Batalha de Misiche: diferenças entre revisões

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| nome_batalha = Batalha de Misiche
| imagem = Gordian III - Palazzo dei Conservatori - Musei Capitolini - Rome 2016 (3).jpg|100px
| descr = [[{{lknb|Gordiano |III]]}}, pode ter sido ferido na batalha, e depois morto por seu sucessor [[Filipe, o Árabe]]
| conflito =
|data= entre 13 de janeiro e 14 de março de [[244]]
| local = ''Misiche'' (atual [[Faluja]] ou [[An-AnbarAmbar (cidade)|Ambar]],<br />a 40 km a oeste de [[Bagdá]]).
| resultado = incerto
| combatente1 = [[Império Romano]]
| combatente2 = [[Império Sassânida]]
| comandante1 = [[{{lknb|Gordiano |III]]}}<br>[[Timesiteu]]<br>[[Caio Júlio Prisco]]
| comandante2 = [[{{lknb|Sapor |I]]}}
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| baixas2 =
| nome_cat =
| campanha =
}}
A '''Batalha de Misiche''' foi combatida no início de [[244]] (entre 13 de janeiro e 14 de março), entre o [[exército romano]] do [[Imperador romano|imperador]] [[{{lknb|Gordiano |III]]}} e o exército [[Império Sassânida|sassânida]] de [[{{lknb|Sapor |I]]}}. Segundo as fontes antigas, não é claro o resultado da batalha. As fontes romanas atribuem a vitória aos romanos, enquanto as fontes persas a atribuem aos sassânidas.
 
== Contexto histórico ==
O jovem imperador [[{{lknb|Gordiano |III]]}}, depois de ter aberto as portas do [[Templo de Jano]] (em 242) e depois de ter mobilizado o exército, marchou pessoalmente em direção à fronteira oriental, com o comando efetivo da campanha confiado a [[Timesiteu]] e a outro [[prefeito do pretório]], [[Caio Júlio Prisco]]. Junto a [[Antioquia]] (atual [[Antáquia]]), talvez no final do ano, que parece ter reconquistado depois de ter caído em mãos de [[{{lknb|Sapor |I]]}}, cruzou o [[Rio Eufrates|Eufrates]], derrotou repetidamente os persas, tomando Carras (atual [[Harã]]) e Nísibis (atual [[Nusaybin]]) e derrotando-os na [[Batalha de Resena]].
 
O mesmo imperador, novamente invernando na [[Província romana|província]] da [[Síria (província romana)|Síria]], estava projetando uma nova campanha para o ano seguinte, com o objetivo de atingir e ocupar a capital inimiga [[Ctesifonte]]. Sem a experiência militar e o carisma do sogro Timesiteu, a campanha em território sassânida e a própria segurança do imperador estavam agora em risco.
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== Batalha ==
 
Durante o outono e o início do inverno de 243, as tropas romanas avançaram ao longo do [[Rio Eufrates|Eufrates]] e parece que ao início de 244, persas e romanos tornaram a encontrar-se junto a Misiche (atual [[Faluja]]) ou [[An-AnbarAmbar (cidade)|Ambar]], a 40&nbsp;km a oeste de [[Bagdá]]). Segundo os persas, conclui-se que houve uma pesada derrota dos romanos, em seguida a qual [[{{lknb|Sapor |I]]}} mudou o nome da cidade para [[Perisapora]] (''Peroz-Shapur''; lit. "Sapor, o Vitorioso") e celebrou a vitória com uma inscrição em [[Naqsh-i Rustam]] na qual afirmava ter matado Gordiano.
 
As fontes romanas, ao contrário, não mencionam a batalha e sugerem que Gordiano teria sido morto em [[Circésio]], em [[Osroena]], a 300&nbsp;km ao norte de Perisapora, suspeitando que tenha sido morto pelo [[prefeito do pretório]] {{lknb|Filipe,|o Árabe}}. A inscrição do [[cenotáfio]] de Circésio era, segundo a ''[[Historia Augusta]]'', escrita em [[Língua grega|grego]], [[latim]], persa, [[Língua hebraica|hebraico]] e [[Língua copta|copta]], de modo que todos podiam ler:
 
{{Quote|O divino [[Gordiano III{{lknb|Gordiano]]||III}}, [[Pérsico Máximo|vencedor dos persas]], [[Gótico Máximo|vencedor dos godos]], [[Sarmático Máximo|conquistador dos sármatas]], que repousa em Roma, [[Germânico Máximo|vencedor dos germanos]], mas não vencedor de [[Filipe, o Árabe|Filipe]]".|[[Historia Augusta]], ''Gordiani tres'', 34, 3.}}
 
Uma última versão cita que Gordiano tenha sido morto na estrada de ''Circésio'', depois de uma batalha combatida contra os persas (talvez em ''Mesiche''), em consequência de una ferida devido a uma queda de cavalo. Sorte idêntica tivera, dois séculos antes, o filho adotivo de [[Augusto]], {{lknb|Druso,|o Maior}}, por idêntica queda de cavalo e consequente gangrena na perna ferida. Também naquele caso, foi erigido no local um cenotáfio (em [[Moguntiaco]]) em memória ao empreendimento militar do general romano.
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== Consequências ==
 
A morte imprevista do [[Imperador romano|imperador]] [[{{lknb|Gordiano |III]]}}, a quem os soldados construíram um [[cenotáfio]] junto a [[Circésio]] (na margem do [[Rio Eufrates|Eufrates]], na localidade de {{ilc|Zaita||Zaitha}}, não sabiam se em batalha ou pelas mãos do sucessor, o [[prefeito do pretório]], [[Filipe, o Árabe]], determinaram a retirada do [[exército romano]], uma paz que [[Zósimo]] julgou desonrosa, e provavelmente a perda de parte da [[Mesopotâmia]] e da [[Reino da Armênia (Antiguidade)|Armênia]], se bem que Filipe se sentisse autorizado a usar o título de [[Pérsico Máximo]]. O ''[[Res Gestae Divi Saporis]]'', primeiro documento não "da parte" romana, contam:
 
{{Quote|O [[césar (título)|césar]] Gordiano foi morto e os exércitos romanos foram destruídos. Os romanos então tornaram césar em certo Filipe. Então o césar Filipe veio a nós para tratar os termos de paz, e para resgatar a vida dos prisioneiros, dando-nos {{formatnumfmtn|500000}} [[denário]]s, e tornando-se assim nosso tributário. Por este motivo, renomeamos a localidade de Misiche, Perisapora (ou seja "''VitóriaSapor de Sapor''Vitorioso")|''[[Res Gestae Divi Saporis]]'', linhas 8-9.}}
 
A possibilidade, portanto, que Gordiano tenha sido morto em consequência da batalha de Misiche, por uma ferida devido a queda de cavalo, não está eliminada. A morte do imperador romano não negaria, portanto, nem a versão [[Império Romano|romana]] que a apresentou como vitoriosa, nem aquela dos [[Império Sassânida|sassânidas]] que viu na morte de Gordiano uma consequência da batalha, e assim a retirada romana dos territórios persas da [[Mesopotâmia]] centro-meridional. Isso poderia significar que Gordiano não morreu na batalha, derrotado por [[Sapor I]], porém em consequência de ferimento da batalha: uma queda de cavalo. De fato, os sassânidas não conquistaram outra cidade além de [[Hatra]], e Sapor não empreendeu outras iniciativas militares nos oito anos seguintes, até 252. Em síntese, retornou-se à situação antecedente à guerra de 239-241.
 
== Bibliografia ==