Mavia (rainha): diferenças entre revisões

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|título =[[Rainha]] dos [[Tanuquida|tanuques]]
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|sepultamento=[[Anasartha]] (moderna [[Síria]])
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'''Mavia''', ({{lang-ar|ماوية}}, ''Māwiyya''; transliterado também como '''Mawia''', '''Mawai''', ou '''Mawaiy''', e algumas vezes confundido com '''Mania''') foi uma rainha regente e guerreira árabe, que governou uma confederação de árabes semi-nômades no sul da [[Síria]], no final do século IV. Ela liderou tropas em rebelião contra o domínio do [[Império Romano]], cavalgando na frente de seu exército pela [[Fenícia]] e pela [[Palestina]]. Após alcançar as fronteiras do [[Egito]] dominado pelos romanos e de sucessivamente derrotar as legiões,<ref name=Sefscik>{{citecitar web|titletítulo=Zenobia|authorautor =Sue M. Sefscik|url=http://womenshistory.about.com/library/bio/ucbio_zenobia.htm|publisherpublicado=Women's History|acessadoem=14 de junho de 2017}}</ref>, os romanos finalmente sentaram para negociar uma trégua, com termos que ela mesma estipulou. Os romanos, posteriormente, pediriam sua ajuda quando foram atacados pelos [[Godos]], contra quais ela enviou todo um destacamento de cavalaria.<ref name=Jensen>{{Citation|titletítulo=God's Self-confident Daughters: Early Christianity and the Liberation of Women|authorautor =Anne Jensen|ano=1996|publisherpublicado=Westminster John Knox Press|ISBN=0-664-25672-4}}</ref>.
 
Junto de Zenóbia é considerada uma das mais poderosas mulheres do antigo mundo árabe.<ref name=Bowersock>{{Citation|titletítulo=Late Antiquity: A Guide to the Postclassical World|first1primeiro1 =Glen Warren|last1último1 =Bowersock|first2primeiro2 =Peter|last2último2 =Brown|first3primeiro3 =Peter Robert Lamont |last3último3 =Brown |first4primeiro4 =Oleg |last4último4 =Grabar |ano=1999 |publisherpublicado=Harvard University Press|ISBN=0-674-51173-5}}</ref>. O pouco que se sabe sobre sua vida vem de escritos posteriores, a maioria de [[Rufino de Aquileia]] monge, historiador e teólogo, que teria lido um trabalho de [[Gelásio de Cízico]] sobre ela. Os autores posteriores a transformaram em uma cidadã de linhagem romana e cristã, mas ela era evidentemente árabe e é possível que fosse inicialmente pagã.<ref name=Bowersock/>.
 
==Biografia==
Os ancestrais de Mavia, eram os [[tanuquidas]], que possuíam uma longínqua afinidade com tribos árabes que emigraram do norte da [[península arábica]] um século antes de seu nascimento, devido à influência crescente dos [[sassânida]]s no [[Irã]].<ref name=Bowersock/>. Seu marido era al-Hawari, o último rei semi-nômade da confederação tanuquida, no sul da Síria, no final do século IV.<ref name=Ball>{{Citation|titletítulo=Rome in the East: The Transformation of an Empire|first1primeiro1 =Warwick|last1último1 =Ball|yearano=2001|publisherpublicado=[[Routledge]]|ISBN=0-415-11376-8}}</ref>. Quando ele morreu em 375 sem deixar herdeiros, foi Mavia quem assumiu o governo e o comando da confederação em uma revolta contra o domínio romano, que depois se estendeu para todo o [[Levante (Mediterrâneo)|Levante]].<ref name=Bowersock/>.
 
As razões para a revolta, acredita-se, que tenham sido religiosas. Com a morte de al-Hawari, o imperador romano, [[Valente (imperador)|Valente]], um [[arianismo|ariano]] heterodoxo, decidiu desconsiderar os pedidos dos árabes para um bispo ortodoxo, insistindo na indicação de um ariano no lugar.<ref name=Ball/><ref name=Irfan/>. Mavia se retirou de [[Aleppo]] para o deserto com seu povo, formando alianças com povos árabes do deserto e ganhando suporte por toda a região, incluindo a Síria, preparando-se para a grande batalha contra os romanos.<ref name=Bowersock/><ref name=Ball/>.
 
Não se sabe se Mavia era cristã nesta época. Alguns historiadores argumentam que foi durante suas batalhas que ela conheceu um monge [[Ascetismo (filosofia)|asceta]] que a impressionou e a converteu ao [[Igreja Ortodoxa|cristianismo ortodoxo]]. Todos concordam, porém, que nas condições que ela estabeleceu para sua trégua com [[Roma]], este mesmo monge foi indicado como bispo sobre os povos árabes.<ref name=Jensen/><ref name=Bowersock/>.
 
==A revolta==
Na primavera de 378, Mavia lançou uma grande revolta contra o governo central, muitas vezes comparados com aquela levantada por [[Zenóbia]], um século antes.<ref name=Bowersock/>. Suas forças, lideradas pela própria rainha, varreram a península arábica até a [[Palestina]], chegando às fronteiras do [[Egito]], derrotando os exércitos romanos diversas vezes. Como Mavia e seus tanuques tinham deixado a cidade de [[Alepo]] para usarem o deserto como base, os romanos não tinham um alvo civil a quem atacar em retribuição. Mavia tinha unidades extremamente móveis, usando táticas de guerrilha, com ataques surpresa e frustrando as tentativas romanas de acabar com a revolta.<ref name=Ball/>.
Mavia e suas forças se provaram superiores às legiões romanas diversas vezes em batalha. Por um século, os povos árabes vinham lutando junto das forças do império e eram bem familiares com suas táticas, tendo derrubado facilmente o governador romando da Palestina e da Fenícia, o primeiro enviado para combater Mavia. Ela ganhou o respeito e a proteção dos povos da região, simpáticos à sua causa e toda a região estava prestes a cair sob o comando da rainha e seus guerreiros<ref name=Ball/>.
 
Mavia e suas forças se provaram superiores às legiões romanas diversas vezes em batalha. Por um século, os povos árabes vinham lutando junto das forças do império e eram bem familiares com suas táticas, tendo derrubado facilmente o governador romando da Palestina e da Fenícia, o primeiro enviado para combater Mavia. Ela ganhou o respeito e a proteção dos povos da região, simpáticos à sua causa e toda a região estava prestes a cair sob o comando da rainha e seus guerreiros.<ref name=Ball/>.
Um segundo exército, liderado pelo comandante do oriente em pessoa, foi enviado para encontrar as tropas de Mavia em campo. Pessoalmente liderando suas tropas, Mavia se provou não apenas uma hábil líder política, mas também uma forte estrategista. Suas forças, usando as técnicas de batalha romanas, combinadas com seus métodos tradicionais, aliados a uma pesada cavalaria de lanças longas, tiveram um efeito devastador sobre os romanos. Eles foram novamente derrotados e desta vez não tinham tropas nativas adicionais na região para auxiliá-los, como quando enfrentaram Zenóbia. O imperador Valente não teve outra escolha se não capitular e buscar uma trégua e um acordo de paz<ref name=Ball/>.
 
Um segundo exército, liderado pelo comandante do oriente em pessoa, foi enviado para encontrar as tropas de Mavia em campo. Pessoalmente liderando suas tropas, Mavia se provou não apenas uma hábil líder política, mas também uma forte estrategista. Suas forças, usando as técnicas de batalha romanas, combinadas com seus métodos tradicionais, aliados a uma pesada cavalaria de lanças longas, tiveram um efeito devastador sobre os romanos. Eles foram novamente derrotados e desta vez não tinham tropas nativas adicionais na região para auxiliá-los, como quando enfrentaram Zenóbia. O imperador Valente não teve outra escolha se não capitular e buscar uma trégua e um acordo de paz.<ref name=Ball/>.
 
==Últimos anos==
Moisés foi apontado como o primeiro bispo árabes para os povos árabes e uma incipiente igreja começou a emergir no leste do império romano, atraindo muitos tanuquidas da região da [[Mesopotâmia]]. Mavia também conseguiu recobrar o status de aliado e os privilégios que os tanuquidas tinham antes do reinado do imperador [[Juliano (imperador)|Juliano]]. Com o fim das revoltas, a filha de Mavia, princesa Chasidat, casou-se com um devoto comandante niceno do exército romano, [[Vitor (mestre da cavalaria)|Flávio Vitor]], para selar a aliança. A paz, porém, durou pouco.<ref name=Ball/>.
 
Como parte do acordo de trégua, Mavia deveria enviar forças à [[Trácia]], para ajudar os romanos na luta contra os [[godos]]. Suas forças se provaram pouco efetivas fora de seu território e os godos empurraram as forças romanas de volta para [[Constantinopla]], matando o imperador Valente no processo. As tropas de Mavia voltaram para casa, machucadas e em menor número.<ref name=Irfan>{{Citation|titletítulo=Rome and the Arabs: A Prolegomenon to the Study of Byzantium and the Arabs |first1primeiro1 =Irfan |last1último1 =Shahîd |yearano=1984 |publisherpublicado=Dumbarton Oaks|ISBN=0-88402-115-7}}</ref>. O novo imperador, Teodósio II, favoreceu os godos em sua ascensão, dando-lhes vários cargos na administração do império, desfavorecendo inúmeros administradores árabes. Depois de mostrar lealdade ao império, os árabes se sentiram traídos e se ergueram em uma nova revolta em 383. Esta revolta foi rapidamente terminada e a aliança entre tanuquidas e Roma terminou, com o império favorecendo outra confederação, os Salīḥ.<ref name=Ball/>.
 
Não se sabe se Mavia comandou esta segunda revolta, nem mesmo se há alguma menção à sua liderança. Se sabe que ela morreu em Anasartha, a leste de Alepo, no coração do território tribal tanuquida, onde há uma inscrição que menciona sua morte em 425.<ref name=Ball/>.
 
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