Margarida de Valois: diferenças entre revisões

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Durante este conflito, [[Henrique IV de França|Henrique de Navarra]] e Margarida se reconciliam, ao ponto em que ela começa a relatar informações relevantes da corte em suas cartas.<ref>''Memoirs'', p. 108.</ref> Henrique, que mais uma vez se converteu a fé protestante, exigia que Margarida se juntasse a ele em seu reino de [[Navarra]]. Mas [[Catarina de Médici]] e [[Henrique III de França|Henrique III]] se recusaram a libertá-la, temendo que Margarida se tornasse refém nas mãos dos [[Huguenote|huguenotes]] ou que agisse para fortalecer a aliança entre Navarra e Alençon.<ref>''Memoirs'', p. 115.</ref> No entanto, Catarina estava persuadida de que Henrique de Navarra poderia potencialmente mudar de religião novamente, e usava sua filha como isca para atraí-lo para Paris.
 
==A desastrosaMissão viagemdiplomática aosnos Países Baixos ==
Em [[1577]], quando a guerra civil começa a esfriar, Margarida - dividida entre a lealdade devida ao marido e ao irmão - solicita a autorização para viajar, em nome do seu irmão mais novo, [[Francisco, Duque de Anjou|Francisco de Alençon]], ao sul da Holanda. Os flamengos, que se revoltaram em [[1576]] contra o domínio espanhol, pareciam dispostos a oferecer um trono a um príncipe tolerante e disposto a contribuir com o apoio diplomático e militar necessário para alcançar a independência. [[Henrique III de França|Henrique III]] finalmente aprovou a viagem que, por sua vez, deu-lhe a oportunidade de se livrar do irmão.
 
NoCom verão, tendo comoo pretexto de curar-se com um banho de águas termais em um Spa, Margarida começa sua viagem. DuranteEla se dedicou por dois meses cumpreem sua missão.: Emem cada uma de suas paradas, aproveitaaproveitava a oportunidade para interagir com os nobres hostis à Espanha e para destacar os méritos de seu irmão, tentando convencê-los das vantagens de torná-lo Príncipepríncipe.<ref>Pitts, pp. 81–82.</ref> Margarida feztambém faz amizade com o governador da Holanda, [[João de Áustria|D. JuanJoão de Áustria]], vencedor da histórica [[Batalha de Lepanto]], com quem manteve uma relação cordial.<ref>Williams, Maspp. Margarida222-224.</ref> seQuase interessavaum maisquarto pelasde festassuas que''Memórias'' pelassão realidadesdedicadas políticasa locaisesta missão. SeuPara Margarida, seu retorno para a [[França]] apresentouapresentava algumas dificuldades, pois o país estava em plena insurreição, e Margaridaela temia ser feita refém pelas tropas espanholas. Embora ela tenha feito alguns contatos úteis, Alençon não soube fazer uso deles.
 
No final, apesar dos contatos úteis que Margarida fez, Alençon foi incapaz de derrotar o exército espanhol.<ref>Holt, ''The French Wars of Religion, 1562-1629'', pp. 121-122.</ref>
 
Depois de relatar sua missão ao irmão mais novo, Margarida voltou a corte. A luta se multiplicou entre os [[Mignon (História)|mignons]] de Henrique III e os apoiantes de Alençon, e na vanguarda dos quais estava [[Louis de Bussy d'Amboise|Bussy d'Amboise]], amante de Margarida.<ref>''Memoirs'', p. 175.</ref> Em [[1578]], Alençon pediu para estar ausente. Mas Henrique III viu na sua ausência a prova de sua participação em uma conspiração. Ele o prendeu no meio da noite e o manteve no seu quarto, onde Margarida se juntou a ele. Quanto a Bussy, ele foi levado para a [[Bastilha]]. Poucos dias depois, Francisco fugiu novamente, graças a uma corda jogada para fora da janela de sua irmã.<ref>''Memoirs'', p. 198.</ref>
 
== Corte de Nérac ==
[[Ficheiro:Marguerite of Valois, Queen of Navarre) by Nicholas Hilliard.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|262x262px|Rainha Margarida de Navarra, por [[Nicholas Hilliard]] (1577).]]
Pouco depois, Margarida, que negou qualquer participação nesta fuga, finalmente obteve permissão para se juntar ao marido. Catarina também viu os anos passarem e que ainda não tinham um herdeiro. Ela esperava um novo casamento e convidou seu genro a agir como um bom marido. Talvez Henrique III e a Rainha-mãe também esperassem que Margarida pudesse desempenhar um papel de conciliação nas províncias turbulentas do sudoeste.<ref>Pitts, p. 82.</ref>
 
Para o retorno ao seu marido, Margarida foi acompanhada por sua mãe e seu chanceler, o renomado humanista, magistrado e poeta, [[Guy Du Faur de Pibrac]].<ref>Williams, p. 247.</ref> Esta jornada foi uma oportunidade para entrar nas cidades cruzadas, uma maneira de estreitar os laços com a família reinante. No final da jornada, finalmente encontraram o [[Henrique IV de França|Rei de Navarra]]. Catarina e seu genro concordaram com as modalidades de execução do último edito de pacificação - o objeto da conferência de Nérac em [[1579]]. Então, a Rainha-Mãe voltou para Paris.
 
Após sua partida, os cônjuges ficaram brevemente em Pau, onde Margarida sofreu com a proibição do culto católico.<ref>Williams, pp. 259-60.</ref> Eles então se estabeleceram em [[Nérac]], capital do Albret, que fazia parte do reino da França e onde as normas religiosas e a intolerância em vigor em [[Bearne]] não se aplicavam:<blockquote>A nossa residência, durante a maior parte do tempo que mencionei, foi Nérac, onde nossa Corte foi tão brilhante que não tivemos motivos para se arrepender da nossa ausência da Corte da França. Tivemos conosco a [[Catarina de Bourbon|Princesa de Navarra]], a irmã do meu marido; havia também uma série de [[Lady|ladies]] que pertenciam a mim mesma. O Rei, meu marido, contou com a presença de um corpo numeroso de [[Lorde|lordes]] e senhores, todos pessoas galantes, como eu já havia visto em todas as cortes; e o único lamento era que fossem Huguenotes. [...] Às vezes, caminhamos pelo parque nas margens do rio, cercados por uma avenida de árvores de três mil metros de comprimento. O resto do dia era passado com diversões inocentes; e à tarde, ou à noite, geralmente era feito um baile.<ref>''Our residence, for the most part of the time I have mentioned, was Nérac, where our Court was so brilliant that we had no cause to regret our absence from the Court of France. We had with us the Princesse de Navarre, my husband's sister; there were besides a number of ladies belonging to myself. The King my husband was attended by a numerous body of lords and gentlemen, all as gallant persons as I have seen in any Court; and we had only to lament that they were Huguenots. [...] Sometimes we took a walk in the park on the banks of the river, bordered by an avenue of trees three thousand yards in length. The rest of the day was passed in innocent amusements; and in the afternoon, or at night, we commonly had a ball.''</ref><ref>''Memoirs'', pp. 210-211.</ref></blockquote>
[[Ficheiro:Nérac château 2.JPG|miniaturadaimagem|250x250px|[[Castelo de Nérac]]]]
A rainha Margarida trabalhou para criar uma corte refinada.<ref>Viennot, p. 121.</ref> Ela realmente estava formando uma verdadeira academia literária. Além de [[Agrippa d'Aubigné]], companheiro militar de Navarra, e Pibrac, os poetas [[Saluste du Bartas|Guillaume de Salluste Du Bartas]] e [[Michel de Montaigne]] também frequentavam a corte. Margarida teve muitas trocas de experiências com o autor de [[Ensaios]].
 
A corte de Nérac tornou-se especialmente famosa pelas aventuras amorosas que ocorreram lá, a ponto de ter inspirado o ''[[Love's Labour's Lost]]'' de [[William Shakespeare|Shakespeare]].<ref>Craveri, p. 79.</ref> Margarida teve um caso com um dos mais ilustres companheiros de seu marido, o [[Henri de La Tour d'Auvergne, Duque de Bouillon|Vicomte de Turenne]]. [[Henrique IV de França|Henrique de Navarra]], por sua parte, tentou conquistar todas as criadas de honra que acompanhavam sua esposa. Em [[1579]], uma guerra religiosa, mais tarde chamada de "Guerra dos Amantes", estourou entre os huguenotes e o [[Henrique III de França|Rei Henrique III]].<ref>Embora inexato, esse nome para a guerra se refere a uma série de escândalos na corte de Navarra e o conceito de que Henrique de Navarra levantou armas em resposta as zombarias na corte francesa sobre sua vida amorosa.</ref>
 
O conflito foi provocado pela aplicação incorreta do último [[édito]] de pacificação e por um conflito entre Navarra e o tenente-general do rei na [[Guiana Francesa|Guiana]], uma província na qual Henrique era governador.<ref>''Memoirs'', p. 211.</ref> Durante o conflito, Margarida tomou o lado de seu marido.<ref>''Memoirs'', p. 214.</ref> Durou brevemente (1579-1580), graças, em parte, à Rainha de Navarra, que sugeriu chamar seu irmão Alençon para liderar as negociações. Eles foram rápidos e isso culminou no tratado de Fleix.<ref>''Memoirs'', p. 221.</ref>
[[Ficheiro:Morlon - Henry of Navarre and La Belle Fosseuse.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|253x253px|Henrique de Navarra e ''La Belle Fosseuse''.]]
É então que Margarida se apaixona pelo estribeiro de seu irmão, [[Jacques de Harlay, lorde de Champvallon]].<ref>Moisan, p. 23.</ref> As cartas que ela endereçava a ele ilustravam sua concepção de amor, impressa com o [[Neoplatonismo]]. Era uma questão de privilegiar a união das mentes com a dos corpos - o que não significava que Margarida não apreciasse o amor físico<ref>Moisan, p. 24.</ref> - para provocar a fusão das almas.
 
Após a partida de Alençon, a situação de Margarida deteriorou-se. Uma de suas damas de companhia, [[Françoise de Montmorency-Fosseux]], uma garota de 14 anos, conhecida como ''La Belle Fosseuse'', estava em um apaixonado caso com o Rei de Navarra e acabara engravidando. Margarida propôs banir sua rival da corte, mas Françoise gritou que se recusaria a cooperar. Ela nunca deixou de incitar Henrique contra sua esposa, na esperança de talvez se casar com ele. "Desde aquele momento até a hora da entrega [da amante], que foi alguns meses depois, [meu marido] nunca falou comigo. [...] Dormimos em camas separadas no mesmo aposento, e fizemos isso por algum tempo", relembrou Margarida.<ref>''"From that moment until the hour of [his mistress's] delivery, which was a few months after, [my husband] never spoke to me. [...] We slept in separate beds in the same chamber, and had done so for some time"''</ref><ref>''Memoirs'', pp. 224-228.</ref>
 
Françoise finalmente deu à luz uma filha, mas a criança nasceu morta. "Isso agradou Deus de uma forma que ela deu a luz a uma filha morta", escreveu a rainha em suas ''Memórias''.<ref>''"It pleased God that she should bring forth a daughter since dead"'' </ref><ref>''Memoirs'', p. 229.</ref>
 
== Na cultura popular ==
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** New York, Charles Scribners, 1892, traduzido por Violet Fane. Veja no Google Books [https://books.google.com/books?id=gluBsPuBwBIC&pg=PP15#v=onepage&q&f=false <nowiki>[1]</nowiki>].
** Boston, L. C. Page, 1899 . Veja no Project Gutenberg [http://www.gutenberg.net/etext/3841 <nowiki>[2]</nowiki>] ou no Google Books [https://books.google.com/books?id=MEAcI-cTXfAC&pg=PR3#v=onepage&q&f=false <nowiki>[3]</nowiki>].
{{Casa de Bourbon - França - Descendência}}{{começa caixa}}
{{caixa de sucessão/dois dois um |antes1 = [[Margarida de Angoulême]]|título1 = [[Rainha de Navarra]]<br />[[Ficheiro:CoA of Marguerite of France.png|90px]] |anos1 = [[18 de agosto]] de [[1572]] — [[17 de dezembro]] de [[1599]] |antes2 = [[Luísa de Lorena-Vaudémont]] |título2 = [[Rainha da França]]<br />[[Ficheiro:CoA of Marguerite of France.png|90px]] |anos2 = [[2 de agosto]] de [[1589]] — [[17 de dezembro]] de [[1599]] |depois = [[Maria de Médici]]}}
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