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Marx adotou tal teoria ricardiana nas suas obras de juventude, como o ''[[Manifesto Comunista]]''; mais tarde, no entanto, verificou que os valores dos salários, variando de uma sociedade a outra, não se reduziam ao elemento biológico, mas pelo contrário incorporavam elementos sociais e culturais ("como poderia um operário francês subsistir sem seu vinho?" diz ele em ''[[O Capital]]''). Ele também reparou que o lucro dependia, pelo menos em parte, da produtividade física do capital, o que fez com que buscasse sair das constatações simples de seus predecessores para elaborar uma teoria mais aprofundada das causas efetivamente sociais do lucro capitalista.
É importante lembrar que, segundo o [[Marx]] maduro, o valor do trabalho não é uma grandeza concreta: o operário não vende sua "força" (caso contrário um operário fisiculturista deveria ser mais bem remunerado que um outro de físico normal que realizasse o mesmo trabalho) ou sua "habilidade". Pelo contrário, o progresso da mecanização garante um padrão uniforme de produtividade física dentro de cada ramo de atividade e para cada tipo de ocupação, igualando, até certo ponto, a habilidosos e obtusos. Como coloca Marx, se o valor em trabalho (e, portanto, o valor do salário como parcela do valor da mercadoria) correspondesse ao tempo concreto gasto na produção de cada mercadoria individual,
O valor do trabalho é ''abstrato'', no sentido em que o valor padrão de um salário para uma determinada atividade (e para uma determinada duração da jornada de trabalho) é dado pelo Mercado, isto é, pela demanda agregada dos capitalistas. Para Marx, em princípio o salário capitalista é "justo": o capitalista não necessita explorar seus operários do seu salário de mercado para lucrar; o lucro tem uma causa concreta: ele tem por causa a propriedade privada do capital; mas supor que ele seja uma remuneração automática deste mesmo capital, uma vez investido, é, para Marx, "[[fetichismo]]", pois supõe que uma coisa possa gerar sua remuneração, que o capital produza lucros e/ou juros como uma laranjeira produz laranjas. Esta origem do lucro não está, na sociedade capitalista, numa espoliação direta, como a apropriação da pessoa como trabalhador escravo, ou a cobrança de uma renda feudal, mas na medida em que o próprio salário "justo" tem seu valor estabelecido de modo a remunerar os trabalhadores com um valor menor do que o valor total das mercadorias por eles produzidas durante a jornada de trabalho contratada; é o que Marx chama de "jornadas de trabalho simultâneas" (uma paga, a outra não).
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