União Ibérica: diferenças entre revisões

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Filipe II de Espanha foi coroado como Filipe I de Portugal em 1581, sendo reconhecido como rei pelas [[Cortes de Tomar]], iniciando a [[Casa de Habsburgo]] portuguesa, a chamada [[dinastia Filipina]]. A resistência liderada por D. António recuou para os [[Açores]], onde até 1583 este foi reconhecido como rei e chegou a cunhar moeda. A rendição deu-se após encarniçadas lutas, com o [[Desembarque da Baía das Mós]].
 
Quando Filipe partiu em 1583 para Madrid, nomeou o seu sobrinho, o cardeal [[Alberto de Áustria]] como [[Vice-rei de Portugal]] sediado em Lisboa. Em Madrid, estabeleceu o [[Conselho de Portugal]] para o aconselhar sobre assuntos portugueses. O ''status'' de Portugal foi mantido pelos dois primeiros reis da União Ibérica, Filipe I e seu filho [[Filipe III de Espanha|Filipe II de Portugal e III de Espanha]]. Ambos os monarcas deram excelentes posições a nobres portugueses nas [[Corte (realeza)|cortes]] espanholas, e Portugal manteve uma lei própria, moeda e governo. Chegou a ser proposta a mudança da capital Real para Lisboa.
 
==Governação==
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Quando a conjuntura política exigiu reações urgentes surgiu um sistema de reuniões para questões específicas, como a ''Junta para a reforma do Conselho de Portugal'' (1606-1607, 1610), a ''Junta para a classificação das dívidas do tesouro'' (desde 1627) ou as ''Juntas para a organização das armadas de socorro ao Brasil'' (desde 1637)
 
=== A questão da transferência da capital ===
A junta de governadores que havia permanecido em Portugal após o retorno da corte a Madri em 1583 causava certa apreensão à nobreza portuguesa. A cada ciclo de mudanças, o risco de que indivíduos nascidos na Espanha ou filhos de fidalgos espanhóis ocupassem cargos nos quadros da junta aumentava. O desejo dos lusos de ser a sede da União passou a ser alimentado também por um movimento que promoveu a aparição de textos de caráter político, obras marcadas pelo tom apologético/exaltador do reino português em seu momento de de ligação à monarquia filipina, e especialmente voltadas para fazer de Lisboa sede da corte e capital do império ultramarino<ref>{{citar livro|título=O Rei Ausente: festa e cultura política nas visitas dos Filipes a Portugal (1581 e 1619)|ultimo=MEGIANI|primeiro=Ana Paula Torres|editora=Alameda|ano=2004|local=São Paulo|páginas=54-55|acessodata=16 de fevereiro de 2017}}</ref>, Lisboa esta descrita em diversas ocasiões como uma viúva que ansiosamente espera por seu marido (o rei) que estaria em viagem para longe. Embora aparentemente uma vontade meramente estratégica - considerando que Lisboa, cidade portuária, seria uma alternativa mais confortável para comandar um império que se expandia pela África, Ásia e América do que a Madri continental -, os interesses da corte lusa tinham facetas além desta. Ter Lisboa como a sede do império de Filipe levaria Portugal de volta ao centro das atenções do cenário europeu, já que o monarca era uma pessoa de grande importância em questões político-religiosas que se apresentavam no fim do século XVI; neste aspecto, estes discursos se assemelham à agenda [[Sebastianismo|Sebastianista]], por remeter a uma nova era de ouro portuguesa. Além disso, a vontade de retornar aos costumes cortesãos era bastante presente, sendo que após a regressa de Filipe II à Espanha, estas práticas cessaram em Lisboa. Por mais que tenham tido alguma relevância no período da União, com o nome de [[Luís Mendes de Vasconcelos]] sendo aquele de maior destaque, após a revolta em 1640 e a Guerra da Restauração, essas obras caíram em quase completo ostracismo por serem tidas como favoráveis à União.
 
== Impacto no Império Português==
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Focado em restabelecer relações com a [[Inglaterra]], dificultadas pela [[Guerra civil inglesa]] onde toma partido pela causa real, Portugal negociou o Tratado de Westminster (1654) com [[Oliver Cromwell]].<ref>{{citar web |url=http://www.fcsh.unl.pt/cham/eve/content.php?printconceito=506|título=Westminster, Tratado de (1654) |acessodata=27 de março de 2012 |autor=Pedro Nobre |coautores= |data= |ano= |mes= |formato= |obra= |publicado=www.fcsh.unl.pt/cham |páginas= |língua= |citação= }}</ref> D. João IV morreu em 1656. Perdido o apoio Francês após o [[Tratado dos Pirenéus]], a viúva [[Luísa de Gusmão]], regente de [[Afonso VI de Portugal]], renegociou o tratado e selou-o casando a filha [[Catarina de Bragança]] com [[Carlos II de Inglaterra]] em 1662. O dote consistiu em [[Tânger]], [[Bombaim]] e 1.000.000 [[libras esterlinas]], o maior dote jamais apresentado por uma rainha consorte. A paz com os holandeses viria em 1663, após um segundo [[Tratado de Haia (1661)]] em que cediam o Brasil mediante pagamento e a perda de [[Cochim]] (1662).
 
A paz com Espanha foi conseguida finalmente em 1668, na regência de [[Pedro de Bragança]] (mais tarde rei [[Pedro II de Portugal]]), uma vez falecido o renitente Filipe IV da Espanha e ganha a [[Batalha de Montes Claros]] (1665) graças ao empenho de [[Luís de Vasconcelos e Sousa, 3.º Conde de Castelo Melhor|Luís de Vasconcelos e Sousa, Conde de Castelo Melhor]]. Foi selada pelo [[Tratado de Lisboa (1668)]] entre [[Afonso VI de Portugal]] e [[Carlos II de Espanha]], pondo fim a quase 30 anos de Guerra da Restauração. Espanha reconheceu a independência de Portugal e devolvem-se prisioneiros e conquistas, exceptuandocom aexceção da cidade de [[Ceuta]], que ficou na posse de Espanha.
 
==Origens da dinastia de Bragança==