Sexta-feira Negra (1978): diferenças entre revisões

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== Antecedentes e massacre ==
Como os protestos contra o regime do Xá durassem durante toda a primavera e o verão de 1978, o governo declarou a [[lei marcial]]. Em 8 de setembro desse ano, milhares de pessoas concentraram-se na Praça Jaleh para uma demonstração religiosa, apesar de o governo ter declarado a lei marcial no dia anterior.<ref name="MacroHistory: World History">{{citecitar web | titletítulo=The Iranian Revolution {{!}} King Pahlavi (the Shah) against Dissent | url=http://www.fsmitha.com/h2/ch29ir.html | publisherpublicado= [[MacroHistory: World History]] | accessdateacessodata= 7 de maio de 2015}}</ref> Os militares capitaneados pelo chefe militar de [[Teerão]] [[Gholam Ali Oveisi]] ordenaram à multidão para dispersar, mas a ordem foi ignorada. Inicialmente, pensou-se que também por causa dessa razão, ou por causa do fa(c)to dos manifestantes manterem o protesto contra os militares, o exército abriu fogo, ocorrendo um banho de sangue, com dezenas de mortes e centenas de feridos.
[[Imagem:17Shahrivar-JalehSquare.jpg|thumb|right|250px|Prestação de socorro a um manifestante atingido pelo tiroteio do exército.]]
 
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Outra fonte aponta para 84 mortos durante o dia.<ref>E. Baqi, `Figures for the Dead in the Revolution`, ''Emruz'', 30 July 2003, quoted in Abrahamian, Ervand, ''History of Modern Iran,'' Cambridge University Press, 2008, pp. 160–1</ref><ref>Pahlavi, Mohammad Reza Shah (2003) ''Answer to History'' Irwin Pub, page 160, ISBN 978-0772012968</ref>[[Michael Foucault]], um jornalista francês relatou que terão morrido entre 2000 - 3000 pessoas na Praça Jaleh e mais tarde ele aumentaria o número para 4000 mortos.<ref>{{citar web|URL=http://www.emadbaghi.com/en/archives/000592.php#more|título=A Question of Numbers|autor=|data=8 de agosto de 2003|publicado=IranianVoice.org Rouzegar-Now Cyrus Kadivar|acessodata=4 de novembro de 2015}}</ref>
O correspondente da [[BBC]] no [[Irão]], Andrew Whitley relatou que terão morrido uma centena de manifestantes, o que se aproximou mais dos números reais. O certo é que ninguém no Irão e mesmo no estrangeiro estaria preparado para crer nos números do governo e quase todos acreditavam muito mais nos números dos islamitas oposicionistas, vistos na altura como heróis, não apenas no Irã, mas também no Ocidente, inclusive nos Estados Unidos.<ref>{{citar web|URL=http://www.emadbaghi.com/en/archives/000592.php#more|título=A Question of Numbers|autor=|data=8 de agosto de 2003|publicado=IranianVoice.org Rouzegar-Now Cyrus Kadivar|acessodata=4 de novembro de 2015}}</ref>Khomeini era visto pelo embaixador dos Estados Unidos em Teerão [[William Sullivan]] (1922-2013) como o Gandhi muçulmano,<ref>{{citar web|URL=http://www.theblaze.com/contributions/35-years-ago-an-iranian-revolution-thanks-to-jimmy-carter/|título=35 Years Ago: An Iranian Revolution Thanks to Jimmy Carter|autor=Dr. Michael D. Evans|data=11 de fevereiro de 2014|publicado=The Blaze.com|acessodata=6 de novembro de 2015}}</ref>, ideia nada premonitória, menos de um ano depois (4 de novembro de 1979), a embaixada desse país seria ocupada por estudantes acérrimos apoiantes de Khomeini e começou a crise dos reféns que durou até [[20 de janeiro]] de [[1981]], ironicamente ou não, minutos depois de [[Ronald Reagan]] tomar posse como presidente dos [[Estados Unidos]]. Graças a esse fa(c)to, surge uma teoria da conspiração, segundo a qual terá havido uma acordo secreto entre Khomeini e seus apoiantes com os republicanos, para os reféns só serem libertados após a vitória dos Republicanos e impedir a reeleição de [[Jimmy Carter]], é a teoria da conspiração chamada "October Surprise conspiracy theory" ("Surpresa de outubro").
 
 
De acordo com um antigo investigador da "Fundação dos Mártires" (''Bonyad Shahid'', parte do governo iraniano pós revolucionário que compensa as famílias das vítimas contratado "compreender o que se passou") chamado Emad al-Din Baghi, entre os que foram mortos naquela sexta-feira, 64 foram mortos na Praça Jaleh, entre eles dois do sexo feminino - uma mulher e uma jovem. No mesmo dia em outras partes de [[Teerão]] um total de 24 pessoas morreram nos combates com as forças da lei marcial, entre elas uma do sexo feminino, fazendo um total de 88 mortos, muito longe dos milhares referidos inicialmente, tanto pelos opositores ao regime como pelos jornalistas ocidentais.<ref name="Baghi">{{citecitar web|url=http://www.emadbaghi.com/en/archives/000592.php#more| titletítulo=A Question of Numbers}} Web: IranianVoice.org August 08, 2003 Rouzegar-Now Cyrus Kadivar ]</ref> Outra fonte aponta para 84 mortos durante o dia.<ref>E. Baqi, `Figures for the Dead in the Revolution`, ''Emruz'', 30 July 2003, quoted in Abrahamian, Ervand, ''History of Modern Iran,'' Cambridge University Press, 2008, pp. 160–1</ref>Claro que os números talvez tenham sido empolados pelos líderes religiosos para manipular a opinião pública contra o regime, já de si desacreditado e odiado pela maioria do povo iraniano.
 
O nome da Praça foi mais tarde mudado para Praça dos Mártires (''Maidan-e Shohada'') pela República Islâmica.<ref name="PBS">{{citecitar web|url= http://www.internews.org/visavis/BTVPages/Theislamicrevolution.html#Black_Friday |titletítulo=Black Friday |archiveurl arquivourl= http://web.archive.org/web/20030520145212/http://www.internews.org/visavis/BTVPages/Theislamicrevolution.html#Black_Friday |archivedate arquivodata=20 Mayde maio de 2003}}</ref>
 
==Consequências políticas==
 
Este dia é considerado como o ponto de não retorno para a revolução e à abolição da monarquia no [[Irã]], poucos meses depois. Também se crê que este triste episódio representou um papel crucial na futura radicalização o movimento de protesto, unindo toda a oposição ao xá e mobilizando as massas, uniram-se tanto esquerdistas e direitistas laicos, como os islamistas, não prevendo os laicos que os futuros vencedores seriam os islamistas radicais e não os laicos, ao contrário do que tinha sucedido em todas as revoluções desde [[1789]]. Incialmente a oposição e jornalistas ocidentais afirmaram que o exército iraniano terá massacrado milhares de manifestantes.<ref name="Baghi">{{citecitar web|url=http://www.emadbaghi.com/en/archives/000592.php#more| titletítulo=A Question of Numbers}}</ref><ref name="Encarta">{{citecitar web|url= http://encarta.msn.com/encyclopedia_761588431/Islamic_Revolution_of_Iran.html|titletítulo= Islamic Revolution of Iran}}</ref><ref name="PBS">{{citecitar web|url= http://www.internews.org/visavis/BTVPages/Theislamicrevolution.html#Black_Friday |titletítulo= Black Friday}}</ref>
Um líder dos clérigos anunciou que "milhares foram massacrados por tropas sionistas.<ref>Taheri, ''The Spirit of Allah'' (1985), p. 223.</ref>
[[Imagem:Islamic Government (17 Shahrivar).jpg|thumb|280px|Demonstração da "Sexta-feira negra, a sentença no cartaz diz em persa: "Nós queremos um governo islâmico liderado pelo [[Ruhollah Khomeini|Imam Khomeini]]"]]