Anglo-saxões: diferenças entre revisões

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A história dos anglo-saxões é a história de uma identidade cultural. Ela desenvolveu-se a partir de grupos divergentes em associação com a adoção do cristianismo pelo povo e foi parte integrante do estabelecimento de vários reinos. Ameaçada por extensas invasões dinamarquesas e ocupação militar do leste da Inglaterra, essa identidade foi restabelecida; dominou até depois da Conquista Normanda <ref name=":0" />. A cultura anglo-saxônica visível pode ser vista na cultura material de edifícios, estilos de vestimenta, iluminuras e ofertas em túmulos. Por trás da natureza simbólica desses emblemas culturais, existem fortes elementos de laços tribais e senhoriais. A elite se descreveu como reis que desenvolveram burhs e identificaram seus papéis e povos em termos bíblicos. Acima de tudo, como Helena Hamerow observou, "grupos de parentesco locais e estendidos permaneceram... a unidade essencial da produção durante o período anglo-saxão" <ref>{{citar livro|título=Rural Settlements and Society in Anglo-Saxon England|ultimo=Hamerow|primeiro=Helena|editora=Oxford University Press|ano=2012|local=|páginas=|acessodata=}}</ref> Os efeitos persistem no século XXI, de acordo com um estudo publicado em março de 2015, a composição genética das populações britânicas hoje mostra divisões das unidades políticas tribais do período anglo-saxão inicial <ref>{{citar web|url=http://www.telegraph.co.uk/science/2016/03/14/britons-still-live-in-anglo-saxon-tribal-kingdoms-oxford-univers/|titulo=Britons still live in Anglo-Saxon tribal kingdoms, Oxford University finds|data=19 Março 2015|acessodata=|publicado=|ultimo=Knapton|primeiro=Sarah}}</ref>.
 
O uso do termo anglo-saxão pressupõe que as palavras anglos, saxões ou anglo-saxões tenham o mesmo significado em todas as fontes. Este termo começou a ser usado apenas no século VIII para distinguir os grupos germânicos na Grã-Bretanha dos que estão no continente (Antiga Saxônia no norte da Alemanha) <ref name=":0" />. Catherine Hills resumiu os pontos de vista de muitos estudiosos modernos em sua observação de que as atitudes anglo-saxãs e, portanto, a interpretação de sua cultura e história, "foram mais condicionadas à teologia política e religiosa contemporânea como em qualquer tipo de evidência" <ref name=":1">{{citar livro|título=Origins of the English|ultimo=Hills|primeiro=Catherine|editora=Duckworth Pub|ano=2003|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>.
 
== Etnônimo ==
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As primeiras referências históricas usando este termo são de fora da Grã-Bretanha, referindo-se a invasores piratas germânicos, "saxões" que atacaram as margens da Grã-Bretanha e da Gália no século III dC. Procopius afirma que a Grã-Bretanha foi colonizada por três povos: ''angiloi'', ''frisones'' e bretões <ref>{{citar livro|título=History of the Wars|ultimo=Procopius|primeiro=|editora=|ano=|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>. O termo "''angli saxones''" parece ter sido usado na escrita continental do século VIII; Paulo o Diácono usa para distinguir os saxões ingleses dos saxões continentais (Ealdseaxe, literalmente, "saxões antigos") <ref>{{citar periódico|ultimo=McKitterick|primeiro=Rosamond|data=1999|titulo=Paul the Deacon and the Franks|url=|jornal=Early Medieval Europe 8.3|acessodata=}}</ref>. O nome parece significar saxões "ingleses".
 
A igreja cristã parece ter usado a palavra ''Angli''; por exemplo, na história do papa Gregório I e sua observação, "''Non Angli sed angeli''" (não ingleses, mas anjos) <ref name=":1" />. Os termos ''ænglisc'' ('a língua inglesa') e ''Angelcynn'' ('o povo inglês') também foram utilizados pelo rei saxão ocidental [[Alfredo de Wessex|Ælfrēd]] para se referir ao povo; ao fazê-lo, ele seguia a prática estabelecida <ref>{{citar periódico|ultimo=Timofeeva|primeiro=Olga|data=2013|titulo=Of ledenum bocum to engliscum gereorde|url=|jornal=Communities of Practice in the History of English|acessodata=}}</ref>. O primeiro uso do termo anglo-saxão entre as fontes insulares está nos títulos para Æþelstan: ''Angelsaxonum Denorumque gloriosissimus rex'' (mais glorioso rei dos anglo-saxões e dos dinamarqueses) e ''rex Angulsexna'' ''et Norþhymbra imperator gubernator paganorum Brittanorumque propugnator'' (rei dos anglo-saxões e imperador dos nortúmbrios, governador dos pagãos e defensor dos bretões). Em outras ocasiões, ele usa o termo rex Anglorum (rei dos ingleses), que provavelmente significava anglo-saxões e dinamarqueses. Ælfrēd o Grande usou ''Anglosaxonum Rex'' <ref>{{citar web|url=https://www.johnfoxe.org/index.php?realm=text&edition=1583&pageid=168|titulo=The Acts and Monuments Online|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=Foxe|primeiro=John}}</ref>. O termo ''Engla cyningc'' (Rei dos ingleses) é usado por Æþelred. O rei Cnut em 1021 foi o primeiro a se referir à terra e não as pessoas com este termo: ''ealles Englalandes cyningc'' (Rei de toda a Inglaterra) <ref>{{citar livro|título=Ealles Englalandes Cyningc: Cnut's Territorial Kingship and Wulfstan's Paronomastic Play|ultimo=Gates|primeiro=Jay Paul|editora=|ano=|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>. Estes títulos expressam a sensação de que os anglo-saxões eram um povo cristão com um rei ungido pelo deus cristão <ref>{{citar livro|título=From Roman Britain to Norman England|ultimo=Sawyer|primeiro=Peter H.|editora=St. Martin's Press|ano=1978|local=New York|páginas=|acessodata=}}</ref>.
== ''Britannia'' ==
O [[Beda|Venerável Beda]] nos conta em sua ''[[História Eclesiástica do Povo Inglês|História Eclesiástica dos Povos Anglos]]'', que devido às dificuldades enfrentadas por [[Império Romano|Roma]], as [[legiões romanas]] em [[410|410 d.C.]] se retiram da ''[[Britânia (província romana)|Britannia]]''. Seus habitantes [[celtas]] ficaram à mercê de inimigos [[escotos]] e [[pictos]].
 
Os falantes indígenas de britônico comum se referiam aos anglo-saxões como saxões ou talvez ''Saeson'' (a palavra ''Saeson'' é a palavra galês moderna para "pessoa/povo inglês"); A palavra equivalente em gaélico escocês é ''Sasannach'' e na língua irlandesa, ''Sasanach'' <ref>{{citar livro|título=A View of the Irish Language: Language and History in Ireland from the Middle Ages to the Present|ultimo=Ellis|primeiro=Steven G.|editora=|ano=|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>. Catherine Hills sugere que não é um acidente "que os ingleses se chamam pelo nome santificado pela Igreja, como o de um povo escolhido por Deus, cujos inimigos usam o nome originalmente aplicado aos incursores piratários" <ref name=":1" />.
Uma vez que os celtas não dispunham de forças militares para defender-se, em [[449|449 d.C.]], recorrem às [[tribos germânicas]] como jutos, anglos, saxões e [[frísios]] para obter ajuda. Estes, entretanto, de forma oportunista, acabam tornando-se invasores, estabelecendo-se nas áreas mais férteis do sudeste da [[Grã-Bretanha]], construindo ainda mais vilas e assim aumentando a população local. Os celtas-bretões sobreviventes refugiam-se no oeste ([[Gales]]) e no sul ([[Cornualha]]).
 
== História Anglo-Saxã Inicial (410-660) ==
Prova da turbulência e do descaso dos invasores pela cultura local é o fato de que quase não ficaram traços da [[língua celta]] na [[língua inglesa]]. Com o tempo, as línguas dos anglos e dos saxões deram origem ao idioma inglês.
O período anglo-saxão inicial abrange a história da Grã-Bretanha medieval que começa a partir do fim do domínio romano. É um período amplamente conhecido na história europeia como o Era das Migrações ou ''Völkerwanderung'' <ref>{{Citar web|url=http://www.collinsdictionary.com/dictionary/english/v%C3%B6lkerwanderung|titulo=Völkerwanderung definition and meaning {{!}} Collins English Dictionary|acessodata=2018-02-18|obra=www.collinsdictionary.com|lingua=en}}</ref> ("migração dos povos", em alemão). Este era um período de migração gemânica intensificada na Europa entre cerca de 400 até 800 <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?ei=T-NjTrfyOY2d-wbQxazyCQ&ct=result&id=mq1mAAAAMAAJ&dq=migration+period+chronology&q='400-800'#search_anchor|título=The Pace of Change: Studies in Early-medieval Chronology|ultimo=Hines|primeiro=John|ultimo2=Nielsen|primeiro2=Karen Høilund|ultimo3=Siegmund|primeiro3=Frank|data=1999|editora=Oxbow Books|lingua=en|isbn=9781900188784}}</ref>. Os migrantes eram tribos germânicas como os godos, os vândalos, os anglos, os saxões, os lombardos, os suevos, os frísios e os francos; foram depois empurrados para o oeste pelos hunos, avares, eslavos, búlgaros e alanos <ref>{{citar livro|título=The Invasion of Europe by the Barbarians|ultimo=Bury|primeiro=J. B.|editora=Norton Library|ano=1967|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>. Os migrantes para a Grã-Bretanha também podem ter incluído os hunos e ''rugini'' <ref>{{Citar livro|url=http://public.eblib.com/choice/publicfullrecord.aspx?p=436293|título=Essays in Anglo-Saxon history|ultimo=Campbell|primeiro=James|data=1986|editora=Hambledon Press|local=London; Ronceverte, WV, U.S.A.|lingua=English|isbn=9780826425737}}</ref>.
 
Até o ano 400, o sul da Grã-Bretanha – que é a Grã-Bretanha abaixo da [[Muralha de Adriano]] – era uma parte do [[Império Romano do Ocidente|Império Romano Ocidental]], ocasionalmente perdido por rebelião ou invasão, mas até então eventualmente recuperada. Por volta de 410, a Grã-Bretanha passou do controle imperial direto para uma fase denominada "sub-romana" <ref>{{citar livro|título=Roman Britain|ultimo=Salway|primeiro=P.|editora=Oxford, Oxford University Pres|ano=1981|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>.
 
=== Migração (c.410–c.560) ===
[[Ficheiro:Anglo.Saxon.migration.5th.cen.jpg|miniaturadaimagem|As migrações de acordo com Beda, que escreveu cerca de 300 anos após o evento; Há evidências arqueológicas de que os colonos na Inglaterra vieram de muitas dessas localidades continentais.]]
A narrativa tradicional deste período é de declínio e queda, invasão e migração; no entanto, o arqueólogo Heinrich Härke declarou <ref>{{Citar web|url=https://www.reading.ac.uk/archaeology/about/staff/h-g-h-harke.aspx|titulo=Dr Heinrich Härke - University of Reading|acessodata=2018-02-18|obra=www.reading.ac.uk|ultimo=Reading|primeiro=The University of|lingua=en-gb}}</ref> em 2011:<blockquote>''Agora é aceito que os anglo-saxões não foram apenas transplantados invasores germânicos e colonos do continente, mas o resultado de interações e mudanças insulares'' <ref name=":2">{{citar periódico|ultimo=Härke|primeiro=Heinrich|data=2011|titulo=Anglo-Saxon Immigration and Ethnogenesis|url=|jornal=Medieval Archaeology 55.1|acessodata=}}</ref>''.''</blockquote>Escrevendo em cerca de 540 [[Gildas]] menciona que, em algum momento do século V, um conselho de líderes na Grã-Bretanha concordou que alguma terra no sudeste da Grã-Bretanha seria dada aos saxões com base em um tratado, um ''foedus'', pelo qual os saxões defenderiam o bretões contra ataques de pictos e escotos em troca de suprimentos. A evidência textual mais contemporânea é a ''Chronica Gallica'' de 452 que registra para o ano 441: "As províncias britânicas, que sofreram várias derrotas e infortúnios, são reduzidas ao domínio saxão" <ref>{{citar livro|título=The Gallic Chronicle Restored: a Chronology for the Anglo-Saxon Invasions and the End of Roman Britain|ultimo=Jones|primeiro=|ultimo2=Casey|editora=|ano=1988|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>. Esta é uma data anterior à de 451 para a "vinda dos saxões" usada por Beda em sua ''[[História Eclesiástica do Povo Inglês|Historia ecclesiastica gentis Anglorum]]'', escrita em torno de 731. Foi argumentado que Beda interpretou mal suas fontes (escassas) e que a as referências cronológicas na ''[[Historia Britonnum]]'' produzem uma data plausível em torno de 428 <ref>{{Citar web|url=http://www.earlybritishkingdoms.com/articles/advent_saxon02.html|titulo=EBK: Adventus Saxonum Part 2|acessodata=2018-02-18|obra=www.earlybritishkingdoms.com}}</ref>.
 
Gildas relata como a guerra estourou entre os saxões e a população local – Higham o chama de "Guerra dos Saxões Federados" – que terminou pouco depois do cerco em "Mons Badonicus". Os saxões voltam para "sua casa oriental". Gildas chama a paz de "um divórcio doloroso com os bárbaros". O preço da paz, argumenta Nick Higham <ref>{{citar periódico|ultimo=Higham|primeiro=Nick|data=|titulo=From sub-Roman Britain to Anglo-Saxon England: Debating the Insular Dark Ages|url=|jornal=History Compass|acessodata=2004}}</ref>, é um tratado melhor para os saxões, dando-lhes a capacidade de receber tributo dos povos nas terras baixas da Grã-Bretanha. As evidências arqueológicas concordam com esta escala de tempo. Em particular, o trabalho de Catherine Hills e Sam Lucy sobre a evidência de Spong Hill moveu a cronologia para a liquidação antes de 450, com um número significativo de itens agora em fases antes da data de Beda <ref>{{citar web|url=http://www.mcdonald.cam.ac.uk/publications/publication-images/table%20of%20contents/spong-hill-toc|titulo=Spong Hill IX: Chronology and Synthesis|data=2013|acessodata=|publicado=|ultimo=Hills|primeiro=C.|autor=|ultimo2=Lucy}}</ref>.
 
Esta visão dos anglo-saxões que exercem amplos poderes políticos e militares em uma data precoce permanece contestada. A visão mais desenvolvida de uma continuação na Grã-Bretanha sub-romana, com controle sobre seu próprio destino político e militar por mais de um século, é de Kenneth Dark <ref>{{citar livro|título=Civitas to Kingdom: British Political Continuity 300–80|ultimo=Dark|primeiro=Kenneth|editora=Leicester University Press|ano=1994|local=London|páginas=|acessodata=}}</ref>, que sugere que a elite sub-romana sobreviveu em cultura, política e poder militar até c. 570. No entanto, Nick Higham parece concordar com Beda, que identificou três fases de assentamento: uma fase de exploração, quando os mercenários vieram proteger a população residente; uma fase de migração, que era substancial, tal como implicava a afirmação de que ''Anglus'' foi abandonada; e uma fase de estabelecimento, na qual os anglo-saxões começaram a controlar áreas, implicava na afirmação de Beda sobre as origens das tribos <ref>{{citar periódico|ultimo=Brugmann|primeiro=B.|data=2011|titulo=Migration and endogenous change.|url=|jornal=The Oxford Handbook of Anglo-Saxon Archaeology|acessodata=}}</ref>.
 
Os estudiosos não chegaram a um consenso sobre o número de migrantes que entraram na Grã-Bretanha nesse período. Heinrich Härke sugere que o número é de cerca de 100.000 <ref name=":2" />, com base na evidência molecular. Mas, arqueólogos como Christine Hills <ref name=":1" /> e Richard Hodges <ref>{{citar livro|título=Anglo-Saxon Migration and the Molecular Evidence|ultimo=Hedges|primeiro=Robert|editora=Oxford University Press|ano=2011|local=Oxford|páginas=81-83|acessodata=}}</ref> sugerem que o número é mais próximo de 20.000. Em cerca de 500, os migrantes anglo-saxões estabeleceram-se no sul e leste da Grã-Bretanha <ref>{{citar periódico|ultimo=Brooks|primeiro=Nicholas|data=1989|titulo=The formation of the Mercian Kingdom|url=|jornal=The Origins of Anglo-Saxon Kingdoms|pagina=159-170|acessodata=}}</ref>.
 
O que aconteceu com os povos indígenas britânicos também está sujeito a perguntas. Heinrich Härke e Richard Coates <ref>{{citar livro|título=Invisible Britons: The view from linguistics. Paper circulated in connection with the conference Britons and Saxons|ultimo=Coates|primeiro=Richard|editora=University of Sussex Linguistics and English Language Department|ano=2004|local=|páginas=|acessodata=}}</ref> apontam que são invisíveis de forma arqueológica e linguística. Mas com base em um número de anglo-saxões bastante alto (200.000) e um baixo dos britônicos (800.000), as pessoas britônicas provavelmente teriam superado em número os anglo-saxões em pelo menos quatro para um. A interpretação de tais figuras é que, embora "culturalmente, os anglo-saxões tardios e ingleses emergissem como extraordinariamente não britânicos, ... sua composição genética e biológica tem, no entanto, a probabilidade de ter sido substancialmente, de fato predominantemente, britânica" <ref name=":3">{{citar periódico|ultimo=Ward-Perkins|primeiro=Bryan|data=2000|titulo=Why did the Anglo-Saxons not become more British?|url=|jornal=The English Historical Review|acessodata=}}</ref>. O desenvolvimento da cultura anglo-saxônica é descrito por dois processos. Um é semelhante às mudanças de cultura observadas na Rússia, África do Norte e partes do mundo islâmico, onde uma cultura poderosa se torna, em um período bastante curto, adotada por uma maioria já estabelecida <ref name=":3" />.
 
O segundo processo é explicado através de incentivos. Nick Higham resumiu desta maneira:<blockquote>''Como Bede implicou mais tarde, a linguagem era um indicador chave da etnia no início da Inglaterra. Em circunstâncias em que a liberdade em lei, a aceitação com os parentes, o acesso ao patronato e o uso e a posse de armas eram exclusivos para aqueles que podiam reivindicar descendência germânica, então falar inglês antigo sem inflexão latina ou britânica tinha um valor considerável.'' <ref name=":0" /></blockquote>Em meados do século VI, alguns povos britônicos nas terras baixas da Grã-Bretanha se deslocaram pelo mar para formar a [[Bretanha]], e algumas se mudaram para o oeste, mas a maioria abandonou sua língua e cultura passadas e adotou a nova cultura dos anglo-saxões. Ao adotar essa linguagem e cultura, as barreiras começaram a se dissolver entre os povos, que anteriormente viveram vidas paralelas <ref>{{Citar periódico|ultimo=Thomas|primeiro=Mark G.|ultimo2=Stumpf|primeiro2=Michael P. H.|ultimo3=Härke|primeiro3=Heinrich|data=2006-10-22|titulo=Evidence for an apartheid-like social structure in early Anglo-Saxon England|url=http://rspb.royalsocietypublishing.org/content/273/1601/2651|jornal=Proceedings of the Royal Society of London B: Biological Sciences|lingua=en|volume=273|numero=1601|paginas=2651–2657|doi=10.1098/rspb.2006.3627|issn=0962-8452|pmid=17002951}}</ref>. As evidências arqueológicas mostram uma continuidade considerável no sistema de paisagem e governança local <ref>{{citar livro|título=Early Medieval Settlements: The Archaeology of Rural Communities in North-West Europe, 400–900|ultimo=Hammerow|primeiro=H.|editora=Oxford University Press|ano=|local=Oxford|páginas=|acessodata=}}</ref>, que foi herdada da comunidade indígena. Há evidências de uma fusão de cultura neste período inicial <ref>{{citar livro|título=The Quoit Brooch Style and Anglo-Saxon Settlement: A Casting and Recasting of Cultural Identity Symbols|ultimo=Suzuki|primeiro=Seiichi|editora=Boydell & Brewer|ano=2000|local=|páginas=|acessodata=}}</ref>. Os nomes britônicos aparecem nas listas de elite anglo-saxônica. A linha real de [[Reino de Wessex|Wessex]] foi tradicionalmente fundada por um homem chamado [[Cerdico de Wessex|Cerdic]], um nome indubitavelmente celta originalmente derivado de Caratacus. Isso pode indicar que Cerdic era um britânico nativo, e que sua dinastia se tornou anglicizada ao longo do tempo <ref>{{citar livro|título=Celtic Culture: A Historical Encyclopedia|ultimo=Koch|primeiro=J. T.|editora=|ano=2006|local=|páginas=|acessodata=}}</ref><ref>{{citar livro|título=The English Settlements|ultimo=Myres|primeiro=J.|editora=Oxford University Press|ano=1989|local=Oxford|páginas=|acessodata=}}</ref>. Alguns descendentes alegados de Cerdic também possuíam nomes celtas, incluindo o ''[[Bretwalda]]'' [[Ceawlin de Wessex|Ceawlin]] <ref name=":3" />. O último homem nesta dinastia a ter um nome britônico era o rei [[Cædwalla de Wessex|Caedwalla]], que morreu tão tardiamente quanto 689 <ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books/about/Kings_and_Kingdoms_of_Early_Anglo_Saxon.html?id=XRTy8IrOAGsC&redir_esc=y|título=Kings and Kingdoms of Early Anglo-Saxon England|ultimo=Yorke|primeiro=Dr Barbara|data=2002-11-01|editora=Taylor & Francis|lingua=en|isbn=9780203447307}}</ref>.
 
== Dialetos ==