Protoespatário: diferenças entre revisões

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== História ==
 
[[Imagem:Follis-Leo VI-sb1729.jpg|thumb|upright=1.05|esquerda|''[[Follis]]'' de {{lknb|Leão|VI, o Sábio}} {{nwrap|r.|886|912}}]]
[[Imagem:Romanus I with Constantine VII, solidus.jpg|thumb|upright=1.05|esquerda|[[Soldo (moeda)|Soldo]] de {{lknb|Romano|I Lecapeno}} {{nwrap|r.|920|944}} e Constantino VII Porfirogênito {{nwrap|r.|913|959}}]]
 
O significado do título, "primeiro espatário", indica o seu papel original como líder da ordem dos [[espatários]], a guarda imperial, já atestada no {{séc|VI}}. Provavelmente sob os Heráclidas, o título tornou-se uma dignidade honorária ({{langx|el|δια βραβείου άξια||''dia brabeiou axia''}}), e foi assim concedido aos comandantes de alta patente dos [[tema (distrito bizantino)|temas]], funcionários judiciais superiores, e governantes aliados.{{harvrefsfn|name=Kaz1748|Kazhdan|1991|p=1748}} A primeira referência concreta para um protoespatário ocorre na Crônica de [[Teófanes, o Confessor]], que registra "Sérgio, protoespatário e [[estratego]] da [[Sicília]]" em 718.{{harvrefsfn|Bury|1911|p=27}} No final do {{séc|IX}}, o protoespatário é registrado como título inferior a [[patrício]] e superior de [[disípato]].{{harvrefsfn|Bury|1911|p=22}}
 
A concessão da dignidade também significava a entrada de seu titular no [[senado bizantino]]. Seu prestígio foi, portanto, muito alto, como ilustrado por uma história muito bem conhecida relacionada pelo imperador {{lknb|Constantino|VII Porfirogênito}} {{nwrap|r.|913|959}} em seu ''[[Sobre a Administração do Império]]'': durante o reinado de seu pai, o imperador {{Lknb|Leão|VI, o Sábio}} {{nwrap|r.|886|912}}, um clérigo de [[Igreja Nova (Constantinopla)|Igreja Nova]], Ctenas por nome, pagou 60 [[litra]]s de ouro (c. de 19,4 kg),{{harvrefsfn|name=Kaz1238|Kazhdan|1991|p=1238}}{{NotaNT|Uma ''litra'' ({{langx|la|''libra''}}), mas especificadamente um logarica ou crisáfica que foi equivalente a 324 gramas.<ref name=Kaz1238 />}} ou seja, 60 vezes o salário anual de 72 [[Soldo (moeda)|nomismas]] a que tinham direito os protoespatários, para adquirir o título. Ele não viveu para desfrutar de seu novo status, morrendo dois anos depois.{{harvrefsfn|Neville|2004|p=27}} Assim como outros títulos bizantinos, sua importância diminuiu acentuadamente no {{séc|XI}}. A última ocorrência é atestada em 1135, embora o título ainda tenha sido registrado por [[Jorge Codino]] em meados do {{séc|XIV}}.<ref name=Kaz1748 />
 
De acordo com o [[Cletorológio]] de Filoteu, os titulares da dignidade foram distinguidos entre [[eunuco]]s (''ektomiai'') e não-eunucos ou "barbudos" (''barbatoi''): além da [[insígnia]] atrelada ao título, os eunucos diferenciavam-se pelo uso de um colar de ouro ({{ilc|maniácio||maniakion}}) adornado com pérolas, uma túnica branca com adornos dourados e um [[gibão (roupa)|gibão]] vermelho com revestimento em ouro; os não-eunucos diferenciavam-se apenas pelo uso de seu colar de ouro (''kloios'') decorado com pedras preciosas.{{harvrefsfn|Bury|1911|p=22; 123}} Evidências pictóricas do indumentário dos protoespatários em [[Manuscrito iluminado|manuscritos iluminados]], no entanto, variam consideravelmente ao longo do tempo.<ref name=Kaz1748 /> No ''Sobre os Ofícios'' de João Codino, o traje desta classe é definido como um [[escarânico]] (um cocar tubular) de fios bordados em ouro com a imagem do imperador reinante entronizada na frente e montando um cavalo atrás, um [[cabádio]] ([[cafetã]]) de ouro e um [[esciádio]] (chapéu de abas) do tipo clápoto,{{harvrefsfn|Kazhdan|1991|p=999}} enquanto não tinham nenhum distintivo [[dicanício]] (cajado de ofício).{{harvrefsfn|Codino|século XIV|p=cáp. IV}}
 
== Funções ==
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Além de ser uma categoria cortesã, havia vários protoespatários exerciam funções específicas:
 
* O protoespatário do [[Crisotriclino]] ({{langx|el|πρωτοσπαθάριος τοῦ Χρυσοτρικλίνου||''prōtospatharios ton Chrysotriklinos''}}), o salão de recepção principal do [[Grande Palácio de Constantinopla]].{{harvrefsfn|Kazhdan|1991|p=454}}
* O protoespatário do Lausíaco ({{langx|el|πρωτοσπαθάριος τοῦ Λαυσιακοῦ||''prōtospatharios ton Lausiakos''}}), um dos principais corredores adjacentes ao Crisotriclino, servindo como uma sala de reunião. O pessoal (''oikeiakoi'') do Lausíaco mais provavelmente tinha funções relacionadas com a preparação de banquetes imperiais.{{harvrefsfn|Kazhdan|1991|p=1189; 1748}}
* O protoespatário, ou [[catepano]], dos [[homens do imperador]] ({{langx|el|πρωτοσπαθάριος/κατεπάνω τῶν βασιλικῶν||''prōtospatharios/Katepanō ton basilikoi anthrōpoi''}}), um corpo de servos imperiais de baixo nível que incluía estrangeiros. Ele está listado como um dos [[estratarca]]s (''stratarchai''), denotando assim um papel militar não especificado. Seus subordinados incluíam oficiais de baixo escalão ([[espatários]] e candidatos (''kandidatoi'')), com um [[Doméstico (ofício)|doméstico]] como assessor-chefe.{{harvrefsfn|Kazhdan|1991|p=266}}
* O [[protoespatário da vasilha]] ({{langx|el|πρωτοσπαθάριος τῆς Φιάλης||''prōtospatharios tēs Phialēs''}}), um oficial que atuava como juiz dos remadores da [[marinha bizantina]] estacionada ao redor de [[Constantinopla]]. Como as exatas funções do ofício, o termo ''phialē'' (lit. "bacia d'água") é obscuro; poderia possivelmente referir-se a um local no porto do palácio imperial de [[Palácio de Bucoleão|Bucoleão]].<ref name=Kaz1748 />