Breu Branco: diferenças entre revisões

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== História ==
O surgimento do atual município de Breu Branco relaciona-se com acoa construção da hidroelétrica de Tucuruí. Existente como vilarejo desde a década de 1900, ganhou a configuração atual no ano de 1980, quando foramfôram remanejados os habitantes do antigo vilarejo. O assentamento do "Breu Velho" (como é popularmente chamada a antiga vila de Breu Branco) foi submerso pelopêlo lago da hidroelétrica.<ref name="Eletrobrás">{{citar livro|autor=Eletrobrás |título=Hidreletricidade e desenvolvimento: Os impactos positivos de Belo Monte para as comunidades de seu entorno |edição=17 - Revista Sistema Eletrobras |editora=Famma Gráfica & Editora |ano=2011}}</ref>
 
O Breu Velho localizava-se entre a antiga vila de Jatobal (também submersa pelo lago) e a cidade de Tucuruí. Era um povoado com aproximadamente 400 casas construídas em terrenos arenosos e no estilo palafita. Seus moradores comercializavam principalmente a [[Bertholletia excelsa|Castanha-do-Pará]], que abastecia tanto o mercado interno quanto o externo. A produção era escoada principalmente pelapêla Ferrovia Tocantins e logo depois pelopêlo [[rio Tocantins]].<ref name="Eletrobrás"/>
 
=== Colonização ===
A colonização da antiga vila de Breu Branco iniciou-se com acoa construção da [[Estrada de Ferro Tocantins]] (EFT). Esta ferrovia foi construída para transpor os trechos com corredeiras e cachoeiras do rio Tocantins (corredeiras do Itaboca) entre Marabá e Alcobaça (atual Tucuruí), fazendo o transporte de passageiros e cargas de caucho e castanha-do-brasil.<ref name="VFCO">{{citar web|url=http://vfco.brazilia.jor.br/estacoes-ferroviarias/1960-norte-EF-Tocantins/Estrada-Ferro-Tocantins.shtml |título=Ferrovias da Amazônia: Estrada de Ferro Tocantins |publicado=VFCO Brazilia}}</ref>
 
Em 1905 foramfôram iniciadas as obras desta ferrovia, e em 1907 a ferrovia alcançava a área de Breu Velho. Foi montado um canteiro de obras no local. Foi deste canteiro de obras, que servia como acampamento base para as obras de extensão e manutenção da ferrovia, que surgiu a vila de Breu Velho.<ref>{{citar web|url=http://www02.us.archive.org/stream/estatisticaferro1908uniao/estatisticaferro1908uniao_djvu.txt |título=Estatistica das Estradas de Ferro da União e das Fiscalizadas pela União Relativa Ao Anno de 1908 |publicado=Internet Archive}}</ref>
Com a conclusão do primeiro trecho da ferrovia, e o início das operações desta em 1908,<ref name="VFCO"/> Breu Velho ganha destaque como entrepostoentrepôsto logístico.<ref>{{citar web|url=http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/u1998/000035.html |título=Ministerial Reports (1821-1960): Agricultura |publicado=Center for Research Libraries}}</ref> Vários imigrantes maranhensesMaranhenses e goianosGoianos dirigiram-se para a vila de trabalhadores da ferrovia (canteiro de obras), e instalaram-se nesta à procura de oportunidades econômicas. Os imigrantes que se dirigiam para a vila, desenvolveram atividades extrativistas (extração de castanha e caucho), de transporte, e de comércio.<ref>{{citar web|url=http://archive.org/stream/archivosdojardim12jard/archivosdojardim12jard_djvu.txt |título=Archivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro: Plantes nourelles ou peu conimes de la région amazonienne |publicado=Internet Archive}}</ref>
 
=== Declaração de Marabá (1908) ===
A recém-formada vila de Breu Velho acabou envolvendo-se nos acontecimentos que levaram a anexação do sudeste do Pará ao estado do Goiás em 1908. Os líderes do vilarejo se uniram aos líderes de Marabá, Conceição do Araguaya e Alcobaça na declaração de emancipação e desligamento formulada em 1808 e protocolada junto ao parlamento goianoGoiano. O episódio ocorreu em meio aos conflitos que ocorriam no meio norte brasileiro desde 1907, a [[segunda revolta de Boa Vista]].<ref name="histórico carajas">{{citar web|url=http://www.estadodocarajas.com.br/site/?page_id=20 |título=História |publicado=Portal Estado do Carajás |acessodata=13 de setembro de 2011}}</ref>
 
O governo goianoGoiano reconheceu o documento da "declaração de Marabá", e formalmente anexou a região ao seu estado. Desta forma entre 1908 e 1909 a região permaneceu em litígio, sendo sua posse disputada Grão-Pará e pelo Goiás. O episódio quase desencadeou uma guerra civil na região. A consequênciaconseqüência de tais acontecimentos refletiu na organização política da região, que até então era insipiente.<ref name="foco Carajás">{{Citar periódico |ultimo=RIBEIRO |primeiro=Laércio |autorlink= |titulo=Agora é Carajás |jornal=Foco Carajás |numero=7 |paginas=60 |id= |url=http://www.fococarajas.com.br/index.php/rev-online-2/category/index.php?option=com_flippingbook&view=book&id=12:edicao7&catid=4:ano2009&tmpl=component |acessadoem=18 de setembro de 2011}}</ref>
 
A intenção de Breu Velho para com a proposta de anexação ao Goiás, era a elevação da povoação à categoria de cidade, desligando-se de Baião, que nenhuma assistência fornecia a vila.
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=== Paralisação da ferrovia ===
As obras da ferrovia prosseguiram, com Breu Velho servindo como dormitório e postopôsto de referência para os operários. A vila beneficiou-se sobremaneira com isto, e tornou-se um dos principais centros urbanos da região. Desenvolviam-se atividades comerciais, agrícolas e logísticas diversas, para dar suporte às obras da ferrovia.<ref name="Fausto">{{Citar livro|autor=FAUSTO, Carlos |título=Inimigos fiéis: história, guerra e xamanismo na Amazônia |local=São Paulo |editora=EdUSP |ano=2001}}</ref>
 
Em novembro de 1916 a ferrovia alcançou 82 quilômetros de extensão, chegando a praia da Rainha, paralisando suas obras logo depois.<ref name="VFCO"/> A paralisação afetou economicamente a vila, que já em 1920 resumia-se a uma pequena comunidade de pescadores e extratores de castanha.<ref name="Fausto"/>
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Em 1939 a manutenção e restauração dos trilhos é concluída, iniciando-se logo após a ampliação da ferrovia. Em 1944 a ferrovia é finalmente concluída, alcançando 118 km ligando Alcobaça (Tucuruí) a Jatobal. Breu Velho sediava uma das estações da EFT.<ref name="VFCO"/>
 
Breu se destacava neste período, pois era ao mesmo tempo uma das estações da EFT e o único portopôrto fluvial entre as estações de Tucuruí e Jatobal. Além de entrepostoentrepôsto logístico, Breu também concentrava um importante centro comercial entre as vilas de Mestre Leopoldino e Pucuruí, suprindo de produtos agrícolas e extrativistas todatôda a região.<ref name"VCFO Mapa">{{citar web|url=http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias/mapas/1970efTocantins.shtml |título=Ferrovias do Brasil 1970: Estrada de Ferro Tocantins |publicado=VCFO Brazília}}</ref>
 
O decreto de 1969, que determinava a extinção da EFT,<ref name="VFCO"/> representou um duro golpe à vila de Breu Velho. A ferrovia era o principal meio de ligação da vila com os restante do território nacional, além de ser vital para a vida econômica, política e social da população. Em 1973, o trem de passageiros fez a última viagem pela EFT, encerrando definitivamente as operações da ferrovia.
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=== Desativação do antigo vilarejo ===
[[Ficheiro:Breu Branco 01.jpg|thumb|direita|250px|Centro de Breu Branco.]]
As grandes obras de integração da Amazônia, formuladas desde a década de 1970 foramfôram responsáveis pelapêla configuração atual de Breu Branco. Neste período o [[sudeste do Pará]] estava todotôdo envolvido no [[Projeto Grande Carajás]], que dentre outras coisas previa a construção de uma hidroelétrica no [[rio Tocantins]] para dar suporte às grandes estruturas minerais que eram montadas na região.<ref name="Eletrobrás"/>
 
Por volta de 1976, a Rhodia e a Sondotec iniciaram pesquisas de solo em Breu Branco, ao mesmo tempo em que a firma Engevix (empreiteira da [[Eletronorte]]) fazia o cadastro patrimonial das famílias da localidade. Breu seria completamente afetada pela construção da hidroelétrica, pois, conforme os estudos técnicos, seu assentamento seria totalmente inundado para dar lugar ao lago da usina.<ref name="GovPA">{{citar livro|autor=Governo do estado do Pará; SUDAM |título=Breu Branco |local=Belém |editora=SEPLAN |ano=1993}}</ref>
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O governo federal, por intermédio da Eletronorte, ofertou dois sítios para que a população da antiga vila escolhesse onde deveria ser construída a nova vila de Breu Branco. O primeiro sítio situava-se no entroncamento rodoviário da PA-150 com a PA-263, onde atualmente está localizada a cidade de [[Goianésia do Pará|Goianésia]]. O segundo sítio, escolhido pela maioria dos habitantes de Breu Velho, localizava-se às margens da PA-263, a 12 km da Central Hidroelétrica de Tucuruí, e a 27 km do centro a cidade de Tucuruí.<ref name="GovPA"/>
 
O processo de transferência das famílias, iniciado em 1980, foi lento e conflituoso. O governo planejava a mudança imediata dos habitantes de Breu Velho, mas os últimos condicionavam a transferência à construção de todatôda a infraestrutura urbana necessária na nova vila. Em relação aos 21 alqueires de terra prometidos a cada família de Breu Velho, quando a transferência dos moradores foi concluída em 1981, somente 10 alqueires foramfôram disponibilizados.<ref name="GovPA"/>
 
=== Década de 1980 – 2010 ===
Após o estabelecimento da nova vila de Breu Branco, muito imigrantes do [[Goiás]], de [[Minas Gerais]], [[Maranhão]], [[Piauí]], e de outras regiões do [[Sudeste do Brasil|sudeste]], [[sul do Brasil|sul]] e [[nordeste do Brasil]] foramfôram atraídos e convidados pelo governo federal para estabelecerem-se na localidade. Terras foram doadas e uma extensa colonização agropecuária teve lugar no entorno de Breu Branco. Em pouco tempo, a vila com pouco mais de 1000 habitantes cresceu demograficamente, e registrou já no final da década de 1980 mais de 11000 habitantes estabelecidos.<ref name="Eletrobrás"/>
 
Em 1985 a Associação Comunitária da nova vila de Breu Branco formou a "Comissão de Emancipação de Breu Branco". Com as conversações iniciadas, em 1987 Breu Branco e as vilas adjacentes formularam um [[abaixo-assinado]] e colheram assinaturas. Rapidamente alcançando o número de assinaturas proposto, enviaram a petição para a AssembleiaAssembléia Legislativa estadual.<ref name="GovPA"/>
[[Ficheiro:Breu Branco 02.jpg|thumb|250px|direita|Proximidades do terminal rodoviário de Breu Branco.]]
Ficou definido a realização de um plebiscito acerca da emancipação, que ocorreu no dia 28 de abril de 1991. No escrutínio 92% dos eleitores que compareceram às urnas manifestaram-se a favor da emancipação. O município foi criado oficialmente pela lei n° 163/91 de 29 de outubro de 1991 com área desmembrada de Tucuruí, [[Rondon do Pará]] e [[Moju]].<ref name="GovPA"/>
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Nas eleições de 3 de outubro de 1992 a população do município elegeu seu primeiro prefeito, Armenio Barreirinhas, que tomou posse, assim como o primeiro vice-prefeito e a primeira composição do legislativo municipal, em 1° de janeiro de 1993.<ref name="GovPA"/>
 
Durante as décadas de 1990 e 2000 as atividades econômicas ligadas a [[agropecuária]] cresceram vertiginosamente no município. Entretanto, as atividades ligadas à extração e ao [[Indústria madeireira|beneficiamento de madeira]], que foramfôram o grande sustentáculo econômico local durante a década de 1980, praticamente se extinguiram a partir de meados da década de 1990, com ocoo maior rigor da legislação ambiental brasileira, e com a própria exaustão dos recursos vegetais na região.<ref>{{citar livro|autor=CASTRO, Edna Ramos de |título=Estudo Socioeconômico dos municípios da região de Tucuruí |editora=Editora NAEA |ano=2010 |local=Belém |edição=258}}</ref>
 
Em 1988 Breu Branco passou a sediar a única usina de silício da [[região Norte do Brasil]], a Dow Corning Metais.<ref>{{citar web|url=http://www.dowcorning.com/pt_BR/content/brasil/brasilnoticias/Exposibram_Amazonia_2010.aspx |título=A produtora de silício metálico participa do maior evento do setor mineral da Amazônia |publicado=Dow Corning Corporation}}</ref> Paralelo a esta unidade fabril, diversas outras empresas instalaram-se em Breu Branco, formando um pequeno parque industrial e agroindustrial no entorno da cidade. Breu Branco sofreu um verdadeiro ''boom'' econômico durante estas duas décadas.