Mokiti Okada: diferenças entre revisões

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'''Mokiti Okada''' (岡田茂吉, Mokiti Okada) ([[23 de dezembro]] de [[1882]] &mdash; [[10 de fevereiro]] de [[1955]])<ref name="JAP">{{ja}} [http://www.ffortune.net/social/people/nihon-mei/okada-mokichi.htm 岡田茂吉(1882-1955)]</ref> foi o fundador da [[Igreja Messiânica Mundial]] (世界救世教, Sekai Kyusei Kyo), na qual é conhecido pelo título honorífico de '''Meishu-Sama''' (明主様, Senhor da Luz).<ref name="SKKH">{{en}} [http://www.izunome.jp/en/izunome/history/ Sekai Kyusei Kyo: Mokichi Okada's History]</ref>
 
== Biografia<ref>{{Citar web|url=https://pt.scribd.com/doc/6718682/Luz-Do-Oriente-I|titulo=Luz Do Oriente I|acessodata=2017-12-22|obra=Scribd|lingua=en}}</ref> ==
== Biografia ==
 
=== Nascimento ===
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[[Ficheiro:Shinshingyo.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|706x706px]]
 
=== Sucesso no empreendedorismo e===

==== umUm novo negociante ====
Okada dava muita importância à honestidade. Depois que entrou para o mundo dos negócios, passou a dar-lhe maior importância ainda, tomando-a como lema. Esse seu posicionamento levou a Loja Okada a alcançar um grande sucesso. O fato que se segue aconteceu logo depois do falecimento de Tori. Um indivíduo chamado Shigueharu Takahashi, que trabalhava no Departamento de Compras da Loja Mitsukoshi, passou pela Loja Okada e disse ao seu proprietário: “Entrei para o Departamento de Compras e não sei nada a respeito de miudezas. O senhor deve conhecer lojas de miudezas dos mais diversos locais. Por favor, oriente-me”. Okada respondeu: “Eu também não tenho muita experiência, mas vou lhe ensinar tudo que sei”. Disse-lhe, então, com muita gentileza, que uma loja situada em determinado lugar tinha X qualidades, lidava com isto e aquilo, tinha desenhos ótimos, que ele devia comprar estes e aqueles artigos nessa loja, e assim por diante. Takahashi agradeceu, dizendo que aprendera bastante. E foi embora. Passado algum tempo, ele apareceu novamente, para fazer uma proposta ao Fundador: “Fiquei muito agradecido pelo que o senhor me ensinou e hoje vim lhe fazer outro pedido, pois o senhor é um tipo muito raro de comerciante”. A maioria, só de ouvir o nome Mitsukoshi, começa a mostrar as qualidades de sua loja, para tentar negociar conosco, mas o senhor não mencionou uma única palavra sobre a sua; pelo contrário, só mostrou as qualidades de outras lojas, orientando-me com muita gentileza. Essa atitude está completamente fora da lógica do comerciante. Fiquei impressionado com a sua personalidade, e por isso desejo que negocie conosco. A Mitsukoshi havia começado como loja de roupas, em 1904, mas, com o passar do tempo, mudou o tipo de negócio, surgindo como o primeiro “department store” do Japão, na rua mais famosa de Nihon-bashi. A posição e a confiança de que essa loja desfrutava, no mundo das pequenas empresas,era a mais alta possível; portanto, o simples fato de manter negociações com ela, fazia com que o conceito de uma loja atacadista aumentasse bastante. Além do mais as miudezas têm íntima relação com as confecções, e na Mitsukoshi esta era a seção mais poderosa em termos de tradição. Para um atacadista de miudezas, não havia freguês melhor. Ora, quem estava ali era o responsável pelo Departamento de Compras da Mitsukoshi. Seria próprio do caráter humano o comerciante abaixar-lhe a cabeça e tentar vender-lhe as mercadorias de sua loja; o Fundador, entretanto, atendeu-o muito bem, mas sem nenhum interesse pessoal. Por outro lado, desde criança Takahashi trabalhava no comércio de jóias como aprendiz, fazendo contratos que durava um ano. Era um homem de grande capacidade, que entrara na Mitsukoshi depois de acumular bastante experiência. Dizem que ele era uma pessoa muito humana, de muito caráter, e que não tinha “duas caras”. O empenho do Fundador em seguir unicamente o caminho da honestidade, impressionou-o bastante, e, por seu intermédio, a Loja Okada começou a negociar com a Mitsukoshi.
 
==== Produto de sucesso: Diamante Asahi ====
[[Ficheiro:Diamante Asahi.jpg|miniaturadaimagem|437x437px]]
O que veio consolidar a posição da Loja Okada, que havia alcançado sucesso em tão pouco tempo,foi o “Diamante Asahi”, produto criado por um método inteiramente novo, pesquisado pelo próprio Mokiti e utilizado para confeccionar bijuterias. Numa tarde do verão de 1913 ou 1914, em sua mansão de Kanazawa, no Estado de Kanagawa, Okada estava dormindo, quando acordou ao som refrescante do tilintar do sininho de vidro pendurado à frente da casa. Olhando na direção de onde o som partia, viu que do sol, que começava ase deitar no poente, irradiavam-se feixes luminosos avermelhados, os quais, incidindo sobre o sininho, que balançava de leve, brilhavam em sete cores, como um arco-íris. Enquanto admirava aquela beleza,ele pensou: “Seria maravilhoso se eu pudesse aproveitar esse brilho para a confecção de adornos de cabelo ou bijuterias”.Compenetrado nessa ideia, ele aprofundou-a e, depois de mil experiências, chegou à conclusão de que deveria utilizar espelho. O método consistia em colar um espelho bem fino em papel ou seda e cortá-lo em pequenos pedaços que, em seguida, seriam colados no metal ou no celuloide a ser usado para a confecção do objeto. O material obtido através desse método brilhava ofuscante como um diamante, e o seu brilho assumia cores diversas. Além disso, podia ser amplamente utilizadoem pentes, adornos para cabelos e broches.Logo o Fundador passou a vender objetos confeccionados com esse material, requerendo-lhe apatente com o nome de “Diamante Wari”. Isso aconteceu em maio de 1915. Em agosto do ano seguinte,requereu a patente do desenho de uma combinação de estrela e lua e, a partir desse momento, o produto passou a ser chamado “Diamante Asahi”. A beleza inédita do “Diamante Asahi” conquistou as mulheres da época. Sendo espelho, brilhava de forma ofuscante sob o efeito da luz e mudava de cor de acordo com o ambiente. Além do mais, entre os objetos feitos comesse material, os mais baratos, na compra por atacado, custavam aproximadamente 1 iene e 30 “sen” a dúzia, preço que qualquer pessoa podia pagar combastante facilidadeacessível. Some-se a isto a excelência do produto. Assim, do país inteiro choviam pedidos; eram tantos que, por maior que fosse a quantidade de artigos produzidos, não se conseguia atender a todos.
==== Cinema Eidai Katsudo Shashin Kabushikigaisha ====
Okada sempre fora um ardoroso admirador do cinema e em determinada época quis ser diretor cinematográfico. Entretanto, como o cinema japonês ainda estava numa fase incipiente, não havia terreno para se produzirem bons filmes. Ele, então, planejou administrar um cinema onde fossem exibidos excelentes filmes ocidentais, e ficou aguardando o momento oportuno. Nisso, conheceu uma pessoa que tinha adquirido os direitos para a construção de um cinema, mas estava sem capital. O fato aconteceu em outubro de 1913, quando ele já havia conseguido prosperar como dono da Loja Okada, que continuava tendo sucesso. Depois de conversarem diversas vezes e estudarem o caso, os dois decidiram fundar uma empresa cinematográfica com um capital de 25 mil ienes, dando-lhe o nome de“Eidai Katsudo Shashin Kabushikigaisha” (Eidai Fotografias em Movimento S.A.). Ela seria instalada perto da Ponte Eidai, situada na foz do Rio Sumida, de onde foi tirado seu nome. Inicialmente tinham determinado administrá-la juntos; entretanto, como Mokiti entrara com a metade do capital, ficou com o cargo de Superintendente Geral. Comprado o terreno, iniciaram a construção do prédio. A respeito dessa época, ele escreveu: “Até então eu nunca havia lidado com empreendimentos desse tipo, mas, apesar de não ser algo fácil, eu achava que tudo serviria de experiência. Assim, com muito sacrifício, construí e inaugurei um pequeno cinema. Naquele tempo, os chamados “prédios de exibição de fotografias em movimento”, diferentemente do que acontece hoje, requeriam a contratação de um orador, de uma banda musical, de uma pessoa que tocasse [[shamisen]], de um locutor que explicasse o filme etc., assim como também a exibição das películas para as figuras importantes da cidade. Enfim, era preciso lidar com pessoas de um mundo completamente diferente. Por isso, meu sofrimento psicológico era muito grande. Além disso, como eu era amador e entrara de repente nesse mundo, sem saber nada sobre a face oculta da sociedade, fui enganado e não sabia mais o que fazer”. É interessante que, desde o início, sempre que surgia alguma questão relacionada com esse cinema, ele ficava indisposto e com febre alta. Entretanto, suportando o sofrimento, ele saía para tratar do assunto. Concluído o prédio, este recebeu o nome de Eidai-Kan; só se esperava pelo dia da inauguração. Receberam convites, como convidados de honra, o administrador do distrito e do bairro, ilustres personalidades locais e muitas outras pessoas. Na qualidade de Superintendente Geral, Okada é quem deveria recepcioná-los. Todavia, no dia da inauguração, ele teve uma febre, não estando em condições de comparecer à cerimônia. Sem outra alternativa, pediu que o representassem, e assim o cinema pôde ser inaugurado. Entretanto, mesmo depois, sempre que ele ia àquele prédio, sentia dores lombares, sendo obrigado a subir as escadas agarrado ao corrimão, quase que se arrastando. Ao voltar para casa, logo se recuperava. Esse fato repetiu-se durante bastante tempo. Como o Fundador achasse o caso muito estranho, foi a um sacerdote, incentivado por algumas pessoas. Este lhe disse que, mais ou menos no cenho do palco, enxergava o rosto rancoroso de um morto. Ao ouvir isso, ele sentiu calafrios, mas, como era ateu, não deu crédito às palavras do sacerdote. O estranho fato continuou a acontecer, até que finalmente Mokiti perdeu o entusiasmo pelo empreendimento e deixou a administração do cinema. A partir daí, seu estado de saúde foi melhorando a cada dia. Não se sabe ao certo quando e de que forma o Fundador deixou a empresa. Seja como for, o fato de, naquela época, ele ter empregado a quantia de 12 mil ienes - metade do capital - e administrar essa empresa como Superintendente Geral, mostra o seu grande interesse pelo cinema e também pelas atividades culturais de vanguarda. Felizmente ainda resta um título desse tempo, cuja data informa que o Eidai-Kan ainda estava funcionando em janeiro de 1918.
[[Ficheiro:MeishuSamajovem55.jpg|miniaturadaimagem|700x700px|Mokiti Okada em sua juventude aproximadamente aos 20 anos de idade]]
 
=== Sentimento filantrópico ===
 
==== Amor que não visa recompensa ====
A Loja Okada parecia um barco navegando com vento favorável. Seria bem adequado dizer que ela ia “de vento em popa”. As mercadorias se esgotavam com rapidez, e havia bastante movimento de dinheiro. A produção, as vendas, tudo corria normalmente. Como o empreendimento que iniciara sozinho teve um grande sucesso em pouco tempo, é natural que o Fundador tenha sentido uma grande confiança em sua inteligência e capacidade, tornando mais sólida a crença de que a felicidade ou a infelicidade dependem unicamente do esforço e da inteligência da própria pessoa. Ao mesmo tempo, o pensamento materialista e ateu Okada cultivara desde jovem foi se fortalecendo cada vez mais. Até por volta dos quarenta anos, ele nunca tinha rezado. Além de não rezar, achava tolas as pessoas que professavam alguma religião. Para ele, as imagens dos santuários eram simples espelhos, pedras ou letras escritas em papel; portanto, não fazia sentido adorá-las. Considerava que os ídolos não passavam de estátuas ou desenhos de Sakyamuni, Amithaba etc.; eram produtos da imaginação humana e, por isso, adorá-los fazia menos sentido ainda. Enfim, segundo ele, tudo não passava de idolatria. Nessa época, Mokiti sentia-se identificado com a teoria do filósofo alemão [[Rudolf Christoph Eucken]] (1846 - 1926), Prêmio Nobel de Literatura em 1908. Essa teoria diz que os ídolos são criados pelos próprios homens, porque estes têm o instinto de adorar alguma coisa, o que não passa de auto-satisfação. Conseqüentemente, quando ficava sentado nos templos, por ocasião de algum ofício religioso pelos mortos, o Fundador cochilava. Seu materialismo ainda foi mais longe. A constatação de que os países que possuem muitas igrejas, como a Itália, por exemplo, estavam em decadência, e que, ao contrário, países com poucas igrejas, como os Estados Unidos, vinham alcançando um grande progresso, levou-o a pensar que os templos e os santuários eram um obstáculo para o progresso do Japão. Entretanto, nessa época, o Fundador fazia doações periódicas ao [[Exército de Salvação]] (Ramificação do cristianismo fundada em 1865 por William Booth (1829-1912)). Certa vez, um missionário visitou-o e perguntou-lhe: “A maioria das pessoas que colaboram conosco são cristãs. Por que o senhor, não sendo cristão, nos envia donativos?” Ele respondeu claramente: “O Exército da Salvação ajuda os ex-presidiários a se recuperarem, transformando homens maus em homens de bem. Por conseguinte, se ele não existisse, um ex-presidiário poderia entrar em minha casa para me roubar. Uma vez que ele me livra desse perigo, é natural que eu me sinta agradecido e colabore com as suas atividades”. Dessa forma, Okada era ateu, mas tinha um profundo desejo de praticar boas ações em favor do próximo. Muitos episódios dessa época mostram o seu empenho em servir aos homens e ao mundo. Comecemos pelos fatos relacionados com as pessoas que lhe eram mais próximas. Um deles foi o amor que demonstrou quando sua esposa contraiu tuberculose, em 1908, pouco mais de um ano depois que eles se haviam casado. Ao consultarem um médico, este falou: “Como não existem remédios para essa doença, não há outra alternativa a não ser ela mudar-se para um lugar de ar puro e ficar em repouso”. Na época, considerava-se a tuberculose uma doença incurável e acreditava-se que era hereditária. Por isso, os parentes de Mokiti aconselharam-no a levar a esposa para a casa dos pais, para o bem dela própria. Durante algum tempo ele achou que seus familiares tinham razão, mas não conseguia se conformar com essa ideia. Ajudar-se mutuamente, haja o que houver, é a atitude que um casal deve ter, pensava o Fundador. Ele sentia-se confiante, por já ter se curado da tuberculose contraída tempos atrás. Além disso, nascia-lhe a certeza de não haver razão para que uma pessoa que vivia justa e corretamente fosse contagiada por essa doença. Era uma opinião pessoal, que deixou o médico e os familiares espantados. Seguindo uma dieta vegetariana, a mesma que Okada seguira quando contraiu a doença, em três ou quatro meses Taka ficou totalmente curada, sem que ninguém tivesse pegado a doença. Já história que se segue refere-se a uma outra moça de dezesseis ou dezessete anos que trabalhou por uns tempos na casa de Okada. Tendo ela ficado doente, ele a mandou de volta para casa, no Estado de Tiba. Entretanto, pouco tempo depois, a moça apareceu inesperadamente. Estava muito pálida. Inquirida sobre o que havia acontecido, respondeu que, depois que ela fora embora, a doença se agravara, tendo sido diagnosticada como tuberculose em estado avançado. Pelo fato de sua casa ser muito pobre, ela não conseguia repousar. Tornara-se um peso para os familiares, os quais lhe disseram que voltasse para o trabalho. E ali estava ela. Olhando comovido para a jovem, que falava em prantos, Mokiti lhe disse: “É um absurdo você trabalhar nessas condições. Volte imediatamente para casa, pois, enquanto você estiver viva, eu lhe enviarei a quantia necessária para o seu sustento e para o tratamento médico”. A moça voltou para sua terra muito feliz. Desde então, ele passou a lhe enviar 15 ienes mensalmente. Os parentes e amigos do Fundador, desaprovando sua atitude, recriminaram-no: “Se essa moça tivesse possibilidade de se curar, ainda vá lá. Mas, do jeito que está, é certo que vai morrer. O que adianta ajudar alguém que está condenado à morte? Se ela pudesse lhe retribuir o favor, trabalhando depois que ficasse boa, ainda bem... Mas não é esse o caso. Portanto, você está gastando dinheiro à toa. Que tolice! É melhor parar logo com isso!” Entretanto, como havia tomado aquela iniciativa sem pensar em lucros ou perdas, Mokiti lhes respondeu: “Não tenho a mínima intenção de ser recompensado pelo que estou fazendo. Ajudar as pessoas visando à recompensa é uma espécie de troca. É como vender favores. E isso não é caridade, é um meio de ostentar bondade. Eu ajudo essa moça porque tenho pena dela e não posso deixá-la desamparada. É um sentimento natural, que sai de dentro de mim. Que mal há nisso, se eu me sinto bem? Não se intrometam no que não lhes diz respeito. Vocês podem achar tolice; para mim, tanto faz o que vocês estejam pensando”. Ouvindo essa resposta, aqueles que o censuraram ficaram tão decepcionados que se calaram. Conta-se também que, certo dia, Okada se acomodou num jinrikisha e, mal este começou a andar, ele percebeu que o condutor era um novato sem nenhuma prática. Ora, os jinrikisha só possuem duas rodas e não têm equilíbrio próprio, de modo que, para manter o equilíbrio, o condutor precisa segurar firme as barras e colocar o corpo na posição correta, sendo-lhe necessário muito treino, para correr bem. Aquele, entretanto, ia quase cambaleando. Percebendo isso, o Fundador perguntou: “Você ainda é novato nesse serviço, não é?” O rapaz, continuando a puxar o jinrikisha, respondeu: “Sim, faz pouco tempo que comecei. Na verdade eu sou estudante e não queria estar fazendo este serviço. Mas quero ver se continuo até me formar.” Sentindo muita pena do rapaz, Mokiti deu-lhe o seu endereço e disse-lhe que fosse a sua casa, pois queria ajudá-lo. O jovem ficou emocionado e, pouco tempo depois, apareceu lá. O Fundador prometeu que lhe enviaria a quantia para ele pagar as despesas escolares até se formar. Ouvindo isso, a alegria do estudante foi tão grande que ele se levantou da cadeira e, sentando-se no tapete à maneira japonesa, fez várias reverências em agradecimento. Dizem que, após ter se formado com excelente aproveitamento, esse jovem se tornou policial, mas não se sabe o seu nome nem outros dados a seu respeito. Ainda existe um caderno de despesas dessa época, bem detalhado. Nas folhas correspondentes ao período que vai do final de 1919 até 1920, existem três registros de despesas feitas com aquele estudante. Uma delas foi uma despesa extra, de 100 ienes, no final do ano de 1919; a seguinte, de 30 ienes, em março de 1920; a terceira também de 30 ienes, em maio do mesmo ano. A soma de 100 ienes daquela época corresponde, atualmente, a uma quantia de 200 a 300 mil ienes, e 30 ienes por bimestre significavam 15 ienes por mês, o que, em termos atuais, eleva-se a mais de 20 mil ienes. Okada conhecera a pobreza desde a infância e sabia os problemas que ela acarretava. Graças ao seu contínuo esforço e à sua capacidade, tornara-se um grande capitalista, mas jamais esqueceu o sofrimento por que passara em tempos antigos. Ao ouvir a triste história do estudante, não quis deixá-lo abandonado, como se o caso não lhe dissesse respeito.
[[Ficheiro:Shinkei.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|724x724px]]
 
=== Conversão ===
 
==== Sequência de sofrimentos ====
 
===== Falência do Banco Soko =====
Por volta de 1916, onze anos depois que abrira a loja de miudezas empregando a herança deixada por seu pai, Okada já possuía um capital de 150 mil ienes. Com os lucros provenientes do “Diamante Assahi”, sua fortuna aumentava a cada ano. Entretanto, ainda lhe faltava muito para alcançar o capital de 1 milhão de ienes que precisava para abrir o jornal. Interessado pelo mercado de ações, que, nessa época, estava fervendo, em virtude das condições favoráveis decorrentes da Primeira Guerra Mundial, iniciou negociações com os cambistas, emprestando o dinheiro que possuía. Pouco depois, ganhando a confiança do Banco Soko, situado no bairro de Kakigara, em Nihon-bashi, levava os cheques e as letras de câmbios trazidos por eles e, com a confiança de que desfrutava, convertia-os em dinheiro, o qual emprestava a juros. Como o negócio ia muito bem, estendeu ainda mais a sua mão. Agora era ele que cortava os cheques e os entregava aos cambistas, os quais, usando-os como garantia, tomavam dinheiro emprestado ao banco e pagavam juros a este e a Mokiti. Para o proprietário da Loja Okada, isso significava menos trabalho, pois não era preciso que ele próprio conseguisse o dinheiro; além do mais, havia um lucro de 5 “sen” por dia. Era um empreendimento arriscado, mas muito rendoso. Quem se encarregava desse trabalho era um indivíduo chamado Yoshikawa. Okada tinha toda confiança nele e deixara a administração da financeira em suas mãos, entregando-lhe até o seu sinete. No período mais próspero, a quantia que o Fundador possuía em seu nome - em dinheiro e em cheques - atingia mais de 100 mil ienes. Entretanto, na primavera de 1919, o Banco Soko, que era o escudo protetor da financeira, repentinamente parou de fazer os pagamentos e abriu falência. A decadência da Loja Okada veio deforma inesperada. Yoshikawa tinha um depósito em nome de Mokiti Okada naquele banco, depósito esse que ficou reduzido à zero. Achando que o problema era de sua inteira responsabilidade, tentou recuperar o dinheiro sem que Okada soubesse de nada. Entretanto, nessa situação difícil, ele escolheu o pior caminho: tomar dinheiro emprestado com agiotas a juros altíssimos. O resultado foi que os juros renderam juros, e ele acabou ficando num beco-sem-saída. Quando tudo veio à tona, a situação estava muito séria. Premido pelas circunstâncias, o Fundador pediu ao banco que sustasse o pagamento dos cheques, como solução para o momento. Furiosos, os agiotas providenciaram a penhora de seus bens e acusaram-no de fraude. Foi realmente uma tempestade em dia de sol. Certo dia, três oficiais de justiça entraram em sua casa, situada no bairro de Oga, e, depois de lhe entregarem uma notificação, passaram de um cômodo para outro, lacrando os principais móveis. Por fim, colaram num guarda-roupa um papel onde se explicava o motivo do embargo e os regulamentos legais, e foram embora. Estava escrito que os bens embargados não podiam ser utilizados nem mesmo pelo proprietário, e que, se o lacre fosse rompido, haveria uma penalidade. Entretanto, nas gavetas dos armários estavam roupas que precisavam ser usadas no momento. Conta-se que o Fundador se sentiu aliviado ao tirar o lacre sem danificá-lo, e pegar aquilo de que necessitava. Com a denúncia dos agiotas, ele foi chamado à delegacia, onde recebeu séria advertência. Os cheques usados por Yoshikawa estavam todos em seu nome, de modo que, obviamente, lhe foi imposta a responsabilidade legal do caso. Não era fácil resgatar a dívida, no montante de 120 mil ienes. Assim, o Fundador pediu aos credores que a diminuíssem para dois terços, ou seja, 80 mil ienes. Segundo o acordo que fizeram 50% dessa quantia seria paga à vista, e o restante, em mensalidades. A partir desse momento, começou a sofrida luta do Fundador para saldar as dívidas, que se estenderam durante 22 longos anos, até 1941. Essa foi a maior dificuldade que ele passou em quinze anos de comércio, desde a fundação da Korin-do. Tempos depois, Yoshikawa suicidou-se. Embora ele fosse a pessoa que o colocara naquela terrível situação, Okada participou de seu funeral com todo respeito. Cheio de compaixão, disse: “Afinal, eu é que fui o culpado, por ter confiado demais”. Não disse uma só palavra que demonstrasse rancor.
 
===== Morte da esposa e dos filhos =====
Taka havia entrado para a família do Fundador logo depois da criação da Loja Okada, em 1907. Durante cerca de dez anos, até que eles tivessem casa própria, deu conta de todo o serviço doméstico, ajudou na loja colaborando com o marido e cuidou dos funcionários. Entretanto, um ano após o casamento, devido à sobrecarga de trabalho, seu físico não suportou, e ela contraiu tuberculose. Especialmente no período de formação dos alicerces da Loja Okada, a colaboração de Taka teve um grande significado. Crescendo numa casa vendedora de arroz e casando-se com um comerciante, ela se impetrou nos negócios com toda a prática que possuía. Devia sentir uma alegria inexprimível toda vez que, saindo de sua casa, localizada nos fundos, ia para a loja, onde ficava entre os funcionários, que trabalhavam alegremente; também devia alegrar-se muito com o crescimento gradativo das vendas, a cada mês. Era uma dona de casa que teve o mérito de prestar uma ajuda exemplar, pois tinha uma grande força de vontade, caráter comum às mulheres que, da sombra, vieram sustentando a sociedade japonesa após a Era Meiji. O interessante é que, desde que Taka se casou com Mokiti, os negócios começaram a crescernum ritmo intenso e, logo depois de seu falecimento, a loja foi à falência. Assim, podemos dizer que, na época em que Okada alcançou sucesso popular, Taka foi a mulher adequada para ser sua companheira e esposa. Entretanto, por trás do glorioso êxito nos negócios, o lar do casal era um pouco triste, pois durante longo tempo eles não foram agraciados com filhos. Depois da morte de Tori, continuaram cuidando de Hikoitiro, filho de Shizu, a quem consideravam como filho, mas Taka sentia-se sozinha. Talvez por isso ela tenha se apegado tanto aos gatos, para os quais chegava a fazer roupas. No oitavo ano de casamento, quando já haviam desistido de ter filhos, Taka ficou grávida. Podemos imaginar como foi grande a alegria de Okada. Ela estava com vinte e sete anos, idade que, segundo o senso comum da época, já não era muito adequada para a mulher ter o primeiro filho. Eles passaram a contar os dias que faltavam para o nascimento da criança e sentiam-se invadidos por uma felicidade nunca saboreada até aquele momento. Mo muito atencioso com a esposa, levou-a para descansar, durante algum tempo, namansão de Kanazawa, para que os trabalhos da loja e da casa não lhe fossem prejudiciais. Assim, nodia 1º de outubro de 1915, Taka deu à luz uma menina, que recebeu o nome de Shigueko. Mas o partofora muito difícil, e por isso, logo depois de seu nascimento, a criança veio a falecer.A tristeza do casal foi enorme. Realizaram um funeral bem íntimo, e a solidão continuou.Logo depois, Taka engravidou novamente. Entretanto, o desejo de que tudo transcorresse bemtambém não se concretizou: nasceu outra menina, mas já estava morta.Taka ficou grávida pela terceira vez em 1918. Como que numa atitude de prece, dispensou todo ocuidado ao seu corpo, e o Fundador envolveu-a com um carinho muito especial, fazendo, tambémdesta vez, que ela fosse descansar na mansão de Kanazawa. Mas foram esforços em vão. “O queacontece duas vezes, acontece três, diz um ditado. Perto do parto, Taka contraiu tifo intestinal e,depois de muito sofrimento, no dia 4 de junho de 1919, teve uma menina, na casa do bairro de Oga. Acriança, prematura, não teve forças para sobreviver, morrendo logo em seguida. Taka ficou muitoenfraquecida e, uma semana depois, no dia 11 de junho, acabou falecendo.O funeral foi realizado no Templo Kannon-ji, onde está o jazigo da família Okada. Emboraíntimo, foi efetuado com toda pompa. Terminada a cerimônia, sentado na sala de visitas, de braçoscruzados e bastante pensativo, o Fundador disse a Hanako Ugai, sobrinha da esposa, que viera ajudá-lo: “Cortaram-me um dos braços”. Ele era uma pessoa que em situação alguma mostrava fraqueza;devia, portanto, estar muito deprimido.Após a morte de Taka, o Fundador deu à sogra a mansão de Kanazawa. Disse a ela nessa ocasião:“Um dia, vou ter de me casar pela segunda vez. A senhora não ficaria muito à vontade se eu e minhaesposa viéssemos passar as férias aqui. Por isso, ofereço-lhe esta casa. Use-a a vontade”. Eacrescentou: “Todas as vezes que Taka esteve grávida, demos muito trabalho à senhora...” Deu-lhe,ainda, um terreno que possuía naquele local. Também gratificou generosamente a parteira HissaMizutome, que morava perto de sua casa, em Oga, e assistira Taka em todos os partos, numadedicação total, dia e noite.
 
== Ver também ==
Linha 97 ⟶ 119:
* [[Ikebana Sanguetsu]]
 
{{referências}}11. https://pt.scribd.com/doc/6718682/Luz-Do-Oriente-I
 
==Ligações externas==