Trance psicadélico: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Goa_Gil.jpg|thumb|Goa Gil se apresenta em Moscow, 2010]]
Tal como todos os estilos musicais, as origens do psytrance remontam a um período de evolução a nível social, mas neste caso, também político. Nos final da década de 60 começam a surgir por todo o mundo novos ideais de esquerda e outros movimentos sociais contra a repressão das mulheres, negros e homossexuais <ref>{{Citar web|http://journals.openedition.org/spp/1596#tocfrom1n2}}</ref>. Ao mesmo tempo, os movimentos pelo fim da Guerra do Vietnam e [[Guerra Fria]] ganham mais força, no contexto de uma depressão gerada pela incapacidade do “sonho americano”. É neste período conturbado que aparece também uma nova ligação da cultura ocidental ao “Oriente”, com os textos pacifistas da religião budista e o xamanismo da religião hindu, que, aliada à emergente explosão de drogas psicadélicas e aos factores sociais e políticos já mencionados, cria condições ao aparecimento do movimento hippie, com principal destaque nos EUA, mais concretamente em São Francisco. Similarmente ao que se passava a nível politico, também a nível musical a contracultura hippie se manifestou, através de bandas de [[rock psicadélico]], com letras inspiradas em experiências psicadélicas e em livros como “As portas da percepção” de Aldous Huxley ou “O profeta” de Kahil Gibran. Essas mesmas bandas foram também protagonistas de visitas à Índia, demonstrando no seu trabalho a inspiração de cariz “oriental” que adoptaram. São exemplos disso bandas como [[The Beatles]], [[The Who]], [[Grateful Dead]], [[Pink Floyd]], [[The Doors]]. Era de esperar, então, que com a demanda por “cultura oriental” acabasse por existir um êxodo de muitos elementos do movimento hippie para a Ásia, criando uma rota denominada de “hippie trail” que se movia entre o continente americano ou europeu, passando por vários locais, muitos dos quais conhecidos pelo consumo e produção de cânhamo. Entre eles encontram-se regiões/países como as Ilhas Baleares, Marrocos, Iraque, Irão, Afeganistão, Nepal e Índia, ou mesmo, Tailândia e Vietname.<ref>{{Citar web|url=http://www.arge.pt/marcosilva/trance/?cat=historia}}</ref>
[[Ficheiro:India_Goa_Vagator_Beach_General_view.jpg|thumb|Goa, estado da índia onde o Psytrance começou a ser desenvolvido]]
 
Nesse contexto, Goa, um estado da costa indiana que se encontrou sobre o jugo português durante séculos, surge como uma possibilidade transmitida oralmente entre os elementos dessa rota, um local paradisíaco, sem qualquer tipo de turismo, onde a produção de cannabis e o seu consumo era permitido pela legislação indiana. A governação portuguesa tinha acabado por volta de 1960, tornando Goa num estado pobre e sem grandes recursos, mas onde os habitantes prezavam por uma bondade e tolerância imensa. Com essas características próprias, foi normal que quem andasse nos países pertencentes à “hippie trail” se dirigisse para Goa, passando temporadas ou começando mesmo a habitar nas praias de Anjuna, Vagator e Calancute. Uma dessas pessoas era Gilbert Levey (conhecido posteriormente como Goa Gil), elemento do movimento hippie de S. Francisco que, no final dos anos 60 (1969), começou a sua viagem rumo ao “Oriente”. Este viria a ser uma das maiores figuras de relevo no movimento musical de Goa. Naquela altura, já existia uma pequena comunidade que convivia sobre o tecto de Yertward Mazamanian (“Eight Finger Eddie”), um hippie que residia Goa desde 1964, primeiramente em Colva e depois em Anjuna, o qual abrigava os hippies provenientes da “hippie trail” e lhes dava alimento com a sua loja de sopas. Foi nessa mesma praia, de Anjuna, que as primeiras festas se realizaram. Eram semelhantes às festas que se haviam realizado em S. Francisco pela comunidade hippie: uma fogueira, instrumentos acústicos como guitarras e djembés e outras percussões e pessoas sobre o efeito de drogas alucinógeneas. Também na escolha musical, os grupos interpretados nessas festas tinham sido importados do movimento hippie, estando à cabeça músicos/bandas como Jimi Hendrix, Janis Joplin, The Who, The Grateful Dead, The Beatles, The Doors, entre outros. Pode-se por isso dizer que, ao decaimento do movimento hippie nos EUA, a resposta foi um êxodo para “Oriente”, mantendo as mesmas convicções e cultura, sendo um dos centros o estado de Goa.<ref>{{Citar web|url=http://www.arge.pt/marcosilva/trance/?cat=historia}}</ref>