Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa: diferenças entre revisões

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Nascida com um atraso de quase três séculos relativamente às academias [[Século XVI|quinhentistas]] fundadas em Itália e de dois séculos no que toca à Académie Royale de Peinture et Sculpture de Paris (1648), a Academia de Belas Artes de Lisboa tinha por objetivo «promover a civilização geral dos portugueses, difundir por todas as classes o gosto do belo», e também «proporcionar meios de melhoramento aos ofícios e artes fabris», atendendo assim pela primeira vez e de acordo com modelos internacionais, à qualidade artística dos «artefactos» de uma indústria que despontava. As várias vertentes do ensino – que abarcava os domínios do desenho, da pintura, da escultura e da arquitetura civil –, seriam asseguradas pelos docentes disponíveis (muitos dos quais provenientes das obras do [[Palácio da Ajuda ]]), em geral com aptidões e conhecimentos modestos, visto à época não existirem figuras que se destacassem no panorama artístico português.<ref>[[José-Augusto França|França, José Augusto]] (1991). ''História da Arte em Portugal: o Pombalismo e o Romantismo''. Barcarena: Editorial Presença, 2004, pp. 61, 83-88. ISBN 972-23-3154-X</ref>
 
Alguns anos mais tarde a situação tinha evoluído, acentuando-se a relação entre a elite da arte portuguesa e a Academia. Segundo Margarida Calado, a partir de meados do século XIX e até à [[Implantação da República Portuguesa|implantação da República]], os artistas portugueses mais destacados "estudaram e/ou foram docentes na Academia e Escola de Belas Artes".<ref name="Calado">{{citar web|URL=http://repositorio.ul.pt/handle/10451/9153|título=Da Academia à Faculdade de Belas Artes|autor=[[Margarida Calado]]; Hugo Ferrão|data=2013|publicado=|acessodata=12-02-2018}}</ref>
 
Em 1862 a Academia passa a ser designada por Academia Real de Belas-Artes. Em 1881, uma reforma no ensino artístico ratifica algumas inovações curriculares entretanto introduzidas e é efetivada a separação entre a Escola de Belas-Artes de Lisboa, com fins didáticos, e a Academia Real de Belas-Artes propriamente dita, com fins culturais. As duas instituições permanecem, no entanto, estreitamente ligadas e o ensino mantém-se fiel a princípios académicos [[Século XIX|oitocentistas]]. Com a reforma de 1881 o ensino na Escola de Belas Artes passa a distribuir-se por vários cursos: o Curso Geral de Desenho, seis Cursos Especiais (Arquitetura Civil, Pintura Histórica, Pintura de Paisagem, Escultura Estatuária, Gravura a talho doce e Gravura em madeira), o curso Industrial ou de Belas Artes com aplicação às artes industriais (que pode considerar-se como um precursor dos cursos de [[Design]]) e ainda um curso noturno de Desenho para operários.<ref name="FBAUL" /><ref name="Torre do Tombo" /><ref>Lisboa, Maria Helena – ''As Academias e Escolas de Belas Artes e o Ensino Artístico (1836-1910)''. Lisboa; Edições Colibri - IHA/Estudos de Arte Contemporânea, FCSH – Universidade Nova de Lisboa, 2007, p. 66.</ref>
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==Impacto==
Desde a fundação da Academia de Belas-Artes, o ensino das artes em Portugal sofreu uma profunda evolução. Lenta no início, revelando as fragilidades culturais de um país da periferia [[Europa|europeia]] e por isso distante dos grandes polos internacionais impulsionadores da renovação dos modos de ensinar e fazer arte, essa evolução viria a acelerar-se a partir do último quartel do século XX, colocando o ensino na FBAUL em linha com o presente. Apesar do prolongado desfasamento de aspetos essenciais do ensino praticado em Belas-Artes relativamente às vias mais avançadas do ensino e da cultura europeia e mundial, as sucessivas instituições que estiveram na origem da FBAUL e a própria Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa ocuparam sempre um espaço de referência a nível nacional, tendo sido frequentadas por muitos dos artistas, arquitetos e designers mais relevantes do panorama cultural português, alguns dos quais com importante projeção internacional.<ref name="Calado" /><ref name="França" />
 
Sucessivas gerações integraram os corpos [[Professor|docente]] e [[Aluno|discente]] da Academia e da Escola de Belas-Artes e, mais recentemente, da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.<ref name="Calado" /> Dessa longa lista podem destacar-se, a título de exemplo, [[António da Silva Porto|Silva Porto]], [[José Luís Monteiro]], [[Columbano Bordalo Pinheiro]], [[José Malhoa]], [[Veloso Salgado]], [[Adriano de Sousa Lopes]], [[Amadeo de Souza-Cardoso]], [[Guilherme de Santa-Rita|Santa-Rita Pintor]], [[Eduardo Afonso Viana|Eduardo Viana]], [[Abel Manta]], [[Salvador Barata Feyo|Barata Feyo]], [[Leopoldo de Almeida]], [[Cassiano Branco]], [[Porfírio Pardal Monteiro]], [[Carlos João Chambers Ramos|Carlos Ramos]], [[Francisco Keil do Amaral]], [[Nuno Teotónio Pereira]], [[Manuel Tainha]], [[Sena da Silva]], [[Daciano Costa]], [[Júlio Pomar]], [[António Dacosta]], [[Jorge Vieira (artista plástico)|Jorge Vieira]], [[Helena Almeida]], [[Lourdes Castro]], [[Gonçalo Byrne]], [[Eduardo Batarda]], [[Julião Sarmento]], [[Ana Jotta]], [[Pedro Cabrita Reis]], [[Pedro Calapez]], [[José Pedro Croft]].
 
== {{Ligações externas}} ==