 1999, [[Paul Ehrlich]] e outros defendiam políticas públicas para melhorar a divulgação de conhecimento científico ambiental válido e desencorajar a difusão de ciência lixo: <blockquote class="">"Os relatórios do [[Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas]] oferecem um antídoto para ciência lixo, articulando o consenso atual sobre as perspectivas para as alterações climáticas, descrevendo o grau de incertezas, e precisando os potenciais benefícios e custos das políticas para enfrentar a mudança climática".<ref>{{citar periódico|ultimo=Ehrlich|primeiro=P. R.|ultimo2=Wolff|primeiro2=G.|ultimo3=Daily|primeiro3=G. C.|ultimo4=Hughes|primeiro4=J. B.|ultimo5=Daily|primeiro5=S.|ultimo6=Dalton|primeiro6=M.|data=1999|titulo=Knowledge and the environment|jornal=Ecological economics|volume=30|numero=|paginas=267-284|doi=|url=http://econpapers.repec.org/article/eeeecolec/v_3a30_3ay_3a1999_3ai_3a2_3ap_3a267-284.htm|acessadoem=20 de julho de 2017|idioma=en}}</ref></blockquote>Em um estudo de 2003 sobre alterações na militância ambiental relacionada ao [[Parque Nacional Glacier|''Glacier National Park'']], Pedynowski observou que a ciência lixo pode minar a credibilidade da ciência em ampla escala, uma vez que sua deturpação por interesses particulares põe em dúvida argumentos efetivamente científicos e mina a credibilidade de toda uma investigação.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Pedynowski|primeiro=Dena|data=2003-10-01|titulo=Toward a More "Reflexive Environmentalism": Ecological Knowledge and Advocacy in the Crown of the Continent Ecosystem|jornal=Society & Natural Resources|volume=16|numero=9|paginas=807–825|issn=0894-1920|doi=10.1080/08941920309168|url=http://dx.doi.org/10.1080/08941920309168|acessadoem=29 de julho de 2017|lingua2língua=en}}</ref>
 
Em seu livro 2006 ''J<span>unk Science</span>'',<ref>Agin, Dan (2006). [https://books.google.com/books?id=I4VzaPjTnxUC ''Junk Science - How Politicians, Corporations, and Other Hucksters Betray Us''] (reprint ed.). St. Martin's Griffin (published December 2007). [[International Standard Book Number|ISBN]] [[Especial:BookSources/978-0-312-37480-8|978-0-312-37480-8]].</ref> Dan Agin enfatizou duas principais causas de ciência lixo: a fraude e a ignorância. No primeiro caso, Agin discute resultados fabricados em pesquisas relacionadas ao desenvolvimento de transistores orgânicos: <blockquote>"Quanto à ciência lixo, o aspecto importante é que ambos os Laboratórios Bell e a comunidade internacional de física foram enganados, até que alguém notou que o ruído dos registros publicados por Jan Hendrik Schön em diversos trabalhos eram idênticos—o que significa fisicamente impossível".<ref>Agin 2006, p. 39.</ref></blockquote>No segundo caso, ele cita um exemplo que demonstra a ignorância de princípios estatísticos pela imprensa leiga: <blockquote>"Uma vez que uma tal prova é impossível [que [[Organismos geneticamente modificados|alimentos geneticamente modificados]] sejam inofensivos], o artigo no [[The New York Times|New York Times]] foi má propaganda para o [[Departamento de Agricultura dos Estados Unidos|Departamento de Agricultura dos EUA]]—uma má propaganda baseado em uma crença ciência-lixo de que é possível provar uma [[hipótese nula]]".<ref>Agin 2006, p. 63.</ref></blockquote>Segundo Agin, a ciência lixo é, em última análise, motivada pelo desejo de ocultar do público verdades indesejáveis.<ref>Agin 2006, p. 249.</ref>
Linha 17:
John Stauber e Sheldon Rampton, do grupo ''PR Watch'', dizem que o conceito de ciência lixo passou a ser invocado em tentativas de negar as descobertas científicas que se interpõem no caminho de lucros corporativos de curto prazo. Em seu livro ''Trust Us, We're Experts'' (2001), eles dizem que as indústrias lançaram campanhas multimilionárias com o objetivo de associar na mente popular certas teorias como ciência lixo, muitas vezes não empregando elas mesmas o [[método científico]]. Por exemplo, a indústria do tabaco tem descrito pesquisas mostrando os efeitos nocivos do tabaco e do [[Tabagismo passivo|fumo passivo]] como ciência lixo, por meio de [[astroturfing]].
 
Contrariamente, teorias mais favorável para atividades empresarial são costumeiramente retratadas como "ciência sólida", independentemente de sua qualidade. Exemplos passados incluem a investigação sobre a toxicidade do [[fitormônio]] Alar, que foi fortemente criticada por defensores anti-regulamentação, e as pesquisas de Herbert Needleman sobre envenenamento por baixas doses de chumbo. Needleman foi acusado de fraude e pessoalmente atacado.<ref name="Neff2005">{{citecitar journalperiódico|vauthors=Neff RA, Goldman LR|titletítulo=Regulatory parallels to Daubert: stakeholder influence, "sound science," and the delayed adoption of health-protective standards|journalperiódico=Am J Public Health|volume=95 Suppl 1|issuenúmero=|pagespáginas=S81–91|yearano=2005|pmid=16030344|doi=10.2105/AJPH.2004.044818|url=}}</ref>
 
O comentarista da [[Fox News Channel|Fox News]] Steven Milloy muitas vezes invoca o conceito de ciência lixo para atacar os resultados credíveis de investigação científica sobre temas como o [[aquecimento global]], a [[Buraco na camada de ozônio|destruição da camada de ozônio]], e o tabagismo passivo. A credibilidade de Milloy e de seu website ''junkscience.com'' tem sido questionada por Paul D. Thacker, um escritor da'' [[The New Republic]]'', na sequência de provas de que Milloy havia recebido pagamentos da [[Philip Morris International|Philip Morris]], da [[RJR Tobacco]], e da [[ExxonMobil|Exxon Mobil]].<ref>[http://www.tnr.com/article/pundit-hire Smoked Out: Pundit For Hire], ''The New Republic''. Acesso em 24 de novembro de 2010.</ref><ref>Rampton, Sheldon; Stauber, John (2000). [http://www.prwatch.org/files/pdfs/prwatch/prwv7n3.pdf How Big Tobacco Helped Create 'the Junkman]. ''PR Watch''. '''7''' (3). Center for Media and Democracy.</ref><ref>[http://legacy.library.ucsf.edu/tid/syq70d00 Activity Report, R.J. Reynolds Tobacco Co., December 1996, describing R.J.R. Tobacco's direct input into Milloy's junkscience website]. From the [http://legacy.library.ucsf.edu/ Legacy Tobacco Documents Library] at the University of California, San Francisco. Acesso em 5 de outubro de 2006.</ref> Thacker também observou que enquanto Milloy classificava evidências sobre os perigos do tabagismo passivo como ciência lixo, ele recebia da Philip Morris quase US$100.000,00 por ano em honorários de consultoria. Após a publicação desse artigo, o [[Cato Institute]], que hospedava o website ''junkscience.com'', cessou a sua associação com o site e removeu Milloy da sua lista de acadêmicos.
Linha 24:
 
== Uso por cientistas ==
Em 1995, a ''[[Union of Concerned Scientists|]]''Union of Concerned Scientists'']] lançou iniciativa que reúne uma rede de cientistas empenhados em desmistificar a ciência lixo, através de divulgação na mídia, [[lobby]] e o desenvolvimento de estratégias conjuntas para participar em reuniões e audiências públicas.<ref>Union of Concerned Scientists. (1998, Winter). Sound science initiative. ASLO bulletin, 7(1), 13. </ref> A [[Associação Americana para o Avanço da Ciência]] também reconheceu a necessidade de um maior entendimento entre cientistas e legisladores, afirmando que "embora a maioria das pessoas concorde que uma ciência sólida é preferível à ciência lixo, poucos sabem reconhecer o que torna um estudo científico "bom" ou "ruim"".<ref>Sound Science for Endangered Species. (2002, September). In Science and Technology in Congress. American Association for the Advancement of Science. Acesso em 12 de novembro de 2006 em http://www.aaas.org/spp/cstc/pne/pubs/stc/stc02-09.pdf </ref> Cientistas individuais também têm utilizado este conceito.<ref>Merrow, J. (2005, February 23). Unlearning Bad Science. Education Week. Retrieved November 3, 2006, from Public Broadcasting Service Web site: http://www.pbs.org/merrow/news/edweek4.html</ref><ref>Merrow, J. (2005, February 23). Unlearning Bad Science. Education Week. Retrieved November 3, 2006, from Public Broadcasting Service Web site: http://www.pbs.org/merrow/news/edweek4.html</ref><ref>Merrow, J. (2005, February 23). Unlearning Bad Science. Education Week. Retrieved November 3, 2006, from Public Broadcasting Service Web site: http://www.pbs.org/merrow/news/edweek4.html</ref>
 
{{Referências|col=2}}