Nazaré: diferenças entre revisões

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{{Ver desambig}}
{{Info/Cidade de Israel 2
|nome = Nazaré
|imagem3 = Habsora from selezian.jpg
|tamanhoimg3 = 300px
|caption3 = Vista panorâmica da cidade de Nazaré
|nomeheb = נָצְרַת (''Náẓərat'')
|nomear = الناصرة (''an-Nāṣira'')
|significado tipo =cidade
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|população = 72 200{{formatnum:72200}}<ref>[http://www.cbs.gov.il/population/new_2007/table3.pdf cbs.gov]</ref><br /> Área metropolitana: 185 000
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}}
'''Nazaré''' ({{lang-langx|he-n|נָצְרַת}}, [[Transliteração|transl.]] |''Náẓərat'',}}; em [[hebraico tiberiano]]: ''Nāṣəratṯ'',; {{lang-langx|ar|الناصرة}}, transl. |notr|''an-Nāṣira'' ou ''an-Naseriyye''}}) é a capital e maior [[Lista de cidades de Israel|cidade]] do [[Distrito Norte (Israel)|distrito Norte]] de Israel. Também funciona como uma capital árabe para os [[Árabes israelenses|cidadãos árabes de Israel]] que constituem a vasta maioria da população local.<ref name=Irani>{{citar web|título=Review of "Beyond the Basilica: Christians and Muslims in Nazareth"|autor =Laurie King-Irani|periódico=''Journal of Palestine Studies''|volume=Volvol. &nbsp;25, No. 3|data=primavera de 1996|páginas=103-105|url=http://links.jstor.org/sici?sici=0377-919X(199621)25%3A3%3C103%3ATACOI%3E2.0.CO%3B2-H }}</ref> No [[Novo Testamento]], a cidade é descrita como local de nascimento de [[Maria (mãe de Jesus)|Maria]], mãe de [[Jesus]] e onde o mesmo passou sua infância, e por este motivo é um centro de [[peregrinação]] [[cristã]], com muitos santuários celebrando as associações bíblicas.
 
== Etimologia ==
Há ainda suposições de escritores amadores que fazem sucesso entre leigos de que nazareno, significando "da vila de Nazaré", era confundido com "[[nazireu]]", que significava um judeu "separado", que fez um voto de não tocar em cadáveres, não cortar o cabelo e barba, e de não tocar em uvas nem em seus sub-produtos. Desde o tempo de [[Eusébio de Cesareia]], porém, até o [[século {{séc|XX]]}} especula-se que a etimologia de ''Nazaré'' deriva de ''netser'', um "ramo" ou "broto", enquanto o [[Evangelho de Felipe]] ([[apócrifo]]) deriva o nome de ''nazara'', que significa "verdade".<ref>GosPh 56.12; 62.8, 15; 66.14. Ver J. Robinson (ed.), ''The Nag Hammadi Library in English'', Harper & Row 1977, pp. &nbsp;131-151.</ref> Porém, todas essas hipóteses são unanimente ridicularizadas por acadêmicos especialistas na área, como Bart Ehrman, que já desmascarou todas tentativas de miticistas dizerem que a cidade não existiu ou que não tem relação com Jesus Cristo.
:''ver também: [[Gennesaret]] (Ya-Nezareth)''
Há ainda suposições de escritores amadores que fazem sucesso entre leigos de que nazareno, significando "da vila de Nazaré", era confundido com "[[nazireu]]", que significava um judeu "separado", que fez um voto de não tocar em cadáveres, não cortar o cabelo e barba, e de não tocar em uvas nem em seus sub-produtos. Desde o tempo de [[Eusébio de Cesareia]], porém, até o [[século XX]] especula-se que a etimologia de ''Nazaré'' deriva de ''netser'', um "ramo" ou "broto", enquanto o [[Evangelho de Felipe]] ([[apócrifo]]) deriva o nome de ''nazara'', que significa "verdade".<ref>GosPh 56.12; 62.8, 15; 66.14. Ver J. Robinson (ed.), ''The Nag Hammadi Library in English'', Harper & Row 1977, pp. 131-151.</ref> Porém, todas essas hipóteses são unanimente ridicularizadas por acadêmicos especialistas na área, como Bart Ehrman, que já desmascarou todas tentativas de miticistas dizerem que a cidade não existiu ou que não tem relação com Jesus Cristo.
 
== Geografia e população ==
{{CoorHeader |32|42|07|N|35|18|12|E|type:city_scale:40000}}
[[FicheiroImagem:Nazareth neighbourhood at sunset.jpg|thumb|right|Um bairro de Nazaré ao pôr-do-sol]]
A Nazaré moderna está sobre em um [[platô]], a cerca de 350m acima do nível do mar, situada entre em meio aos montes de {{fmtn|1600|pés}} que formam a parte mais ao sul da cadeia de montanhas do Líbano.<ref>{{citar livro|título=Palestine: A Guide. |data=2005 |autor =Mariam Shahin |publicado=Interlink Books. |página=171}}</ref> Está a cerca de 25&nbsp;km do [[Mar da Galileia]] e a cerca de 9&nbsp;km a oeste do monte [[monte Tabor]].
 
De acordo com o [[Escritório Central de Estatísticas de Israel]], Nazaré tem uma população de aproximadamente {{fmtn|65000}} (em 2005). A imensa maioria de seus residentes são cidadãos árabes de Israel, dos quais 31,3% são [[cristãos palestinos|cristãos]] e 68,7% são [[muçulmanos]].<ref>[http://www.cbs.gov.il/publications/local_authorities2005/pdf/207_7300.pdf]</ref> Nazaré forma uma [[área metropolitana]] com os [[Conselho local (Israel)|conselhos locais]] de [[Yafa an-Naseriyye]] ao sul, [[Reineh]], [[Mashhad (Israel)|Mashhad]] e [[Kafr Kanna]] ao norte, [[Iksal]] e a cidade adjacente de [[Nazaré Illit]] ao leste e [[Elot]] ao oeste. Juntas, elas formam a região metropolitana de Nazaré, que tem uma população de aproximadamente 185.000, dos quais mais de 145.000 são árabes.<ref>[http://www.cbs.gov.il/population/new_2007/table3.pdf] Localidades israelenses com populações de 1000 ou superiores.</ref>
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== História ==
=== História antiga e evidência arqueológica ===
A pesquisa arqueológica revelou um centro funerário e religioso em [[Kfar HaHoresh]], a cerca de duas milhas de Nazaré, datado como tendo aproximadamente {{fmtn|formatnum:9000}} anos (correspondendo ao período que é conhecido como [[Neolítico pré-cerâmica B]]).<ref>Goring-Morris, A.N. “The quick and the dead: the social context of Aceramic Neolithic mortuary practices as seen from Kfar HaHoresh.” In: I. Kuijt (ed.), ''Social Configurations of the Near Eastern Neolithic: Community Identity, Hierarchical Organization, and Ritual ''(1997).</ref> Os restos de 65 indivíduos foram encontrados, enterrados sob imensas estruturas horizontais de pedra, algumas das quais chegam a 3 toneladas de gesso branco produzido no próprio local. Caveiras humanas ornamentadas que foram descobertas no local levaram os arqueólogos a acreditar que Kfar HaHoresh foi um importante centro de culto naquela era remota.<ref>{{citar web|título=Pre-Christian Rituals at Nazareth |data=novembro–dezembro de 2003 |publicado=Archaeology: A Publication of the Archaeological Institute of America |url=http://www.archaeology.org/0311/newsbriefs/nazareth.html}}</ref>
 
Chad Emmet é autor de um estudo sociológico sobre a Nazaré moderna intitulado "Além da Basília: cristãos e muçulmanos em Nazaré". Este livro tenta "compreender melhor como cristãos e muçulmanos conseguiram viver juntos por séculos em uma relativa paz, numa região conhecida por seus conflitos étnicos e religiosos, e determinar até que ponto eles permaneceram segregados em bairros diferentes de acordo com suas religiões."<ref name=Emmett15>{{citar livro|título=Beyond the Basilica:Christians and Muslims in Nazareth|autor =Chad Fife Emmett|ano=1995|publicado=University of Chicago Press|página=16|isbn=0226207110}}</ref> Emmet afirma que as escavações arqueológicas na vizinhança das atuais [[Basílica da AnunciaãoAnunciação]] e Igreja de São José revelaram pedaços de cerâmica da [[Idade do Bronze]] ({{formatnum:2200}} a {{AC|1500 a.C.|x}}) e artefatos, silos e moinhos da [[Idade do Ferro]] ({{formatnum:1500}} a {{AC|586 a.C.|x}}).<ref name=Emmett15a>{{citar livro|título=Beyond the Basilica:Christians and Muslims in Nazareth|autor =Chad Fife Emmett|ano=1995|publicado=University of Chicago Press|página=15|isbn=0226207110}}</ref> Entretanto, escavações conduzidas antes de 1931 na área venerada pelos franciscanos não revelaram "nenhum traço de colonização romana ou grega" ali,<ref>R. Tonneau, ''Revue Biblique'' XL (1931), p. &nbsp;556. Reafirmado por C. Kopp (op. &nbsp;cit., 1938, p. &nbsp;188).</ref> e, de acordo com estudos feitos entre 1955 e 1990, nenhuma evidência arqueológica dos períodos [[assírio]], [[babilônio]], [[Império Aquemênida|persa]], [[Helenismo|helênico]] ou do início do período [[Roma Antiga|romano]] foi encontrada.<ref>C. Kopp, “Beiträge zur Geschichte Nazareths.”'' Journal of the Palestine Oriental Society'', vol. &nbsp;18 (1938), p. &nbsp;188. F. Fernandez, ''Ceramica Comun Romana de la Galilea.'' Madrid: Ed. Biblia y Fe, 1983, p. &nbsp;63. N. Feig, “Burial Caves in Nazareth,” ''‘Atiqot'' 10 (1990), pp. &nbsp;67-79 (hebraico).</ref><ref>B. Bagatti, “Ritrovamenti nella Nazaret evangelica.” ''[[Liber annuus|Liber Annuus]]'' 1955, pp. &nbsp;5-6, 23. B. Bagatti, “Nazareth,” ''Dictionnaire de la Bible, Supplement VI.'' Paris: Letouzey et Ané, 1960, col. 318. Bagatti, B. '' Excavations in Nazareth'' Jerusalem: Franciscan Printing Press, vol. &nbsp;1 (1969), pp. &nbsp;254, 319. “Nazareth” in ''Encyclopedia Judaica, ''New York: Macmillan, 1972, col. 900.</ref> Bagatti, o principal arqueólogo nos sítios venerados em Nazaré, desenterrou grandes quantidades de artefatos do final do período romano e do período [[bizantino]],<ref>B. &nbsp;Bagatti, ''Excavations in Nazareth'', vol. &nbsp;1 (1969), pp. &nbsp;272-310.</ref> o que assegura a indiscutível presença humana ali do século {{séc|II}} em diante.
 
Emmet também afirma que "casas e sepulturas feitas de pedra construídas sobre cavernas, naturais ou escavadas na rocha, também foram encontradas, e que datariam da era romana ({{AC|63 a.C.|x}} - {{DC|324 d.C.|x}}).""<ref name=Emmett16>{{citar livro|título=Beyond the Basilica:Christians and Muslims in Nazareth|autor =Chad Fife Emmett|ano=1995|publicado=University of Chicago Press|página=16|isbn=0226207110}}</ref> No entanto, a afirmação costumeira de que os Nazarenos eram [[troglodita]]s (ou seja, viviam em cavernas) é impossível, pois "as cavernas da Galileia são úmidas e molhadas de dezembro a maio, e só poderiam ser usadas durante o verão e o outono."<ref>M. Aviam, ''Jews, Christians and Pagans in the Galilee.'' Rochester: University Press, 2004, p. &nbsp;90.</ref>
 
Finalmente, Emmet afirma que "Sob o espectro dos dados arqueológicos, especula-se que os primeiros habitantes de Nazaré possam ter sido os [[cananeus]], depois os israelitas e judeus da Galileia."<ref name=Emmett16/> De fato, os habitantes da região na [[Idade do Bronze]] devem ter sido cananeus, mas a falta de evidência arqueológica mostra que a presença israelita na bacia ainda não foi substanciada.
 
James Strange, um arqueólogo americano, ressalta que “Nazaré não é mencionada nas fontes antigas judaicas antes do [[século {{séc|III]]}}. Isto provavelmente reflete a sua falta de proeminência tanto na Galileia como na Judeia.”<ref>Article “Nazareth” in the ''Anchor Bible Dictionary.'' New York: Doubleday, 1992.</ref> Strange primeiro estimou a população de Nazaré na época de Cristo como de “aproximadamente 1600 a 2000 pessoas”, e, numa publicação subsequente, em um máximo de 480 pessoas.<ref>E. Meyers & J. Strange,'' Archaeology, the Rabbis, & Early Christianity'' Nashville: Abingdon, 1981; Article “Nazareth” in the ''Anchor Bible Dictionary.'' New York: Doubleday, 1992.</ref>
 
Alguns historiadores sugeriram que a ausência de referências textuais a Nazaré no [[Velho Testamento]] e no [[Talmude]], assim como nas obras de [[Flávio Josefo|Josefo]], sugeririam que uma cidade chamada 'Nazaré' nem mesmo existia nos dias de Jesus.<ref>T. Cheyne, “Nazareth.” ''Encyclopedia Biblica.'' London: Adam and Charles Black, 1899, Col. 3360. R. Eisenman, '' James the Brother of Jesus.'' New York: Penguin Books, 1997, p. &nbsp;952. F. Zindler, '' The Jesus the Jews Never Knew'' New Jersey: American Atheist Press, 2003, pp. &nbsp;1-2.</ref>
 
Muitos autores supõem que a antiga Nazaré foi construída em uma encosta, como era exigido pelas escrituras: "[E levaram Jesus] ao topo do monte no qual a cidade fora construída, para que o pudessem arremessar para baixo" (Lucas 4:29). O monte em questão, no entanto, o [[Nebi Sa'in]], é muito íngreme para as antigas moradias.<ref>B. Bagatti, ''Excavations in Nazareth,'' Plate &nbsp;XI, top right.</ref> Bagatti mostrou, no entanto, que esta área foi claramente usada para tumbas e trabalhos de agricultura nas Idades do Bronze e do Ferro, assim como na segunda metade da ocupação romana.<ref>B. Bagatti, ''Excavations in Nazareth,'' pp. &nbsp;237-310.</ref>
 
Na metade dos anos 1990, um lojista chamado Elias Shama descobriu túneis sob sua loja, próxima ao [[Poço de Maria]] em Nazaré. Os túneis foram identificados como sendo o [[hipocausto]] de uma terma. O sítio ao redor foi escavado nos anos de 1997 e 981998 por Y. &nbsp;Alexandre, e os restos arqueológicos expostos foram estabelecidos como datando dos períodos dos romanos, [[Cruzada|cruzados]], [[mameluco]]s e [[otomano]]s.<ref>Alexandre, Y. “Archaeological Excavations at Mary’s Well, Nazareth,” Israel Antiquities Authority bulletin, May 1, 2006.</ref><ref>{{citar web|título=Is This Where Jesus Bathed? |data=22 de outubro de 2003 |autor =Cook, Jonathon |publicado=The Guardian | url=http://www.guardian.co.uk/g2/story/0,3604,1067930,00.html}}</ref><ref>{{citar web|título=Under Nazareth, Secrets in Stone. |data=17 de dezembro de 2002 |autor =Cook, Jonathan. |publicado=International Herald Tribune. | url=http://%20www.jkcook.net/Articles1/0021.htm.}}</ref>
 
Uma tabuleta que está atualmente na [[Biblioteca Nacional de Paris]], datada de {{DC|50 d.C.|n}}, foi enviada de Nazaré para Paris em 1878. Ela contém uma inscrição conhecida como a "Ordenança de César", que prescreve a pena de morte para aqueles que violarem tumbas e sepulturas. No entanto, suspeita-se que esta inscrição tenha vindo de Nazaré de algum outro lugar (possivelmente [[Séforis]]). Bagatti escreve: “Não temos certeza de que ela foi encontrada em Nazaré, ainda que ela tenha vindo de Nazaré para Paris. Em Nazaré viviam vários vendedores de antiguidades, que conseguiam material antigo de diversos lugares.”<ref>Bagatti, &nbsp;B. ''Excavations in Nazareth,'' vol. &nbsp;1 (1969), p. &nbsp;249.</ref> C. Kopp é mais definitivo: "Deve-se aceitar com certeza que a [Ordinância de César]... foi trazida ao mercado de Nazaré por mercadores de fora."<ref>C. Kopp, “Beiträge zur Geschichte Nazareths.”'' Journal of the Palestine Oriental Society'', vol. &nbsp;18 (1938), p. &nbsp;206, n.º&nbsp;1.</ref> Jack Finegan descreve outras provas arqueológicas relacionadas ao povoamento da região de Nazaré durante as Idades do [[Idade do Bronze|Bronze]] e do [[Idade de Ferro|Ferro]], e acrescenta que "Nazaré era um povoado fortemente judaico no período romano."<ref>''A Arqueologia do Novo Testamento'', [[Universidade de Princeton]] Press: Princeton, 1992: pages 44-46.</ref> A questão crítica agora sob o ponto de vista do debate acadêmico é de ''quando'' no período romano Nazaré veio a existir, ou seja, se os assentamentos lá começaram antes ou depois do ano {{DC|70 d.C.|n}} (a[[primeira Primeiraguerra Guerra Judaicajudaico-romana]]).<ref>Zindler, F. "Where Jesus Never Walked," ''American Atheist'', Winter 1996-97, p. 35. [http://web.archive.org/web/19980211161021/http://www.americanatheist.org/win96-7/T2/ozjesus.html p.&nbsp;35].</ref>
 
=== Referências bíblicas ===
[[FicheiroImagem:Miryam.jpg|thumb|right|Poço de Maria - este santuário, celebrando a [[Virgem Maria]], é um símbolo de Nazaré localizado em uma antiga fonte.]]
De acordo com o Novo Testamento, Nazaré era a terra natal de [[São José|José]] e Maria, e o local da [[Anunciação]], quando Maria foi informada pelo [[arcanjo Gabriel]] que teria Jesus como seu filho. Nazaré é também o local onde Jesus passou parte de sua vida, desde quando [[Retorno do jovem Jesus a Nazaré|voltou do Egito]] em algum ponto de sua infância até os seus 30 anos.
 
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== Referências extra-bíblicas ==
Referências textuais fora da Bíblia não ocorrem até cerca de {{DC|200 d.C.|x}}, quando [[Sexto Júlio Africano]], citado por Eusébio de Cesareia<ref>{{citar livro|nome=[[Eusébio de Cesareia]]|título=História Eclesiástica| url=http://www.newadvent.org/fathers/250101.htm|volume =I|capítulo=7.14|subtítulo=The Alleged Discrepancy in the Gospels in regard to the Genealogy of Christ.|língua=inglês}} - "Alguns dos mais cuidadosos, no entanto, tendo obtido seus próprios registros privados, seja por lembrar os nomes ou conseguindo-os de alguma outra nos registros, se orgulham de preservar a memória de sua nobre extração. Entre estes estão alguns dos já mencionados, chamados ''[[desposyni]]'', devido à sua conexão com a família do Salvador. Vindos de Nazara e Cochaba, vilas da Judeia, em outras partes do mundo desenharam a sua mencionada genealogia de memória e do livro de registros da maneira mais fiel que puderam."</ref>), menciona “Nazara” como sendo uma vila na "Judeia" e a localiza perto de uma “Cochaba”, até agora não-identificada. Esta curiosa descrição não bate com a tradicional localização de Nazaré na Baixa [[Galileia]].<ref>Diversas possíveis "Cochabas" têm sido identificadas: uma a quinze quilômetros norte de Nazaré (no outro lado do Séforis); outra na região de [[Bashan]] (ao leste do [[rio Jordão]]); e mais duas perto de [[Damasco]]. Ver J. Taylor, ''Christians and the Holy Places''. Oxford: 1993, pp. &nbsp;36-38 (com mapa).</ref> Na mesma passagem Africano escreve sobre os ''[[desposyni]]'', irmãos de Jesus, que ele afirma ''"terem mantido os registros de sua descendência com grande cuidado"''. Textos posteriores mencionando Nazaré incluem um do século {{séc|X}} que fala de um certo [[mártir]] chamado Conon que teria morrido na [[Panfília]] durante o reinado de [[Décio]] (249-251), e declarou em seu julgamento: ''"Pertenço à cidade de Nazaré na Galileia e sou parente de Cristo, a quem sirvo, como meus antepassados fizeram."''<ref>Clemens Kopp, ''Die heiligen Stätten der Evangelien'' [Os Lugares Santos dos Evangelhos]. Regensburg: Friedrich Pustet, 1959, p. &nbsp;90.</ref> Este Conon é tido como legendário.<ref>Joan Taylor, ''Christians and the Holy Places''. Oxford: 1993, p. &nbsp;243.</ref>
 
Em [[1962]] uma inscrição em hebraico descoberta em [[Cesareia Palestina|Cesareia]], datando do final do [[século {{séc|III]]}} ou início do [[século {{séc|IV]]}}, menciona Nazaré como um dos lugares no qual a família de sacerdotes de [[Hapizés]] residiu após a [[revolta de Bar Kokhba]] (132-{{DC|135 d.C.|x}})<ref>Supõe-se frequentemente que os Hapizés foram a Nazaré depois da [[Primeira guerra judaico-romana|Grande Revolta Judaica]] ({{DC|70 d.C.|x}}), mas R. Horsley apontou que "a data de seu retorno à cidade pode ter sido no segundo (ou até mesmo no terceiro) século [d.C.]."'' História e Sociedade na Galileia'', 1996. Foi em {{DC|131 d.C.|x}} que o [[imperador romano]] [[Adriano]] proibiu os judeus de residirem em Jerusalém ([[Aélia Capitolina]] na época), forçando-os a outro lugar.</ref> Dos três fragmentos que foram encontrados, é possível mostrar que a inscrição era uma lista completa de vinte e quatro linhagens sacerdotais (cf. {{citar bíblia|I Crônicas|24|7|19}}; {{citar bíblia|Neemias|11|12}}), com cada linhagem (ou família) tendo sido designada sua ordem apropriada e o nome de cada uma das cidades ou vilas na [[Galileia]] onde se assentaram. Um aspecto interessante dessa inscrição é que o nome de Nazaré não está grafado com o "z" (como se esperaria dos Evangelhos em grego) mas com o [[tsade]] hebraico ("Nasareth" ou "Natsareth").<ref>M. Avi-Yonah. "A List of Priestly Courses from Caesarea." ''Israel Exploration Journal'' 12 (1962):138.</ref>
 
[[Epifânio]] escreve em seu ''[[Panarion]]'' (c. &nbsp;375 &nbsp;d.C.)<ref>Pan. I.136. ''Panarion'' em grego. <!-- O texto foi traduzido para o latim com o título ''Adversus Haereses.'' Isso gera confusão, pois é o título mais conhecido da obra de Ireneu de Lyon --></ref> sobre um certo conte José de Tiberíades, um judeu rico, já de idade avançada, que se converteu ao cristianismo na época de [[Constantino I]]. O conde José afirmava que quando jovem teria construído igrejas em Séforis e outras cidades habitadas unicamente por judeus.<ref>Pan. 30.4.3; 30.7.1.</ref> Nazaré foi mencionada, embora a grafia não esteja clara.
<ref>Compare Pan.30.11.10 and 30.12.9. ([[Migne]] ''[[Patrologia Latina]]'' vol. &nbsp;41:426-427; Williams, F. ''The Panarion of Epiphanius of Salamis,'' Livro I. E. J. Brill 1987, pp. &nbsp;128-29).</ref> De qualquer maneira, Joan Taylor escreve: "É possível concluir agora que existiu em Nazaré, a partir da primeira parte do século {{séc|IV}}, uma igreja pequena e incomum que abrangia um complexo de cavernas."<ref>Taylor, J. ''Christians and the Holy Places''. Oxford: Clarendon Press, 1993, p. &nbsp;265.</ref> A cidade foi judaica até o sécuo VI.<ref>Taylor 229, 266; Kopp 1938:215.</ref>
 
No século {{séc|VI}} diversas lendas sobre a Virgem Maria começaram a despertar interesse no local entre peregrinos, que fundaram a [[Basílica da Anunciação|Igreja da Anunciação]] no sítio de uma fonte de água fresca, conhecida hoje como o [[Poço de Maria]]. Em 570, o Anônimo de Piacenza relata viagens de Séforis a Nazaré e se refere à beleza das mulheres hebreias dali, que afirmavam que a Santa Maria era sua parente, e registra: ''"A casa de Santa Maria é uma basílica."''<ref>Pp. &nbsp;Geyer, ''Itinera Hierosolymitana saeculi'', Lipsiae: G. Freytag, 1898: pág 161.</ref>
 
[[Jerônimo de Estridão|São Jerônimo]], escrevendo no século {{séc|V}}, diz que Nazaré era um ''viculus'', uma mera vila. A cidade judaica lucrava com o comércio gerado pela peregrinação cristã que começou no século {{séc|IV}}, mas as hostilidades anticristãs latentes eclodiram em 614, quando os persas invadiram a Palestina. Naquela época, os habitantes judeus de Nazaré ajudaram os persas a matar os cristãos da terra.<ref>C. Kopp, “Beiträge zur Geschichte Nazareths.” Journal of the Palestine Oriental Society, vol. &nbsp;18 (1938), p. &nbsp;215. Kopp está citando o escritor egípcio [[Eutíquio de Alexandria]] (''Eutychii Annales'' na ''[[Patrologia Graeca]]'' de [[Migne]], vol. &nbsp;111 p. &nbsp;1083).</ref> Quando o [[imperador bizantino]] [[Heráclio]] expulsou os persas da Palestina em 630, escolheu Nazaré para uma punição especial. Neste momento a cidade deixou de ser judia.
 
=== Domínio islâmico ===
A conquista muçulmana da Palestina no ano de [[637{{DC|637 d.C.]]|x}} durante o início do período medieval eventualmente levou à [[Primeira Cruzada]], que começou com um longo período de conflitos. O controle sobre a Galileia e Nazaré mudou frequentemente de mãos durante este período, com o impacto subsequente na constituição religiosa da população.
 
No ano de [[1099]] o cruzado [[Tancredo da Galileia|Tancredo]] capturou a Galileia e estabeleceu sua capital em Nazaré. A antiga [[diocese]] de [[Citópolis]] foi transferida para o [[Arcebispo de Nazaré]]. A cidade voltou ao controle muçulmano em 1187, depois da vitória de [[Saladino]] na [[Batalha de Hattin]].
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=== 1947-1948 ===
[[FicheiroImagem:Nazareth souvenir shop.jpg|thumb|right|Loja de recordações próxima à [[Basílica da Anunciação]]]]
Nazaré estava no território designado ao estado árabe de acordo com o [[Plano das Nações Unidas para a partilha da Palestina]]<ref>[http://domino.un.org/maps/m0103_1b.gif Plano de partição de Palestina - mapa.]</ref> A cidade não se tornou um campo de batalha durante a [[Guerra árabe-israelense]] antes da primeira trégua em 11 de junho, embora alguns dos habitantes tivessem aderido aos desorganizados exércitos camponeses de resistência, e tropas do [[Exército Árabe de Liberação]] entraram em Nazaré. Durante os dez dias de batalha que ocorreram entre a primeira e a segunda tréguas, Nazaré se rendeu a tropas israelenses em [[16 de julho]] de [[1948]], durante a [[Operação Dekel]], oferecendo apenas uma resistência mínima. A rendição foi formalizada em um acordo escrito, no qual os líderes da cidade concordaram em cessar as hostilidades em troca de garantias dos oficiais israelenses, incluindo o Comandante de Brigadas, [[Ben Dunkelman]], líder da operação, de que nenhum dano seria infligido aos civis da cidade. Algumas horas mais tarde o [[Ramatcal]] [[Chaim Laskov]] ordenou a Dunkelman que evacuasse a população civil de Nazaré. Dunkelman se recusou a obedecer estas ordens. Em grande contraste com o que ocorreu nas cidades vizinhas, os habitantes árabes de Nazaré nunca foram expulsos. <ref>"Truth Whereby Nations Live", por Peretz Kidron. ''In'' {{citar livro|título=[[Blaming the Victims]]|data=1988 |autor = [[Edward W. Said|SAID, Edward]] e [[Christopher Hitchens|HITCHENS, Christopher]] (orgs.)|publicado= Verso Books|página=86-87}}</ref>
 
== Eventos atuais ==
Os preparos para a visita do [[Papa]] a Nazaré no ano [[2000]] despertou tensões altamente divulgadas com relação à [[Basília da Anunciação]]. A permissao concedida em [[1997]] para a construção de uma praça pavimentada que pudesse receber os milhares de peregrinos cristãos esperados na ocasião do novo milênio causou protestos entre os muçulmanos e a ocupação do lugar sugerido para a praça, considerado como a sepultura de um sobrinho de Saladino. O local era a sede de uma escola construída sob o domínio otomano; chamada de Al-Harbyeh (que significa 'Militar' em árabe), a escola era recordada por muitos dos habitantes mais antigos de Nazaré, e em seu sítio continuavam a funcionar o santuário de Shihab-Eddin e diversas lojas de propriedade da [[waqf]] (entidade que administra as propriedades da coletividade islâmica).
 
A discussão inicial entre as diferentes facções políticas da cidade (representadas no concelho local) girava em torno de onde as fronteiras do santuário e das lojas começariam e onde terminariam. A aprovação inicial do governo de planos subsequentes para a construção de uma grande mesquita no local gerou protestos dos líderes cristãos ao redor do mundo, que continuaram depois da visita papal. Finalmente, em 2002, uma comissão especial do governo interrompeu permanentemente a construção da mesquita.<ref>{{citar web|título=Final Bar on Controversial Nazareth Mosque |data=4 de março de 2002 |publicado=Catholic World News | url=http://www.cwnews.com/news/viewstory.cfm?recnum=17590}}</ref>
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== Santuários religiosos ==
[[FicheiroImagem:Nazarethfrom the Souq.jpg|left|rotate90|thumb|O minarete da [[Mesquita Branca]] e a torre do relógio ao lado da Igreja da Anunciação, vistos do Velho Mercado de Nazaré]]
Em Nazaré estão inúmeras igrejas, que são suas principais atrações turísticas. As mais importantes celebram eventos bíblicos.
 
* A [[IgrejaBasílica da Anunciação]] é a maior do Oriente Médio. De tradição [[Igreja Católica Apostólica Romana|católica apostólica romana]], ela assinala o lugar onde o [[arcanjo Gabriel]] teria [[Anunciação|anunciado o nascimento]] vindouro de Jesus à [[Virgem Maria]] ({{citar bíblia|Lucas|1|26|31}}).
* A [[Igreja Ortodoxa]] construiu a [[{{ilc|Igreja de São Gabriel|Igreja de São Gabriel (Nazaré)|Igreja Ortodoxa Grega da Anunciação (Nazaré)|Igreja Grega Ortodoxa da Anunciação (Nazaré)|Igreja deOrtodoxa Sãoda Gabriel]]Anunciação (Nazaré)}} sobre um sítio alternativo da Anunciação.
* A [[Igreja Greco-Católica Melquita]] é proprietária da [[Igreja Sinagoga]], localizada sobre o sítio da [[sinagoga]] onde, de acordo com a tradição, [[Rejeição de Jesus em sua cidade|Jesus pregou]].
* A [[Igreja da Carpintaria de São José]] ocupa o local onde a tradição diz que funcionava a [[Retorno do jovem Jesus a Nazaré|oficina de José]].
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* Além isso, existem indicações bíblicas de que Nazareno foi uma tradução imprecisa de "[[nazarita]]", uma pessoa que havia feito um voto de santidade e, assim, se separava das massas. {{citar bíblia|Mateus|2|23}} afirma sobre Jesus que ''"E ele veio e morou numa cidade chamada Nazaré: para que se cumpra o que foi dito pelos profetas, Ele será chamado de Nazareno."'' Como não existem menções anteriores a 'Nazaré' nas Escrituras, diversas bíblias de referência sugerem que a profecia citada neste versículo está se referindo ao versículo do [[Livro dos Juízes]] que descreve [[Sansão (Bíblia)|Sansão]] como um nazarita.
 
Frank Zindler, editor da American Atheist Press, afirma que Nazaré não existia no [[século {{séc|I]]}}<ref>Zindler, F. "Where Jesus Never Walked," ''American Atheist'', Winter 1996-97, pp. &nbsp;33-42.[http://web.archive.org/web/19980211161021/http://www.americanatheist.org/win96-7/T2/ozjesus.html]</ref> Seus argumentos incluem:
:* Nenhum "historiador ou geógrafo da Antiguidade menciona Nazaré antes do início do século {{séc|IV}}."<ref>Zindler, F. "Where Jesus Never Walked," ''American Atheist'', Winter 1996-97, p. &nbsp;34.[http://web.archive.org/web/19980211161021/http://www.americanatheist.org/win96-7/T2/ozjesus.html]</ref>
:* Nazaré não é mencionada no [[Antigo Testamento]], no [[Talmude]], nem nos [[apócrifos do Novo Testamento|Evangelhos apócrifos]] ou na [[literatura rabínica]].
:* Nazaré não foi incluída na lista de lugares colonizados pelas tribos de [[Zebulom]] ({{citar bíblia|Josué|19|10|16}}), que menciona doze cidades e seis aldeias.
:* Nazaré não consta entre as 45 cidades da [[Galileia]] mencionadas por [[Josefo]] (37-{{DC|100 d.C.|x}}).
:* Nazaré também não se encontra entre as 63 cidades da Galileia mencionadas no Talmude.
 
O ponto de vista de Zindler é historicamente plausível se Nazaré tiver vindo a existir na mesma época em que o os Evangelhos do Novo Testamento estivessem sendo escritos e redigidos. A maioria dos estudiosos situa esta atividade literária entre as duas guerras judaicas (70-{{DC|132 d.C.|x}}).
 
{{Locais Importantes do Cristianismo}}
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* {{flagicon|Polónia}} [[Częstochowa]], [[Polónia]]
* {{flagicon|Itália}} [[Loreto (Ancona)|Loreto]], [[Itália]]
* {{flagicon|Itália}} [[Florença]], [[ItalyItália]]
* {{flagicon|Países Baixos}} [[Haia]], [[Países Baixos]]
* {{flagicon|França}} [[Saint-Denis (Seine-Saint-Denis)|Saint-Denis]], [[França]]
 
{{Referências}}
== Ver também ==
* [[Locais árabes em Israel]]
 
{{referências}}
 
== Ligações externas ==
{{Commonscat|Nazareth|Nazaré}}
* {{JewishEncyclopedia| artigo = Nazareth| url = http://www.jewishencyclopedia.com/view.jsp?artid=141&letter=N| autor = Isidore Singer e George A. Barton}}
* {{Eastons| artigo = Nazareth| url = http://www.ccel.org/ccel/easton/ebd2.html?term=Nazareth}}
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{{Distrito Norte IL}}
{{Categorização AD e AB de outras wikis}}
 
[[Categoria:Cidades de Israel]]