Saturno (planeta): diferenças entre revisões

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| categoria = Planeta principal
| ref_órbita = <ref>{{citar web|url=http://ssd.jpl.nasa.gov/horizons.cgi?find_body=1&body_group=mb&sstr=6|título=HORIZONS Web-Interface|obra=JPL Horizons On-Line Ephemeris System|acessodata=8 de março de 2014|data=13 de julho de 2006|primeiro=Donald K.|último=Yeomans }}</ref>
| eixo_sm = 1 433 449 370 [[Quilômetro|km]]<br/>9,582 017 2 [[Unidade astronômica|UA]]
| excentricidade = 0,055 723 219
| perélio = 1 353 572 956 [[Quilômetro|km]]<br/>9,048 076 35
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A baixa densidade do planeta indica que o hidrogênio é o seu principal constituinte. Em sua camada atmosférica é encontrado como gás, mas conforme a pressão aumenta em direção em seu interior, o gás [[Liquefação de gases|passa para o estado líquido]] quando a pressão atinge 1 quilobar, a uma profundidade de {{fmtn|1000}} km em relação às nuvens, onde a temperatura chega a 730&nbsp;°C. Ainda mais abaixo, a pressão faz com que o [[hidrogênio molecular]] líquido se torne ainda mais denso até a uma profundidade de {{fmtn|20000}} km, correspondente a um terço do raio do planeta. Na metade do raio, estima-se que a pressão seja grande o suficiente para que o as moléculas de hidrogênio líquido passem para um estado eletrônico degenerado de [[próton]]s e [[elétron]]s ionizados, tornando-se [[hidrogênio metálico]], a uma temperatura de mais de {{fmtn|5700}}°C.<ref>{{Harvnb|Gregersen|2010|pp=123,124}}</ref>
 
O campo gravitacional do planeta e seu baixo [[momento de inércia]] revelam que a maior parte de sua massa está concentrada próximo ao seu centro. De fato, estima-se que o núcleo rochoso,<ref name=":0" group="nota">Gelo, no contexto de astrofísica, refere-se à [[volatilidade|compostos voláteis]] (como água, metano e amônia). Por outro lado, um material rochoso é tido como uma mistura de [[silício]], [[magnésio]] e ferro, além de [[Oxigénio|oxigênio]] e outros elementos químicos.</ref>, com uma quantidade considerável de [[ferro]], contenha uma massa de dez a vinte vezes a massa da Terra, sendo, portanto, maior que o núcleo de Júpiter. A temperatura em seu núcleo atinge cerca de {{fmtn|9000}} [[Kelvin|K]].<ref>{{Harvnb|Kutner|2003|p=506}}</ref> Ao seu redor, circundam hidrogênio com uma quantidade considerável de hélio.<ref>{{Harvnb|Gregersen||p=124}}</ref><ref name="estrutura">{{Harvnb|Dougherty|2009|pp=75-79}}</ref> Nota-se também que, ao redor do núcleo há uma concentração proporcionalmente maior de [[elemento químico|elementos químicos]] pesados (com massa atômica maior que do hélio), especialmente sob a forma de gelos<ref name=":0" group="nota" /> como [[água]], [[metano]] e [[amônia]].<ref>{{Harvnb|Irwin|2009|pp=51-54}}</ref><ref name="pater">{{Harvnb|Pater|2010|pp=275,276}}</ref>
 
[[Ficheiro:Saturn diagram.svg|miniatura|centro|700px|Diagrama da estrutura interna de Saturno.]]
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Saturno, assim como Júpiter, possui diversas bandas de circulação atmosférica com diferentes características. No entanto, a presença de uma névoa acima das nuvens de amônia formada por partículas em [[aerossol]] que envolve todo o planeta, faz com que, quando observado no [[espectro visível]], estas faixas apareçam com coloração dourada e amarelada, pouco proeminentes.<ref name="meltzer" /> As faixas mais claras estão associadas a nuvens formadas por correntes de gases quentes ascendentes, enquanto que as faixas escuras adjacentes são formadas por gases descendentes, que fazem com que as nuvens se desfaçam conforme a temperatura aumenta. No entanto, tempestades convectivas são observadas em faixas escuras, indicando que não há uma relação direta entre a coloração da faixa e o movimento ascendente ou descendente dos gases.<ref>{{Harvnb|Faure|2007|pp=336,337}}</ref><ref>{{Harvnb|Bond|2012|p=244,245}}</ref>
 
Como nos demais planetas gigantes, a circulação atmosférica de Saturno ocorre em bandas de fortes ventos, especialmente na direção leste, que é o sentido de rotação do planeta. Em sua zona equatorial, os ventos chegam a {{fmtn|1800}} km/h. A partir do equador do planeta, as zonas de circulação possuem sempre um correspondente no hemisfério norte e outra no hemisfério sul. Esta simetria sugere que haja uma conexão com as características do interior do planeta. De fato boa parte da energia responsável por manter estes ventos vem de seu interior, dando origem a correntes de [[convecção]], que geram correntes de circulação global, que se tornam bandas paralelas devido ao [[Força inercial de Coriolis|efeito Coriolis]] criado pela rápida rotação.<ref>{{Harvnb|Gregersen|2010|p=120}}</ref><ref>{{Harvnb|Bond|2012|pp=245,246}}</ref> As bandas escuras estão normalmente associadas a ventos fortes na direção leste, mais estreitas e com uma fina faixa clara em seu centro. Estas bandas são intercaladas por bandas mais claras e largas, onde podem ocorrer correntes na direção oposta. A velocidade dos ventos nestas bandas varia sensivelmente em intervalos curtos de tempo, ao contrário de Júpiter. A velocidade dos ventos da banda equatorial, por exemplo, caíram de 450&nbsp;m/s para 250&nbsp;m/s entre as visitas das sondas Voyager e Cassini, respectivamente.<ref>{{Harvnb|Meltzer|2015|p=270}}</ref> Eventualmente, surgem instabilidades que geram formatos ondulatórias das correntes de ventos, possivelmente associadas às mudanças sazonais de iluminação do Sol e o efeito da sombra causada pelos anéis.<ref>{{Harvnb|Irwin|2009|pp=180-182}}</ref>[[Cassini-Huygens|Cassini]] revelou que as faixas espirais de nuvens penetram muito mais profundamente no planeta do que os cinturões de nuvens de Jupiter, que atingem cerca de 3.000 quilômetros abaixo do topo da atmosfera. As nuvens de Saturno atingem mais de 6.000 quilômetros abaixo da atmosfera planeta. <ref name="GROSSMAN2018">[https://www.sciencenews.org/article/5-things-about-saturn-cassini-mission 5 things we’ve learned about Saturn since Cassini died <small>The craft’s last data reveal new details about the gas planet’s clouds and rings</small>] por Lisa Grossman (2018)</ref>
 
[[Ficheiro:Saturn'sHexagonFalseColor.jpg|miniatura|esquerda|Imagem em falsa cor da tempestade em forma hexagonal no polo norte do planeta.|alt=No centro da imagem um vórtice de coloração vermelho escuro. Ao seu redor, nuvens bege-escuro pontuadas por pequenas manchas laranjas. Estas, por sua vez, são contornadas por nuvens bege-claro que formam um hexágono ao seu redor. Na parte externa, nuvens bege uniforme e no topo faixas azuladas que são a sombra dos anéis.]]
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[[Ficheiro:Lhborbits.png|miniatura|400px|Estágios de formação planetária antes, durante e após a ressonância 2:1 entre Júpiter e Saturno. Note o espalhamento dos objetos do [[Cinturão de Kuiper]].]]
Contudo, o Sistema Solar primordial teria sido caótico devido à grande quantidade de planetesimais que orbitavam entre os planetas recém-formados. O [[Modelo de Nice]] propõe que Saturno e os demais planetas gigantes teriam se formado mais próximo do Sol do que onde estão atualmente. Contudo, a interação gravitacional entre os planetas e os planetesimais acabava por alterar radicalmente suas órbitas enquanto os [[Migração planetária|planetas migravam]] para mais longe do Sol. Quando Júpiter e Saturno entraram em [[ressonância orbital|ressonância]] 2:1,<ref group="nota">A ressonância 2:1 entre Júpiter e Saturno significava que, equanto Júpiter completava duas voltas ao redor do Sol, Saturno completava uma.</ref>, as frequentes aproximações entre os dois planetas causaram puxões gravitacionais que acabaram por tornar a órbita dos planetas gigantes mais excêntrica, intensificando o processo de espalhamento dos corpos remanescentes da formação do Sistema Solar além da órbita de Netuno, no [[Cintura de Kuiper|Cinturão de Kuiper]], direcionando-os inclusive para os planetas mais próximos do Sol, causando o [[intenso bombardeio tardio]].<ref name="formação" /><ref>{{Harvnb|Armitage|2010|pp=252,253}}</ref>
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[[Ficheiro:Earth-Moon system as seen from Saturn (PIA17171).jpg|thumb|left|[[Terra]] e [[Lua]] vistas de Saturno pela sonda [[Cassini-Huygens|Cassini]] em [[19 de julho]] de [[2013]].]]
A missão tinha uma duração inicial prevista de quatro anos, período no qual orbitaria dezena de vezes o planeta e, utilizando se da gravidade dos satélites e seus propulsores, realizaria sobrevoos sobre os satélites, principalmente Titã. No início de 2005, a sonda Huygens foi enviada à superfície do maior satélite de Saturno. Embora tenha enviado dados por poucas horas, a sonda revelou a composição química da atmosfera, suas camadas e também imagens da superfície. Os sobrevoos da Cassini permitiram o mapeamento de grande parte da superfície do satélite, inclusive de lagos de metano existentes. A sonda fotografou em detalhes a evolução dos vórtices de tempestades no planeta, a velocidade dos ventos nas bandas de circulação global e ainda as tempestades permanentes nos polos, bem como a composição dos anéis e sua interação com os satélites naturais. Descobriu-se, ainda, várias pequenas luas orbitando o planeta. Cassini observou, ainda, a cadeia de montanhas equatorial de Japeto e a atividade [[criovulcão|criovulcânica]] no polo sul de Encélado, além do aspecto esponjoso de Hipérion, dentre muitos outros detalhes.<ref>{{Harvnb|Bond|2009|pp=203-213}}</ref> A atividade da sonda espacial Cassini foi estendida e continuou em funcionamento até 2017, com o mergulho deliberado em sua atmosfera em 15 de setembro de [[2017]].<ref>{{Citar periódico|data=2017-09-21|titulo=NASA divulga últimas imagens feitas pela Cassini em seu 'Grand Finale' - IDG Now!|jornal=IDG Now!|url=http://idgnow.com.br/internet/2017/09/21/nasa-divulga-ultimas-imagens-feitas-pela-cassini-em-seu-grand-finale/|idioma=pt-br}}</ref>.{{limpar}}
 
==Ver também==