Alexandre de Serpa Pinto: diferenças entre revisões

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== Biografia ==
Nasceu na [[freguesia]] e paróquia de [[Tendais]], casa e quinta das Poldras, [[concelho]] de [[Cinfães]], no dia 20 de Abril de [[1846]], filho do [[Miguelista]] [[José da Rocha Miranda de Figueiredo]] (1798-1898), médico, e de sua mulher ''D.'' Carlota Cacilda de Serpa Pinto -, sendo neto homónimo, pelo lado materno, do famoso liberal, militar e político, [[Alexandre Alberto de Serpa Pinto]] (fal.falecido em 1839).
 
Ingressou no [[Colégio Militar (Portugal)|Colégio Militar]] com dez anos e aos dezassete tornou-se no seu primeiro Comandante de Batalhão aluno.
 
Serpa Pinto viajou pela primeira vez até à [[África oriental]] em [[1869]] numa expedição ao [[rio Zambeze]]. Integrava uma coluna de quase mercenários, cujo objectivo conhecido era o de enfrentar as milícias do Bonga, que já infligira nas tropas portuguesas várias e humilhantes derrotas. Mas Serpa Pinto integra a coluna como técnico, avaliando a rede hidrográfica e a topografia local, pelo que podemos inferir ou suspeitar dos intuitos não apenas bélicos, mas de interesse estratégico no reconhecimento e posterior controle da região.
 
Casou em [[1872]] com D. Angélica Gonçalves Corrreia de Belles, natural de [[Faro]], filha de Pedro Luís Correia de Belles e de D. Maria Joaquina Gonçalves. Tiveram uma filha, Carlota Laura de Serpa Pinto (casa de Porto Antigo, [[Oliveira do Douro (Cinfães)|Oliveira do Douro]], [[Cinfães]], 25 de Dezembro de 1872 - [[Encarnação (freguesia de Lisboa)|Encarnação]], [[Lisboa]], 11 de Dezembro de 1948), que casou em [[1890]] com Eduardo de Sousa Santos Moreira (1865-1935), tendo três filhos: Alexandre (1892); Jorge (1894) e José (1897).
 
Em [[1877]] Serpa Pinto é nomeado por Decreto de 11 de Maio do mesmo ano, para participar numa expedição científica à África Central da qual também faziam parte os oficiais da marinha [[Hermenegildo Capelo ]] e [[Roberto Ivens]]. Segundo o decreto foram nomeados «para comporem e dirigirem a expedição que há-de explorar, no interesse da ciência e da civilização', os territórios compreendidos entre as províncias de [[África Ocidental Portuguesa|Angola]] e [[África Oriental Portuguesa|Moçambique]], e estudar as relações entre as bacias hidrográficas do Zaire e do Zambeze… » {{sfn|Mendes|1982|p=18}} Este objectivo constituía uma vitória de [[José Júlio de Bettencourt Rodrigues|José Júlio Rodrigues]] sobre [[Luciano Cordeiro]] dado que este último tinha lutado por uma travessia de costa a costa, passando pela região dos grandes lagos da África Central.{{sfn|Mendes|1982|p=18}}. Feito o trajecto [[Benguela]]-[[Bié]], divergências entre Serpa Pinto e Brito Capelo levam a expedição a dividir-se, com Serpa Pinto, por sua iniciativa a tentar a travessia até Moçambique. Na verdade Luciano Cordeiro que nunca se tinha conformado com o facto da expedição não ser de costa a costa veio a encontrar em Serpa Pinto um irmão do mesmo sonho, já que Serpa Pinto sonhava desde longa data com uma empresa grandiosa em África.{{sfn|Mendes|1982|pp=18-23}}Desde o princípio da viagem Serpa Pinto tenta desviar os objectivos da expedição. Capelo e Ivens recusam-se ao que consideram ser “os desvarios de Serpa Pinto” e cognominando-o de falsário participam a separação.{{sfn|Mendes|1982|p=25}} Serpa Pinto acabou por falhar o seu objectivo, pois não o conseguiu como pretendia, atingir qualquer ponto da costa moçambicana, como foi sua declarada intenção. Chegou, no entanto, a [[Pretória]], e posteriormente a [[Durban]].{{sfn|Mendes|1982|p=25}}Brito Capelo e Roberto Ivens mantiveram-se fiéis ao projecto inicial concentrando as atenção na missão para que haviam sido nomeados, ou seja nas relações entre as bacias hidrográficas do Zaire e do Zambeze. Mais tarde, Capelo e Ivens explicaram que não tinham "o direito de divagar nos sertões, por onde quiséssemos, dirigindo o nosso itinerário para leste ou norte".
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A aventura de Serpa Pinto, travessia solitária e arriscada, moldaram a imagem de um homem intrépido que concedeu ao militar uma aura de heroicidade necessária às liturgias cívicas e às celebrações dos feitos passados, quando Portugal atravessava uma grave crise política e moral. Nesse sentido a sua figura foi explorada como o novo herói, das novas descobertas que já não passavam por sulcar os mares, mas rasgar as selvas e savanas de África como forma de manutenção do prestígio internacional na arena diplomática europeia.
 
Faleceu com 54 anos de idade, em casa, na Rua da Glória, número 21, primeiro andar, freguesia de [[São José (Lisboa)|São José]], de [[Lisboa]], vítima de várias complicações, tanto cardíacas, como pulmonares e neurológicas. Deixou a viúva, D. Angélica de Serpa Pinto, que ficou doente, e a filha Carlota, já casada e com filhos. Teve o seu funeral honras de estado e foi acompanhados pelas figuras mais ilustres do país, sendo sepultado no jazigo da família, no [[Cemitério dos Prazeres]].<ref>{{citar web|url=http://purl.pt/14328/1/j-1244-g_1900-12-29/j-1244-g_1900-12-29_item2/j-1244-g_1900-12-29_PDF/j-1244-g_1900-12-29_PDF_24-C-R0150/j-1244-g_1900-12-29_0000_1-4_t24-C-R0150.pdf|titulo=Diário Illustrado - 29 de Dezembro de 1900|data=29 de Dezembro de 1900|acessodata=30 de Janeiro de 2018|publicado=Biblioteca Nacional Digital|ultimo=|primeiro=}}</ref>
Conotado com a ala direita dos partidos monárquicos portugueses, por um dos quais foi três vezes deputado (partido Regenerador), o seu nome feneceu depois de 1910, por um lado pela necessidade de exaltação das novas figuras heróicas republicanas e pela cristalização do espaço colonial europeu pós-guerra (1914-1918). A sua figura é ressuscitada pela filha, Carlota de Serpa Pinto, que o glorifica como ídolo heróico do Estado Novo, aventureiro e administrador colonial, em detrimento do político e cientista (embora este estatuto que, por vezes, lhe foi imposto, seja o mais discutido de todos).
 
Conotado com a ala direita dos partidos monárquicos portugueses, por um dos quais foi três vezes deputado (partido Regenerador), o seu nome feneceu depois de 1910, por um lado pela necessidade de exaltação das novas figuras heróicas republicanas e pela cristalização do espaço colonial europeu pós-guerra (1914-1918). A sua figura é ressuscitada pela filha, Carlota de Serpa Pinto, figura de relevo no meio cultural lisboeta, que o glorifica como ídolo heróico do Estado Novo, aventureiro e administrador colonial, em detrimento do político e cientista (embora este estatuto que, por vezes, lhe foi imposto, seja o mais discutido de todos). Autora de uma biografia de seu pai, "A Vida Breve e Ardente de Serpa Pinto", Lisboa, Agência Geral das Colónias, 1937.
 
Foi nomeado [[Cônsul (diplomacia)|cônsul-geral]] para o [[Zanzibar]] em [[1885]] e [[governador-geral]] de [[História de Cabo Verde|Cabo Verde]] em [[1894]].