Félix de Avelar Brotero: diferenças entre revisões

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== Vida e obra ==
Filho mais novo de José da Silva Pereira e Avelar, médico pela [[Universidade de Coimbra]], e de D, Maria René da Encarnação Frazão. Aos 19 anos recorreu à arte do canto para angariar meios de subsistência, devido à morte do seu avô e, após ter ficado órfão de pai aos 2 anos e a sua mãe ter perdido a razão, conseguiu um lugar de capelão cantor na patriarcal de Lisboa. Entretanto tinha estudado latim, grego e música e adquirido conhecimentos de [[Direito canónico|Direito Canónico]] suficientes para ir para [[Coimbra]] fazer exame três anos seguidos, não concluindo porém a formatura devido à reforma da Universidade de [[1772]], que proibia exames sem a respectiva frequência.
Avelar Brotero estudou medicina pela [[Universidade de Reims]]. Foi nomeado professor de [[Botânica]] e [[Agricultura]] na [[Universidade de Coimbra]] em 1791, e nessa qualidade passou a dirigir o [[Jardim Botânico de Coimbra|Jardim Botânico]].
 
Foi, em [[1778]], redactor das ''Gazetas de Lisboa'', ao reaparecerem depois da sua suspensão desde [[1762]]. As suas ideias filosóficas, e a amizade que o ligava a [[Filinto Elísio]] (1734-1819), tornaram-no suspeito ao [[Santo Ofício]], e viu-se obrigado a emigrar, juntamente com o seu amigo. A 5 de Julho de 1778 embarcaram ambos para [[Paris]]. Foi em Paris que, seguindo o uso dos estudiosos da época, adoptou o apelido de ''Brotero'' (amante dos mortais). Durante os 12 anos em que esteve em Paris, frequentou assiduamente as aulas e institutos de ciências naturais, ao mesmo tempo que procurava meios de subsistência por trabalhos originais e traduções que vendia aos livreiros. Assistiu ao Curso de História natural que [[Jacques-Christophe Valmont de Bomare|Valmont de Bomare]] abriu em Paris em [[1781]], e às lições de [[Botânica]] de [[Jacques Pierre Brissot|Jacques Brisson]] no Académie de Pharmacie. Concluídos os principais estudos de [[História natural|História Natural]] doutorou-se na Escola de Medicina de [[Reims]]. Deixou depois de exercer clínica e dedicou-se exclusivamente ao estudo da Botânica. Deixou Paris depois de haver presenciado os acontecimentos iniciais da [[Revolução Francesa|revolução francesa]] e chegou a Lisboa em [[1790]], na companhia de Filinto Elísio.
Em 1820 foi eleito deputado às Cortes Constituintes pela Estremadura. Depois de ter assistido aos trabalhos legislativos durante 4 meses, pediu dispensa que lhe foi concedida.
 
Pela reputação que ganhara foi nomeado lente de Botânica e Agricultura na Universidade de Coimbra, por Decreto de [[25 de fevereiro|25 de Fevereiro]] de [[1791]]. Já em [[1788]] havia publicado em Paris o ''Compêndio de Botânica''. As suas prelecções alcançaram grande êxito. Iniciou a primeira escola prática de Botânica, reorganizando o jardim, que fora principiado sob a direcção do antigo lente, [[Domenico Vandelli]] (1730-1816). Dedicou-se à investigação botânica e daí resultaram obras importantes como a ''Flora Lusitanica'' ([[1804]]) e a ''Phytographia Lusitaniae selectior'', cuja publicação, começada em [[1816]], terminou em [[1827]]. Nos seus trabalhos de colheita de exemplares passou por diversas situações de perigo: três quedas na [[Serra da Estrela]], um ataque de salteadores no [[Alentejo]], uma tentativa de assassínio por pastores que suspeitavam que Brotero inspeccionava os baldios para conseguir que lhe fossem doados. Por Decreto de [[27 de abril|27 de Abril]] de [[1811]] foi nomeado por [[João VI de Portugal|D. João VI]] director do Real Museu e [[Jardim Botânico da Ajuda]]; e jubilado por decreto de [[16 de agosto|16 de Agosto]] de [[1811]]. Em [[1820]] foi eleito deputado às [[Cortes Constituintes]] pela [[Estremadura]]. Depois de ter assistido aos trabalhos legislativos durante 4 meses, pediu dispensa que lhe foi concedida.
 
Entre outros livros escreveu ''Flora Lusitânica'' onde identificou cerca de 1800 espécies, muitas delas desconhecidas até então.
 
Embora o seu trabalho tenha sido reconhecido na Europa, em Portugal, apesar da qualidade também reconhecida das suas aulas e das suas obras, sofreu muito com invejas e obstáculos diversos. A investigação botânica sofreu muito com a sua morte, entrando em decadência. Os jardins botânicos de Coimbra e da Ajuda deixaram de ser devidamente cuidados, ficando num estado deplorável até meados do século XIX.
 
É possível verificar o prestígio que Brotero tinha na Europa pela correspondência que manteve com prestigiados especialistas da época e pelo facto de botânicos como [[Carl Ludwig Sprenger|Sprenger]], [[Antonio José Cavanilles|Cavanilles]], Boissier, Willkomm e De Candolle terem atribuído o nome de Brotero a plantas que identificaram. Foi membro de diversas sociedades: Horticultural Society de Londres; Linnean Society de Londres; Acadmia Real das Ciências de Lisboa; Société Philomatique; Société d'Histoira Naturalle de Paris; Physioographica Society de Lunden, Suécia; Sociedade de História Natural de Rostock; Academia Cesarea de Bona, e outras.
 
Acabou por falecer aos 83 anos de idade em casa, na Calçada do Galvão, em Belém (registo de óbito na paróquia da [[Ajuda (Lisboa)|Ajuda, Lisboa]]), com testamento. Foi sepultado no Convento de São José de Ribamar dos Religiosos Arrábidos, perto de [[Algés]]. Nunca casou, nem teve filhos.
 
[[Ficheiro:Avelar Brotero.jpg|thumb|right|282x282px]]