Concílio de Cartago: diferenças entre revisões

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'''Concílio de Cartago''' (ou '''Sínodo de Cartago''') é uma denominação comum a vários [[Anexo:Lista de concílios nacionais, regionais ou plenários|concílios regionais]] e [[sínodo]]s realizados na cidade de [[Cartago]], no [[Norte da África]], nos séculos III, IV e V.
 
== Concílio sobre o rebatismo dos heréticos (''ca.'' 218-222) ==
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== Concílios sobre os ''lapsi'' (251, 252, 254) ==
{{AP|Lapsi|cisma novaciano}}
Em maio de 251, um sínodo, convocado sob a presidência de [[Cipriano de Cartago|São Cipriano]], para considerar o tratamento que seria dado aos ''[[lapsi]]''. O concílio [[excomunhão|excomungou]] Felicíssimo (ordenado por [[Novaciano]]) e cinco outros bispos [[novacianos]] ("rigoristas") e também se determinou que os ''lapsi'' deveriam ser tratados não com severidade indiscriminada, mas de acordo com o grau de culpa individual. As decisões deste sínodo foram confirmadas por outro sínodo, realizado em Roma, no outono do mesmo ano. Cipriano escreveu uma obra como preparação deste concílio (''De Lapsis''<ref>{{citar livro|nome=[[Cipriano de Cartago]]| título=De Lapsis|subtítulo=| volume=|capítulo=| url=http://www.newadvent.org/fathers/050703.htm| língua=inglês}}</ref>).<ref name = HEFELE/>.
 
Outros sínodos foram realizado em 252 e 254. para tratar do assunto, com 62 e 37 bispos presentes. Além da questão dos ''lapsi'', trataram também do batismo dos recém-nascidos e de questões disciplinares. A decisão foi a de receber de volta os heréticos que demonstrassem algum sinal de arrependimento (. São Cipriano tratou em detalhes sobre estes sínodos em sua carta 54 .<ref>{{citar livro|nome=[[Cipriano de Cartago]]| título=Epistle 54|subtítulo=To Cornelius, Concerning Fortunatus and Felicissimus, or Against the Heretics.| volume=|capítulo=| url=http://www.newadvent.org/fathers/050654.htm| língua=inglês}}</ref><ref name = HEFELE/>.
 
== Concílios sobre o rebatismo de heréticos (255, 256) ==
Dois sínodos, em 255 e 256, realizados também sob a presidência de Cipriano, se pronunciaram contra a validade do batismo realizado por heréticos, ou seja, a favor do [[rebatismo]]. O costume estava espalhado pela [[África (província romana)]] e pela [[Ásia Menor]], apesar da forte oposição de Roma, onde o [[Papa Estevão I]] já tinha ameaçado com a excomunhão os bispos que o praticassem.
 
No primeiro, convocado para responder a um questionamento de bispos da [[Numídia]] sobre o assunto, foi novamente presidido por [[São Cipriano]] e contou com 21 bispos presentes. A septuagésima carta de Cipriano trata exclusivamente da resposta aos bispos e, portanto, do tema do concílio. A decisão foi novamente favorável ao rebatismo e contrária à Roma.<ref>{{citar livro|nome=[[Cipriano de Cartago]]| título=Epistle 70|subtítulo=To Quintus, Concerning the Baptism of Heretics.| volume=|capítulo=| url=http://www.newadvent.org/fathers/050670.htm| língua=inglês}}</ref><ref name = HEFELE/>. A carta termina indicando o desejo de obter a aprovação de Estevão.
{{citação2|...não é suficiente (''parem est'') postar as mãos nestes conversos ''ad accipiendum Spiritum sanctum'' se eles não receberem também o batismo da Igreja}}
 
Porém, o Papa ficou furioso, chegando a acusar São Cipriano de ser um "falso cristão", "mentiroso" e "falso apóstolo". Acredita-se que em resposta a este repúdio, um novo concílio foi convocado e confirmou novamente as decisões anteriores. Os atos deste concílio ainda existem e confirmar que os votos foram unânimes.<ref> Todos os votos em {{1913CE|Council of Carthage (A.D. 257)}}</ref>. Cipriano escreveu então para [[Firmiliano de Cesareia]] para contar o resultado, carta que ainda existe e está preservada sob o número 75.<ref>{{citar livro|nome=[[Cipriano de Cartago]]| título=Epistle 75|subtítulo=To Magnus, on Baptizing the Novatians, and Those Who Obtain Grace on a Sick-Bed.| volume=|capítulo=| url=http://www.newadvent.org/fathers/050675.htm| língua=inglês}}</ref><ref name = HEFELE/>.
 
{{Âncora|Concílio de Cartago (397)}}
 
== Cartago III (397) ==
O concílio de Cartago, chamado de terceiro por [[Denzinger]]<ref>Denzinger [http://catho.org/9.php?d=bxk#a4r 186] na nova numeração, [http://www.catecheticsonline.com/SourcesofDogma1.php 92] na antiga.</ref> em 28 de agosto de 397 publicou um [[cânon bíblico|cânon]] da [[Bíblia]], citado como ''"Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, 4 livros de Reis, 2 livros de Crônicas, Jó, Salmos de Davi, 5 livros de Salomão, 12 livros de profetas, Isaías, Jeremias, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, 2 livros de Esdras, 2 livros de Macabeus."'' No Novo Testamento, ''"4 Evangelhos, 1 livro de Atos dos Apóstolos, 13 cartas paulinas, 1 carta para os Hebreus, 2 de Pedro, 3 de João, 1 de Tiago, 1 de Judas e o Apocalipse de João"''.
 
{{Âncora|Concílio de Cartago (418)}}
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=== Decisão sobre o cânon bíblico em 419 ===
Este concílio também estabeleceu o mesmo [[cânon bíblico]] que será reconhecido futuramente no [[Concílio de Trento]], hoje aplicado pela [[Igreja Católica Apostólica Romana]], com referência aos dois livros de [[Esdras]], que seriam os mesmos da [[Vulgata]] e que estavam outrora reunidos e já tinham sido divididos naquela época, conforme o testemunho de [[Santo Atanásio]] (296-373), na Epístola XXXIX,4 .<ref>{{citar livro|nome=[[Atanásio de Alexandria]]|título=Cartas|volume=XXXIX|capítulo=4| subtítulo=Of the particular books and their number, which are accepted by the Church. From the thirty-ninth Letter of Holy Athanasius, Bishop of Alexandria, on the Paschal festival; wherein he defines canonically what are the divine books which are accepted by the Church.| url=http://www.newadvent.org/fathers/2806039.htm |língua=inglês}}</ref>.
{{citação2|Parece-nos bom que, fora das Escrituras canônicas, nada deva ser lido na Igreja sob o nome 'Divinas Escrituras'. E as Escrituras canônicas são as seguintes: [[Gênesis]], [[Livro do Êxodo|Êxodo]], [[Levítico]], [[Livro dos Números|Números]], [[Deuteronômio]], [[Livro de Josué|Josué]], [[Livro de Juízes|Juízes]], [[Livro de Rute|Rute]], quatro [[Livros dos Reis]] [ [[I Samuel|I]] e [[II Samuel|II Samuel]] + [[I Reis|I]] e [[II Reis|II Reis]] ], dois livros dos [[Paralipômenos]] [ [[I Crônicas]] e [[II Crônicas]] ], [[Livro de Jó|Jó]], [[Salmos|Saltério de Davi]], cinco livros de Salomão [ [[Livro dos Provérbios|Provérbios]], [[Eclesiastes]], [[Cântico dos Cânticos]], [[Livro da Sabedoria|Sabedoria]], [[Eclesiástico|Sirácida]] ], [[Profetas Menores|doze livros dos Profetas]] [ [[Livro de Oseias|Oseias]], [[Livro de Joel|Joel]], [[Livro de Amós|Amós]], [[Livro de Abdias|Abdias]], [[Livro de Jonas|Jonas]], [[Livro de Miqueias|Miqueias]], [[Livro de Naum|Naum]], [[Livro de Habacuque|Habacuque]], [[Livro de Sofonias|Sofonias]], [[Livro de Ageu|Ageu]], [[Livro de Zacarias|Zacarias]], [[Livro de Malaquias| Malaquias]] ], [[Livro de Isaías|Isaías]], [[Livro de Jeremias|Jeremias]], [[Livro de Daniel|Daniel]], [[Livro de Ezequiel|Ezequiel]], [[Livro de Tobias|Tobias]], [[Livro de Judite|Judite]], [[Livro de Ester|Ester]], dois livros de Esdras [ [[Livro de Esdras|Esdras]] e [[Livro de Neemias|Neemias]] ] e dois [[Livros dos Macabeus|[livros] dos Macabeus]] [ [[I Macabeus|I]] e [[II Macabeus|II]] ]. E do Novo Testamento: quatro livros dos [[Evangelhos]], um [livro de] [[Atos dos Apóstolos]], treze [[epístolas paulinas|epístolas de Paulo]], uma do mesmo [[Epístola aos Hebreus|aos Hebreus]], duas [[Epístolas petrinas|de Pedro]], três [[Epístolas joaninas|de João]], uma [[Epístola de Tiago|de Tiago]], uma [[Epístola de Judas|de Judas]] e o [[Apocalipse de João]]. Isto se fará saber também ao nosso santo irmão e sacerdote, [[Papa Bonifácio I|Bonifácio]], [[papa|bispo da cidade de Roma]], ou a outros bispos daquela região, para que este cânon seja confirmado, pois foi isto que recebemos dos Padres como lícito para ler na Igreja| Concílio de Cartago (419)}}
 
== Ver também ==
* [[Cânon bíblico]]
* [[Primeiro Concílio de Niceia]]
* [[Anexo:Lista de concílios nacionais, regionais ou plenários]]
 
{{Referências|col=2}}