Ópera-séria: diferenças entre revisões

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A ópera-séria foi construída a partir das convenções austeras do ''dramma per musica'' ("drama através da música"), do chamado [[Barroco|alto barroco]], através do desenvolvimento e exploração da ária ''da capo'', e sua forma A-B-A. A primeira seção apresentava um tema, a segunda um tema complementar, e a terceira uma repetição do primeiro, com a ornamentação e a elaboração da música feitas pelo cantor. À medida que o gênero se desenvolveu, e as árias ficaram mais compridas, uma típica ópera-séria passou a não conter mais de trinta movimentos musicais.<ref name="Grove">''Grove'', seção 1: "Dramaturgia"</ref>
 
Uma típica ópera se iniciaria com uma abertura instrumental em três movimentos (rápido-lento-rápido), seguida por uma série de [[recitativo]]s que contêm diálogos, misturados com árias que expressas as emoções do personagem; este padrão é quebrado apenas pelo [[dueto]] ocasional, destinado ao par amoroso principal. O recitativo quase sempre era ''[[Recitativo#Recitativo secco|secco]]'' ("seco"), isto é, acompanhado apensa pelo [[baixo contínuo]] ([[cravo (instrumento musical)|cravo]] e [[violoncelo]]). Em momentos de paixões especialmente violentas, o recitativo ''secco'' era substituído pelo ''[[Recitativo#Recitativo accompagnato ou stromentato|stromentato]]'' ("instrumentado"), onde o cantor era acompanhado por toda a seção de [[cordas]]. Após uma ária ser cantada, com o acompanhamento de cordas e [[oboé]] (por vezes [[flauta]]s ou outros instrumentos de sopro), o personagem costumava abandonar o palco, encorajando à plateia que o aplaudisse. O mesmo padrão continuava por três atos, antes de se concluir com um [[coro]] otimista, para celebrar o clímax jubilante. Cada um dos cantores principais esperavam uma grande quantidade de árias, de predisposições variadas - tristes, irritadas, heróicas ou pensativas.
 
A dramaturgia da ópera-séria se desenvolveu em boa parte como uma resposta à crítica [[França|francesa]] daqueles que frequentemente era vistos como "libretos impuros e corrompedores". Como resposta, a Academia Arcadiana, sediada em [[Roma]], buscou retornar a ópera italiana ao que viam como "princípios neoclássicos", obedecendo as unidades dramáticas de [[Aristóteles]], e substituindo tramas "imorais", como a da ''[[L'Incoronazione di Poppea|Incoronazione di Poppea]]'', de [[Busenello]], por narrativas altamente moralistas, que buscavam instruir, além de entreter. No entanto, os finais quase sempre trágicos do drama clássico eram rejeitados, por motivos de decoro; os primeiros autores de libretos da ópera-séria, como [[Apostolo Zeno]], acreditavam que a virtude devia ser recompensada, e mostrada triunfando. O espetáculo e o [[balé]], tão comuns na ópera francesa, foram banidos.<ref name="Grove" />