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A morte da atriz '''[[Daniella Perez]]''' foi um '''caso policial''' notório no [[século XX]] no [[Brasil]]. Ocorrido em 28 de dezembro de 1992, recebeu ampla cobertura da imprensa e causou comoção popular. Daniella, que à época fazia a [[telenovela]] ''[[De Corpo e Alma (telenovela)|De Corpo e Alma]]'', onde era Yasmin, foi [[homicídio|assassinada]] por [[Guilherme de Pádua]], que fazia par romântico com a vítima na trama, e por [[Paula Thomaz]], ex - esposa de Guilherme. O corpo da atriz foi encontrado numa região de floresta na [[Barra da Tijuca]], no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], com 18 golpes de tesourapunhal<ref>[http://www.daniellaperez.com.br/?p=735 Arquivos de um Processo - A arma do crime]</ref>, que causaram sua morte. O caso chocou o Brasil pelos envolvidos serem artistas muito conhecidos e que trabalhavam juntos. A primeira notícia do caso veio a público um dia depois, em 29 de dezembro de 1992, quando foi noticiado juntamente a outra grande notícia de repercussão nacional, a renúncia do ex-presidente [[Fernando Collor de Mello]]<ref>{{citar web|url=http://www.terra.com.br/exclusivo/noticias/2002/12/28/000.htm |título=Há dez anos morria Daniella Perez |autor=TERRA |data=28 de dezembro de 2002 |publicado=Terra |acessodata=14 de dezembro de 2003}}</ref>. Os dois assassinos foram condenados por [[júri popular]] e libertados em [[1999]]<ref>{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/110697/p_56.html |título=Rotina espinhosa |autor=SOUZA, Okky de |data=1997 |publicado=Veja |acessodata=19 de dezembro de 2002}}</ref><ref>{{citar web|url=http://revistaquem.globo.com/Revista/Quem/0,,EMI286764-9531,00-GLORIA+PEREZ+DESABAFA+SOBRE+A+MORTE+DA+FILHA+MEU+SENTIMENTO+NAO+SE+PASSOU+N.html |título=Glória Perez desabafa sobre a morte da filha: “Meu sentimento não se passou nem um dia” |autor=QUEM |data=18 de dezembro de 2011 |publicado=Quem |acessodata=19 de dezembro de 2011}}</ref>.
 
== História ==
=== Assassinato ===
 
Em [[1992]] a atriz [[Daniella Perez]] interpretava, na novela [[De Corpo e Alma]], de autoria de sua mãe [[Glória Perez]], a personagem Yasmin, parque românticose doenvolvia momentaneamente com o personagem Bira, vivido pelo ator [[Guilherme de Pádua]].
 
Na tarde do dia [[28 de dezembro]], Daniella e Guilherme gravaram a cena do fim do romance de Yasmin e Bira. Logo após as gravações, o ator teve uma crise de choro e procurou inquieto por Daniella diversas vezes no camarim, o que foi presenciado por camareiras do estúdio. Segundo estas camareiras, ele entregou a Daniella dois bilhetes, os quais a jovem se recusou a dizer do que se tratavam, aparentando grande nervosismo. Na policiapolícia e na justiça, o que foi confirmado também pelos depoimentos de Paula Thomaz, Guilherme disse que estava nervoso, por acreditar que seu papel estava sendo reduzido na novela, uma vez que, naquela semana, não havia aparecido em dois capítulos.
 
No fim da tarde, Guilherme deixou o estúdio Tycoon, na Barra da Tijuca, onde a novela era gravada, foi até seu apartamento na Avenida Atlântica, em Copacabana, e buscou sua mulher [[Paula Thomaz]], grávida de 4 meses. Munidos de um lençol e um travesseiro, o casal deixou o prédio novamente em direção aos estúdios Tycoon, onde Daniella continuava gravando. Chegando ao local, Paula não saiu do carro, mas ficou deitada no banco de trás do Santana de Guilherme, coberta com um lençol, enquanto o ator retornou ao estúdio para terminar as gravações das suas cenas.
 
Por volta das 21 horas as gravações terminaram. No estacionamento, Guilherme e Daniella tiraram fotos com fãs e, então, a atriz saiu do estúdio dirigindo um Escort. Em seguida, Guilherme saiu dirigindo seu Santana, que foi seguido pelo motorista das crianças com quem havia tirado as fotos. Em seguida, a atriz saiu do estúdio dirigindo um Escort. O motorista viu quando eleGuilherme parou o carro num acostamento ao lado do posto de gasolina onde Daniella havia paradoparou para abastecer o carro - que foi confirmado pelos frentistas do posto, que preocupados com a possibilidade de assalto, ficaram atentos ao ocupante do carro, e se tranquilizaram ao reconhecer o ator. Ao sair do posto, Daniella teve seu carro fechado pelo Santana de Guilherme,. Depois da fechada, osOs dois desceram de seus respectivos carros e Guilherme deferiudesferiu um soco no rosto da atriz, que caiu desacordada. Isso foi presenciado por dois frentistas do posto. Guilherme então colocou a atriz desacordada no banco de trás de seu Santana, agora dirigido por Paula, e tomou a direção do Escort de Daniella. Da Avenida das Américas, os carros seguiram até a Rua Cândido Portinari, uma rua deserta da Barra da Tijuca, e pararam num terreno baldio.
Da Avenida das Américas, os carros entraram na Rua Cândido Portinari, uma rua deserta da Barra da Tijuca, e pararam num terreno baldio.
 
Lá, Guilherme e Paula começaram a apunhalar Daniella - primeiro dentro do carro, depois num matagal próximo. A perícia comprovou que Daniella Perez foi morta com 18 estocadas que atingiram o pulmão, o coração e o pescoço. O advogado Hugo da Silveira, que passava pelo local do crime, achou estranho dois carros parados num local ermo e, pensando se tratar de um assalto, anotou as placas. Viu no Santana um homem e ''uma mulher de rosto redondo'', que confirmou mais tarde tratar-se de Paula Thomaz. O advogado dirigiu-se então à sua casa, de onde chamou a polícia.
O advogado Hugo da Silveira, que passava pelo local do crime, achou estranho dois carros parados num local ermo e, pensando se tratar de um assalto, anotou as placas. Viu no Santana um homem e ''uma mulher de rosto redondo'', que concluiu ser Paula Thomaz. Dirigiu-se então a sua casa, de onde chamou a polícia.
 
Ao chegar ao local, a polícia só encontrou o Escort de Daniella e os documentos do carro em nome do ator [[Raul Gazolla]], marido de Daniella. Enquanto um dos policiais seguiu para a casa de Raul, o outro manteve guarda no local, e para se proteger do matagal sinistro e perigoso, o policial, mesmo armado, acha por bem resguardar-se atrás de uma árvore, quando tropeça no corpo de Daniella<ref>[http://www.daniellaperez.com.br/?p=2039 Arquivos de um Processo - O Crime]</ref>.
Quando chegou ao local, a polícia só encontrou o Escort de Daniella. Vasculhando numa moita, encontraram o corpo.
 
Na delegacia, Guilherme e Paula chegaram a consolar a mãe ede oDaniella marido da atriz, o atore [[Raul Gazolla]].
 
A polícia, sabendo a placa do carro, foi até os estúdios Tycoon e descobriu que o proprietário era Guilherme de Pádua, apesar de uma letra estar errada. porém aA placa anotada foi OM1115 e a placa do ator na planilha do estúdio era LM1115, o que mais tarde se comprovou que a placa foido carro tinha sido adulterada com fita isolante pelo ator, de LM1115 para OM1115, o que eliminou a alegação da defesa de crime passional.
 
Na manhã do dia [[29 de dezembro]], a polícia chegou ao apartamento de Guilherme e ele foi levado para a delegacia. Inicialmente o ator negou a autoria do crime, mas no mesmo dia, encurralado pelas provas, acabou admitindo a autoria. Numa conversa com os policiais, Paula chegou a confessar a participação no crime, mas em depoimento negou envolvimento. O delegado do caso chegou a ouvir um telefonema de Guilherme para Paula, em que ele dizia que iria segurar tudo sozinho. Assim a polícia também passou a suspeitar de Paula.
Numa conversa com os policiais, Paula chegou a confessar a participação no crime, mas em depoimento negou envolvimento. O delegado do caso chegou a ouvir um telefonema de Guilherme para Paula, em que ele dizia que iria segurar tudo sozinho. Assim a polícia também passou a suspeitar de Paula.
 
Guilherme e Paula ficaram presos definitivamente no dia [[31 de Dezembro]] . Ambos reivindicaram o direito de só falar em juízo. Ao longo dos cinco anos até o julgamento, Guilherme de Pádua testou várias versões através da imprensa. Nenhum dos dois convenceu o júri, e ambos foram condenados por homicídio qualificado: motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima.
 
Nenhum dos dois convenceu os júri, e ambos foram condenados por homicídio qualificado: motivo torpe e impossibilidade de defesa da vitima.
 
=== Repercussão ===
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=== Motivação do crime ===
A versão provada no tribunal da motivação do crime foi a apresentada pelo promotor Maurício Assayag e pelo advogado de acusação Arthur Lavigne. De acordo com depoimento de testemunhas, Guilherme assediou Daniella visando beneficiar-se de sua amizade, por se tratar da "filha da autora da novela". Ele mesmo admite isso em depoimento ao juiz, no Tribunal do Juri. Na semana do crime, ficou inseguro ao receber os capítulos da novela e perceber que seu personagem não estaria presente em 2 capítulos. Pensou que seu personagem estava diminuindo por influência de Daniella<ref>[http://www.daniellaperez.com.br/?p=2658 Arquivos de um Processo - A motivação: ambição, cobiça I]</ref>. Supondo que Daniella havia contado à mãe das suas investidas, o ator armou a mão da esposa, conhecida por ser extremamente ciumenta, e com histórico de já ter agredido outras mulheres.
 
==A arma do crime==
Desde o início das investigações, os peritos deixaram muito claro que a arma do crime não foi uma tesoura: foi punhal<ref>[http://www.daniellaperez.com.br/?p=735 Arquivos de um Processo - A arma do crime]</ref>. O laudo da perícia revela que os ferimentos que atingiram Daniella foram feitos por instrumento perfurocortante com dois gumes. (Raphael Pardellas, diretor do IML e laudo pericial incluso no processo crime)
 
O laudo da perícia revela que os ferimentos que atingiram Daniella foram feitos por instrumento perfurocortante com dois gumes. (Raphael Pardellas, diretor do IML e laudo pericial incluso no processo crime)
 
As perfurações encontradas na blusa de malha que Daniella usava, mostram que o instrumento não entrou esgarçando, como uma tesoura entraria, mas cortando, como uma lâmina de dois gumes pode fazer. A tesoura, para ser considerada perfurocortante terá que ser acionada aberta, o que, sem dúvida, acarretaria, além de um número variado de lesões muito superficiais, outras que se restringiriam à epiderme, o que não aconteceu. Os golpes foram precisos e atingiram 8 vezes o coração de Daniella.
A tesoura, para ser considerada perfurocortante terá que ser acionada aberta, o que, sem dúvida, acarretaria, além de um número variado de lesões muito superficiais, outras que se restringiriam à epiderme, o que não aconteceu. Os golpes foram precisos e atingiram 8 vezes o coração de Daniella.
 
Outra evidencia que desmente a manobra: apunhalar alguém com uma tesoura aberta provoca inevitavelmente ferimentos na mão de quem apunhala, porque a pessoa teria que agarrar o gume para efetuar os golpes -nem Paula Thomaz nem Guilherme de Pádua tinham qualquer ferimento nas mãos.
 
A tesoura foi inventada para escamotear a premeditação. Estaria no carro para que Paula Thomaz abrisse sacos de leite. De acordo com essa versão, Paula Thomaz estava sempre tomando leite, mesmo dentro do carro, nos trajetos cotidianos. Por isso precisava ter sempre uma tesoura à mão. Porém, as pessoas que conviveram com ela, nunca a viram tomando leite e depois do crime não há registros de que o tenha feito.