Margarida de Valois: diferenças entre revisões
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== Corte de Nérac ==
[[Ficheiro:Marguerite of Valois, Queen of Navarre) by Nicholas Hilliard.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|262x262px|Rainha Margarida de Navarra, por [[Nicholas Hilliard]] (1577).]]
Pouco depois, Margarida, que negou qualquer participação nesta fuga, finalmente obteve permissão para se juntar ao marido. Catarina também viu os anos passarem e que ainda não tinham um herdeiro. Ela esperava um novo casamento e convidou seu genro a agir como um bom marido. Talvez Henrique III e a Rainha
Para o retorno ao seu marido, Margarida foi acompanhada por sua mãe e seu chanceler, o renomado humanista, magistrado e poeta, [[Guy Du Faur de Pibrac]].<ref>Williams, p. 247.</ref> Esta jornada foi uma oportunidade para entrar nas cidades cruzadas, uma maneira de estreitar os laços com a família reinante. No final da jornada, finalmente encontraram o [[Henrique IV de França|Rei de Navarra]]. Catarina e seu genro concordaram com as modalidades de execução do último edito de pacificação - o objeto da conferência de Nérac em [[1579]]. Então, a Rainha
Após sua partida, os cônjuges ficaram brevemente em Pau, onde Margarida sofreu com a proibição do culto católico.<ref>Williams, pp. 259-60.</ref> Eles então se estabeleceram em [[Nérac]], capital do Albret, que fazia parte do reino da França e onde as normas religiosas e a intolerância em vigor em [[Bearne]] não se aplicavam:<blockquote>A nossa residência, durante a maior parte do tempo que mencionei, foi Nérac, onde nossa Corte foi tão brilhante que não tivemos motivos para se arrepender da nossa ausência da Corte da França. Tivemos conosco a [[Catarina de Bourbon|Princesa de Navarra]], a irmã do meu marido; havia também uma série de [[Lady|ladies]] que pertenciam a mim mesma. O Rei, meu marido, contou com a presença de um corpo numeroso de [[Lorde|lordes]] e senhores, todos pessoas galantes, como eu já havia visto em todas as cortes; e o único lamento era que fossem Huguenotes. [...] Às vezes, caminhamos pelo parque nas margens do rio, cercados por uma avenida de árvores de três mil metros de comprimento. O resto do dia era passado com diversões inocentes; e à tarde, ou à noite, geralmente era feito um baile.<ref>''Our residence, for the most part of the time I have mentioned, was Nérac, where our Court was so brilliant that we had no cause to regret our absence from the Court of France. We had with us the Princesse de Navarre, my husband's sister; there were besides a number of ladies belonging to myself. The King my husband was attended by a numerous body of lords and gentlemen, all as gallant persons as I have seen in any Court; and we had only to lament that they were Huguenots. [...] Sometimes we took a walk in the park on the banks of the river, bordered by an avenue of trees three thousand yards in length. The rest of the day was passed in innocent amusements; and in the afternoon, or at night, we commonly had a ball.''</ref><ref>''Memoirs'', pp. 210-211.</ref></blockquote>
[[Ficheiro:Nérac château 2.JPG|miniaturadaimagem|250x250px|[[Castelo de Nérac]]]]
A rainha Margarida trabalhou para criar uma corte refinada.<ref>Viennot, p. 121.</ref> Ela realmente estava formando uma verdadeira academia literária. Além de [[Agrippa d'Aubigné]], companheiro militar de Navarra, e Pibrac, os poetas [[Saluste du Bartas|Guillaume de Salluste Du Bartas]] e [[Michel de Montaigne]] também frequentavam a corte. Margarida teve muitas trocas de experiências com o autor de [[Ensaios|''Ensaios'']].
A corte de Nérac tornou-se especialmente famosa pelas aventuras amorosas que ocorreram lá, a ponto de ter inspirado o ''[[Love's Labour's Lost]]'' de [[William Shakespeare|Shakespeare]].<ref>Craveri, p. 79.</ref> Margarida teve um caso com um dos mais ilustres companheiros de seu marido, o [[Henri de La Tour d'Auvergne, Duque de Bouillon|Vicomte de Turenne]]. [[Henrique IV de França|Henrique de Navarra]], por sua parte, tentou conquistar todas as criadas de honra que acompanhavam sua esposa. Em [[1579]], uma guerra religiosa, mais tarde chamada de "Guerra dos Amantes", estourou entre os huguenotes e o [[Henrique III de França|Rei Henrique III]].<ref>Embora inexato, esse nome para a guerra se refere a uma série de escândalos na corte de Navarra e o conceito de que Henrique de Navarra levantou armas em resposta as zombarias na corte francesa sobre sua vida amorosa.</ref>
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Françoise finalmente deu à luz uma filha, mas a criança nasceu morta. "Isso agradou Deus de uma forma que ela deu a luz a uma filha morta", escreveu a rainha em suas ''Memórias''.<ref>''"It pleased God that she should bring forth a daughter since dead"'' </ref><ref>''Memoirs'', p. 229.</ref>
== Escândalo em Paris ==
[[Ficheiro:HenriIII-CatherinedeMédicis-LouisedeLoreine.JPG|miniaturadaimagem|255x255px|[[Henrique III de França|Henrique III]], [[Catarina de Médici]] e a [[Luísa de Lorena-Vaudémont|Rainha Luísa de Lorena]] (detalhe), [[Escola franco-flamenga|Escola Franco-Flamenga]], cerca de 1582.]]
Em 1582, Margarida voltou para [[Paris]]. Ela não conseguiu dar um herdeiro ao seu marido, uma coisa que teria fortalecido sua posição. No entanto, os verdadeiros motivos de sua partida eram obscuros. Sem dúvida, ela queria escapar de uma atmosfera que se tornou hostil, mas talvez também quisesse se aproximar de seu amante Champvallon, ou apoiar seu irmão mais novo, Alençon. Além disso, o [[Henrique III de França|Rei Henrique III]] e a [[Catarina de Médici|Rainha Mãe]] insistiram para que ela voltasse, esperando assim atrair o Rei de Navarra para a corte da França.<ref>Moisan, pp. 20–21.</ref>
A Rainha Margarida foi inicialmente bem recebida por seu irmão, o Rei. Ela manteve uma correspondência ativa com seu marido e tentou convencê-lo a encontrá-la em Paris. Mas [[Henrique IV de França|Henrique de Navarra]] não ficou convencido e o rompimento entre marido e mulher ocorreu quando Margarida perseguiu ''La Belle Foussese'' em seu serviço como dama de companhia da Rainha Mãe.<ref>Williams, pp. 283–285.</ref> Após afastar-se mais uma vez de seu marido, de novembro de 1582 a agosto de 1583, a Rainha de Navarra retomou seu relacionamento com Champvallon, que havia retornado para Paris.<ref>Moisan, p. 24.</ref>
Enquanto isso, a relação entre Margarida e seu irmão Henrique III tornou-se muito tensa. Enquanto o Rei alternava a vida dissoluta e as crises de misticismo, Margarida encorajou a zombaria contra sua moral e fez inimizade com dois dos seus principais [[Mignon (História)|mignons]], o [[Jean Louis de Nogaret de La Valette|Duque de Epernon]] e o [[Anne de Batarnay de Joyeuse|Duque de Joyeuse]], que a retaliaram ao divulgar relatórios muito prejudiciais sobre sua vida privada.<ref>Williams, pp. 289–290; Moisan, p. 25.</ref> Além disso, Margarida encorajou [[Francisco, Duque de Anjou|Alençon]] a continuar sua expedição para a [[Holanda]], que o Rei Henrique III desejava interromper, temendo uma guerra com a [[Espanha]].<ref>Craveri, pp. 80–81.</ref>
[[Ficheiro:Ball Henri III.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|245x245px|''Baile na Corte de Henrique III'' (detalhe), [[Escola franco-flamenga|Escola Franco-Flamenga]], cerca de 1582.]]
Quando, em junho de 1583, adoeceu, rumores diziam que estava grávida de Champvallon.<ref>Moisan, pp. 24–25.</ref> Henrique III logo ficou escandalizado por sua reputação e comportamento, e expulsou-a da corte, uma medida sem precedentes que fez escândalo em toda a Europa, já que a partida de Margarida foi acompanhada por várias humilhações. A corte da Rainha foi detida pelos guardas de Henrique III e alguns de seus servos foram presos e interrogados pelo próprio Rei, especialmente sobre o possível nascimento de um filho bastardo de Jacques de Harlay.<ref>Moisan, p. 27.</ref>
Alertado sobre os rumores, o [[Henrique IV de França|Rei de Navarra]] se recusou a receber sua esposa. Ele deu a [[Henrique III de França|Henrique III]] explicações embaraçosas, depois compensações.<ref>Craveri, p. 80</ref> A Rainha de Navarra permaneceu por oito meses dividida entre as cortes da França e de Navarra, esperando que as negociações fossem concluídas. Os chefes militares dos [[Huguenote|Huguenotes]] encontraram lá o [[Casus belli|''casus belli'']] que estavam esperando e Navarra aproveitou para apoderar-se de [[Mont-de-Marsan]], que Henrique III concordou em ceder a ele para encerrar o incidente.<ref>Williams, pp. 302–303.</ref>
Em 13 de abril de 1584, depois de longas negociações, Margarida foi autorizada a retornar à corte de seu marido em Navarra, mas recebeu uma recepção gelada.<ref>Craveri, p. 80.</ref> A situação piorou. Em junho de 1584, seu irmão [[Francisco, Duque de Anjou|Francisco]] morreu e ela perdeu seu aliado mais valioso.<ref>Chamberlin, ''Marguerite of Navarre'', p. 240.</ref> Com a morte de Alençon, Henrique de Navarra tornou-se herdeiro presuntivo ao trono francês e a pressão para produzir um herdeiro aumentou.<ref>Moisan, p. 29.</ref> Em 1585, sua nova amante, [[Diane d'Andouins]], apelidada de ''La Belle Corisande'', pressionou o Rei de Navarra a repelir Margarida, na esperança de se casar com ele.
== Na cultura popular ==
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