André da Silva Gomes: diferenças entre revisões
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'''André da Silva Gomes''' ([[Lisboa]], [[30 de novembro]] de [[1752]] — [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], [[16 de junho]] de [[1844]]) foi um [[organista]] e [[compositor]] sacro [[luso-brasileiro]], radicado desde 1774 na cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], onde atuou como organista e mestre de capela da [[Catedral Metropolitana de São Paulo|catedral]], compositor, mestre régio de latim e político (representante da instrução pública). Foi o músico mais influente em [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] durante o período de sua atividade
== Trajetória ==
[[Ficheiro:Lisbon, the Catedral Sé Patriarcal.JPG|miniaturadaimagem|[[Sé de Lisboa|Sé Patriarcal de Lisboa]].|esquerda]]
Embarcando com o bispo no final do ano de 1773, na qualidade de membro de sua família, iniciou as atividades de mestre de capela em 19 de março de 1774, quando da entrada solene de [[Manuel da Ressurreição|Dom Manuel da Ressurreição]] na cidade e na catedral de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]].<ref name=":0" />
André da Silva Gomes teve como encargo reorganizar o coro e o repertório da catedral, para evitar o hibridismo entre a música sacra e a música operística, prática da qual o governador da capitania de São Paulo, [[Luís António de Sousa Botelho Mourão|Luís Antônio Botelho de Sousa Mourão]] ([[Morgado de Mateus]]), havia acusado o mestre de capela anterior, Antônio Manso da Mota.<ref name=":1" /><ref name=":0" /><ref>POLASTRE, Claudia Aparecida. A música na Cidade de São Paulo, 1765-1822. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2008. Tese (Doutorado em Ciências). 255p.</ref><ref>[[hdl:11449/152233|SANTOS, Antônio Carlos dos. Músicas e conflitos no bispado de São Paulo (séculos XVIII e XIX). Marília: Universidade Estadual Paulista, 2017. Tese (Doutorado em Ciências Sociais). 169f.]]</ref> Além da tendência de expurgo de sonoridades profanas da música sacra (principalmente originárias da ópera ou música teatral), estimulado pelo governador da capitania de São Paulo, mas provavelmente decorrente da [[Encíclica]] ''[[Annus qui hunc]]'' (1749) do [[Papa Bento XIV]],<ref>[[iarchive:AnnusQuiHunc|CASTAGNA, Paulo. O estabelecimento de um modelo para o acompanhamento instrumental da música sacra na Encíclica Annus qui hunc (1749) do Papa Bento XIV. ''Revista do Conservatório de Música da UFPel'', Pelotas, n.4, p.1-31, 2011.]]</ref> André da Silva Gomes deparou-se, em São Paulo, com um ambiente urbano e uma catedral desprovida de recursos, contando, nessa igreja, quase somente com o [[organista]] Inácio Xavier de Carvalho.[[Ficheiro:Entrada Leste de São Paulo em 1821.jpg|miniaturadaimagem|Entrada Leste da cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], e as torres do Convento do Carmo (esquerda), Recolhimento de Santa Teresa (centro) e [[Catedral Metropolitana de São Paulo|Catedral]] (direita), no Panorama de São Paulo (1821) de [[Arnaud Pallière|Arnaud Julien Pallière]] (1784-1862).]]Mesmo elevada a cidade em [[1711]], [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] manteve sua condição de pobreza durante todo o [[século XVIII]] e primeira metade do [[século XIX]].
[[Ficheiro:Catedral de São Paulo (Ender).jpg|esquerda|miniaturadaimagem|[[Catedral Metropolitana de São Paulo|Catedral de São Paulo]] em 1817, por [[Thomas Ender]] (1793-1875). Akademie der Bildenden Künste Wien.]]
Não teve filhos do seu casamento, em [[1775]], com a viúva Maria Garcia de Jesus, mas criou uma enteada e adotou dezesseis crianças, dando-lhes apelido (sobrenome) de família e ensinando-lhes não só as primeiras letras mas também a música. Entre esses filhos adotivos destacaram-se, na área de música, Joaquim José da Silva e Antônio Garcia da Silva Gomes, o segundo dos quais, além de músico, tomou as ordens religiosas e tornando-se capelão da Sé, porém faleceu aos 19 anos de idade.<ref name=":0" />
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Catedral de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] por [[Militão Augusto de Azevedo]] em 1862.
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André da Silva Gomes desligou-se do cargo de [[mestre de capela]] da catedral
== Cargos Públicos ==
Além da função de [[mestre de capela]], da qual demitiu-se provavelmente em 1823, André da Silva Gomes ocupou o cargo de mestre régio de gramática latina, de forma interina a partir de [[1797]] e provisionado a partir de [[1801]]. Com essa função, ministrou aulas em sua própria casa, até aposentar-se, em [[1828]]. Em seu último ano de atuação como mestre de latim, essa aula foi incorporada como disciplina preparatório do [[Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo|Curso Jurídico]], criado em [[1827]].<ref name=":2" /><ref name=":3" /><ref name=":3" /><ref name=":4" /><ref name=":1" /><ref name=":0" />
[[Ficheiro:Palácio do Governo de São Paulo (Debret).jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Palácio do Governo de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] em 1827 (antigo Colégio dos Jesuítas), por [[Jean-Baptiste Debret]] (1768-1848).]]
Por conta de sua função como mestre régio de gramática latina, foi aclamado deputado do Governo Provisório da Província de São Paulo em [[1821]], na qualidade de representante da instrução pública, tendo participado da quase totalidade das mais de 100 sessões, e assinado atas que tiveram papel fundamental no processo de [[Independência do Brasil]]. Em função das revoltas de [[1822]] iniciadas pelos absolutistas de São Paulo, que culminaram na "Bernarda de Francisco Inácio", André da Silva Gomes foi preso e condenado à deportação para [[Cotia]], porém perdoado um mês depois, provavelmente antes de efetivar-se a deportação.<ref name=":0" />
De acordo com pesquisa de [[Paulo Castagna]],<ref name=":0" /> partir de [[1827]] André da Silva Gomes candidatou-se a novos cargos públicos, porém sem os assumir: obteve o terceiro lugar na eleição para Juiz de Fato em 1827, foi eleito suplente do Conselho Geral de São Paulo em [[1829]] (desistindo desse cargo antes da posse) e não obteve votos para o cargo de Juiz de Fato em 1831, encerrando nesse ano (aos 79 anos de idade) todas as formas de participação ou candidatura a funções públicas.<ref name=":0" />
== Os testemunhos do século XIX ==
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