Fonte (jornalismo): diferenças entre revisões

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Aba "referencias"
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== Interpretações ==
 
=== David Berlo ===
Entre os autores que estudam as relações entre os [[jornalista]]s e as '''fontes de informação''', está [[David Berlo]] (Nova York, 1960). Segundo ele, há quatro factores que podem aumentar a fidelidade/eficácia das fontes:
# As suas habilidades comunicacionais
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# A sua posição dentro do sistema sócio-cultural. O meio em que vivemos pesa na forma como se constrói a mensagem. De acordo com o contexto age-se de forma diferente.
 
=== Molotch e Lester ===
Já Molotch e Lester, em “A Fonte como Promotor” (EUA, 1974), identificam 4 tipos de acontecimentos:
# Rotina – acontecimentos partidários e administrativos. Maior concentração de notícias † origem no acesso estruturado
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# Os leitores que observam os acontecimentos tornados visíveis pelos órgãos de comunicação e criam um “reconhecimento público”
 
=== Leon Sigal ===
Leon Sigal (1979) conclui que a notícia não é aquilo que os jornalistas pensam, mas o que as fontes dizem. Para ele, as fontes são:
* Organizações noticiosas
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* Convenções: onde está convencionado que está o debate nesse dia, conjunto de impulsos que existem na agenda mediática “todos falam do natal”
 
=== Gaye Tuchman ===
A socióloga da comunicação [[Gaye Tuchman]] diz no livro "Making News" (Londres, 1971) que os jornalistas integram uma estrutura social e cobrem temas de interesse para a sociedade em que estão inseridos. O jornalismo é uma prática rotineira de hábitos civilizacionais. O jornalista está limitado no acesso à informação quanto:
* Ao tempo – ritmo diário e não-diário
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O valor da fonte é tanto maior quanto for a capacidade de encaixe nesses valores. Induz ao conceito de negociação entre jornalista e editor na prevalência da fonte.
 
=== Stuart Hall ===
Pela '''teoria da definição''' ou '''conspiratória''', é a fonte quem define o que é notícia. O acadêmico jamaicano [[Stuart Hall]], especialista em [[estudos culturais]], considera em “O Primeiro Definidor” (EUA, 1978) que os órgãos de comunicação social tendem a reproduzir a estrutura existente no poder, na ordem institucional da sociedade pois dão preferência aos definidores primários, aos porta-vozes. Ele identifica quatro tipos de autoridade:
* Fonte institucional
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Hall demonstra-se preocupado e diz que é importante haver mais jornalismo de investigação. Também há fontes não conhecidas, anónimas, que têm de desencadear processos espectaculares ou protagonizar algo que fuja à rotina para estar nas notícias.
 
=== Herbert Gans ===
O americano [[Herbert Gans]], nos livros "Deciding What’s News" e "Negócio na Relação Fonte–Jornalista" (EUA, 1979), estudou o comportamento dos jornalistas na CBS, NBC, Time e Newsweek. Definiu três tipos de fontes informativas:
* Institucionais
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* Responsabilidade
 
=== Philip Schlesinger ===
Para [[Philip Schlesinger]], (1992), a credibilidade e aceitabilidade das fontes são desiguais pois nem todas reúnem informação eficaz.
 
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# Determinar os media mais apropriados
# Reunir o máximo de informação útil quanto possível; sucesso/aceitação
# Prever ou neutralizar as reacçõesreações dos adversários
 
=== Stephen Hess ===
Em "A ORGANIZAÇÃO DA FONTE EM SITUAÇÕES DE ROTINA DE CRISE" (1984), [[Stephen Hess]] analisa os gabinetes de imprensa e define as suas estratégias: aplicação da informação positiva e prática.
 
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Os gabinetes de imprensa criam a informação ordenada que é diferente de informação controlada, mais uma vez por causa da gestão do tempo e de “espaço” nos media. Deve-se controlar, gerir a informação para conseguir os objectivos da mensagem que se quer passar. Ex. os passos para a apresentação de uma obra ou edifico: ideia – concurso de ideias – apresentação do projecto – lançamento da primeira pedra – concurso da empreitada – início da obra – visitas à obra – inauguração.
 
=== '''Villafañe''' ===
'''VILLAFAÑE – 1987, ESPANHA'''
 
As notícias provêm da seguinte ordem de importância:
# Agenda/rotina;
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Chama fontes habituais de informação ao assessor porque são fontes regulares, também chamadas de estáveis. Chama fontes interessantes a pessoas ou instituições relevantes.
 
Abandona a ideia do jornalista recorrer a agências para dar lugar aos intermediários que fornecem e trocam a informação mantendo a redacçãoredação ocupada.
 
=== Richard Ericson ===
'''ERICSON – ''“NEGOCIATION CONTROL”''Ericson, (1989), CANADÁ''' Procuraprocura perceber a diferença na identificação das fontes. A fonte exerce controle de informação quando seleccionaseleciona a audiência, quando escolhe o meio de comunicação. As instituições ou fontes permitem aos jornalistas uma abertura que é contrária, “falsa”, porque acima de tudo querem é mantê-los aparentemente ocupados e próximos, controlando a informação através desse acesso controlado à informação. Ele constrói uma forma de fazer a “abertura” aos jornalistas:
# Segredo (ausência absoluta de informação);
# Confidencial (já aparece alguma informação) – controlada;
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A fonte procura criar laços de confiança na busca de controlo Ø a proximidade facilita. Gerir informação não se limita ao segredo e censura, mas sim à forma como passar informação positiva e torná-la pública.
 
=== '''Gurevich''' ===
'''GUREVICH – 1982, EUA'''
A ambiguidade do conceito de fonte é criado por ele. Também cria a visão da instituição/grupo/organização como fonte. Se a fonte é individual é avaliada pela noticiabilidade, se for grupo é pela autoridade e credibilidade. Individualmente: relacionado com a capacidade de o assessor fornecer informação noticiável Grupo: a credibilidade do partido/organização – mais uma vez leva à hierarquia das fontes. O [[valor-notícia]] é distorcido de acordo com as fontes, o seu valor com a sua credibilidade. Também tem a ver com a capacidade de “vender” a mensagem a quem interessa, a quem é mais poderoso, mais influente.
 
=== '''Curran''' ===
'''CURRAN – 1996, LONDRES'''
 
Fala das pressões na produção jornalística em q as notícias são resultado do trabalho jornalístico nos recursos e políticas de gestão das empresas. Uma simples decisão sobre a locação do pessoal pode afectar a forma como a mensagem é passada. Aponta a pressão que os meios de comunicação social sentem dentro da própria redacção (acima de tudo publicitária). Repercussões que o poder exerce sobre os media:
# Restrição à entrada no mercado (barreiras ideológicas dos grupos dominantes);
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# Pressões dos grupos de poder do Estado.
 
=== '''Paul Manning''' ===
'''MANNING – ''“SOURCES AND NEW SOURCES”'', 2001, LONDRES'''
Paradoxo – as fontes profissionais têm muito poder, mas não conseguem impedir fugas de informação negativa do interior da sua organização. Apresenta a comunicação social como modelo de mobilização social – capacidade de gerar interesse público combatendo a apatia social. Por isso, os jornalistas estão numa posição “mesolevel” que lhes permite com facilidade influenciar a opinião pública. Ele apresenta quatro problemas e perigos na sociedade capitalista:
# Spindoctors (carga negativa que está a desaparecer)
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# Concentração dos meios de comunicação social
 
Manning (2000) chega à conclusão de que as fontes não oficiais (como ONGs e sindicatos) cada vez mais entram nos meios de comunicação social porque passaram a usar as mesmas ferramentas das fontes oficiais.
 
Os gabinetes de imprensa e os assessores mostram como tudo mudou, evoluiu desde Sigal.
 
=== Conceito de Mauro Wolf ===
O sociólogo, professor e ensaísta italiano [[Mauro Wolf]], em sua obra Teorias da Comunicação<ref>{{citar livro|título=Teorias da Comunicação|ultimo=Wolf|primeiro=Mauro|editora=Martins Fontes|ano=2008|local=São Paulo|páginas=|acessodata=}}</ref>, reflete sobre quem são as fontes e como se relacionam com os jornalistas. No capítulo que diz respeito às ''routines'' produtivas, o autor analisa que do ponto de vista do interesse da fonte em ter acesso aos jornalistas (teoria de Herbert Gans), os factores relevantes parecem ser quatro: a) os incentivos; b) o poder da fonte; c)a sua capacidade de fornecer informações credíveis; d) a proximidade social e geográfica em relação aos jornalistas. Para Wolf, na verdade, o fator determinante é o quarto, sendo os outros três apenas complementares.