Questão Coimbrã: diferenças entre revisões

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== Antecedentes da Polémica ==
 
=== '''Primeiro confronto entre Antero de Quental e António Feliciano de Castilho''' ===
No ano de 1862 decorreu um dos diversos [[Sarau|saraus]] no teatro académico de Coimbra. [[António Feliciano de Castilho|Castilho]], como habitualmente fazia, esteve presente de forma a divulgar e promover o seu “[[Método Repentino]]”. Nesse dia, os poetas que não concordavam com a visão de [[António Feliciano de Castilho|Castilho]] recusaram-se a entrar em palco. No entanto, a pedido do seu tio [[Filipe de Quental]], [[Antero de Quental|Antero]] entra em palco. Porém, surpreende todos os presentes ao recitar com violência e paixão as polémicas estrofes de abertura das ''[[Odes Modernas]],'' livro que viria a ser publicado no ano de 1865.
 
Apesar de provocado, devido ao [[Status quo|''status quo'']] inerente [[António Feliciano de Castilho|Castilho]] abraçou [[Antero de Quental|Quental]], saudando como "um poeta de génio". As aparências mantiveram-se, mas a oposição ficou semeada.
 
=== '''1865 - Publicação das "''Odes Modernas''" de Antero e do "''Poema da Mocidade''" de Pinheiro Chagas''' ===
A publicação das "''[[Odes Modernas]]''" de [[Antero de Quental]] em 1865 criou um impacto geral, tanto nos apoinates dos ideais de [[Antero de Quental|Quental]] como na geração anterior que parecia temer qualquer tentativa de inovação. 
 
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Continua, criticando as "literaturas oficiais" pelo seu comodismo e pela sua indeferênça em relação ao estado do país, à inovação artística e ao valor da [[Razão]] e do pensamento indiviual. As suas acusações não perdem qualquer severidade, como podemos observar:<blockquote>(Em relação às "literaturas oficiais") “Literatura que respeita mais os homens que a santidade do pensamento, a independência da inspiração; que pede conselho às autoridades encartadas; que depende dum aceno de cabeça dos vizires académicos; essa literatura não é livre (…)”.</blockquote><blockquote>“(…) o Sr. Castilho, é o maior inimigo da poesia portuguesa(…)”</blockquote>O que defende, em oposição ao que acusa, é uma literatura independente, que não receia desaprovação oficial e, que defende as suas próprias ideias, ou seja, que “busca o bem, o belo, o verdadeiro”. Para percebermos a opinião de [[Antero de Quental|Quental]] sobre a atuação das “literaturas oficias” e do seu lirismo romantico neste sentido, atentemos na seguinte citação da carta:<blockquote>“(…)as literaturas oficiais, governamentais, subsidiadas, pensionadas, rendosas, para quem o pensamento é um ínfimo meio e não um fim grande e exclusivo; para quem as ideias são uns instrumentos de fortuna mundana (…) não buscam a verdade pela verdade, a beleza pela beleza, mas só a verdade pelo prémio e a beleza pelo aplauso (…)”.</blockquote>Por fim, [[Antero de Quental|Antero]] salienta vivamente a necessidade de uma [[literatura]] que seja realmente do seu povo, que o defenda e enalteça, que aponte os males, as desigualdades e as misérias socias que reinam no país e que há tanto vinham sendo ignoradas pelos poderosos. Atente-se nas expressões demonstrativas:<blockquote>“Mas a nação, a nação verdadeira, não sois vós, senhores do funcionalismo, parasitas, ociosos, improdutivos. A nação portuguesa são três milhões de homens que trabalham, suam, produzem, activos e honrados (…)”</blockquote><blockquote>“As literaturas oficiais serão tudo e de todos - do governo, da academia, do agrado dos botequins e das gazetas, serão ricas, estimadas, lisonjeadas - só não serão jamais nacionais e do coração do povo!”</blockquote>Conclui-se o grande problema que [[Antero de Quental|Quental]] via na [[Ultrarromantismo|literatura portuguesa romântica:]] a sua recusa em encarar os problemas da nação, deixando-se ficar apenas pelo uso vazio de um palavreado caro que deveria agradar sempre aos mesmos e que nunca procurava inovar pois em tal não via necessidade, se tudo se passava tão lisonjeiramente como estava.
 
Foi precisamente a polémica da [[Questão Coimbrã]] que veio destabilizar o ocioso e comfortável marasmo em que se encontrava a [[literatura portuguesa]] da época.{{Portal3|Portugal|Literatura}}
 
== Intervenção em 1886 ==
Durante o ano de 1866 sairam multiplos textos de diversos escritores que, de algum modo, se relacionavam com a [[Questão Coimbrã]]. Entre esses textos destacam-se as, já referidas, [[“Literaturas de Hoje|''“Literaturas de Hoje'']]” de [[Ramalho Ortigão]] e as “''Vaidades Irritadas e Irritantes''” de [[Camilo Castelo Branco]] (ambos publicadas em Janeiro desse ano).
 
[[Camilo Castelo Branco|Camilo]], amigo de longa data de [[Antonio Feliciano de Castilho|Castilho]], tentou longamente manter-se afastado de toda a polémica. Porém, os pedidos constantes de [[Antonio felicitando de Castilho|Castilho]] para que este interviesse a seu favor, levam-no a finalmente manisfestar-se em 1866. No entanto esta sua intervenção é bastante moderada e acaba por criticar tanto o modo como Antero ataca Castilho como o fraco valor da escrita de Castilho. Adicionalmente, elogia e reconhece todo o mérito a Teófilo Braga.{{Portal3|Portugal|Literatura}}
 
== Referências ==