André da Silva Gomes: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
removendo bandeira anacrônica
Paulo Castagna (discussão | contribs)
Ajustes gerais, inclusão de novas referências e novas ligações.
Linha 14:
| país = [[Portugal]], [[Brasil]]
| morte_data = {{morte|16|6|1844|30|11|1752|}}
| morte_local = [[São Paulo|São Paulo (cidade)]]
| nacionalidade = [[Portugueses|português]]
| gênero = música sacra
Linha 20:
| nome_mãe = Inácia Rosa
| nome_pai = Francisco da Silva Gomes
| alma_mater = [[Catedral de São Paulo|Catedral Metropolitana de São Paulo]]
| ocupação = [[mestre de capela]], [[organista]], [[compositor]]
| instrumento = [[órgão]]
| instrumentos_notáveis =
| modelos =
Linha 37:
}}
 
'''André da Silva Gomes''' ([[Lisboa]], [[30 de novembro]] de [[1752]] — [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], [[16 de junho]] de [[1844]]) foi um [[organista]] e [[compositor]] sacro [[luso-brasileiro]], radicado desde 1774 na cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], onde atuou como organista e mestre de capela da [[Catedral Metropolitana de São Paulo|catedral]], compositor, mestre régio de latim e político (representante da instrução pública). Foi o músico mais influente em [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] durante de sua atividade de [[mestre de capela]] na [[Catedral Metropolitana de São Paulo|catedral]] (1774-1823)<ref name=":2">OLIVEIRA, Clóvis de. ''André da Silva Gomes (1752-1844) “O mestre de Capela da Sé de São Paulo”'': Obra premiada no Concurso de História promovido pelo Departamento Municipal de Cultura, de São Paulo: em 1946. São Paulo: [ed. do autor], 1954. 58p.</ref> e o mais antigo compositor ativo nessa cidade cujas obras foram preservadas (ainda que parcialmente).
 
== Trajetória ==
[[Ficheiro:Lisbon, the Catedral Sé Patriarcal.JPG|miniaturadaimagem|[[Sé de Lisboa|Sé Patriarcal de Lisboa]].|esquerda]]
Conforme pesquisa de Régis Duprat, André da Silva Gomes foi batizado em casa, em 15 de dezembro de 1752, por correr risco de vida.<ref name=":3">DUPRAT, Régis. Música na matriz e sé de São Paulo colonial. ''Yearbook'', University of Texas, Austin, n.11, p.8-68, [1975], 1977.</ref><ref name=":4">[http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral,musico-de-sao-paulo-no-seculo-xviii,651840 DUPRAT, Régis. Músico de São Paulo no século XVIII. ''O Estado de S. Paulo: Suplemento Literário'', São Paulo, ano 14, n.685 (OESP, ano 91, n.29.262), p.5, 29 ago. 1970.]</ref><ref name=":1">DUPRAT, Régis. ''Música na Sé de São Paulo colonial''. São Paulo: Paulus, 1995. 231p.</ref> De acordo com pesquisa de [[Paulo Castagna]], André da Silva Gomes nasceu duas semanas antes, em 30 de novembro de 1752, recebendo seu primeiro nome por ser esse o dia de Santo André.<ref name=":0">[[iarchive:AndreDaSilvaGomesMemoriaEsquecimentoERestauracao|CASTAGNA, Paulo. André da Silva Gomes (1752-1844): memória, esquecimento e restauração. ''Revista Digital de Música Sacra Brasileira'', São Paulo, n.2, p.7-159, fev./abr. 2018.]]</ref> Estudou no curso de música da [[Sé de Lisboa|Sé Patriarcal de Lisboa]], ao redor de 1770, nessa época dirigido pelo compositor [[José Joaquim dos Santos]] e, de acordo com uma notícia de 1866, "fizera-se organista da igreja dos Franciscanos",<ref name=":6" /> quando foi convidado pelo bispo eleito de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], o franciscano [[Manuel da Ressurreição|Dom Manuel da Ressurreição]], a assumir o posto de [[mestre de capela]] da [[Arquidiocese de São Paulo|Catedral de São Paulo]].
 
Embarcando com o bispo entreno outubrofinal edo novembroano de 1773, na qualidade de membro de sua família, chegouiniciou aoas Brasil em fins desse ano e assumiu oficialmente o cargoatividades de mestre de capela em 19 de março de 1774, quando da entrada solene de [[Manuel da Ressurreição|Dom Manuel da Ressurreição]] na cidade e na catedral de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]].<ref name=":0" />
 
André da Silva Gomes teve como encargo reorganizar o coro e o repertório da catedral, para evitar o hibridismo entre a música sacra e a música operística, prática da qual o governador da capitania de São Paulo, [[Luís António de Sousa Botelho Mourão|Luís Antônio Botelho de Sousa Mourão]] ([[Morgado de Mateus]]), havia acusado o mestre de capela anterior, Antônio Manso da Mota.<ref name=":1" /><ref name=":0" /><ref>POLASTRE, Claudia Aparecida. A música na Cidade de São Paulo, 1765-1822. São Paulo:  Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2008. Tese (Doutorado em Ciências). 255p.</ref><ref>[[hdl:11449/152233|SANTOS, Antônio Carlos dos. Músicas e conflitos no bispado de São Paulo (séculos XVIII e XIX). Marília: Universidade Estadual Paulista, 2017. Tese (Doutorado em Ciências Sociais). 169f.]]</ref> Além da tendência de expurgo de sonoridades profanas da música sacra (principalmente originárias da ópera ou música teatral), estimulado pelo governador da capitania de São Paulo, mas provavelmente decorrente da [[Encíclica]] ''Annus qui hunc'' do [[Papa Bento XIV]],<ref>[[iarchive:AnnusQuiHunc|CASTAGNA, Paulo. O estabelecimento de um modelo para o acompanhamento instrumental da música sacra na Encíclica Annus qui hunc (1749) do Papa Bento XIV. ''Revista do Conservatório de Música da UFPel'', Pelotas, n.4, p.1-31, 2011.]]</ref> André da Silva Gomes deparou-se, em São Paulo, com um ambiente urbano e uma catedral desprovida de recursos, contando, nessa igreja, quase somente com o [[organista]] Inácio Xavier de Carvalho.[[Ficheiro:Entrada Leste de São Paulo em 1821.jpg|miniaturadaimagem|Entrada Leste da cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], e as torres do Convento do Carmo (esquerda), Recolhimento de Santa Teresa (centro) e [[Catedral Metropolitana de São Paulo|Catedral]] (direita), no Panorama de São Paulo (1821) de [[Arnaud Pallière|Arnaud Julien Pallière]] (1784-1862).]]Mesmo elevada a cidade em [[1711]], [[São Paulo prolongou(cidade)|São Paulo]] manteve sua condição de pobreza durante todo o [[século XVIII]] e primeira metade do [[século XIX]]. Por conta disso, André da Silva Gomes acumulou alguns cargos ao longo de sua carreira, como o de mestre régio de gramática latina, a partir de 1797. Tendo ingressado na carreira militar em [[1789]], André da Silva Gomes também dirigiu a corporação musical do quartel e alcançou a patente de [[tenente-coronel]].
[[Ficheiro:Catedral de São Paulo (Ender).jpg|esquerda|miniaturadaimagem|[[Catedral Metropolitana de São Paulo|Catedral de São Paulo]] em 1817, por [[Thomas Ender]] (1793-1875). Akademie der Bildenden Künste Wien.]]
Não teve filhos do seu casamento, em [[1775]], com a viúva Maria Garcia de Jesus, mas criou uma enteada e adotou dezesseis crianças, dando-lhes apelido (sobrenome) de família e ensinando-lhes não só as primeiras letras mas também a música. Entre esses filhos adotivos destacaram-se, na área de música, Joaquim José da Silva e Antônio Garcia da Silva Gomes, o segundo dos quais, além de músico, tomou as ordens religiosas e tornando-se capelão da Sé, porém faleceu aos 19 anos de idade.<ref name=":0" />
 
Com a chegada de [[Pedro I do Brasil|D. Pedro]] a [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] em [[1822]], regeu, na catedral, o ''Te Deum'' de sua autoria nos dias que precederam a declaração de [[Independência do Brasil|Independência]]. De acordo com um texto de Eugênio Egas publicado em 1909, André da Silva Gomes teria adaptado às pressas, para um conjunto orquestral, o [[Hino da Independência do Brasil|Hino da Independência]] de [[Pedro I do Brasil|Pedro I]], cantado durante as solenidades Casa da Ópera na noite do próprio dia [[7 de setembro]], porém talo escritor não apresentou as fontes de tais informações e nunca foram encontrados manuscritos musicais que comprovassem esse fato.<ref name=":0" />
[[Ficheiro:Militão A. de Azevedo - Álbum Comparativo, 47 - Acervo do Museu Paulista da USP (DR).jpg|miniaturadaimagem|
Catedral de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] por [[Militão Augusto de Azevedo]] em 1862.
]]
André da Silva Gomes desligou-se do cargo de [[mestre de capela]] da catedral possivelmente em 1823 (já havia apresentado pedido de demissão em 1801, não aceito pelo bispo) ou, no máximo, antes de 1827, quando o mestre de capela da catedral já era Francisco de Paula Leite.<ref name=":0" /> Aposentou-se da função de mestre de latim do [[Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo|Curso Jurídico]] em [[1828]], concorrendo ainda a cargos públicos até 1831, encerrando definitivamente suas atividades profissionais. Faleceu com 91 anos e meio de idade, na cidade de São Paulo, tendo sido sepultado na catedral, mas em fins da década de 1850 ou inícios de 1860, seus restos mortais foram transferidos para a Igreja dos Remédios do(demolida em 1943) no antigo Largo de São Gonçalo (demolida em 1943), hoje Praça João Mendes.
 
== Cargos Públicos ==
Além doda cargofunção de [[mestre de capela]], doda qual demitiu-se provavelmente em 1823, André da Silva Gomes ocupou o cargo de mestre régio de gramática latina, de forma interina a partir de 1797 e provisionado a partir de [[1801]]. Com essa função, ministrou aulas em sua própria casa, até aposentar-se, em 1828. Em seu último ano de atuação como mestre de latim, essa aula foi incorporada como disciplina preparatório do [[Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo|Curso Jurídico]], criado em 1827.<ref name=":2" /><ref name=":3" /><ref name=":3" /><ref name=":4" /><ref name=":1" /><ref name=":0" />
[[Ficheiro:Palácio do Governo de São Paulo (Debret).jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Palácio do Governo de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] em 1827 (antigo Colégio dos Jesuítas), por [[Jean-Baptiste Debret]] (1768-1848).]]
Por conta de sua função como mestre régio de gramática latina, foi aclamado deputado do Governo Provisório da Província de São Paulo em 1821, na qualidade de representante da instrução pública, tendo participado da quase totalidade das mais de 100 sessões, e assinado atas que tiveram papel fundamental no processo de [[Independência do Brasil]]. Em função das revoltas de 1822 iniciadas pelos absolutistas de São Paulo, que culminaram na "Bernarda de Francisco Inácio", André da Silva Gomes foi preso e condenado à deportação para [[Cotia]], porém perdoado um mês depois, provavelmente antes de efetivar-se a deportação.<ref name=":0" />
 
ADe acordo com pesquisa de [[Paulo Castagna]],<ref name=":0" /> partir de 1827 André da Silva Gomes candidatou-se a novos cargos públicos, porém sem os assumir: obteve o terceiro lugar na eleição para Juiz de Fato em 1827, foi eleito suplente do Conselho Geral de São Paulo em 1829 (desistindo desse cargo antes da posse) e não obteve votos para o cargo de Juiz de Fato em 1831, encerrando nesse ano (aos 79 anos de idade) todas as formas de participação ou candidatura a funções públicas.<ref name=":0" />
 
== Os testemunhos do século XIX ==
Vários autores do século XIX publicaram notícias sobre André da Silva Gomes em jornais da época (em alguns casos durante o seu período de vida), a maioria deles reunidos e estabelecidos por [[Paulo Castagna]].<ref name=":0" /> Os mais expressivos desses textos foram a ''Necrologia''<ref>[[iarchive:AndreDaSilvaGomesMemoriaEsquecimentoERestauracao|NECROLOGIA. ''Jornal do Commercio'', Rio de Janeiro, ano 19, n.177, p.3, coluna “Communicados”, 8 jul. 1844.]]</ref> de 1844 (possivelmente escrita pelo bispo [[Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade|Dom Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade]]), ''As músicas de André da Silva na Semana Santa da Catedral'',<ref name=":6">[[iarchive:AndreDaSilvaGomesMemoriaEsquecimentoERestauracao|AS MUSICAS de André da Silva na Semana Santa da Cathedral. ''Diario de S. Paulo'', São Paulo, ano 1, n.208, p.2, coluna “Publicações pedidas”, 18 abr. 1866; n.212, p.2, coluna “Publicações pedidas”, 22 abr. 1866; n.214, p.2, coluna “Publicações pedidas”, 22 abr. 1866.]]</ref> de 1866 (provavelmente escrito pelo organista Hermenegildo José de Jesus e Silva, pelo mestre de capela Antônio José de Almeida ou por ambos), e o texto ''André da Silva'',<ref>[[iarchive:AndreDaSilvaGomesMemoriaEsquecimentoERestauracao|GOMES CARDIM, João Pedro. André da Silva. ''A musica para todos: gazeta litteraria musical ilustrada'', São Paulo, ano 2, n.54, p.458-459, seção “Cathedral de S. Paulo: contribuições para a historia da musica no Brasil”, 1º nov. 1898.]]</ref> de 1898, escrito pelo mestre de capela João Pedro Gomes Cardim.
[[Ficheiro:Benedito Calixto de Jesus - Largo dos Remédios, 1862, Acervo do Museu Paulista da USP.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Igreja dos Remédios de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] em 1862, por [[Benedito Calixto|Benedito Calixto de Jesus]], templo no qual, por volta de 1860, foram depositados os restos mortais de André da Silva Gomes (anteriormente sepultado na catedral). Museu Paulista.]]
O autor da ''Necrologia'' apresenta os detalhes biográficos que mais circularam nesse período, porém é o único que apresentou a data de nascimento de André da Silva Gomes (30 de novembro de 1752). O(s) autor(es) do texto ''As músicas de André da Silva na Semana Santa da Catedral'' apresenta(m) várias informações exclusivas e desconhecidas nas publicações do século XX sobre André da Silva Gomes, entre elas seu estudo ao redor de 1770 sob a supervisão de [[José Joaquim dos Santos]], o fato de que, em Lisboa, "fizera-se organista da igreja dos Franciscanos", uma breve relação de suas obras literárias e musicais e uma apreciação de várias de suas composições. O texto de João Pedro Gomes Cardim, por sua vez, também apresenta as informações biográficas básicas, porém informa que "O recolhimento de Santa Teresa em São Paulo também possui, como preciosa relíquia, composições do célebre maestro, que são aí constantemente executadas".<ref name=":0" />
 
== Difusão de suas obras ==
[[Ficheiro:Benedito Calixto - Recolhimento de Santa Teresa.jpg|miniaturadaimagem|Recolhimento de Santa Teresa de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], por [[Benedito Calixto|Benedito Calixto de Jesus]] (1853-1927). [[Museu de Arte Sacra de São Paulo]].]]
Desde 1774, a música produzida por André da Silva Gomes foi interpretada em cerimônias religiosas nas igrejas paulistanas, com destaque para a catedral, difundindo-se também para igrejas do interior da Província e Estado de São Paulo. As últimas notícias sobre a execução de suas obras em fase corrente, na Catedral e no Recolhimento de Santa Teresa de São Paulo foram publicadas em 1909 e, depois desse ano, sua música foi esquecida, em função das mudanças acarretadas pelo ''Motu Proprio'' de 1903 do [[Papa Pio X]].<ref name=":0" />
 
Em 1930, o então mestre de capela da Catedral de São Paulo, Furio Franceschini, realizou uma apresentação na [[Paróquia Matriz Nossa Senhora da Conceição (Santa Ifigênia)|Igreja de Santa Ifigênia]], no qual incluiu o Hino ''[[scores:Ave_maris_stella_(Gomes,_André_da_Silva)|Ave maris stella]]'' de André da Silva Gomes,<ref name=":8">[[iarchive:AndreDaSilvaGomesAveMarisStella|GOMES, André da Silva. ''Ave maris stella'' (Hino das Vésperas de Nossa Senhora); edição de Paulo Castagna. In: CASTAGNA, Paulo. André da Silva Gomes (1752-1844): memória, esquecimento e restauração. ''Revista Digital de Música Sacra Brasileira'', São Paulo, n.2, p.7-159, fev./abr. 2018.]]</ref> evento que marcou a primeira interpretação de uma de suas obra em forma de concerto.<ref name=":5" /> Na década de 1960 iniciou-se o processo de restauração de sua música, a partir dos trabalhos de Régis Duprat: em 30 de março de 1965, a Orquestra de Câmara de São Paulo (dirigida por [[Olivier Toni]]) realizou a primeira audição em concerto da ''Missa a 8 vozes e instrumentos'' e de mais duas peças corais. No ano seguinte, Duprat publicou a ''Missa a 8 vozes e instrumentos'',<ref>GOMES, André da Silva (1752-1844). ''Missa a 8 vozes e instrumentos''; descoberta e restauração Régis Duprat; duração/time 45 min. Brasília: Universidade de Brasília; Instituto Central de Artes; Departamento de Música, 1966. [3], 151p.</ref> cantada na inauguração do [[Museu de Arte Sacra de São Paulo]] (no [[Mosteiro da Imaculada Conceição da Luz|Mosteiro da Luz]]), em 28 de junho de 1970.<ref name=":0" />
 
== ArquivoArquivos ==
[[Ficheiro:Benedito Calixto - Largo da Sé em 1865 (MAS)-1.JPG|esquerda|miniaturadaimagem|Largo da Sé de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] por [[Benedito Calixto|Benedito Calixto de Jesus]] (1853-1927). [[Museu de Arte Sacra de São Paulo]].]]
ComoAssim como ocorreu com a quase totalidade dos músicos que atuaram no Brasil nos séculos XVIII e XIX, o arquivo pessoal de André da Silva Gomes não foi preservado. São conhecidos apenas treslados de alguns documentos oficiais (batismo, passaporte, provisões) em arquivos institucionais portugueses e brasileiros, além de fontes musicais em acervos brasileiros, com destaque para o [[Arquivo da Arquidiocese de São Paulo|Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo]],<ref name=":5">[[iarchive:ASecaoDeMusicaDoArquivoDaCuriaMetropolitanaDeSaoPaulo|CASTAGNA, Paulo. A Seção de Música do Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo. ''Brasiliana'', Rio de Janeiro, Academia Brasileira de Música, n.1, p.16-27, jan. 1999.]]</ref><ref name=":1" /> o Arquivo Manuel José Gomes, do Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas, o Acervo Curt Lange do Museu da Inconfidência de Ouro Preto, eo Arquivo Musical do [[Conservatório Dramático e Musical de São Paulo]] (ainda não aberto ao público) e o Arquivo Veríssimo Glória, sob a custódia de Régis Duprat.<ref name=":1" />
 
== Produção musical ==
Da produção musical de André da Silva Gomes, chegaram-nos cerca de 130 composições, de acordo com o catálogo de Régis Duprat,<ref name=":1" /> ealém de uma obra didática: o ''Tratado de Contraponto''.<ref>GOMES, André da Silva. ''Arte explicada de contraponto'': [transcrição] Régis Duprat, Edilson Vicente de Lima, Márcio Spartaco Landi, Paulo Augusto Soares. São Paulo: Arte & Ciência, 1998. 192p</ref><ref>LANDI, Márcio Spártaco. ''Lições de contraponto segundo a arte explicada de André da Silva Gomes''. São Paulo: ed. do autor, 2006. 282p.</ref> As fontes conhecidas de suas obras, quase todas ou provavelmente todas elaboradas em São Paulo a partir de 1774, constam de [[antífona]]s, [[cântico]]s religiosos, [[Hino (canção)|hinos]], [[Ladainha de Todos os Santos|ladainhas]], [[missa (música)|missas]], [[noturnoOfício (música)de Leitura|noturnosmatinas]], [[Ofertório|ofertórios]], ofíciosmatinas fúnebres, ofícios da Semana Santa, e [[salmos]] etc.<ref name=":1" />
 
Entre as obras de grande porte estão a ''Missa a Cinco Vozes'' (final do século XVIII), dividida em dez segmentos (três para o ''Kyrie'' e sete para o ''Gloria''), os ''Noturnos de Natal'' (nome alternativo das Matinas do Natal), com oito Responsórios, tripartidos em allegro, fugato'' e ''andante, a ''Missa em Dó'' (gravada em álbum com outras de suas composições, pelo Brasilessentia Grupo Vocal)<ref name=":7">DUPRAT, Régis. ''Música Sacra Paulista''. São Paulo: Arte Ciência, 1999. 308p.</ref> e a ''Missa Concertada para a Noite de Natal'' (para a Matriz de [[Cotia]], 1823), sua última composição conhecida, gravada no Festival de Juiz de Fora, sob a direção de Luís Otávio Santos.<ref>[[iarchive:MissaConcertadaParaANoiteDeNatal|GOMES, André da Silva. ''Missa Concertada para a Noite de Natal'' [Edição de Fernando Pereira Binder e Paulo Castagna]. In: XIII FESTIVAL Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora; Orquestra Barroca; regência de Luis Otávio Santos. Juiz de Fora: Centro Cultural Pró-Música, [2002], CD. Faixas 18-23.]]</ref>
 
André da Silva Gomes também produziu unidades funcionais avulsas de [[Ofício de Leitura|Matinas]], [[Vésperas]] e [[Missa|Missas]], dentre elas os 14 Ofertórios para vozes e órgão<ref name=":7" /><ref>[http://rbm.musica.ufrj.br/edicoes/rbm25-2/rbm25-2-05.pdf SOARES, Paulo Augusto; LIMA, Edilson Vicente de. Ofertórios: um microcosmo estilístico de André da Silva Gomes (1752-1844)''. Revista Brasileira de Música'', Rio de Janeiro, v. 25, n. 2, p. 335-342, jul./dez. 2012.]</ref><ref>[http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27157/tde-06032013-161515/pt-br.php SOARES, Eliel Almeida. A utilização de elementos e figuras de retórica nos ofertórios de André da Silva Gomes. Dissertação (Mestrado em Música) – Universidade de São Paulo. São Paulo, 2012. 461p.]</ref> e o Hino ''Ave maris stella'', a primeira composição desse autor apresentada em forma de concerto (em 1930) e primeira de suas obras disponibilizada para download.<ref name=":8" /><ref>[[scores:Ave_maris_stella_(Gomes,_André_da_Silva)|GOMES, André da Silva. ''Ave maris stella'' (Hino das Vésperas de Nossa Senhora); edição de Paulo Castagna. In: CASTAGNA, Paulo. André da Silva Gomes (1752-1844): memória, esquecimento e restauração. ''Revista Digital de Música Sacra Brasileira'', São Paulo, n.2, p.7-159, fev./abr. 2018.]]</ref>
 
O índice das obras de André da Silva Gomes, com ''incipit'' latino e função cerimonial (ver abaixo) foi adaptado a partir do catálogo temático das obras desse compositor, por Régis Duprat (1995).<ref name=":1" />