Batalha de Alfarrobeira: diferenças entre revisões

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A '''Batalha de Alfarrobeira''' foi o recontro travado entre o jovem rei [[Afonso V de Portugal|D. Afonso V]] e o [[Pedro, Duque de Coimbra|Infante D. Pedro]] seu tio e sogro, anterior regente, em [[20 de Maio]] de [[1449]], junto da ribeira do [[lugar de Alfarrobeira]], em [[Vialonga]], perto de [[Alverca do Ribatejo|Alverca]]. No princípio do ano de [[1448]], aconselhado por seu tio bastardo [[Afonso I de Bragança|Afonso, Duque de Bragança]], pelo [[Afonso, Conde de Ourém|Conde de Ourém]] e pelo [[Pedro de Noronha|arcebispo de Lisboa]], decidiu D. Afonso V afastar do governo do [[Reino de Portugal|reino]], seu tio, que abandonou a corte, a pretexto da administração das suas terras e se instalou na casa ducal de [[Coimbra]].
 
==Causas==
Esta batalha foi um conflito entre as duas grandes casas senhoriais da altura, Coimbra e Bragança, numa querela originada desde os inícios da Regência do Infante D. Pedro, logo após a morte do Rei D. Duarte. No entanto, mais do que isso, Alfarrobeira representa o embate entre duas correntes políticas marcantes na história europeia: de um lado os princípios renascentistas materializados na expansão pelas Descobertas atlânticas, da integração na Europa, na renovação das elites e na centralização régia que já anunciam a [[Idade Moderna]], do outro a corrente mais feudal, que defendia a expansão pelas conquistas militares no Norte de África, um foco ibérico e a fragmentação do poder régio com recuperação dos privilégios dos nobres.
 
==Antecedentes==
A Regência do Infante D Pedro entre 1439 e 1449, após a morte de D. Duarte seu irmão, abriu inúmeros conflitos com a nobreza, dado o seu objectivo de organizar a administração, tal como era pedido pelas Cortes, e centralizar o poder no Rei.
A 9 de junho de 1448, Afonso V atinge a maioridade e Pedro entrega o controlo de Portugal ao jovem rei.
Nesse momento reforça-se a influência do tio bastardo de Afonso V [[Afonso I de Bragança|Afonso, Duque de Bragança]], pelo [[Afonso, Conde de Ourém|Conde de Ourém]] e pelo [[Pedro de Noronha|arcebispo de Lisboa]] que lançaram falsas acusações sobre D. Pedro.
A intriga surtiu efeito no espírito do [[monarca]] que não atendeu às tentativas de conciliação quer do próprio D. Pedro, que lhe escreveu renovando a sua obediência e defendendo-se das calúnias, quer do [[Infante D. Henrique]] e do [[conde de Avranches]], que pretenderam evitar o drama.
 
O rei escreve no final deste ano ao duqueDuque de Bragança requisitando-o à corte mas acompanhado de escolta, uma vezno que teria de atravessar terras de Coimbra. Anteriormente, a D. Pedro, sabedorfora daordenado vindaque dodesarmasse seu inimigo, proíbe-lhe a passagem poras suas terrasforças, e édeixando considerado súbdito desleal ao rei. Logo se publicam éditos contraque o Infanteexército edo seusDuque aliadosde e o rei investeBragança, comque ascontra suasele tropasconspirava, na tentativarealidade deinvadisse submetê-los,e instalando-seameaçasse emas [[Santarémgentes (Portugal)|Santarém]]; por sua vez D. Pedrodo desceDucado de Coimbra em direcção a [[Lisboa]] e encontrao aspróprio tropasDuque, reaissem noqualquer lugarcapacidade de Alfarrobeira, em Vialongadefesa.
D. Pedro, não desarmou e sabedor da vinda do seu inimigo, proíbe-lhe a passagem por suas terras, sendo então considerado súbdito desleal ao rei. Logo se publicam éditos contra o Infante e seus aliados que em Lisboa eram torturados e mortos. No primeiro embate nas terras de Coimbra, as hostes do Duque de Bragança são derrotadas, tendo combatido desmoralizadas porque o próprio Duque as abandonara na noite anterior, fugindo à batalha para juntar-se ao Rei que preparava exército, na tentativa de submeter D. Pedro, em [[Santarém (Portugal)|Santarém]].
Indo contra os seus conselheiros, perante a eminência de trazer às suas terras e suas gentes uma nova invasão, em vez de jogar na guerra defensiva que lhe dava vantagem, pois tinha do seu lado os castelos e experientes nobres dos seus domínios, D. Pedro desce de Coimbra em direcção a [[Lisboa]] e encontra as tropas reais no lugar de Alfarrobeira, em Vialonga.
 
==Desfecho==
 
TravadaO resultado do embate entre as duas forças era previsível, porque além do desequilíbrio em número, parte das forças de D. Pedro eram pescadores e camponeses que o tinham acompanhado: travada a batalha, as tropas do monarca saem vitoriosas e o Infante morre no combate e com ele vários fidalgos que o acompanhavam, nomeadamente o seu "braço direito", D. [[Álvaro Vaz de Almada]], sob o grito "''Meu corpo sinto que não podes mais, e tu, minh'alma já tarda; '''é fartar vilanagem'''''".
 
A forma como foram tratados os corpos de ambos mostra a virulência que lhes era dedicada pelos inimigos: o de D. Pedro foi deixado insepulto no campo de batalha e o do conde Avranches foi decapitado, com a cabeça entregue ao Rei.
 
==Consequências==
Foi geral a reprovação europeia, perante a conduta de D. Afonso V, que causou "[[Isabel de Avis, Rainha de Portugal|espanto, escândalo e consternação na Europa de 1449]]"
 
A rainha (esposa de D. Afonso V e filha de D. Pedro) [[Isabel de Avis, Rainha de Portugal]] lutou pela reabilitação da memória do pai e dos irmãos, o que acabaria por conseguir mesmo antes de morrer.
 
Foi geral a reprovação europeia, perante a conduta de D. Afonso V, e D. [[Isabel de Portugal, Duquesa da Borgonha]], recolhe na corte da Borgonha os sobrinhos órfãos [[Jaime de Portugal|D. Jaime]], mais tarde arcebispo de Lisboa e cardeal, [[João de Coimbra, Príncipe de Antioquia|D. João]], futuro príncipe de [[Antioquia]] e [[Beatriz de Coimbra|D. Beatriz]], futura esposa de [[Adolfo de Clèves]], senhor de [[Ravenstein]].
 
A derrota de D. Pedro representou a reversão das políticas modernizadoras da sua regência ([[Ordenações Afonsinas]]), uma política bélica de conquista que valeram a D. Afonso V o cogonome de O Africano ([[Alcácer Ceguer]], [[Anafé]], [[Arzila]], [[Tânger]] e [[Larache]] e de interferência nos conflitos ibéricos [[Batalha de Toro]], com o desinvestimento régio nas Descobertas por uma geração, (retomado com [[D. João II]]) culminando na sua cedência por arrendamento a [[Fernão Gomes da Mina]], e o recuperar de privilégios pelos nobres vencedores.
 
Na cultura e historiografia portuguesa existem duas correntes, onde ainda é discutido o papel de D. Pedro e o apagamento a que foi sujeito pelos defensores da casa de Bragança e de D. Afonso V, desde a sua derrota até ao Sec XX durante a ditadura do [[Estado Novo]].
Travada a batalha, as tropas do monarca saem vitoriosas e o Infante morre no combate e com ele vários fidalgos que o acompanhavam, nomeadamente o seu "braço direito", D. [[Álvaro Vaz de Almada]], sob o grito "''Meu corpo sinto que não podes mais, e tu, minh'alma já tarda; '''é fartar vilanagem'''''".
 
A título ilustrativo, um poema de (1961) por Sophia de Mello Breyner Andresen (PRANTO PELO INFANTE DOM PEDRO DAS SETE PARTIDAS):
Foi geral a reprovação europeia, perante a conduta de D. Afonso V, e D. [[Isabel de Portugal, Duquesa da Borgonha]], recolhe na corte da Borgonha os sobrinhos órfãos [[Jaime de Portugal|D. Jaime]], mais tarde arcebispo de Lisboa e cardeal, [[João de Coimbra, Príncipe de Antioquia|D. João]], futuro príncipe de [[Antioquia]] e [[Beatriz de Coimbra|D. Beatriz]], futura esposa de [[Adolfo de Clèves]], senhor de [[Ravenstein]].
Nunca choraremos bastante nem com pranto
Assaz amargo e forte
Aquele que fundou glória e grandeza
E recebeu em paga insulto e morte.
 
Em resumo, Alfarrobeira representa o triunfo da corrente senhorial sobre os princípios de centralização régia que já anunciam a [[Idade Moderna]]. Contudo, convém lembrar que este embate, em parte, foi um conflito entre as duas grandes casas senhoriais da altura, Coimbra e Bragança, numa querela originada nos inícios da Regência, logo após a morte do Rei D. Duarte.
 
==Ligações externas==