Autolesão: diferenças entre revisões
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Foram revertidas as edições de 170.233.255.241 para a última revisão de Stanglavine, de 18h32min de 7 de novembro de 2017 (UTC) |
Etiqueta: Inserção de predefinição obsoleta |
||
Linha 1:
| Nome = Autolesão
▲{{Info/Patologia
| Imagem = SelfHarm2017.jpg
| Legenda = Cicatrizes no antebraço causadas por lesões autoinfligidas
| Especialidade = [[Psiquiatria]]
| Sinónimos = Lesão autoprovocada intencionalmente ([[CID-10]]), lesão auto-infligida, automutilação
| DiseasesDB = 30605
| DiseasesDB_mult = {{DiseasesDB2|29126}}
| ICD10 = {{ICD10|X|60}}—{{ICD10|X|84 || x|60}}
| ICD9 =
| ICDO =
| OMIM =
| MedlinePlus =
| eMedicineSubj =
| eMedicineTopic =
| MeshID = D016728
}}
'''Autolesão''' ou '''lesão autoprovocada intencionalmente''' é qualquer lesão intencional e direta dos [[tecido]]s do corpo provocada pela própria pessoa, mas sem que haja intenção de cometer [[suicídio]].<ref name=Gindhu05>{{citation |author=Laye-Gindhu, A. |title=Nonsuicidal Self-Harm Among Community Adolescents: Understanding the "Whats" and "Whys" of Self-Harm |journal=Journal of Youth and Adolescence |volume=34 |year=2005 |pages=447–457 |doi=10.1007/s10964-005-7262-z |last2=Schonert-Reichl |first2=Kimberly A. |issue=5}}</ref><ref name="Klonsky07">{{citation |author=Klonsky, D. |year=2007 |title=The functions of deliberate self-injury: A review of the evidence |journal=Clinical Psychological Review |volume=27 |pages=226–239 |doi=10.1016/j.cpr.2006.08.002 |pmid=17014942 |issue=2}}</ref><ref name=Muehlenkamp05>{{citation |author=Muehlenkamp, J. J. |journal=[[American Journal of Orthopsychiatry]] |title=Self-Injurious Behavior as a Separate Clinical Syndrome |year=2005 |volume=75 |pages=324–333 |pmid=15839768 |doi= 10.1037/0002-9432.75.2.324 |issue=2}}</ref> A forma mais comum de autolesão é a utilização de um objeto afiado para cortar a pele. No entanto, o termo descreve uma ampla diversidade de comportamentos, incluindo [[queimadura]]s, arranhões, bater em ou com partes do corpo, [[Dermatotilexomania|agravar lesões existentes]], [[Tricotilomania|arrancar cabelos]] ou ingerir objetos ou substâncias [[tóxica]]s.<ref name="Klonsky07"/><ref name="Skegg05">{{citation |author= Skegg, K. |title=Self-harm |journal=Lancet |year=2005 |volume=366 | doi = 10.1016/s0140-6736(05)67600-3 |pages=1471–1483}}</ref><ref name="MHF">{{citation |title=Truth Hurts Report |url=http://www.mentalhealth.org.uk/publications/?EntryId5=38712 |isbn= 978-1-903645-81-9 |publisher=Mental Health Foundation |year=2006 |accessdate=2008-06-11}}</ref>
Os comportamentos relacionados com o [[abuso de substâncias]] ou [[Transtorno alimentar|distúrbios alimentares]] geralmente não são considerados atutolesões, uma vez que eventuais lesões daí decorrentes são apenas efeitos secundários não intencionais.<ref name=Klonsky07_JCP>{{citation |author=Klonsky, E. D. |journal=Journal of Clinical Psychology |title=Non-Suicidal Self-Injury: An Introduction |year=2007 |volume=63 |pages=1039–43 |doi=10.1002/jclp.20411 |pmid=17932979 |issue=11}}</ref> No entanto, a linha divisória nem sempre é clara e alguns destes casos podem ser considerados autolesões quando haja intenção deliberada de causar lesões nos tecidos.<ref name=Klonsky07_JCP/> Embora o [[suicídio]] não tenha como objetivo causar lesões, a relação entre as duas condições é complexa, dado que muitas das formas de autolesão apresentam também um elevado risco de morte.<ref>{{citation |author=Farber, S. |title=Death and annihilation anxieties in anorexia nervosa, bulimia, and self-mutilation |journal=Psychoanalytic Psychology |volume=24 |issue=2 |pages=289–305 |year=2007 |doi=10.1037/0736-9735.24.2.289|display-authors=etal}}</ref> O risco de suicídio é maior em indivíduos que auto-infligem lesões<ref name="Skegg05"/><ref name="Haw01">{{citation |author=Haw, C. |title=Psychiatric and personality disorders in deliberate self-harm patients |journal=[[British Journal of Psychiatry]] |volume=178 |pages=48–54 |year=2001 |doi=10.1192/bjp.178.1.48 |pmid=11136210 |issue=1|display-authors=etal}}</ref> e em 40–60% dos casos de suicídio verificam-se também autolesões.<ref name=Hawton_BMJ_03>{{citation |author= Hawton K., Zahl D. and Weatherall, R. |journal=British Journal of Psychiatry |year=2003 |volume=182 |pages=537–542 |doi=10.1192/bjp.182.6.537 |pmid=12777346 |title=Suicide following deliberate self-harm: long-term follow-up of patients who presented to a general hospital}}</ref> No entanto, nem todas as pessoas que se autolesionam apresentam tendências suicidas.<ref name="fox_hawton">{{citation |author= Fox, C |author2=Hawton, K |title=Deliberate Self-Harm in Adolescence |place=London |publisher=Jessica Kingsley |isbn=978-1-84310-237-3 |year=2004}}</ref><ref name="Suyemoto98">{{citation |author=Suyemoto, K. L. |title=The functions of self-mutilation |journal=Clinical Psychology Review |volume=18 |issue=5 |pages=531–554 |year=1998 |doi=10.1016/S0272-7358(97)00105-0 |pmid=9740977}}</ref>
O desejo de provocar lesões em si próprio é um sintoma comum de [[perturbação de personalidade borderline]], podendo ainda ser observado em alguns casos de outras [[perturbações mentais]] como [[Depressão nervosa|depressão]], [[perturbações de ansiedade]], [[abuso de substâncias]], [[perturbações alimentares]], [[perturbação de stresse pós-traumático]], [[esquizofrenia]] e várias [[perturbações da personalidade]].<ref name="Klonsky07"/> No entanto, as autolesões também podem ocorrer em pessoas com elevado grau funcional sem qualquer outra perturbação mental subjacente.<ref name=Klonsky07_JCP/> Os motivos para inflingir autolesões variam.<ref name="welcometrust">{{citation |author=Swales, M. |url=http://www.wellcome.ac.uk/en/pain/microsite/culture4.html |title=Pain and deliberate self-harm |publisher=The Welcome Trust |accessdate=2008-05-26 |deadurl=yes |archiveurl=https://web.archive.org/web/20080916095230/http://www.wellcome.ac.uk/en/pain/microsite/culture4.html |archivedate=2008-09-16 |df= }}</ref> Algumas pessoas usam-nas como [[Mecanismos de enfrentamento|mecanismo de enfrentamento]] para obter alívio temporário de sentimentos intensos como ansiedade, pressão, stresse, alheamento emocional ou insucesso. Em muitos casos, as autolesões estão associadas a antecedentes de [[trauma psicológico]], como abusos [[Abuso psicológico|psicológicos]] ou [[Abuso sexual|sexuais]].<ref name="meltzer">{{citation |author=Meltzer, Howard |year=2000 |title=Non Fatal Suicidal Behaviour Among Adults aged 16 to 74 |place= Great Britain |publisher=The Stationery office |isbn=0-11-621548-8|display-authors=etal}}</ref><ref name="rea">{{citation |author=Rea, K., Aiken, F., and Borastero, C. |year=1997 |title=Building Therapeutic Staff: Client Relationships with Women who Self-Harm |journal=Women's Health Issues |volume=7 |issue=2 |pages=121–125 |doi=10.1016/S1049-3867(96)00112-0}}</ref> Existem vários métodos que podem ser usados para tratar os casos de autolesão. Estes métodos focam-se tanto no tratamento das causas subjacentes como no comportamento em si. Quando os casos de autolesão estão associados a perturbações depressivas, a [[psicoterapia]] e [[antidepressivo]]s podem ser eficazes.<ref name="Haw01"/> Outras abordagens envolvem técnicas evasivas, que se focam em manter a pessoa ocupada com outras atividades, ou em substituir o ato de se lesionar por outros métodos mais seguros que não causem lesões permanentes.<ref name="Klonsky08">{{Citation |author1=Klonsky, E. D. |author2=Glenn, C. R. |title=Resisting Urges to Self-Injure |journal=Behavioural and Cognitive Psychotherapy |volume=36 |pages=211–220 |year=2008 |doi=10.1017/S1352465808004128 |issue=02}}</ref>
<!-- Epidemiologia, sociedade e história -->
Em 2013 ocorreram cerca de 3,3 milhões de casos de autolesões.<ref>{{cite journal|last1=Global Burden of Disease Study 2013|first1=Collaborators|title=Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 301 acute and chronic diseases and injuries in 188 countries, 1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013.|journal=Lancet|date=22 August 2015|volume=386|issue=9995|pages=743–800|pmid=26063472|doi=10.1016/s0140-6736(15)60692-4|pmc=4561509}}</ref> A condição é mais comum entre os 12 e os 24 anos de idade.<ref name=Gindhu05/><ref name="MHF"/><ref name=Klonsky07_JCP/><ref name=Shmidtke96>{{Citation |author=Schmidtke A |year=1996 |title=Attempted suicide in Europe: rates, trends and sociodemographic characteristics of suicide attempters during the period 1989–1992 |journal=Acta Psychiatrica Scandinavica |volume=93 |issue=5 |pages=327–338 |doi=10.1111/j.1600-0447.1996.tb10656.x |pmid=8792901|display-authors=etal}}</ref><ref name=NICE04>{{citation |author=National Institute for Clinical Excellence |title=National Clinical Practice Guideline Number 16: Self-harm |url=http://www.nice.org.uk/nicemedia/pdf/CG16FullGuideline.pdf |publisher=The British Psychological Society |year=2004 |accessdate=2009-12-13}}</ref> A autolesão em crianças é relativamente rara, embora a sua incidência tenha vindo a aumentar desde a década de 1980.<ref name="ThomasHardy1997">{{Citation |author=Thomas B |author2=Hardy S |author3=Cutting P |title=Stuart and Sundeen's mental health nursing: principles and practice |year=1997 |publisher=Elsevier Health Sciences |isbn=978-0-7234-2590-8 |page=343 |accessdate=}}</ref> No entanto, a autolesão pode ocorrer em qualquer idade.<ref name="welcometrust"/><ref name=Pierce87>{{citation |author=Pierce, D. |title=Deliberate self-harm in the elderly |journal=International Journal of Geriatric Psychiatry |volume=2 |pages=105–110 |year=1987 |doi=10.1002/gps.930020208 |issue=2}}</ref> O risco de lesões graves e de suicídio é maior entre os idosos que se autolesionam.<ref name=NICE04/> O comportamento de autolesão não está limitado ao ser humano, sendo observado também em animais de cativeiro.<ref name=Jones07>{{citation |author1=Jones I. H. |author2=Barraclough B. M. |title=Auto-mutilation in animals and its relevance to self-injury in man |journal=Acta Psychiatrica Scandinavica |volume=58 |year=2007 |pages=40–47 |doi=10.1111/j.1600-0447.1978.tb06918.x |pmid=99981 |issue= 1}}</ref> Os termos "autolesão" ou "lesão autoprovocada intencionalmente" têm sido usados na literatura recente para descrever o fenómeno com uma terminologia neutra. Na literatura mais antiga, sobretudo na que antecede o [[DSM-5]], o termo usado era quase exclusivamente '''automutilação'''.
{{Referências|col=2}}
[[Categoria:Comportamento humano]]
|