Gramática: diferenças entre revisões

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{{Mais notas|data=Dezembro de 2008}}
{{Gramática}}
O termo '''gramáticaGramática''' (do [[Língua grega|grego]]: γραμματική, [[Transliteração|transl.]] ''grammatiké'', feminino [[Substantivação|substantivado]] de ''grammatikós'') pode designardesigna um conjunto de regras que regem o uso de uma [[Linguagem|língua]], especialmente o modo como, dentro dela,as unidades desta se combinam entre si, formandopara formar unidades maiores. TodaTambém línguadesigna eum todas as variantes de uma língua,ramo da considerada variante padrão, ou [[norma cultaLinguística]], àsque variantesestuda não-padrão,os têmelementos suaque própriacompõem a gramática. Essadas gramáticalínguas. éAlém conhecidadisso, eainda usadanomeia poras todosobras osproduzidas falantesa daquelapartir determinadadestes varianteestudos, poisclassificadas éem adquiridadiversos notipos, processoa dedepender [[Aquisiçãodo elemento da linguagem|aquisiçãolíngua deque linguagem]].tomam Essecomo conhecimentoescopo: gramáticas históricas, contudocomparativas, nadescritivas, maioriae dasprescritivas, vezesestas seúltimas restringetambém ao âmbitochamadas [[ConhecimentoGramática epilinguísticonormativa|epilinguístico]],gramáticas não alcançando o plano [[Metalinguagem|metalinguísticonormativas]].
 
Toda língua e suas variantes — desde a variante padrão ou [[norma culta]] às variantes não-padrão — têm sua própria gramática, que é conhecida e usada por todos os falantes daquela determinada variante, pois é adquirida no processo de [[Aquisição da linguagem|aquisição de linguagem]]. Esse conhecimento, contudo, na maioria das vezes se restringe ao âmbito [[Conhecimento epilinguístico|epilinguístico]], não alcançando o plano [[Metalinguagem|metalinguístico]].
Alguns estudiosos, especialmente os filiados ao ramo da [[Linguística]] que também leva o nome de '''Gramática''', dedicam-se ao estudo de elementos que compõe a gramática das línguas, e por vezes produzem obras que também são chamadas de '''gramáticas'''. Essas gramáticas são classificadas em diversos tipos, a depender do elemento da língua que tomam como escopo. Existem gramáticas históricas, comparativas, descritivas, e até mesmo prescritivas, também chamadas [[Gramática normativa|gramáticas normativas]].
 
O conceito de gramática, quando se refere às gramáticas normativas, designa obras de caráter prescritivo, que têm como objetivo ditar as regras segundo as quais a língua deveria ser usada. As fontes de elaboração dessas regras podem ser diversas, a depender do autor e da época de produção de cada gramática, podendo variar da referência à norma culta, isto é, à variante prestigiada dentro de determinada comunidade linguística, às obras de escritores canônicos.
 
Na [[Idade Média]], a gramática era uma disciplina de estudo que compunha o ''[[Trívio|Trivium]]'' que, junto com o ''[[Quadrivium]]'', compunham a metodologia de ensino das sete [[Artes liberais]].<ref>{{citar livro |ultimo=Janotti, |primeiro=Aldo. ''|titulo=Origens da universidade: a singularidade do caso português.'' |publicado=EdUSP, |data=1992, página |pagina=199. |ISBN =9788531400858 (04/02/2016).}}</ref>
 
== Teoria geral da gramática ==
NumaSegundo expressão simples, porém extremamente eleganteEckersley e geralMacaulay, "Gramática",gramática como alguém já disse, "é a arte de colocar as palavras certas nos lugares certos".<ref>ECKERSLEY,{{citar livro |ultimo1=Eckersley |primeiro1=C. E. (M.A.) & MACAULAY,|ultimo2=Macaulay |primeiro2=Margaret (M. A.). ''|titulo=Brighter Grammar''. London:|local=Londres |publicado=Longsman, Green & Co. Ltd., |data=1955}}</ref> Gramática, portanto, numa abordagem generalista, não se vincula a esta ou àquela língua ''em especial'', mas a todas. Ela contém o germe estrutural de todas, realizando a conexão essencial subjacente à relação de cada uma com as demais.
 
Os diversos enfoques da gramática (normativa, histórica, comparativa, funcional e descritiva) estudam a morfologia e a sintaxe, as quais tratam, somente, dos aspectos estruturais, constituindo, uma parte da linguística que se distingue da fonologia e da semântica (que seriam estudos independentes), conquanto estas duas possam compreender-se, também, dentro do escopo amplo da gramática.
Gramática, portanto, numa abordagem generalista, ''não se vincula a esta ou àquela língua ''em especial'', senão a todas. Contém o germe estrutural, por assim dizer, de todas, realizando a conexão essencial subjacente à relação de cada uma com as demais.
 
Dentre os diversos tipos de gramáticas, a chamada [[gramática normativa]] é a mais conhecida pela [[população]] e é estudada durante o período escolar. É elaborada, em geral, pelas [[Academia de Letras|Academias de Letras]] de cada país, nem sempre em conformidade com o uso corrente da população, mesmo em amostragens da porção tida por "mais culta".
* '''Para o estudo de ''gramáticas particulares de cada língua'', vejam-se os artigos correspondentes a cada língua em particular.'''
 
Os diversos enfoques da gramática (normativa, histórica, comparativa, funcional e descritiva) estudam a morfologia e a sintaxe que tratam, somente, dos aspectos estruturais, constituindo, assim, uma parte da linguística que se distingue da fonologia e da semântica (que seriam estudos independentes), conquanto estas duas possam compreender-se, também, dentro do escopo amplo da gramática.
 
Dentre os diversos tipos de gramáticas (ver abaixo), a chamada [[gramática normativa]] é a mais conhecida pela [[população]] e é estudada durante o período escolar. É elaborada, em geral, pelas [[Academia de Letras|Academias de Letras]] de cada país, nem sempre em conformidade com o uso corrente da população, mesmo em amostragens da porção tida por "mais culta".
 
Cabe notar, ainda, que nem toda gramática trata da língua escrita. Como exemplo, cite-se o caso da [http://www.hucitec.com.br/produto.asp?categoria_id=36&id=945 Gramática do Português Falado], em realidade cultural-linguística [[brasil]]eira, coleção publicada pela editora da [[UNICAMP|Universidade de Campinas]].
 
=== Acepções ===
O termo "Gramáticagramática" é usado em acepções distintas,: referindopode referir-se quer ao manual onde as regras de regulação e uso da língua estão explicitadas, querou ao saber que os falantes têm interiorizado acerca da sua [[língua materna]]. Estas duas acepções distintas remetem aos conceitos de Gramática Prescritiva ou Normativa, que impõem determinados [[comportamento]]s linguísticos como corretos, marginalizando outros que não se enquadram nos padrões indicados por essas.
 
O termo também nomeia teorias sobre aquisição, geração e funcionamento da língua. A exemplo, tem-se a Gramática Gerativa de Noam Chomsky, que descreve um conjunto finito de regras que gerariam todas as frases de uma língua. Outro exemplo é a Gramática Funcional, segundo a qual as regras gramaticais estão vinculadas as necessidades comunicativas dos falantes.
Estas duas acepções distintas remetem aos conceitos de Gramática Prescritiva ou Normativa, que impõem determinados [[Comportamento]]s linguísticos como corretos, marginalizando outros que não se enquadram nos padrões indicados por essas.
 
Atualmente, a [[Linguística]] procura descrever o conhecimento linguístico dos falantes, produzindo as [[Gramática descritiva|Gramáticas Descritivas]]. Estas, ao invés de imporem [[paradigma]]s, descrevem e incorporam fenômenos que, numa abordagem puramente prescritiva, não seriam levados em conta.
Gramática também nomeia teorias sobre aquisição, geração e funcionamento da língua. A exemplo, tem-se a Gramática Gerativa, de Noam Chomsky, com a qual descreve um conjunto finito de regras que gerariam todas as frases de uma língua. Outro exemplo é a Gramática Funcional, segundo a qual as regras gramaticais estão vinculadas as necessidades comunicativas dos falantes.
 
Atualmente, a [[Linguística]] procura descrever o conhecimento linguístico dos falantes, produzindo as ditas [[Gramática descritiva|Gramáticas Descritivas]]. Estas, ao invés de imporem [[Paradigma]]s, descrevem e incorporam fenômenos que, numa abordagem ''apenas prescritiva'', seriam desprezáveis...
 
=== A noção do correto e a mutabilidade linguística ===
Conquanto "[[Wikt:correto|correto]]" faça remissão [[semântica]] a [[Wikt:imutabilidade|imutabilidade]] ("não-desvio") ou a um pré-determinado ou estabelecido [[padrão]], neste caso linguístico, convém observar três princípios básicos que se fazem presentes na dinâmica cultural humana:
 
# Correto é humanamente relativo, e depende de variadíssimos fatores: culturais, de época, étnicos, desenvolvimentistas, evolutivos, políticos, econômicos, sociais, religiosos etc.;
Conquanto "[[Wikt:correto|correto]]" ([[Latim]] ''correctu'') faça remissão [[semântica]] a [[Wikt:imutabilidade|imutabilidade]] ("não-desvio") em relação a um pré-determinado ou estabelecido '[[padrão]], neste caso [[Linguística|linguístico]], convém observar três princípios básicos, que se fazem presentes na dinâmica cultural humana:
# A dinâmica cultural-linguística humana articula ou conjuga os anseios — aparentemente opostos, em verdade [[Dialética|dialeticamente]] complementares — de "imposição de mudança" e de "necessidade de permanência";
# Há que haver certa permanência num certo [[espaço-tempo]] (na acepção cultural) e isso impõe a necessidade de regras que definam limites permissíveis, para que, durante e naquele espaço-tempo, os [[atores]] [[Sociedade|sociais]] possam [[Comunicação|comunicar-se]] com sucesso.
 
Isso posto, sem demérito para [ou exclusão de] as variadíssimas expressões e modalidades de "gramática", as também variadíssimas linguagens, as incontáveis [[Tribo|tribos culturais]], fica logo claro que "é preciso alguma ordem na casa, para que as coisas funcionem a contento". Isso inclui a "Casa Linguística". Pois o ser humano — essencial e [[Semiótica|semioticamente]] [[Símbolo|simbólico]] que é — necessita de um mínimo de estrutura de ordem para humanamente ser a sua existência. O que importa em regras daqui e dali, inescapavelmente.
# Correto é [humanamente] relativo, e depende de variadíssimos fatores: culturais, de época, étnicos, desenvolvimentistas, evolutivos, políticos, econômicos, sociais, religiosos etc.;
# A dinâmica cultural-linguística humana articula ou conjuga os anseios — ''aparentemente opostos'', em verdade [[Dialética|dialeticamente]] complementares — de "imposição de mudança" e de "necessidade de permanência";
# Há que haver certa permanência num certo [[espaço-tempo]] (na acepção cultural...) e isso impõe a necessidade de regras que definam limites permissíveis, para que, afinal, durante e naquele espaço-tempo, os [[atores]] [[Sociedade|sociais]] possam [[Comunicação|comunicar-se]] com sucesso.
 
Assim, na concepção de gramática como conhecimento inconsciente de um determinado falante sobre a sua língua (independente do grau de escolaridade e acesso à Gramática Tradicional), não há lugar para os conceitos de "certo" e "errado", baseados exclusivamente em uma norma que, particularmente no caso do português do Brasil, até podemos questionar que seja ainda utilizada por algum falante; há tão somente os conceitos de sentenças que pertencem a uma dada língua (''gramaticalidade'') ou não (''agramaticalidade''). Quem sabe decidir se uma sentença pertence ou não a uma dada língua é o falante nativo daquela língua, escolarizado ou não. Portanto, os conceitos de gramaticalidade/agramaticalidade não recobrem de forma alguma os conceitos de certo/errado da Gramática Tradicional.<ref>{{citar livro|título=Novo Manual de Sintaxe|ultimo=Mioto|primeiro=Carlos|editora=Editora Insular|ano=2007|local=Florianópolis|páginas=19-20|acessodata=28 de maio de 2017}}</ref>
Isso posto, sem demérito para [ou exclusão de] as variadíssimas expressões e modalidades de "gramática", as também variadíssimas linguagens, as incontáveis [[Tribo|tribos culturais]], fica logo claro que "é preciso alguma ordem na casa, para que as coisas funcionem a contento". Isso, certamente, inclui a "Casa Linguística". Pois o ser humano — essencial e [[Semiótica|semioticamente]] [[Símbolo|simbólico]], que é — necessita de um mínimo de estrutura de ordem para humanamente ser a sua existência. O que importa em regras daqui e dali, inescapavelmente.
 
Contudo, na concepção de gramática, como conhecimento inconsciente de um determinado falante sobre a sua língua (independente do grau de escolaridade e acesso à Gramática Tradicional), então, não há lugar para os conceitos de "certo" e "errado", baseados exclusivamente em uma norma que, particularmente no caso do português do Brasil, até podemos questionar que seja ainda utilizada por algum falante; há tão somente os conceitos de '''gramaticalidade''' e '''agramaticalidade''', ou seja, sentenças que pertencem ou não a uma dada língua. Quem sabe decidir se uma sentença pertence ou não a uma dada língua é o falante nativo daquela língua, escolarizado ou não. Portanto, os conceitos de gramaticalidade/agramaticalidade não recobrem de forma alguma os conceitos de certo/errado da GT.<ref>{{citar livro|título=Novo Manual de Sintaxe|ultimo=Mioto|primeiro=Carlos|editora=Editora Insular|ano=2007|local=Florianópolis|páginas=19-20|acessodata=28/05/2017}}</ref>
 
== História da gramática ==
As primeiras gramáticas sistemáticas se originaram na [[Idade do Ferro na Índia]], com [[Yaska]] (VI a.C.), [[Pāṇini]] (IV a.C.) e seus comentadores [[Pingala]] (200 a.C.), [[Katyayana]], e [[Patandjáli]] (II a.C). No Ocidente, a gramática surgiu como uma disciplina do [[helenismo]] a partir de III. a.C. com autores como [[Rhyanus]] e [[Aristarco de Samotrácia]]. A mais antiga obra existente, ''[[Arte da Gramática]]'' ({{lang | grc | Τέχνη Γραμματική}}), é atribuída ao gramático grego [[Dionísio, o Trácio]] (100 a.C.), e serviu de base para as gramáticas grega, latina e de outras línguas europeias até o [[Renascimento]].
 
AsCom primeiraso gramáticasadvento sistemáticas se originaram nado [[IdadeImpério do Ferro na ÍndiaRomano]], comos [[Yaska]]romanos (VIreceberam a.C.),essa [[Pāṇini]]tradição (IVdos a.C.)gregos e seus comentadores [[Pingala]] (200 a.C.), [[Katyayana]], e [[Patandjáli]] (II a.C). No Ocidente, a gramática surgiu como uma disciplinatraduziram do [[helenismolatim]] aos partirnomes dedas III.partes a.C.da com autores como [[Rhyanus]]oração e [[Aristarcodos deacidentes Samotrácia]],gramaticais. aMuitas maisdestas antigadenominações obrachegaram existenteaos sendonossos a ''[[Arte da Gramática]]'' ({{lang | grc | Τέχνη Γραμματική}}), atribuído a [[Dionísio, o Trácio]] (100 a.C.)dias. A [[gramática latina]] foi desenvolvida seguindo modelos gregos do século I a.C., devido ao trabalho de autores como [[Orbilius Pupillus]], [[Remmius Palaemon]], [[Marcus Valerius Probus]], [[Marcus Verrius Flaccus]] e [[Aemilius Asper]].
 
Contudo, aceita-se que o estudo formal da gramática tenha iniciado com os [[Grécia|gregos]], a partir de uma perspectiva [[Filosofia|filosófica]] — como, aliás, era do feitio grego no apreciarem as diversas questões do conhecimento e da natureza—, descobrindo, assim, a estrutura da língua.
 
Com o advento doNo [[Impérioséculo RomanoXVIII]], eminiciaram-se suaas dominaçãocomparações dosentre demaisas povos,várias oslínguas romanoseuropeias receberame essaasiáticas, tradiçãotrabalho dosque gregos,culminou ecom a traduziramafirmação do filósofo [[latimLeibniz]] osde nomesque dasa partes"maioria dadas oraçãolínguas e"provinha dosde acidentesuma gramaticais.única Muitaslíngua, destasa denominações chegaram aos nossos diasindo-europeia". A partir doNo [[século XIX]], surgiu a gramática comparativa, como enfoque dominante da [[Linguística]].
 
Em 1911, com o objetivo de descrever gramaticalmente a língua dentro de seu próprio modelo, surgiu o ''Handbook of American Indian languages'', do [[antropólogo]] [[Franz Boas]], e os trabalhos do estruturalista dinamarquês [[Otto Jespersen]], que publicou, em [[1924]], ''A Filosofia da Gramática''. Boas desafiou a metodologia tradicional da gramática ao estudar línguas não indo-europeias que careciam de testemunhos escritos. A análise descritiva, representada por estes dois autores, desenvolveu um método preciso e científico, além de descrever as unidades formais mínimas de qualquer língua.
[[Dionísio, o Trácio]], gramático grego, escreveu a "Arte da Gramática", obra que serviu de base para as gramáticas grega, latina e de outras línguas europeias até o [[Renascimento]].
 
Também nos séculos XIX e XX, estabeleceram-se as bases científicas da [[Semiótica]] como "sistema de signos", a conectar várias ou todas as áreas do [[conhecimento]].
A primeira gramática portuguesa escrita (''Grammatica da lingoagem portuguesa''), de que há notícia, data do [[século XVI]], publicada em Lisboa, em [[1536]], por ordem de D. [[Fernando de Almada, 4.º conde de Avranches|Fernando de Almada]]. Foi seu autor [[Fernão de Oliveira]], presbítero secular e professor de retórica em [[Coimbra]].
Apenas decorridos quatro anos surge a seguinte que se deve ao mestre [[João de Barros]], seu autor, editada igualmente em Lisboa em [[1540]]<ref>*[http://www.arqnet.pt/dicionario/gramatica.html Gramática, Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, Volume III, pág. 831, Edição em papel João Romano Torres - Editor, em 1904-1915, Edição electrónica de Manuel Amaral, em 2000-2010]</ref>.
 
Para o linguista suíço [[Saussure|Ferdinand de Saussure]], "a língua é o sistema que sustenta qualquer idioma concreto", isto é, o que falam e entendem os membros de qualquer comunidade linguística, pois "participam da gramática". Em meados do [[século XX]], [[Noam Chomsky]] concebeu a teoria da "gramática universal", baseada em princípios comuns a todas as línguas.
No [[século XVIII]], iniciaram-se as comparações entre as várias línguas europeias e asiáticas, trabalho que culminou com a afirmação de [[Leibniz|Gottfried Wilhelm Leibniz]] de que a "maioria das línguas ''provinha de uma única língua'', a indo-europeia".
 
=== Primeiras gramáticas ===
Até o início do [[século XX]], não havia sido iniciada a descrição gramatical da língua dentro de seu próprio modelo. Mas, abordando esta perspectiva, surgiu o "Handbook of American Indian languages" (Manual das línguas indígenas americanas) ([[1911]]), do [[Wikt:Antropólogo|antropólogo]] [[Franz Boas]], assim como os trabalhos do estruturalista dinamarquês [[Otto Jespersen]], que publicou, em [[1924]], "A filosofia da gramática".
Escrita por [[Fernão de Oliveira]], presbítero secular e professor de retórica em [[Coimbra]], a primeira gramática portuguesa escrita de que se há notícia chama-se ''Grammatica da lingoagem Portuguesa'' data do [[século XVI]] e foi publicada em Lisboa, em [[1536]], por ordem de [[Fernando de Almada, 4.º conde de Avranches|D. Fernando de Almada]]. Decorridos quatro anos, surge a seguinte, autorada por [[João de Barros]] e editada igualmente em Lisboa em [[1540]].<ref>{{citar web |url=http://www.arqnet.pt/dicionario/gramatica.html |titulo=Gramática, Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico |volume=III |pagina=831 |publicado=João Romano Torres - Editor, em 1904-1915 (Edição em papel), Manuel Amaral (Edição electrónica), em 2000-2010 |data=2010}}</ref>
 
Boas desafiou a metodologia tradicional da gramática ao estudar línguas não indo-europeias que careciam de testemunhos escritos.
 
A análise descritiva, representada nestes dois autores, desenvolveu um método preciso e científico, além de descrever as unidades formais mínimas de qualquer língua.
 
Para [[Saussure|Ferdinand de Saussure]], "a língua é ''o sistema que sustenta qualquer idioma concreto''", isto é, o que falam e entendem os membros de qualquer comunidade linguística, pois ''participam da gramática''.
 
Em meados do [[século XX]], [[Noam Chomsky]] concebeu a teoria da "gramática universal", baseada em princípios comuns a todas as línguas.
 
Também nos séculos XIX e XX, estabeleceram-se as bases científicas da [[Semiótica]], como "sistema de signos", a conectar várias ou todas as áreas do [[conhecimento]].
 
Em língua portuguesa, a primeira gramática conhecida é da autoria de [[Fernão de Oliveira]], foi publicada em [[Lisboa]], em 1536, com o título ''“Grammatica da lingoagem portuguesa”''.
 
== Outras gramáticas ==
 
Na [[informática]], a [[sintaxe]] de cada linguagem de programação é definida com uma [[gramática formal]], ou [[linguagem natural]]. Na informática e na [[matemática]], gramáticas formais definem linguagens formais. A [[hierarquia de Chomsky]] define vários importantes tipos de gramáticas formais.
 
== Classificação ==
Costuma-se classificar a Gramática em partes "autônomas, porém harmônicas entre si", a fim de facilitar o seu estudo. A classificação convencional padrão divide a Gramática em 10 áreas, embora não pretenda ser uma classificação definitiva, exaustiva ou única.
 
* Comunicação (chamada de [[Pragmática]] na [[Linguística]]);
Costuma-se classificar a '''Gramática''' em partes "autônomas, porém harmônicas entre si", a fim de facilitar o seu estudo. A classificação convencional padrão divide a Gramática em 10 áreas.
 
* Comunicação (na [[Linguística]] é chamada de [[Pragmática]]);
* [[Fonética]];
* [[Fonologia]];
* [[Morfologia (linguística)|Morfologia]];
* [[Sintaxe]];
* [[Semântica]];
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* [[Estilística]];
* [[Literatura]];
* Apêndice.{{nota de (contémrodapé|Contém os tópicos de '''"Questões Notacionais da Língua'''", e um pouco de [[Lexicologia]], que apesar de ser um ramo exclusivo da [[Linguística]], pode ser estudado dentro do contexto gramatical, já que o [[léxico]] é estudado indiretamente, quer ou não queira, em todas as áreas da Gramática convencional.}}
 
Esta última, contudo, não pretende ser uma classificação definitiva, exaustiva ou única.
 
==Tipos de gramática==
Fonte: Ensino de Língua Portuguesa, editora IESDE.<ref name="IESDE">{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=064TO1a468QC&pg=PA99&lpg=PA99&dq=impl%C3%ADcita;+expl%C3%ADcita;+reflexiva;+contrastiva;+geral;+universal;+hist%C3%B3rica;+comparada&source=bl&ots=Rj76C8PCLt&sig=x9booZgme_VkaRaJROotdcoWWgs&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwiGpqfDi97KAhVIEJAKHQp6D0MQ6AEIKzAD#v=onepage&q=impl%C3%ADcita%3B%20expl%C3%ADcita%3B%20reflexiva%3B%20contrastiva%3B%20geral%3B%20universal%3B%20hist%C3%B3rica%3B%20comparada&f=false|título=Ensino de Língua Portuguesa|autor=SANTOS, Veraluce L. dos|editor=IESDE Brasil S.A.|página=99|páginas=224|Ano=2009|ISBN=8538708163}}</ref>
;Gramática reflexiva
Está voltada ao processo linguístico e não ao produto do ato linguístico (fala). Essa parte das evidências linguísticas para dizer como é a [[gramática implícita]] ou a [[gramática internalizada]] do falante, isto é, o conhecimento que o falante tem do sistema da língua.
 
;Gramática explícita ou teórica
É o conjunto dos estudos linguísticos que buscam explicitar sua estrutura, constituição e funcionamento.
 
;Gramática contrastiva
Estudos com o objetivo de apontar '''diferenças''' e '''semelhanças''' entre estruturas linguísticas de gramáticas de línguas diferentes.
 
;Gramática geral
Busca elaborar os princípios aos quais todas as línguas obedecem.
 
;Gramática universal
Classifica os fatos linguísticos que se observam e realizam universalmente.
 
;Gramática Histórica
Tem como objetivo os estudos da origem e evolução de um idioma, desde o seu aparecimento até os dias atuais. São os estudos [[Diacronia|Diacrônicos]] de uma língua.
 
== Tipos de gramática ==
;Gramática comparada
{| class="wikitable"
Faz a análise comparativa da evolução nas mais diversas línguas, buscando pontos em comum entre elas.
|-
! Tipo de gramática !! Descrição !! Ref.
|-
| Gramática reflexiva || Voltada ao processo linguístico e não ao produto do ato linguístico (fala). Essa parte das evidências linguísticas para dizer como é a [[gramática implícita]] ou a [[gramática internalizada]] do falante, isto é, o conhecimento que o falante tem do sistema da língua. || <ref name="IESDE">{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=064TO1a468QC&pg=PA99&lpg=PA99&dq=impl%C3%ADcita;+expl%C3%ADcita;+reflexiva;+contrastiva;+geral;+universal;+hist%C3%B3rica;+comparada&source=bl&ots=Rj76C8PCLt&sig=x9booZgme_VkaRaJROotdcoWWgs&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwiGpqfDi97KAhVIEJAKHQp6D0MQ6AEIKzAD#v=onepage&q=impl%C3%ADcita%3B%20expl%C3%ADcita%3B%20reflexiva%3B%20contrastiva%3B%20geral%3B%20universal%3B%20hist%C3%B3rica%3B%20comparada&f=false|título=Ensino de Língua Portuguesa|ultimo=Santos |primeiro=Veraluce L. dos|publicado=IESDE Brasil S.A.|página=99|páginas=224|Ano=2009|ISBN=8538708163}}</ref>
|-
| Gramática explícita ou teórica || Buscam explicitar a estrutura, constituição e funcionamento da língua. || <ref name="IESDE"/>
|-
| Gramática contrastiva || Busca apontar diferenças e semelhanças entre estruturas linguísticas de gramáticas de línguas diferentes. || <ref name="IESDE"/>
|-
| Gramática geral || Busca elaborar os princípios aos quais todas as línguas obedecem. || <ref name="IESDE"/>
|-
| Gramática universal || Classifica os fatos linguísticos que se observam e realizam universalmente. || <ref name="IESDE"/>
|-
| Gramática Histórica || Estuda a origem e evolução de um idioma, desde o seu aparecimento até os dias atuais. São os estudos [[Diacronia|Diacrônicos]] de uma língua. || <ref name="IESDE"/>
|-
| Gramática comparada || Faz a análise comparativa da evolução nas mais diversas línguas, buscando pontos em comum entre elas. || <ref name="IESDE"/>
|}
 
{{ReferênciasNotas}}
{{Referências |col=2}}
 
[[Categoria:Gramática| ]]