Califado de Córdova: diferenças entre revisões
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Etiquetas: Edição via dispositivo móvel Edição via aplic. móvel |
|||
Linha 16:
|ano_fim = 1031
|evento_início = Abderramão proclama-se Califa
|evento_fim = [[Fitna do
|imagem_bandeira = Umayyad Flag.svg
|bandeira = Bandeira
|mapa= Califato de Córdoba - 1000-pt.svg
|legenda_mapa = O Califado de Córdova em [[1000]].
Linha 38 ⟶ 34:
|bandeira_s1=Reinos de Taifas 1080.png
}}
O '''Califado de Córdova''' (
O Califado de Córdova foi a época de máximo esplendor político, cultural e comercial de [[
== Proclamação do Califado ==
A partir de [[912]], o novo emir Abderramão III empreendeu a tarefa de reduzir os múltiplos focos rebeldes que surgiram no Emirado desde meados do [[século IX]]. Em 913 iniciou a [[campanha de Monteleón]], que conseguiu recuperar numerosos castelos e sufocar a rebelião na Andaluzia Oriental. Durante os anos seguintes recuperou [[Sevilha]] e efetuou as primeiras [[razia]]s contra os reinos cristãos do norte. Derrotou um exército de [[Reino de Leão|Leão]] e [[Reino de Navarra|Navarra]] na [[batalha de Valdejunquera]] ([[920]]); saqueou [[Pamplona]] em [[924]] e submeteu os [[Banu Qasi]] esse mesmo ano. Finalmente, em [[928]] ocupou a fortificação de [[Bobastro]] através de uma série de campanhas iniciadas em [[917]], terminando assim com a rebelião iniciada por [[Omar ibn Hafsun]], o derradeiro foco de rebeldia no
Abderramão III justificou a sua autoproclamação como [[califa]], ou seja, como chefe político e religioso dos muçulmanos e sucessor de [[Maomé]], baseando-se em quatro feitos: ser membro da tribo de [[Quraysh]] a que também pertencia [[Maomé]], ter liquidado as revoltas internas, freado as ambições dos núcleos cristãos do norte peninsular, e criado o [[Califado Fatímida]] na [[África do Norte]], oposto aos califas [[Abássidas]] de [[Bagdade]]. A proclamação tinha um duplo propósito: por um lado, no interior, os [[Omíadas]] iriam reforçar a sua posição; por outro, no exterior, visando consolidar as rotas marítimas para o comércio no [[Mediterrâneo]], garantia as relações econômicas com o [[Império Bizantino]] e assegurava o fornecimento de ouro.
Linha 52 ⟶ 46:
== Apogeu do Califado ==
[[
[[
Os reinados de [[Abderramão III|Abd-al-Rahman III]] ([[929]]-[[961]]) e o seu filho [[al-Hakam II]] ([[961]]-[[976]]) constituem o período de apogeu do califado omíada, em que se consolida o aparato estatal cordovês.▼
▲Os reinados de
Para alicerçar o aparato estatal, os soberanos recorreram a oficiais fiéis à dinastia Omíada, configurando uma aristocracia palaciana de ''[[fata'ls]]'' (escravos e libertos de origem europeia), cujo poder civil e militar foi progressivamente aumentando, suplantando assim a aristocracia de origem árabe. No exército incrementou especialmente a presença de contingentes berberes, devido à intensa política do Califado no Magrebe. Abd-al-Rahman III submeteu os senhores feudais, os quais pagavam tributos ou serviam no exército, contribuindo para o controlo fiscal do Califado.▼
▲Para alicerçar o aparato estatal, os soberanos recorreram a oficiais fiéis à dinastia Omíada, configurando uma aristocracia palaciana de ''[[fata'ls]]'' (escravos e libertos de origem europeia), cujo poder civil e militar foi progressivamente aumentando, suplantando assim a aristocracia de origem árabe. No exército incrementou especialmente a presença de contingentes berberes, devido à intensa política do Califado no Magrebe.
As campanhas militares consolidaram o prestígio dos omíadas fora de Al-Andalus e visavam garantir a segurança das rotas comerciais. A política exterior concentrou-se em três direções: os reinos cristãos do norte peninsular, o norte da África, e o Mediterrâneo.▼
▲As campanhas militares consolidaram o prestígio dos omíadas fora de
=== Relações com os reinos cristãos ===
Linha 66 ⟶ 61:
=== Relações com o Magrebe ===
A política cordovesa no [[Magrebe]] foi igualmente intensa, particularmente durante o reinado de
Eventos importantes foram a ocupação de [[Melilha]], [[Tânger]] e [[Ceuta]], ponto donde se podia impedir o desembarque fatímida na Península. Após a tomada de Melilha em 927, em meados do {{séc|X}}, os omíadas controlaram o triângulo formado por [[Argel]], Sijilmassa e o [[oceano Atlântico]], enquanto promoviam revoltas que chegaram a pôr em perigo a estabilidade do Califado Fatímida.
Contudo, a situação mudou após a ascensão de [[Almuiz Aldim Alá]] ao [[Califado Fatímida]]. [[Almeria]] foi saqueada e os territórios africanos sob autoridade omíada passaram a ser controlados pelos fatímidas, retendo os cordoveses apenas Tânger e Ceuta. A entrega do governo de [[Ifríquia]] a
Em 972 estourou uma nova guerra no norte da África, provocada nesta ocasião por
=== Política no Mediterrâneo ===
Um terceiro objetivo da atividade bélica e diplomática do califado esteve orientada para o Mediterrâneo.
O Califado manteve relações com o [[Império Bizantino]] de [[Constantino VII]], mantendo emissários cordoveses em [[Constantinopla]]. O poder do califado estendia-se também para norte, e ao redor do ano [[950]] o [[Sacro Império Romano-Germânico]] intercambiava embaixadores com Córdova, do qual fica registro dos protestos contra a pirataria muçulmana praticada desde [[Fraxineto]] e
=== Política interior ===
O apogeu do califado cordovês manifestava-se na sua capacidade de centralização fiscal, que geria as contribuições e rendas do país: impostos territoriais, [[dízimo]]s, arrendamentos, [[pedágio]]s, impostos de capitação, taxas alfandegárias sobre mercadorias, bem como os direitos percebidos nos mercados sobre [[joia]]s, aparelhos de [[navio]]s, peças de [[ourivesaria]], etc. Mesmo os cortesãos estavam sujeitos a contribuição.
A opulência do califado durante estes anos fica refletida na palavras do geógrafo [[
{{quote1|… A abundância e a despreocupação dominam todos os aspectos da vida; o gozo dos bens e os meios para adquirir a opulência são comuns aos grandes e aos pequenos, pois estes benefícios chegam até mesmo aos operários e artesãos, graças às imposições leves, à condição excelente do país e à riqueza do soberano; além disso, este príncipe não faz sentir o gravoso das prestações e dos tributos … }}
Para realçar a sua dignidade e seguindo o exemplo de outros califas anteriores,
== A fitna ==
{{AP|
A
Ao longo deste conflito, os diversos contendores recorreram à ajuda dos reinos cristãos. Córdova e os seus arrabaldes foram saqueados repetidas vezes, e os seus monumentos, entre eles o [[Alcázar de los Reyes Cristianos|Alcácer]] e a [[Medina Azahara]], destruídos. A capital chegou a mudar-se temporariamente para [[Málaga]]. Em pouco mais de vinte anos sucederam-se 10 califas diferentes (entre eles
No meio desta desordem foram-se tornando paulatinamente independentes as [[taifa]]s de [[Taifa de Almeria|Almeria]], [[Taifa de Múrcia|Múrcia]], [[Taifa de Alpuente|Alpuente]], [[Taifa de Arcos|Arcos]], [[Taifa de Badajoz|Badajoz]], [[Taifa de Carmona|Carmona]], [[Taifa de Denia|Denia]], [[Taifa de Granada|Granada]], [[Taifa de Huelva|Huelva]], [[Taifa de Morón|Morón]], [[Taifa de Silves|Silves]], [[Taifa de Toledo|Toledo]], [[Taifa de Tortosa|Tortosa]], [[Taifa de Valência|Valência]] e [[Taifa de Saragoça|Saragoça]]. O último califa, [[
A queda do califado implicou para Córdova a perda definitiva da [[hegemonia]] de
== Economia e população ==
A economia do Califado baseou-se numa considerável capacidade econômica -fundada num comércio muito importante-, uma indústria artesã muito desenvolvida, e técnicas agrícolas mais desenvolvidas que em qualquer outra parte da [[Europa]]. Baseava a sua economia na moeda, cuja cunhagem teve um papel fundamental no seu esplendor financeiro. A moeda de ouro cordovesa tornou-se das mais importantes à época, sendo provavelmente imitada pelo [[Império Carolíngio]].
À cabeça da rede de urbes estava a capital, [[Córdova (Espanha)|Córdova]], a cidade mais importante do Califado, que superava os
Outras cidades importantes foram [[Toledo]] (
== Cultura ==
[[
Abderramão III não somente fez de Córdova o centro nevrálgico de um novo império muçulmano no Ocidente, mas converteu-a na principal cidade da [[Europa Ocidental]], rivalizando ao longo de um século com [[Bagdade]] e [[Constantinopla]] (capitais do [[Califado Abássida]] e do [[Império Bizantino]], respectivamente) em poder, prestígio, esplendor e cultura. Segundo fontes árabes, sob o seu governo, a cidade alcançou o milhão de habitantes,<ref>Mais provavelmente 100 000.</ref> que dispunham de mil seiscentas mesquitas, trezentas mil moradias, oitenta mil lojas e inúmeros banhos públicos.
Este califa omíada foi também um grande impulsionador da cultura: dotou Córdova com cerca de setenta [[biblioteca]]s, fundou uma [[universidade]], uma escola de medicina e outra de [[tradutor]]es do [[língua grega|grego]] e do [[língua hebraica|hebraico]] para o [[língua árabe|árabe]]. Fez ampliar a [[Mesquita de Córdova]], reconstruindo as ameias, e mandou construir a extraordinária cidade palaciana de [[Medina Azahara
O aspecto do desenvolvimento cultural não é menos relevante com a chegada ao poder do califa
== Califas ==
Linha 119 ⟶ 112:
== Ver também ==
*[[Guerra civil no
{{Referências}}
|