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=== Nascimento ===
Mokiti Okada nasceu no distrito de [[Asakusa]], no bairro Hashiba, [[Tóquio]], [[Japão]], no dia 23 de dezembro de 1882. Era o caçula entre quatro irmãos. A mais velha era Shizu, Takejiro era o segundo filho, Haru a terceira e Mokiti o quarto. Porém, Haru falecera um ano antes do nascimento de Mokiti. Seu pai era Kisaburo, artistavendedor de objetos usados, dono de uma loja de penhores e grande admirador de obras artísticas que casara-se com Tori, mãe de Mokiti Okada, que era costureira e produzia [[Quimono|quimonos]]. Eles viviam, portanto, em cinco pessoas, visto que Haru havia falecido.
 
=== A vida da família ===
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O período transcorrido dos quatorze anos, idade em que ingressou na Escola de Belas-Artes, até os vinte anos período em que todos os jovens sentem a energia da vida foi, para o Fundador, uma seqüência de anos de sofrimentos, causados pelas doenças. O problema dos olhos, que já se prolongava há dois anos, não melhorava, e ele então resolveu desistir dos tratamentos. Logo depois, como que para derrubá-lo, foi acometido de [[pleurisia]], doença que lhe acarretou grandes despesas. Estas acabaram se tornando insustentáveis, e ele teve de ser internado no setor de tratamento gratuito do hospital da Faculdade de Medicina da Universidade Imperial de Tóquio. A internação e o tratamento eram inteiramente grátis; em contrapartida, tinha de servir de cobaia para as aulas práticas dos estudantes. O sofrimento psicológico pelo qual Mokiti passou no hospital não foi, portanto, nada pequeno. Além do mais, a pleurisia é uma doença complicada. Quando se acumula água na pleura, é preciso fazer punção, extraindo-a com uma grande seringa. Após quase um ano de tratamento, o Fundador parecia completamente curado, mas depois teve uma recaída. A respeito dessa época, ele escreveu: “Quando eu tinha quinze anos, contrai pleurisia. Através de tratamento médico, feito durante quase um ano, fiquei completamente curado. Por algum tempo tive saúde, mas depois sofri uma recaída. Desta vez, a doença progredia aceleradamente e eu ia piorando cada vez mais. Passado pouco mais de um ano, diagnosticaram-me tuberculose de terceiro grau. Nessa época, eu estava exatamente com dezoito anos. Resolvi, então, consultar o falecido Prof. Tatsukiti Irissawa, o qual, depois de minuciosos exames, disse-me que já não havia esperança de cura”. Em plena juventude, quando seu coração deveria encher-se de esperanças e perspectivas infinitas, Okada sentiu-se vazio, devido ao grande choque recebido ao ouvir as palavras do médico,equivalentes a uma condenação à morte. Muito triste, ele não sentia vontade de fazer coisa alguma, passando dias de grande preocupação. A morte, um destino do qual parecia não poder fugir, aproximava-se com a boca escancarada, como se fosse um túnel escuro. Ele não via nenhum meio de escapar-lhe. A cada hora ela se aproximava mais. Tempos depois, o Fundador descreveu seu estado de espírito: “Era como se eu tivesse sido condenado à morte sem dia determinado para a execução”. Entretanto, das entranhas do seu enfraquecido corpo surgiu uma força misteriosa. Que fazer para corresponder ao apelo que vinha do fundo do seu coração dizendo-lhe que era preciso viver, que era preciso querer viver? O Fundador passou dias e dias procurando uma resposta para essa pergunta e por fim tomou uma decisão: “Então, eu me decidi. Já que ia morrer de qualquer maneira, achei que não havia outro jeito senão tentar o milagre da cura através de algum método diferente. Pus-me à procura desse método”. Nessa época, ele já estava um pouco melhor da vista. Em sua vida de luta desesperada contra a doença, tinha uma única alegria: pintar quadros. Muitas vezes folheava velhos álbuns de pintura, onde as obras estavam ordenadas segundo a variedade e acompanhadas de comentários. Certo dia, Okada leu um livro sobre plantas medicinais. Observou os desenhos das raízes das plantas e das cascas das árvores, leu as explicações sobre os efeitos terapêuticos das flores, folhas e frutos, e nisso teve uma ideia brilhante: seguir uma dieta vegetariana, já que as plantas contêm elementos tão proveitosos. Fez, então, a experiência, para ver os resultados, e constatou que o método era muito bom. Sob orientação médica, ele, que comia alimentos de origem animal, passou a alimentar-se exclusivamente de vegetais. E como resultado, sarou, miraculosamente, da tuberculose, diagnosticada pelo médico como sendo incurável. Assim, o Fundador atingiu a maioridade (20 anos no Japão) no final da batalha contra doença. Como havia sido salvo, coisa que ele e as pessoas que o rodeavam não esperavam mais, sua alegria de renascer era enorme. Entretanto, embora tivesse superado a tuberculose, que, naquele tempo, era considerada uma doença incurável, seu físico, fraco de nascença, continuava débil. Transcorreram vários anos até que Mokiti se tornasse uma pessoa verdadeiramente saudável. A propósito do seu estado de saúde nessa época, conta-se um episódio bem ilustrativo: Até o fim da Segunda Guerra Mundial, quando um rapaz completava vinte anos, tinha de fazer exame médico para o alistamento militar. Nessa oportunidade, disseram ao Fundador: “Seu corpo é um lixo”. Assim, ele foi classificado na categoria “hei-shu”, situada imediatamente antes da categoria “tei-shu”, dada aos inválidos, o que demonstrava as suas péssimas condições físicas. Naquele tempo, cheio de sonhos, o Fundador tendia a fechar-se em si mesmo, devido ao sofrimento causado pelas sucessivas doenças. Relembrando essa fase de sua vida, ele escreveu: “Dos quinze aos vinte anos mais ou menos, era mais tímido que qualquer outra pessoa. Sem nenhum motivo, tinha receio de me encontrar com desconhecidos; principalmente quando achava que a pessoa era um pouco mais importante, nem conseguia falar direito com ela. Diante de moças, eu enrubescia, meus olhos ficavam perdidos e eu nem ao menos conseguia olhar para o rosto delas ou falar-lhes. Como fiquei pessimista por causa disso! Conseqüentemente, muito duvidei se conseguiria integrar-me na sociedade como cidadão adulto. Naquela época, quando me via frente a qualquer pessoa, sempre tinha a impressão de que ela era mais inteligente e importante que eu”. ([[O Alicerce do Paraíso|Alicerce do Paraíso]] - Pessoas Medrosas).
 
==== A Pensão Seiguetsu e o repentino falecimento de Shizu ====
==Ver também==
Shizu, irmã mais velha de Mokiti Okada realizou a aquisição de uma casa assobradada que possuía dez quartos e estava sempre cheia de fregueses por ser uma hospedaria muito prática. Aliás, ela prosperara muito com o negócio, porém, faltava-lhe [[Mão de obra|mão-de-obra]], e ela decidiu, então, que pediria ajuda de seu pai. A família mudou-se para perto da pensão e trabalharam juntos. Okada, por ter o corpo frágil e a inteligência muito avançada cuidava da contabilidade. Porém, Shizu faleceu repentinamente de pneumonia em fevereiro de 1902, deixando seu filho Hikoitiro sob os cuidados de Mokiti Okada, com quem tinha um elo muitíssimo forte e que o Fundador tratava como um filho. Kisaburo, triste com o falecimento da filha, decidiu não dar continuidade ao negócio, vendendo a pensão e usando o dinheiro da venda construiu uma casa vivendo das rendas que essa produzia e a família passou a ter uma vida recatada. Okada criou Hikoitiro consciente de tudo e ele de forte personalidade compreendia. Mokiti depositava grandes esperanças no sobrinho. A essa altura, Okada já passava dos vinte anos. Desejando abrir futuramente, com seu pai,uma loja de antiguidades, sonho que acalentava há longos anos, começou a fazer pesquisas nesse sentido. Na época, após o jantar, ele costumava passear pela Rua Guinza e adjacências, fazendo um percurso de 800 a 900 metros. Entretanto, não era um simples passeio. O Fundador percorria as inúmeras lojas noturnas, parando especialmente nas de objetos usados, os quais ele pegava e examinava atentamente. Ao voltar para casa, pedia a opinião de seu pai sobre determinado objeto bem antigo que lhe parecera muito valioso. Vez por outra comprava um desses objetos, e, em casa, os dois faziam comentários sobre ele, precisando-lhe o valor. Através dessa experiência, o Fundador foi pouco a pouco se tornando capaz de avaliar antiguidades; com o tempo, adquiriu uma aguçada capacidade de apreciação e avaliação do Belo, no tocante às belas-artes em geral. Mais tarde, a experiência também lhe foi de grande utilidade para a coleção de magníficas obras, o que, por sua vez, resultou na construção do MOA Museu de Belas-Artes, em [[Atami]].
 
=== A vida como empresário ===
 
==== Falecimento do pai ====
Okada planejava abrir uma loja de venda de miudezas junto ao seu pai, visto que este último tinha experiência por trabalhar durante anos com venda de objetos usados, podendo habilmente detectar e distinguir o original e o falsificado. Para tanto começou a estudar maki-e, [[artesanato]] característico do Japão e tradicional na [[Era Nara]]. Porém, Kisaburo não estava bem de saúde, com um grave problema no coração e o tratamento médico não surtia efeito algum. Pouco antes de ficar acamado, completara cinqüenta e três anos. A respeito da morte de seu pai, Okada escreveu: “Ele faleceu muito cedo. Para combater a prisão de ventre, tomou um remédio chamado 'Daio' durante vinte ou trinta anos sem falhar um só dia. Tomava-o porque, se não o fizesse, sentia-se mal. Antes de falecer, ficou doente do coração. Consultando um médico, este lhe disse que não duraria mais que meio ano, e de fato ele morreu depois de alguns meses." A morte dele foi muito doída para a família, visto que haviam perdido o seu porto seguro.
 
==== Loja de muidezas Korin-do ====
Mokiti Okada sonhava em abrir um jornal, pois acreditava que essa era a única maneira de se haver justiça no mundo. Porém, para que pudesse abrir um jornal, era necessário obter a quantia de 1 milhão de [[Iene|Ienes]]. Assim, Okada decidiu que abriria uma pequena loja de muidezas. Mesmo não sabendo o que fazer pela inexperiência, Okada recebeu todo o apoio de sua mãe. Para abrir a loja de muidezas "Korin-do", Okada utilizou a herança de $3.500 ienes deixados por Kisaburo como capital. O nome da loja deu-se em homenagem a [[Korin Ogata]], pintor que Mokiti adimirava considerando suas obras da mais elevada arte. A loja de miudezas logo lhe rendeu bons lucros. O Fundador acordava bem cedo, fazia a limpeza da loja, saía para comprar mercadorias e, depois que voltava, começava a atender os fregueses. Era assim todos os dias. No início, como se tratava de um campo completamente desconhecido para ele, sentia-se inseguro e nem sequer sabia o nome e a finalidade dos produtos. Uma loja de miudezas vende as mais variadas mercadorias, desde produtos de beleza até bijuterias, e ele não conseguia decorá-las todas. Entretanto, com a ajuda de sua mãe,pouco a pouco foi se inteirando de tudo. Sempre cumprimentava amavelmente os fregueses, até mesmo aqueles que vinham comprar um simples vidro de óleo de cabelo ou uma fitinha. Dizia-lhes: “Seja bem-vindo”, “muito obrigado...”, ganhando assim, a simpatia dos fregueses. Em pouco tempo o movimento era tão grande que faltava mão-de-obra. Então o Fundador empregou Ume, filha de Guentaro Takahashi, dono de uma barbearia da vizinhança que fora frequentada por Kissaburo. Nessa época, um parente seu, pessoa de muita experiência, advertia-o constantemente. A propósito dessas advertências, o Fundador escreveu: “Ele dizia: 'Um indivíduo tão honesto como você nunca vai conseguir sucesso neste mundo. Os bem-sucedidos de agora pregam boas mentiras; portanto, é preciso que você proceda de acordo com o método triangular (procedimento onde descartam-se os valores humanos)'”. Achei-o sensato e, depois que me tornei independente, esforcei-me bastante para mentir com habilidade." Porém, as coisas não progrediram bem e Okada que tornara-se um hábil mentiroso, precisou parar, por mais que suas mentiras não fossem descobertas, ele afirma que os negócios tiveram brusca e considerável queda nessa época. Mokiti Okada passou a valorizar ainda mais o [[Makoto]] (sinceridade, dedicação fervorosa, honestidade, integridade, fidelidade, verdade, realidade.)
[[Ficheiro:Caligrafia Makoto.jpg|centro|miniaturadaimagem|595x595px]]
 
==== Primeiro casamento ====
A Korin-do foi uma atividade que Okada iniciou sem nenhuma experiência, não sabendo o que viria pela frente. Entretanto, com a ajuda de sua mãe, ele dedicou-se de corpo e alma aos negócios, tendo como lema a honestidade. Assim, a loja foi prosperando e, quando o Fundador se deu conta, o espaço físico havia se tornado pequeno. Ainda não fazia nem seis meses que a instalara, e teve de alugar uma casa maior, situada na mesma rua, mas em outro bairro (Minami-maki). Nessa casa, as instalações da loja e os aposentos da família estavam separados, de modo que ele pôde se dedicar ao comércio com maior tranqüilidade. No registro de mudança para o bairro de Minami-maki, nº 17, constava, entre outros dados:“Responsável: o irmão mais novo de Takejiro Okada. Relatório de separação familiar recebido a 25 de novembro de 1905.” Quando os negócios começaram a correr bem e o Fundador adquiriu autoconfiança, e, julgando-se capaz de viver independente, ele separou-se de seu irmão e assumiu a responsabilidade da família. É o que se sabe claramente por meio desse registro. A maior parte das mercadorias com as quais a loja negociava eram objetos de uso feminino. Ora, sendo o Fundador um rapaz solteiro e dedicando-se ao trabalho sob o lema da honestidade, não podia deixar de causar boa impressão aos fregueses. Havia pessoas que se mostravam preocupadas, dizendo-lhe que estava na hora de “arrumar-se”. Entre as propostas recebidas houve uma, feita por um grande industrial de granulados estabelecido em Asakusa nos seguintes termos: “Peço-lhe que se case com minha filha e seja o sucessor da família”. Essa proposta fora motivada pelas grandes orelhas de Mokiti Okada, pois se acreditava que as pessoas de orelhas grandes têm um destino afortunado. Entretanto, ele recusou-a, dizendo: “Eu não vou me casar para ser herdeiro de ninguém. Vou ser independente e formar a minha própria família”. O parente seu que estava servindo de intermediário ficou muito decepcionado com essa atitude. Pouco tempo depois, Guentaro Takahashi apresentou-lhe Taka Aihara, uma parenta sua, cuja família era da cidade de Yokohama, no Estado de Kanagawa. O pai dela, Fussakiti, havia sido lutador de [[Sumô]] quando jovem, mas na época era dono de uma loja de arroz. Tori, a mãe do Fundador, gostou muito da moça, e o casamento ficou resolvido. Eles se casaram em junho de 1907, depois do ofício religioso de três anos de falecimento de Kissaburo, tendo por padrinho o Sr. Takahashi. O Fundador contava vinte e quatro anos, e Taka, dezenove. Dos cinco aos seis anos, Taka estivera separada de seus pais, vivendo com outra família, e por isso era segura de si e não gostava de perder. Sendo a segunda filha dos proprietários de uma loja de arroz, aprendera, não teoricamente, mas na prática, o serviço de uma casa comercial, não perdendo para ninguém no que concerne a transações, administração etc. Depois que se casou com o Fundador, ela também pôs em prática toda essa experiência. Tinha grande habilidade para qualquer tipo de serviço e era muito trabalhadeira, não podendo ficar parada, sem fazer nada. Executava o trabalho de várias pessoas, desde os serviços domésticos até os da loja. Conseguindo uma folga nesse ritmo atarefado de vida, aprendia vivificação floral e cerimônia de chá. Era muito boa para os funcionários, chegando ao ponto de lavar-lhes a roupa, mesmo depois que o número deles aumentou, em consequência do crescimento da loja. Eles, por sua vez, tinham tanta confiança em Taka, que achavam mais seguro entregar-lhe suas economias, para que ela as guardasse, do que deixá-las em seu próprio bolso. Sem se irritar, ela recolhia o dinheiro e colocava-o no cofre. Foi graças à valiosa ajuda de Taka que Okada, em apenas dez anos de comerciante, pôde obter um sucesso tão grande como fabricante e atacadista de miudezas.
 
==== Comércio por atacado - Loja Okada ====
Em fevereiro de 1907, aproximadamente um ano e meio depois que inaugurou a loja de miudezas Korin-do, o Fundador reformou sua casa, situada no bairro de Minami-maki, em Kyo-bashi, para usá-la como loja, e aí iniciou o comércio por atacado. Na época da Korin-do, ele negociava com cosméticos e adornos, mas desta vez abriu uma loja exclusivamente de adornos: “Loja Okada - atacadista de adornos feitos com carapaças de tartaruga e metal". A Korin-do, que começara a funcionar sob a direção de um amador, foi prosperando, e certamente por isso o Okada adquiriu certa confiança em si mesmo. Entretanto, não fazia nem dois anos que estava no ramo e, além do mais, agora já não se tratava de uma loja de miudezas a varejo, mas de uma loja atacadista. Para ele, que, devido à doença, era tímido e cauteloso, isso representava uma grande aventura, semelhante a uma aposta. Estava se lançando a uma disputa que certamente uma pessoa comum evitaria, por não ter muita segurança quanto ao sucesso. Durante o tempo em que administrava a loja de miudezas, provavelmente ele traçara diversos planos e, se decidiu iniciar o comércio por atacado, o que à primeira vista parecia uma atitude impensada, foi porque viu perspectivas de sucesso. Sobre essas perspectivas, não resta nenhum escrito dele, mas pode-se pensar em pelo menos três. Uma delas é que, para tornar-se atacadista, ser-lhe-ia preciso, logicamente, ter um grande capital de giro. E ele tinha meios de conseguir esse dinheiro. Em segundo lugar, baseando-se principalmente nas orientações recebidas de seu pai e no aguçado senso de beleza que adquirira, ele estava certo de conhecer o que era mais adequado em matéria de adornos femininos. A terceira razão é que ele havia conseguido um colaborador excelente, chamado Kinzo Kimura. Kimura era natural de Shizuoka, tendo-se mudado, posteriormente, para Tóquio. Fora muito bem educado e viera treinando no comércio desde menino. Na época, ainda não completara vinte anos; entretanto, já ocupava o cargo de subgerente da Loja Nishiura, atacadista de miudezas localizada em Nihon-bashi. Ia muito à Korin-do, para fazer entrega de mercadorias, e o Fundador sentia algo de extraordinário em sua personalidade e capacidade. Pouco tempo depois, a Loja Nishiura faliu, e ele foi trabalhar na Loja Okada. Dado o cargo que ocupara, Kimura tinha farta experiência no comércio por atacado. Além do mais, a Loja Okada negociava com o mesmo tipo de mercadoria com que ele estava habituado a negociar, de modo que lhe era fácil fazer as vendas; acrescente-se a isso o fato de que era muito conhecido pelos demais compradores. Levava, portanto, muitas vantagens. Não há dúvidas de que, unindo a sua capacidade às qualidades de Kimura, Mokiti pôde confiar no sucesso do empreendimento. Ao iniciar o comércio por atacado, o Fundador fez um contrato oficial com Kimura, tendo o seu irmão Takejiro como testemunha. Esse contrato ainda hoje é guardado pelos familiares de Kimura, que o consideram como tesouro da família. De acordo com ele, ficava determinado que, além de 3 ienes fixos, Okada pagaria a Kimura dez por cento de comissão sobre as vendas do mês. Três anos depois, o contrato foi renovado, e o salário à base de comissão sobre as vendas continuou. Assim, à medida que estas aumentavam o ordenado recebido por ele ia se tornando cada vez maior, até que sua renda se tornou equivalente à de Okada. No auge da prosperidade da loja, por volta de 1917 ou 1918, o salário de Kimura chegava a 1000 ienes por mês. Na época, um casal que tivesse uma renda mensal de 50 ienes conseguiria manter um bom padrão de vida, daí pode-se ver como ele ganhava bem. O Fundador não se preocupava com isso; pelo contrário, ficava alegre e sempre dispensava um ótimo tratamento a Kimura. Este por sua vez, correspondendo a tal sentimento, servia-o da melhor forma possível. Ao voltar para casa, costumava falar aos familiares sobre o dono da loja, e dizem quede suas palavras afluía o respeito que nutria por ele, pois, nessas horas, sempre endireitava sua postura e falava com muita seriedade. Tinha essa atitude não só porque recebia um tratamento especial, mas porque admirava o caráter humanitário do patrão, sua personalidade calorosa e seu apurado senso de beleza. No início, o emblema da Loja Okada era um MO (primeira sílaba de Mokiti) dentro de um círculo (maru), e por isso também chamavam o dono do estabelecimento de Sr. Marumo. Durante algum tempo ele ainda conservou a Loja Korin-do, que deixara por conta de sua mãe e de Ume Takahashi, mas depois que a casa atacadista começou a crescer, cedeu a Takahashi os direitos daquela, sem lhe cobrar nada, como agradecimento pelo trabalho que ela realizara até então. Quando abriu a Loja Okada (1907), fazia dois anos que terminara a guerra do Japão com a Rússia. Vencendo o grande Império Russo, que abrangia dois continentes - a Europa e a Ásia - a reputação internacional do Japão subiu de repente. O pequeno país asiático passou a ocupar uma posição equivalente à da Inglaterra, França, Alemanha, Estados Unidos e Rússia, e seu poderio cresceu a ponto de ser considerado igual ao das grandes potências. Por outro lado, a grande guerra, na qual foram mobilizado 1 milhão de soldados e gastos 1 bilhão e 700 milhões de ienes, em dinheiro da época, pressionou muito a economia japonesa, que estava em vias de modernização. No campo, os agricultores sofreram um duro golpe, perdendo mão-de-obra, pois muitos homens foram enviados para a guerra. Ao contrário, portanto, do que aconteceu no caso do conflito com a China, dez anos antes, a vitória na guerra contra a Rússia não trouxe como resultado o melhoramento da situação econômica. O país estava em crise, e a junção de empresas foi se tornando inevitável. Assim, os grandes grupos econômicos, como a Mitsubishi, a Mitsui e outros, iam consolidando a sua posição, enquanto a vida do povo em geral não era nada fácil. Apesar dessa situação, a Loja Okada alcançou um progresso surpreendente, graças à extraordinária capacidade de administração de Okada aliada ao senso de beleza que ele possuía.
 
==== Rompimento do tendão ====
Okada gostava produzir seus artesanatos em estilo maki-ê. Em uma de suas produções, enquanto batia com o dedo indicador direito polvilhando o objeto em pó de ouro, o tendão dele se rompeu causando uma dor imensa e a imobilidade do dedo. Ele sentira angústia e tristeza olhando para o dedo sem movimento algum, afinal, certamente aquilo o impediria de dar continuidade a realização de suas obras, bem como ele deveria abandonar a arte que tanto apreciava: maki-ê.
 
==== Criação de bijuterias ====
Desde que machucou o dedo, Mokiti nunca mais fabricara nada, mas, utilizando sua experiência, dedicava-se à pesquisa do desenho de pentes e outros adornos para cabelo. Enviava esses desenhos a um profissional para ele fabricar os objetos, que, depois de prontos, eram colocados à venda. Em abril de 1909, dois anos após ter começado o comércio por atacado, expôs um adorno para cabelo, representando a Loja Okada, numa exposição de artigos infantis promovida pela loja de roupas Mitsukoshi com a finalidade de ampliar sua clientela entre o povo. Na Era Meiji, objetivando incentivar a indústria, foram realizadas diversas exposições centralizadas no governo e nos órgãos regionais. Com o passar dos anos, elas se transformaram numa espécie de comemoração. A exposição a que nos referimos acima foi promovida para fins comerciais; conseqüentemente, colocar objetos nela era, para o produtor, uma oportunidade de testar a sua capacidade. Ser premiado significava mostrar à sociedade o poder de suas mercadorias; uma oportunidade única, portanto. Tratando-se de uma exposição de artigos infantis, poder-se-ia pensar apenas em brinquedos, mas nela se expunham roupas, adornos e outros artigos de utilidade para crianças. Quanto à qualidade, eles não diferiam nem um pouco dos artigos para adultos. Nessa exposição, onde foram expostos 1835 objetos, o Fundador e mais quarenta e nove pessoas receberam Prêmio de Bronze. Nove foram agraciadas com Prêmio de Ouro, e trinta e três, com Prêmio de Prata. Cinco anos depois, em 1914, Mokiti expôs outro adorno para cabelo na “Exposição Taisho”, realizada no Parque Ueno, tendo recebido novamente o troféu de bronze. Foram apresentados 106.293 objetos, tendo sido concedidos 6 troféus de honra, 57 troféus de ouro, 189 troféus de prata e 515 troféus de bronze. A exposição estendeu-se de março ao final de julho, num longo período de 132 dias, e registrou a visita de 74.603.405 pessoas. Embora ela estivesse dividida em departamentos, o recebimento de Prêmio de Bronze, entre mais de cem mil objetos, prova a excelência da criatividade de Okada no campo da Arte. Não se sabe como eram os objetos que valeram a ele a classificação nessas duas exposições, mas ainda restam alguns adornos de cabelo que se presume serem da mesma época. Os desenhos são muito variados, mas num deles foi utilizada a técnica denominada “fukurin”, que consiste em enfeitar com metal a borda do objeto. No adorno em questão, existe uma placa de metal esculpida com desenho de flores. É a técnica usada na tigela “Tenmoku”, cujas bordas são cobertas com ouro ou prata. Os pentes margeados de dourado, brilhando intensamente, deviam formar um contraste muito harmônico com os cabelos negros das mulheres. Durante os quinze anos que vão de 1909 a 1923, o Fundador criou inúmeros objetos de adorno; na maioria, objetos inéditos, com novos detalhes, em que ele utilizava a tradicional técnica do “maki-e” e a técnica denominada “raden. O sucesso das criações dessa época pode ser comprovado por três fatos: 1º - restam dezenas de objetos projetados pelo próprio Okada; 2º - preservam-se os certificados da obtenção de Prêmio de Bronze nas duas exposições a que ele concorreu; 3º - a partir de 1915 ele fez ao órgão responsável do governo a solicitação de “patente de invenção”, a propósito de um objeto, e de “patente de novo modelo de produto”, a propósito de outro, tendo conseguido reconhecimento oficial em ambos os casos. Nos textos relacionados a esse assunto, especialmente os que estão arquivados pelo “Instituto de Patentes”, sediado em Torano-mon, Tóquio, constam detalhes como a data, o material e o processo de fabricação dos objetos, detalhes esses que, atualmente, constituem dados muito preciosos. O documento mais antigo de “patente de novo modelo de produto” solicitada pelo Fundador é o“Shin M Shiki Kushi” (“Pente no Novo Estilo M”), registrado em 25 de janeiro de 1915. Segundo esse documento, o pente é feito da seguinte maneira: desenha-se uma flor de cerejeira ou crisântemo numa placa de metal, na qual se bate bem forte, deixando os traços do desenho. Procedendo-se assim, a flor fica em alto relevo. Depois, coloca-se areia e pó de ouro e prata na parte que ficou rebaixada, pinta-se e prega-se num pente de madeira ou carcaça de tartaruga. É uma simplificação da técnica do “maki-e” aplicada no metal. Nas obras dessa época, também foi usada a técnica chamada “heidatsu”, além das técnicas“raden”, que utiliza conchas, e “fukurin”. Na primeira, cola-se, em cima da laca, uma placa de ouro,prata ou outro metal. A “Kikori Maki-e Suzuriba, por exemplo, da autoria de Koetsu Hon’ami e propriedade da [[Igreja Messiânica Mundial]], é muito famosa como obra-prima do gênero. No desenho da bela e aberta curva da tampa da caixa, vemos ainda um aspecto magnífico: os traços característicos da arte japonesa empregados pelo estilo Rin-pa. Através desse fato percebe-se que Mokiti aprendera e assimilara o estilo de Korin Ogata não de forma superficial, mas profunda. Na época, existiam em Tóquio tradicionais lojas de miudezas que vendiam por atacado, como as lojas Nishizawa, Ogawa, Miyamoto, Haneshigue e outras. Eram casas famosas, que mereciam muita confiança, por existirem há várias gerações. Entre elas havia uma grande concorrência. Nesse meio,através de estudos e esforços, a Loja Okada foi se sobressaindo pouco a pouco, embora experimentasse as agruras que toda loja nova experimenta. Acabou ocupando o primeiro posto no mundo empresarial. O grande segredo desse sucesso, que se pode considerar excepcional, eram os objetos inéditos que ela vendia. O Fundador costumava dizer aos seus funcionários que a boa qualidade das mercadorias vendidas por uma loja era a chave para ela aumentar sua freguesia e ganhar-lhe a confiança. Não há dúvida de que essas palavras nasceram da sua autoconfiança e do fato de ter conseguido grande prosperidade em pouco tempo, através do seguido lançamento de novos produtos, todos eles de excelente qualidade.O Fundador, que detestava imitar os outros, sempre procurava novas mercadorias, jamais negligenciando as pesquisas nesse sentido. Talvez por esse motivo, dizia-se que a moda vinha da Loja Okada. Quando as outras lojas, imitando-a, começavam a vender mercadorias parecidas, nela já estava sendo lançado um novo produto. Assim, a Loja Okada estava sempre um passo à frente.
 
==== O falecimento de Tori ====
Quem mais se alegrou com o sucesso do Fundador foi Tori, sua mãe. Na época em que ela se casara a família Okada, embora não estivesse nas melhores condições, tinha alguns bens. Tudo isso fora por água abaixo, e ela sofrera bastante. Mas, quando o filho caçula atingiu a maioridade, a família Okada voltou a prosperar. Se tudo continuasse correndo bem como vinha acontecendo -pensou Tori - poderiam ficar ainda mais ricos do que no tempo de Kizaemon. Ela deve ter ficado alegre ao ver que o sentimento que a fazia enxergar no filho uma pessoa diferente das pessoas comuns, não era puro amor de mãe que achava o seu filho melhor que o dos outros. Ao mesmo tempo, deve ter lamentado muito que seu marido não pudesse presenciar aquele sucesso, por já não estar neste mundo. Tori também era uma boa sogra e gostava muito de Taka, que ela considerava uma excelente mulher. Certa vez disse a Iwa, mãe da nora: “Depois que Taka veio para nossa casa, os negócios melhoraram e estão prosperando cada vez mais”. Então, Iwa, que conhecia bem Okada, respondeu: “Que nada!... É porque Mokiti tem muita capacidade”. Dessa forma havia um diálogo muito simpático entre as duas mães.Tori tinha duas empregadas domésticas e nos últimos anos de sua vida não passou por nenhuma necessidade. Com certeza ela se sentia como se estivesse recebendo de uma só vez tudo que lhe havia faltado. Em maio de 1912, Tori foi visitar uns parentes, em Susaka, no Estado de Shinshu, terra natal de seu pai. Alguns trabalhavam em Tóquio, como funcionários da Loja Okada, e por isso o contacto com eles era bem íntimo. Às vezes, o Fundador também ia a Susaka e, trocando de roupa no Restaurante Matsuga-e, cuja proprietária era sua tia Katsu, ia passear nas Termas Yamada, um pouco mais adiante de Susaka. A Hospedaria Fuji, onde ele costumava se hospedar, existe ainda hoje, com o nome Fukei-Kan. Aproximadamente um mês depois que foi para Susaka, Tori mandou um telegrama dizendo que retornaria a Tóquio. Exatamente nessa ocasião Mokiti estava viajando pela Região Kansai, com funcionários da loja. Quando Tori desceu do trem, na estação Ueno, seu rosto estava tão pálido que Takejiro e sua esposa Sue, que tinham ido buscá-la, ficaram assustados. Passados dois ou três dias, o médico diagnosticou-lhe [[nefrite]]. Acamada, Tori foi piorando rapidamente. Ela, que sempre mostrara um caráter forte, dizia: “Parece que desta vez estou chegando ao fim. Chamem Mokiti, pois preciso falar com ele”. Imediatamente a família mandou um telegrama ao hotel onde ele estava hospedado, mas infelizmente ele já havia partido. Continuaram a passar telegramas, os quais sempre chegavam quando ele já tinha deixado o local. Assim, não foi possível a comunicação. Ansiosa pela chegada do filho, Tori não parava de perguntar: “Mokiti ainda não chegou?”. A situação não era fácil para Takejiro, Sue e Taka, que estavam cuidando dela. Nesse meio tempo, sem saber de nada, Mokiti voltou. Tori quase inconsciente, por alguns instantes recobrou o vigor e, assim que o viu, falou: “Mokiti, você voltou!”. Estas foram as suas últimas palavras. Certamente o desejo de aguentar pelo menos até rever o filho, fez com que ela resistisse até aquele dia, pois na verdade já era para ter expirado há muito tempo. Tori devia ter muitas coisas a dizer, e todos ficaram arrependidos, embora tardiamente,de não terem se esforçado mais para que os dois se encontrassem antes, já que ela estava para morrer. Faleceu no dia 25 de maio de 1912, aos cinqüenta e sete anos, exatamente três dias depois que se haviam completado sete anos da morte de seu esposo. Tori não tinha espírito de liderança no trabalho. Pelo contrário: era dependente do marido, a quem sempre apoiava. Não gostava de aparecer, mas se mostrava muito responsável. Ajudava Kisaburo, criava os filhos pequenos e cuidava da casa, trabalhando aponto de ficar enfraquecida. Nessa postura de Tori, sentimos a curiosa energia das mulheres, a quem chamam “sexo frágil”. Era possuidora de um amor tão grande que a tornava uma mãe-modelo,dedicada de corpo e alma aos filhos e a toda a família. Tinha uma personalidade rara, sendo dotada ao mesmo tempo de ternura e firmeza. Nos primeiros dias após a morte de Tori, devido aos afazeres com o funeral, Okada não teve oportunidade para pensar com calma; mas, depois do sétimo dia, pôs-se a rememorar, com muita saudade, o amor de sua falecida mãe. Uma das coisas que o deixavam muito grato é que os negócios estavam indo de vento em popa, e ela falecera sem precisar preocupar-se com o futuro. Ele achava que esse êxito também era obra de Tori, pois, se não fosse o incentivo dela, não teria aberto a Loja Korin-do, e, se não a tivesse aberto, não teriam a prosperidade que vieram a ter posteriormente, com a Loja Okada. Tori, na época em que ele era um jovem cheio de desilusão, entendera seu sofrimento, confortara-o, incentivara-o acreditando na sua capacidade. Agora que ele a havia perdido, sentia como fora infinitamente importante a sua existência.
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=== Sucesso no empreendedorismo e um novo negociante ===
Okada dava muita importância à honestidade. Depois que entrou para o mundo dos negócios, passou a dar-lhe maior importância ainda, tomando-a como lema. Esse seu posicionamento levou a Loja Okada a alcançar um grande sucesso. O fato que se segue aconteceu logo depois do falecimento de Tori. Um indivíduo chamado Shigueharu Takahashi, que trabalhava no Departamento de Compras da Loja Mitsukoshi, passou pela Loja Okada e disse ao seu proprietário: “Entrei para o Departamento de Compras e não sei nada a respeito de miudezas. O senhor deve conhecer lojas de miudezas dos mais diversos locais. Por favor, oriente-me”. Okada respondeu: “Eu também não tenho muita experiência, mas vou lhe ensinar tudo que sei”. Disse-lhe, então, com muita gentileza, que uma loja situada em determinado lugar tinha X qualidades, lidava com isto e aquilo, tinha desenhos ótimos, que ele devia comprar estes e aqueles artigos nessa loja, e assim por diante. Takahashi agradeceu, dizendo que aprendera bastante. E foi embora. Passado algum tempo, ele apareceu novamente, para fazer uma proposta ao Fundador: “Fiquei muito agradecido pelo que o senhor me ensinou e hoje vim lhe fazer outro pedido, pois o senhor é um tipo muito raro de comerciante”. A maioria, só de ouvir o nome Mitsukoshi, começa a mostrar as qualidades de sua loja, para tentar negociar conosco, mas o senhor não mencionou uma única palavra sobre a sua; pelo contrário, só mostrou as qualidades de outras lojas, orientando-me com muita gentileza. Essa atitude está completamente fora da lógica do comerciante. Fiquei impressionado com a sua personalidade, e por isso desejo que negocie conosco. A Mitsukoshi havia começado como loja de roupas, em 1904, mas, com o passar do tempo, mudou o tipo de negócio, surgindo como o primeiro “department store” do Japão, na rua mais famosa de Nihon-bashi. A posição e a confiança de que essa loja desfrutava, no mundo das pequenas empresas,era a mais alta possível; portanto, o simples fato de manter negociações com ela, fazia com que o conceito de uma loja atacadista aumentasse bastante. Além do mais as miudezas têm íntima relação com as confecções, e na Mitsukoshi esta era a seção mais poderosa em termos de tradição. Para um atacadista de miudezas, não havia freguês melhor. Ora, quem estava ali era o responsável pelo Departamento de Compras da Mitsukoshi. Seria próprio do caráter humano o comerciante abaixar-lhe a cabeça e tentar vender-lhe as mercadorias de sua loja; o Fundador, entretanto, atendeu-o muito bem, mas sem nenhum interesse pessoal. Por outro lado, desde criança Takahashi trabalhava no comércio de jóias como aprendiz, fazendo contratos que durava um ano. Era um homem de grande capacidade, que entrara na Mitsukoshi depois de acumular bastante experiência. Dizem que ele era uma pessoa muito humana, de muito caráter, e que não tinha “duas caras”. O empenho do Fundador em seguir unicamente o caminho da honestidade, impressionou-o bastante, e, por seu intermédio, a Loja Okada começou a negociar com a Mitsukoshi.
 
=== Produto de sucesso: Diamante Asahi ===
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O que veio consolidar a posição da Loja Okada, que havia alcançado sucesso em tão pouco tempo,foi o “Diamante Asahi”, produto criado por um método inteiramente novo, pesquisado pelo próprio Mokiti e utilizado para confeccionar bijuterias. Numa tarde do verão de 1913 ou 1914, em sua mansão de Kanazawa, no Estado de Kanagawa, Okada estava dormindo, quando acordou ao som refrescante do tilintar do sininho de vidro pendurado à frente da casa. Olhando na direção de onde o som partia, viu que do sol, que começava ase deitar no poente, irradiavam-se feixes luminosos avermelhados, os quais, incidindo sobre o sininho, que balançava de leve, brilhavam em sete cores, como um arco-íris. Enquanto admirava aquela beleza,ele pensou: “Seria maravilhoso se eu pudesse aproveitar esse brilho para a confecção de adornos de cabelo ou bijuterias”.Compenetrado nessa ideia, ele aprofundou-a e, depois de mil experiências, chegou à conclusão de que deveria utilizar espelho. O método consistia em colar um espelho bem fino em papel ou seda e cortá-lo em pequenos pedaços que, em seguida, seriam colados no metal ou no celuloide a ser usado para a confecção do objeto. O material obtido através desse método brilhava ofuscante como um diamante, e o seu brilho assumia cores diversas. Além disso, podia ser amplamente utilizadoem pentes, adornos para cabelos e broches.Logo o Fundador passou a vender objetos confeccionados com esse material, requerendo-lhe apatente com o nome de “Diamante Wari”. Isso aconteceu em maio de 1915. Em agosto do ano seguinte,requereu a patente do desenho de uma combinação de estrela e lua e, a partir desse momento, o produto passou a ser chamado “Diamante Asahi”. A beleza inédita do “Diamante Asahi” conquistou as mulheres da época. Sendo espelho, brilhava de forma ofuscante sob o efeito da luz e mudava de cor de acordo com o ambiente. Além do mais, entre os objetos feitos comesse material, os mais baratos, na compra por atacado, custavam aproximadamente 1 iene e 30 “sen” a dúzia, preço que qualquer pessoa podia pagar com facilidade. Some-se a isto a excelência do produto. Assim, do país inteiro choviam pedidos; eram tantos que, por maior que fosse a quantidade de artigos produzidos, não se conseguia atender a todos.
 
== Ver também ==
* [[O Alicerce do Paraíso]]
* [[Johrei]]