Guerra de Inverno: diferenças entre revisões

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A '''Guerra de Inverno''', também conhecida como a '''Guerra Soviético-Finlandesa''' ou '''Guerra Russo-Finlandesa''' ({{lang-fi|''talvisota''}}, {{lang-sv|''vinterkriget''}}, {{lang-ru|''Зимняя война''}}) começou quando a [[União Soviética]] atacou a [[Finlândia]] a [[30 de novembro]] de [[1939]], três meses após o início da [[Segunda Guerra Mundial]]. O conflito arrastou-se até [[12 de março]] de [[1940]], quando um tratado de paz foi assinado, cedendo 10% do território finlandês, e 20% da sua capacidade industrial, à União Soviética.<ref>{{Citar livro |sobrenome=Mäkelä |nome=Essi |coautor= |título=Finland : Republiken Finland |subtítulo= |idioma=sueco |local=Kuopio |editora=Unipress |ano=2010 |páginas=32 |página=9 |capítulo=Historia|isbn=9789515793171 |acessodata= }}</ref><ref>{{citar web |url=http://www.so-rummet.se/fakta-artiklar/finska-vinterkriget|título=Finska vinterkriget |publicado=SO-rummet |autor=Carsten Ryytty| língua=sueco |acessodata=13 de janeiro de 2016}}</ref><ref>{{Citar livro |sobrenome= |nome=Thomas Magnusson e Peter A. Sjögren |coautor= |título=Vad varje svensk bör veta |subtítulo= |idioma=sueco |local=Estocolmo |editora=Albert Bonniers Förlag e Publisher Produktion AB |ano=2004 |páginas=654 |página=21|capítulo=Finska vinterkriget|isbn=91-0-010680-1 |acessodata=}}</ref>
 
O motivo dos soviéticos não terem vencido tão facilmente, como previam, deve-se por um lado aos expurgos de 1937 no comando do [[Exército Vermelho]] e à falta de espírito de luta dos atacantes, e por outro lado ao êxito da resistência finlandesa, liderada pelo marechal [[Carl Gustaf Emil Mannerheim|marechal Mannerheim]].
 
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Como consequência, a União Soviética foi banida da [[Liga das Nações]] a [[14 de dezembro]] de 1939. [[Josef Stalin]] tinha esperado conquistar todo o país até ao final de 1939, mas a resistência finlandesa frustrou as forças soviéticas, que eram em maior número (3 soviéticos para 1 finlandês).
 
O resultado da guerra foi misto. Embora as forças soviéticas finalmente tivessem conseguido atravessar a defesa finlandesa, nenhum lado, quer a União Soviética ou a Finlândia, emergiu do conflito vitorioso. As perdas soviéticas na frente de combate foram tremendas, e a posição internacional do país sofreu.
 
E ainda pior, as habilidades de combate do [[Exército Vermelho]] foram postas em questão, um facto que contribuiu com um grande impacto para a decisão de [[Adolf Hitler|Hitler]] de lançar a [[Operação Barbarossa]]. Finalmente, as forças soviéticas não alcançaram o seu objectivo primário de conquistar a Finlândia, mas ganharam apenas uma secessão de território ao longo do [[Lagolago Ladoga]]. Os finlandeses asseguraram a sua [[soberania]] e ganharam uma posição internacional considerável.
 
O tratado de paz de 12 de março de 1940 impediu as preparações franco-britânicas de envio de apoio para a Finlândia através do norte da [[Escandinávia]] do Norte (a [[campanha Aliada na Noruega]]) que impediria também o acesso alemão às minas de ferro no norte da [[Suécia]]. A invasão pela [[Alemanha Nazista]] da [[Dinamarca]] e da [[Noruega]] a [[9 de abril]] de 1940 ([[Operação Weserübung]]) desviou então a atenção do mundo para a luta pela controlo da Noruega.
 
A Guerra de Inverno foi um desastre militar para a União Soviética. Contudo, Stalin aprendeu com este fiasco e compreendeu que o controlo sobre o Exército Vermelho já não era possível. Após a Guerra de Inverno, o [[Kremlin de Moscovo|Kremlin]] iniciou o processo de reinstaurar oficiais qualificados e de modernizar as suas forças, uma decisão que viria a permitir que os soviéticos resistissem à invasão alemã.
 
== Precedentes ==
A Finlândia tinha uma longa história de ser parte do [[Suécia|reino sueco]] quando fora conquistada em [[1808]], tornando-se num estado estabilizante para proteger a então capital russa [[São Petersburgo|então capital russa]]. Após a [[Revolução de Outubro|revolução]] que trouxe um governo soviético ao poder na Rússia, a Finlândia se auto-declarou independente a [[6 de dezembro]] de [[1917]]. Fortes relações entre a [[Finlândia]] e a [[Alemanha]] foram fundadas quando o movimento de independência da Finlândia era apoiado pela [[Alemanha Imperial]] durante a [[Primeira Guerra Mundial]]. Numa subsequente [[Guerra Civil Finlandesa|Guerra Civil]] tropas [[Jäger]] finlandesas treinadas pelos alemães e tropas regulares alemãs tiveram um papel crucial. Apenas a derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial dificultou o estabelecimento de uma [[monarquia]] dependente da Alemanha, sob o poder de [[Frederico Carlos de Hesse]] como [[Lista de reis da Finlândia|Rei da Finlândia]]. Após a guerra, as relações entre a Alemanha e a Finlândia foram mantidas, embora a simpatia finlandesa com os [[Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães|Nacionais Socialistas]] não fosse a melhor.
 
Fortes relações entre a [[Finlândia]] e a [[Alemanha]] foram fundadas quando o movimento de independência da Finlândia era apoiado pelo [[Império Alemão]] durante a [[Primeira Guerra Mundial]]. Na subsequente [[Guerra Civil Finlandesa]] tropas [[Jäger]] finlandesas treinadas pelos alemães e tropas regulares alemãs tiveram um papel crucial. Apenas a derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial dificultou o estabelecimento de uma [[monarquia]] dependente da Alemanha, sob o poder de [[Frederico Carlos de Hesse]] como [[Lista de reis da Finlândia|Rei da Finlândia]]. Após a guerra, as relações entre a Alemanha e a Finlândia foram mantidas, embora a simpatia finlandesa com os [[Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães|Nacionais Socialistas]] não fosse a melhor.
Com as relações entre a União Soviética e a Finlândia tensas e congeladas - tanto os dois períodos de russificação forçada no virar do século, como o legado da rebelião socialista na Finlândia, contribuíram para uma forte desconfiança mútua. [[Josef Stalin]] temia que a Alemanha Nazi atacasse mais cedo ou mais tarde, e, que com a fronteira Soviético-Finlandesa apenas a 32 quilómetros de distância de [[Leninegrado]], o território finlandês providenciaria uma excelente base para o ataque alemão - algo que Estaline tentava evitar. Em [[1932]], a União Soviética assinou um [[pacto de não-agressão]] com a Finlândia. O acordo foi reafirmado em [[1934]] para os 10 anos seguintes.
 
Com as relações entre a União Soviética e a Finlândia tensas e congeladas - tanto os dois períodos de russificação forçada no virar do século, como o legado da rebelião socialista na Finlândia, contribuíram para uma forte desconfiança mútua. [[Josef Stalin]] temia que a Alemanha Nazi atacasse mais cedo ou mais tarde, e, que com a fronteira Soviético-Finlandesa apenas a 32 quilómetros de distância de [[São Petersburgo (na ocoasião renomeada pelo governo comunista como ''Leninegrado]]'', o território finlandês providenciaria uma excelente base para o ataque alemão - algo que Estaline tentava evitar. Em [[1932]], a União Soviética assinou um [[pacto de não-agressão]] com a Finlândia. O acordo foi reafirmado em [[1934]] para os 10 anos seguintes.
 
Em abril de [[1938]] ou possivelmente mais cedo, a União Soviética encetou negociações diplomáticas com a Finlândia, tentando melhorar as defesas mútuas contra a Alemanha. A principal preocupação da União Soviética era que a Alemanha utilizaria a Finlândia como uma ponte para o ataque a Leninegrado, e começou a fazer exigências ao governo finlandês de grandes áreas. Mais de um ano passou sem progresso significante e a situação política na Europa piorou.
 
A [[Alemanha Nazi]] e a União Soviética assinaram um pacto mútuo de não-agressão, o [[pacto Molotov-Ribbentrop-Molotov]], a [[23 de agosto]] de 1939. O pacto também incluía uma cláusula secreta incluindo a divisão dos países da [[Europa de Leste]] e bálticos entre os dois países. Foi concordado que a Finlândia estaria na "esfera de influência" soviética. O ataque alemão à [[Polónia]] a [[1 de setembro]] foi seguido 16 dias depois pela [[Invasão Soviética da Polónia]] no leste. Em apenas algumas semanas tinham dividido o país entre si.
 
No outono de 1939, após o ataque alemão na Polónia, a União Soviética finalmente exigiu que a Finlândia concordasse em mover a fronteira mais 25 km para além de Leninegrado, que nesta altura estava apenas a 32 quilómetros da Finlândia. E também exigiu que a Finlândia emprestasse a península de [[Hanko (Finlândia)|Peninsula de Hanko]] à União Soviética por 30 anos para a criação de uma base naval lá. Em troca, a União Soviética oferecia uma grande parte da [[Carélia]] (duas vezes tão grande, mas menos desenvolvida).
 
Mas o governo finlandês recusou-se a seguir as exigências soviéticas. A [[26 de novembro]], os soviéticos simularam um [[Bombardeamento de Mainila|bombardeamento finlandês contra Mainila]], um incidente no qual artilharia soviética bombardeou áreas perto da vila russa de Mainila, procedendo ao anúncio que um ataque de artilharia finlandesa tinha matado tropas soviéticas. A União Soviética exigiu que os finlandeses pedissem desculpas pelo incidente e movessem as suas forças 20 a 25 quilómetros da fronteira. Os finlandeses negaram qualquer responsabilidade pelo ataque e recusaram-se a seguir as indicações soviéticas. A União Soviética utilizou isto como uma desculpa para quebrar o pacto de não-agressão. A [[30 de novembro]], as forças soviéticas atacaram com 23 divisões, totalizando 450.000{{fmtn|450000}} homens, que rapidamente alcançaram a [[Linha de Mannerheim]].
 
Um [[Estado fantoche|regime fantoche]] foi criado na vila fronteiriça finlandesa ocupada de [[Terijoki]] (hoje Zelenogorsk), a [[1 de dezembro]] de 1939, sob a protecção da [[República Democrática Finlandesa]] e liderada por [[Otto Ville Kuusinen]], ambas por causas diplomáticas (imediatamente tornou-se o único governo da Finlândia reconhecido pela União Soviética) e por militares (esperavam que levasse os socialistas e comunistas existentes no Exércitoexército Finlandêsfinlandês a abandonarem a luta) mas não foi particularmente bem-sucedido. Esta república existiu até 12 de março de 1940, quando foi eventualmente incorporada na [[República Socialista Soviética Carelo-Finlandesa]] Russa.
 
== A Guerraguerra ==
[[Ficheiro:Talvisota Molotov CocktailWinter-War-Overview.PNGpng|direita|thumb|200pxupright=1.2|SoldadoDirecções finlandêsdo comataque umdo cocktail[[Exército molotovVermelho]] durantecontra aas Guerramaiores deformações Inverno.em ambos os lados]]
[[Ficheiro:Winter-War-OverviewTalvisota Molotov Cocktail.pngPNG|direita|thumb|200pxupright=1.2|DirecçõesSoldado dofinlandês ataquecom doum [[Exércitocoquetel Vermelhomolotov]] contradurante asa maioresGuerra formaçõesde em ambos os lados.Inverno]]
Inicialmente a Finlândia mobilizou um exército de 180.000{{fmtn|180000}} homens, mas as tropas finlandesas mostraram adversários temíveis, empregando [[Guerrilha|tácticas de guerrilha]], tropas de [[esqui]] de rápida movimentação com camuflagem branca, e que utilizavam os seus conhecimentos locais. Uma certa bomba improvisada adaptada da [[Guerra Civil Espanhola]] foi utilizada com grande sucesso, e ganhou fama como o [[Coquetelcoquetel Molotovmolotov]]. As condições de inverno em 1939-1940 eram duras; as temperaturas de -40º não eram raras, e os finlandeses conseguiram utilizar como sua vantagem. Frequentemente, os finlandeses optavam por não atacar os soldados inimigos convencionalmente, mas por sua vez atacar as cozinhas de comida (que eram cruciais para a sobrevivência soviética) e matar tropas soviéticas que se aqueciam à volta de fogueiras.
 
Em adição, para surpresa de ambos os líderes soviéticos e dos finlandeses, a maioria dos socialistas finlandeses não apoiavam a invasão soviética mas lutavam lado a lado com os seus compatriotas contra o inimigo comum. Muitos finlandeses [[Comunismo|comunistas]] mudaram-se para a União Soviética nos [[Década deanos 1930|anos 30]] para construir o socialismo mas apenas para acabarem como vítimas do [[Grande Expurgo]] de [[Stalin]], que conduziu à grande desilusão e até ódio contra o regime soviético por entre os socialistas na Finlândia. Outro fator foi o avançado da sociedade finlandesa e das leis após a guerra civil que ajudou a diminuir a falha entre as diferentes classes da sociedade. Esta cura parcial das feridas do pós-guerra civil na Finlândia (1918), e do conflito da língua finlandesa, são ainda referidos como o espírito da Guerra de Inverno, embora deva ser verificado que muitos comunistas não eram autorizados a lutar no exército finlandês por causa dos seus ideais políticos.
 
Os atacantes não estavam há espera de grande luta por parte dos finlandeses e começaram até a invasão com bandas a marchar antecipando uma vitória rápida. Registos históricos contam que os soldados russos avançavam no início em direcção às linhas finlandesas de braços dados, cantando hinos soviéticos. Devido aos purgatóriosexpurgos de Stalin, os comandantes do [[Exército Vermelho]] tinham tido 80% das suas perdas durante o tempo de paz. Estes eram frequentemente substituídos por pessoas menos competentes mas mais "leais" aos seus superiores, desde que Stalin tinha supervisionado os seus comandantes com [[comissário]]s ou oficiais políticos. Tácticas que eram obsoletas já no tempo da Primeira Guerra Mundial eram empregues. Essas tácticas estavam estritas a serem seguidas pelo livro. Muitas tropas soviéticas foram simplesmente perdidas devido ao seu comandante se recusar a retirar ou estar impedido de o fazer, pelos seus superiores.
 
O exército soviético estava mal preparado para guerra durante o inverno, particularmente em florestas, e utilizava veículos motorizados extremamente vulneráveis. Estes veículos eram mantidomantidos a trabalhar 24 horas por dia de modo ao seu combustível não congelar, mas continuaram a haver registos de motores a quebrar e de falta de combustível. Uma das perdas mais marcantes na história militar é o tão chamado [[Incidente de Raatteentie]], durante a [[Batalha de Suomussalmi]]. A 44.ª Divisão de Infantaria Soviética (de 25 mil soldados) foi completamente destruída após marchar numa rua estreita de uma floresta até a uma armadilha da unidade finlandesa ''Osasto Kontula'' (de 300 homens). Esta pequena unidade parou o avanço da Divisão Soviética, enquanto o Coronelcoronel finlandês Siilasvuo e a sua 9.ª Divisão (de 6 mil tropashomens) cortou a rota de retirada soviética, dividindo a força inimiga em unidades menores, destruindo unidade por unidade. Em adição, as tropas finlandesas ganharamtomaram 43 [[Carro de combate|carros de combate]], 71 canhões de artilharia e de defesa antiaérea, 29 [[Arma anticarro|canhões anticarro]], [[Veículo blindado de transporte de pessoal|VBTPs]], tratores, 260 camiões, 1170 cavalos, armas de infantaria, munição, material de comunicações, medicamentos e botas de inverno.
 
[[Ficheiro:Finnish soldiers during the Winter War.jpg|esquerda|thumb|300pxupright=1.2|Soldados finlandeses.]]
A Finlândia tinha uma força de 130 mil homens de 500 canhões no [[istmo da Carélia]], o principal teatro da guerra, e os soviéticos atacaram com apenas 200 mil homens e 900 canhões. Os soviéticos enviaram mil carros de combate para a frente, mas foram mal utilizados e sofreram grandes perdas.
 
A falta de equipamento finlandês também era um problema. No início da guerra, apenas os soldados que tinham recebido treino básico tinham uniformes e armas. O resto dos soldados tinha de fazer a sua própria roupa e uma insígnia semelhante era depois adicionada. Estes uniformes recebiam a alcunha de [[Modelo Cajander]], segundo o nome do Primeiroprimeiro-ministro [[Aimo Cajander]]. Os finlandeses aliviavam a sua falta de equipamento fazendo uma utilização excessiva de equipamento, armas e munições capturadas do inimigo. Por sorte, o exército não tinha alterado o [[calibre]] das suas armas após a independência e conseguia assim utilizar a munição soviética. Ironicamente, o envio de soldados mal treinados conduziu as tropas soviéticas directamente para as mãos dos finlandeses, permitindo a ampla oportunidade mais tarde de capturar o equipamento.
 
[[Ficheiro:Simo hayha honorary rifle.jpg|thumb|direita|210px|<center>[[Simo Häyhä]] ([[1905]]–[[2002]])<center> soldado finlandês e o maior [[franco-atirador]] da história, o autor de mais de 500 mortes confirmadas durante sua carreira militar.]]
Dois outros factos devem ser mencionados. Devido à decisão e da sua opinião de Stalin que os soldados russos da área fronteiriça com a Finlândia não podiam ser confiados para lutar contra os finlandeses, devido a uma história comum, o vasto número de soldados do Exército Vermelho eram recrutados das regiões do sul da União Soviética.
 
[[Ficheiro:Simo hayha honorary rifle.jpg|thumb|direita|210pxupright=1.2|<center>[[Simo Häyhä]] ([[1905]]–[[2002]]1905–2002)<center> soldado finlandês e o maior [[franco-atirador]] da história, o autor de mais de 500 mortes confirmadas durante sua carreira militar.]]
Dois outros factos devem ser mencionados. Devido à decisão e da sua opinião de Stalin que os soldados russos da área fronteiriça com a Finlândia não podiam ser confiados para lutar contra os finlandeses, devido a uma história comum, o vasto número de soldados do Exército Vermelho eram recrutados das regiões do sul da União Soviética. Estes soldados do Exército Vermelho das regiões do sul não tinham absolutamente qualquer experiência com as condições do inverno do árcticoÁrctico e virtualmente qualquer habilidade para sobrevivência na floresta, quanto mais experiência de combate. As tropas finlandesas tinham a sua própria roupa de inverno, e tinham vivido maior parte da sua vida na floresta, pois uma maioria dos finlandeses eram vendedores rurais até aos [[década deanos 1950|anos 50]]. O tempo durante a Guerra de Inverno foi um dos três piores invernos registados na Finlândia.
 
A guerra aérea durante a Guerra de Inverno viu a formação inovadora finlandesa, [[dedo quatro]], de combate aéreo (quatro aviões, divididos em duas unidades de dois aviões, uma unidade a voar a baixa e a outra a alta altitude, cada avião combatia independentemente dos outros mas apoiava o seu colega-de-asa em combate) esta não era apenas superior à táctica russa de três caças em formação delta, mas como também foi mais tarde adoptada pelas maiores potências combatentes na guerra durante a [[Segunda Guerra Mundial]], sendo inclusive actualmente ainda utilizada. Esta formação dedo quatro contribuiu para a falha dos bombardeiros russos de infligirem danos sequenciais contra posições finlandesas, cidades e reservas.
 
== Apoio estrangeiro ==
[[Ficheiro:Winter war.jpg|300pxupright=1.2|thumb|left|Soldados finlandeses em combate.]]
O mundo opinou um grande apoio à causa finlandesa. A [[Segunda Guerra Mundial|Guerra Mundial]] não tinha realmente ainda começado e era vista pelo público como uma [[Guerra Falsa]]; nesta altura a Guerra de Inverno era a única luta real ao lado da invasão alemã e soviética da Polónia, e por isso tinha um maior foco do interesse mundial. A agressão soviética era geralmente vista como totalmente injustificada. Várias organizações estrangeiras enviaram material de ajuda, tais como medicamentos. Vários imigrantes finlandeses nos [[Estados Unidos]] e no [[Canadá]] voltaram a casa, e vários voluntários (um deles que seria mais tarde o actor [[Christopher Lee]]) viajaram para a Finlândia e entraram nas forças armadas finlandesas: 1.0101010 [[Dinamarca|dinamarqueses]], 895 [[Noruega|noruegueses]], 346 finlandeses expatriados, e 210 voluntários de outras nacionalidades conseguiram chegar à Finlândia antes que a guerra terminasse.
 
A [[Suécia]], que se tinha declarado como não-beligerante em vez de como país neutro (como na guerra entre a Alemanha Nazi e as Potências Ocidentais) contribuiu com materiais militares, dinheiro, créditos, e ajuda humanitária e com alguns 8.700 suecos voluntários preparados para combater pela Finlândia. Talvez a mais significante tenha sido a [[Força Aérea Voluntária Sueca (Guerra de Inverno)|Força Aérea Voluntária Sueca]], em acção desde [[7 de Janeiro]]janeiro, com 12 caças, 5 bombardeiros, e outros 8 aviões, sendo um terço da força aérea sueca naquela altura. Pilotos e mecânicos voluntários tinham sido chamados. O aviador de renome [[Carl Gustav von Rosen|Conde Carl Gustav von Rosen]], parente de [[Hermann Göring]], voluntariou-se independentemente.
 
O [[Corpo Voluntário Sueco (Guerra de Inverno)|Corpo Voluntário Sueco]], com 8.402 homens na Finlândia, começou a render cinco batalhões finlandeses em Märkäjärvi em Fevereiro. Juntamente com os três batalhões finlandeses que ficaram, os corpos prepararam-se para um ataque de duas divisões soviéticas em Março. 33 homens morreram na acção, entre eles o comandante da primeira unidade rendida, o Tenente-Coronel Magnus Dyrssen.
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O próprio [[Benito Mussolini]] decidiu ajudar a [[Finlândia]], enviou cerca de 100 mil rifles e 35 caças [[Fiat G.50]], que só não chegaram a tempo porque os alemães proibiram transito de material militar para a [[Finlândia]] sobre seu território e sobre o território polonês ocupado. A França também enviou milhares de rifles, munição, algumas dezenas de [[Morane-Saulnier M.S.406]]. Os britânicos por sua vez venderam a prazo algumas dúzias de caças [[Gloster Gladiator]].
 
== Planos Francofranco-Britânicosbritânicos para um teatro Escandinavo ==
Dentro de um mês, a liderança soviética começou a considerar abandonar a operação, mas o governo finlandês tinha sido já aproximado com uma proposta preliminar (através do governo Sueco) a [[29 de Janeiro]]janeiro. Até esta altura, a Finlândia lutava apenas pela sua existência. Quando rumores chegaram aos governos de Paris e de Londres, os incentivos para apoio militar mudaram dramaticamente. Agora a Finlândia combatia apenas para manter o mais possível do seu território perto de Leninegrado. Mas claro que o público não podia saber nada sobre isto — fosse na Finlândia, ou mundialmente. Para opinião pública, a luta da Finlândia continuava a ser uma luta pela vida e pela morte.
 
Em Fevereirofevereiro de 1940 os [[Aliados]] ofereceram ajuda: O plano Aliado, aprovado a 5 de Fevereiro pelo Alto Comando Aliado, consistia em 100.000 soldados britânicos e 35.000 franceses que desembarcariam no porto norueguês de [[Narvik]] e que apoiariam a Finlândia através da Suécia enquanto asseguravam as rotas de suporte ao longo do caminho. O plano tinha sido concordado para ser lançado a [[20 de Março]]março sob a condição que os finlandeses pedissem ajuda. A [[2 de Março]]março, direitos de transito foram oficialmente requisitados aos governos da Noruega e da Suécia. Era esperado que isto trouxesse eventualmente estes dois países nórdicos neutros, Noruega e Suécia, para o lado dos Aliados - reforçando as suas posições contra a Alemanha, embora Hitler tivesse, em Dezembrodezembro declarado ao governo sueco que tropas Ocidentaisocidentais em terra sueca provocariam imediatamente uma invasão alemã, que praticamente significava que a Alemanha Nazista tomaria a parte sul da Escandinávia enquanto a França e a Inglaterra combateriam no longínquo norte.
 
O governo sueco, liderado pelo primeiro-ministro [[Per Albin Hansson]], recusou permitir o transito de tropas estrangeiras através de território sueco. Embora a Suécia não se tivesse declarado neutra em relação à Guerra de Inverno, ela era neutra na guerra entre a França e a Inglaterra num lado e a Alemanha no outro.
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Diplomaticamente, a Finlândia estava dependente entre as promessas Aliadas para uma guerra prolongada e dos medos Escandinavos de uma guerra contínua se espalhar aos países vizinhos (ou os refugiados que resultariam de uma potencial derrota finlandesa). Também de [[Wilhelmstraße]] chegaram conselhos distintos para paz e concessões - as concessões poderiam sempre ser mais tarde emendadas.
 
Enquanto [[Berlim]] e [[Estocolmo]] aplicavam pressão sobre [[Helsínquia]] a para aceitar uma tratado de paz sob más condições, [[Paris]] e [[Londres]] tinham o objectivo oposto. De tempo em tempo, diferentes planos e números eram apresentados aos finlandeses. Para começar com, a França e a Inglaterra prometeram enviar 20 mil homens que chegariam em finais de Fevereirofevereiro, embora sob a condição que a caminho da Finlândia seria dada a oportunidade de ocupar ao Escandinávianorte doda NorteEscandinávia.
 
No final de Fevereirofevereiro, o Comandantecomandante Supremosupremo da Finlândia, Mannerheim, estava pessimista quanto à situação militar, sendo por isso que o governo decidiu a [[29 de Fevereiro]]fevereiro começar negociações de paz. Nesse mesmo dia, os soviéticos começaram um ataque contra [[Viipuri]].
 
Quando a França e a Inglaterra verificaram que a Finlândia estava seriamente a considerar um tratado de paz, deram uma nova oferta de ajuda: 50 mil homens seriam enviados, se a Finlândia pedisse por ajuda antes de [[12 de Março]]março. Mas na verdade, apenas 30 mil homens destes 50 mil seriam destinados para a Finlândia. A intenção era utilizar o resto para assegurar docas, estradas e minas de ferro ao longo do caminho.
 
Embora as poucas forças que chegariam à Finlândia, informação sobre os planos chegou à União Soviética e contribuiu fortemente na decisão dos soviéticos de assinar um armistício para terminar a guerra. É discutido que sem a ameaça da intervenção dos aliados, nada teriam eventualmenteteria parado os soviéticos de conquistar toda a Finlândia com a sua reserva de homens que parecia infinita.
 
== Armistício ==
Pelo final do inverno tinha-se tornado claro que os russos já estavam suficientemente fartos da situação, e os representantes alemães sugeriram que a Finlândia deveria negociar com a União Soviética. As baixas russas tinham sido enormes e a situação era fonte de um embaraço político para o regime soviético. Com a Primavera a chegar, as forças russas viam-se a ficar paralisadas nas florestas, e um esboço de termos de paz foi apresentado à Finlândia a [[12 de fevereiro]]. Não apenas os alemães estavam à espera do fim da guerra, mas também os suecos, que temiam o colapso da Finlândia. Enquanto o gabinete finlandês hesitava em face às condições duras soviéticas, o rei sueco [[Gustaf V da Suécia|Gustaf V]] fez um anúncio público, no qual confirmava que tinha recusado o pedido finlandês de apoio de tropas regulares suecas.
 
Pelo final de Fevereirofevereiro, os finlandeses tinham consumido os seus fornecimentos de munições. Também, a União Soviética tinha finalmente sido bem-sucedida em quebrar através da [[Linha Mannerheim]], anteriormente impenetrável.
 
Finalmente a [[29 de fevereiro]] de 1940, o governo finlandês tinha concordado em começar as negociações. A [[5 de março]], o exército soviético tinha avançado de 10 a 15 quilómetros de lá da Linha Mannerheim e tinha entrado nos subúrbios de [[Viipuri]].
 
== Paz de Moscou ==
[[Ficheiro:Finnish areas ceded in 1940.png|direita|thumb|200pxupright=1.2|Guerra de Inverno: Concessões finlandesas.]]
No [[Tratado de Paz de Moscovo]] de [[12 de março]], a Finlândia foi forçada a ceder a parte finlandesa de [[Carélia]]. O território incluía a cidade de [[Viipuri]] (a segunda maior cidade do país), muito do território industrializado da Finlândia, e partes significantes ainda protegidas pelo exército Finlandêsfinlandês: quase 10% do pré-guerra finlandês. Alguns {{formatnum:442000}} carelianos, 12% da população da Finlândia, perderam as suas casas. Militares e civis foram rapidamente evacuados devido aos termos do tratado, como apenas alguns civis escolheram ficar sob a governação soviética.
 
A Finlândia teve também de ceder uma parte da área de [[Salla]], [[península de Kalastajansaarento]] no [[mar de Barents]] e quatro ilhas no [[golfo da Finlândia]]. A península de Hanko foi também emprestada à União Soviética como uma base militar por 30 anos.
 
Os termos de paz foram duros para a Finlândia, ainda mais porque os soviéticos receberam a cidade de Viipuri, além das suas exigências pré-guerra. Nem a simpatia por parte da Liga das Nações, Aliadosaliados Ocidentaisocidentais, e dos suecos em particular, parece ter sido de grande ajuda aos finlandeses.
 
Apenas um ano mais tarde as hostilidades continuaram na [[Guerra da Continuação]].
 
== Principais batalhas ==
* [[Batalha de Suomussalmi]], ([[8 de dezembro]] de [[1939]] - [[7 de janeiro]] de [[1940]])
* [[Batalha de Tolvajärvi]], ([[12 de dezembro]] de [[1939]])
* [[Batalha de Honkaniemi]], ([[26 de fevereiro]] [[1940]])
* [[Batalha de Kollaa]], ([[7 de dezembro]] - [[13 de março]] de [[1940]])
 
== Ver também ==
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* [[Guerra da Lapônia]] (1944-1945)
 
{{Referências|col=2}}
 
== Bibliografia ==
{{Refbegin|2}}
* Engle, Eloise; Paananen, Lauri (1992). ''The Winter War: The Soviet Attack on Finland 1939-1940''. Stackpole Books. ISBN 0-811724-336.
* Ries, Tomas (1988). ''Cold Will: Defence of Finland''. Brassey's. ISBN 0-080335-926.
* Trotter, William R (1991). ''A Frozen Hell: The Russo-Finnish Winter War of 1939-1940'' (also published as ''The Winter War''). Aurum. ISBN 1-85410-932.
* Van Dyke, Carl (1997). ''The Soviet Invasion of Finland, 1939-40''. Frank Cass Publishers. ISBN 0-714643-149.
{{Refend}}
{{Segunda Guerra Mundial|state=expanded}}