Papa Inocêncio III: diferenças entre revisões
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m →IV Concílio de Latrão: corrigindo data |
|||
Linha 245:
Inocêncio também elaborou uma doutrina própria sobre o poder dos papas sobre o [[Sacro Império Romano-Germânico]], que ele expôs nas bulas ''Deliberatio Domini Papae Inocentii'' de 1200 e e ''Venerabilem'' de 1202.{{sfn|Mondin|2007|p=253}} Nos dois documentos, Inocêncio defende que o papa pode interferir no Sacro Império por duas razões: devido a sua “origem” e sua “finalidade” (''principaliter et finaliter''). Na origem (''principaliter''), o Sacro Império Romano foi transferido (''[[translatio imperii]]'') do então [[Império Bizantino]], em 800, para o [[Reino Franco]] pela Igreja. Na finalidade (''finaliter''), o imperador aceita a imposição de sua dignidade pelo papa por meio da coroação e unção, para defender a fé e a Igreja. Inocêncio assim reinterpretou o ato da coroação do imperador pelo papa, e da própria ideia da criação histórica do Sacro Império.{{sfn|Costa|2017|p=98}} Dessa forma, o papa diz no decreto ''Venerabilem'':
{{cquote|E assim reconhecemos, tal como é nosso dever, o privilégio e o poder dos [[Príncipe-eleitor|príncipes]] de eleger um rei, que é sabido e certo segundo a tradição antiga, que mais tarde será promovido à dignidade de imperador; ainda mais, que este direito e privilégio lhes foi conferido pela Santa Sé, que transferiu o Império Romano dos gregos para os alemães na pessoa de [[Carlos Magno]]. Mas, por outro lado, os Príncipes devem reconhecer, e atualmente eles reconhecem, que o direito e a autoridade para examinar a pessoa eleita como rei (e que deve ser elevado à dignidade
No {{séc|IX}}, a fundação e a “transferência do Império Romano” (''translatio imperii''), sob o reinado de [[Carlos Magno]], foi considerada como uma experiência tendo o próprio Deus como autor. Assim, nem o rei franco, nem o papa, nem o povo foram responsáveis pela transferência imperial, mas, sim, Deus, que se manifesta na própria história. Inocêncio reinterpretou esse ato como uma ordem jurídica do papa, que desejava criar um protetor mais eficaz para a Igreja. Assim, a ''translatio imperii'' se torna o exemplo mais importante do poder indireto do pontífice de intervir nos reinos, devido ao pecado e às necessidades da Igreja. Em última análise, possibilitava ao papa, politicamente, criar o próprio [[Império Romano]].{{sfn|Costa|2017|p=98}}
|