Lisboa: diferenças entre revisões

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|data = 2015<ref name="censos 2011">{{citar web|url=http://www.pordata.pt/Municipios/Popula%C3%A7%C3%A3o+residente+total+e+por+grandes+grupos+et%C3%A1rios-390|titulo=População residente: total e por grandes grupos etários|obra=Pordata|acessodata=26/01/2017}}</ref> |freguesias = 24{{Nota de rodapé|grupo=nt|nome=freg|'''Até 2012, o concelho de Lisboa tinha 53 freguesias.'''}}
|presidente = [[Fernando Medina]] ([[Partido Socialista (Portugal)|PS]])<br /> [[Eleições autárquicas portuguesas de 2013|Mandato]] 2015-2017
|fundação = <small>''Primeiras referências da cidade''</small><br />{{AC-séc|século XII}}<br /><small>''Integração no [[Reino de Portugal]] (reconquista da cidade por [[Afonso I de Portugal|D. Afonso Henriques]])''</small><br />[[1147]]<br /><small>''Primeiro foral''</small><br />[[1179]]<br /><small>''Capital do Reino''</small><br />[[1256]]
|orago = [[Santo António de Lisboa]] e [[Vicente de Saragoça|São Vicente]]
|feriado = [[13 de junho|13 de junho (Dia de Santo António)]]
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== Etimologia e gentílico ==
Para Samuel Bochart, um francês do século {{séc|XVII}} que se dedicou ao estudo da Bíblia, o nome Olisipo é uma designação pré-romana de "Lisboa" que remontaria aos [[Fenícios]].<ref name="Fenícios">{{Citar web|url=http://ciberduvidas.com/pergunta.php?id=19409|título=Qual a origem da palavra '''Lisboa'''?|publicado=Ciberdúvidas da Língua Portuguesa|acessodata=3 de Junho de 2009|último=Rocha|primeiro=Carlos}}</ref> Segundo ele, a palavra “Olisipo” deriva de "Allis Ubbo" ou "Porto Seguro" em fenício, porto esse situado no [[Estuário do Tejo]].<ref>[http://books.google.com/books?id=5XqQvq8b9kEC&source=gbs_navlinks_s Le rivage des mythes: une géocritique méditerranéenne, le lieu et son mythe], Bertrand Westphal, Presses Univ., Limoges, 2001</ref> Não existe nenhum registo que possa comprovar tal teoria. Segundo Francisco Villar,<ref>[https://dialnet.unirioja.es/servlet/libro?codigo=201875 Los indoeuropeos y los orígenes de Europa], [https://dialnet.unirioja.es/ Dial.net], base de dados</ref><ref>[https://es.wikipedia.org/wiki/Francisco_Villar_Li%C3%A9bana Francisco Villar] na Wikipédia espanhola</ref> “Olisipo” seria uma palavra de origem [[tartesso|tartessa]] sendo o sufixo ''ipo'' usado em territórios de influência Turdetano-Tartessica.<ref>[https://books.google.pt/books?id=G7zC8UCvmo0C&dq=tovar+olisipo+ipo&source=gbs_navlinks_s%7Csobrenome%3DVillar&redir_esc=y Indoeuropeos y no indoeuropeos en la Hispania prerromana]</ref> O prefixo "Oli(s)" não seria único visto estar associado a outra cidade lusitana de localização desconhecida, que [[Pomponius Mela]] dizia chamar-se "Olitingi".<ref>[http://books.google.com/books?id=_KsTAAAAYAAJ&pg=PT538&dq=olitingi&hl=en&ei=qY-mTIuyMYPGswa3-by6CA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCUQ6AEwAA#v=onepage&q=olitingi&f=false A classical dictionary: containing a copious account of all the proper names]</ref>
 
Os autores da [[Antiguidade]] conheciam uma [[lenda]] que atribuía a fundação de Olisipo ao [[mitologia grega|herói grego]] [[Odisseu|Ulisses]]<ref>[http://www.thelatinlibrary.com/solinus3a.htmlCAII JULII SOLINI DE MIRABILIBUS MUNDI. CAPITULA XXIII - XXXIV]</ref>, provavelmente baseando-se em [[Estrabão]]<ref>[http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Strabo/3B*.html Geografia de Estrabão, Vol. II, Livro 3, capítulo 2]</ref>: [[Odisseu|Ulisses]] teria fundado em local incerto da Península Ibérica uma cidade chamada Olisipo (''Ibi oppidum Olisipone Ulixi conditum: ibi Tagus flumen'').<ref>[http://www2.dlc.ua.pt/classicos/7.Puga.pdf A odisseia de um mito: diálogos intertextuais em torno da fundação de Lisboa por Ulisses nas literaturas anglófonas] – artigo de Rogério Miguel Puga, CETAPS, FCSH, Universidade Nova de Lisboa</ref><ref>[http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/zips/salves4.rtf O mito de Ulisses ou a queda da História] – artigo de Manuel Alves publicado no volume colectivo Literatura Comparada: Os Novos Paradigmas, Porto, Associação Portuguesa de Literatura Comparada, 1996, pp. 569-574 (download)</ref> Posteriormente, o nome latino teria sido corrompido para "Olissipona". [[Ptolomeu]] deu a Lisboa o nome de "Oliosipon". Os [[Visigodos]] chamaram-na ''Ulishbon''.<ref>Francisco Azevedo, ''Once Upon a Time in Rio: A Novel''; Simon and Schuster, 2014. pp. 299. ISBN 1451695578</ref> e os [[mouros]], que conquistaram Lisboa no ano [[714]], deram-lhe em [[língua árabe|árabe]] este nome {{lang|ar|اليكسبونا}} (''al-Lixbûnâ'') ou ainda {{lang|ar|لشبونة}} (''al-Ushbuna'').
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O povoado pré-romano de Olisipo, com origem nos séculos {{AC|VIII-VII|nl}}, assentava no morro e na encosta do [[Castelo de Lisboa|Castelo]]. A Olisipo pré-romana foi o maior povoado orientalizante de Portugal. Estima-se que a sua população rondasse entre {{fmtn|2500}} e {{fmtn|5000}} pessoas.<ref>{{Citar livro|url=http://books.google.com/books?id=7ev-DW7WEaAC&dq=olisipo&source=gbs_navlinks_s|nome=Carlos Gómez|sobrenome= Bellard|título=Ecohistoria del paisaje agrario|subtítulo=la agricultura fenicio-púnica en el Mediterráneo|idioma=espanhol|edição=1|local=València|editora=Universitat de València|ano=2003|páginas=270|volume=1}}</ref> Olisipo seria um bom fundeadouro para o tráfego marítimo e para o comércio com os fenícios.<ref>[http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/12125.pdf Os Primeiros Momentos da Colonização Fenícia na Península Ibérica: uma visão síntese das realidades socioeconómicas de Gadir em contacto com os indígenas] – texto de João Pedro Oliveira e Silva, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa</ref><ref>[http://www.museudacidade.pt/Esposicoes/Permanente/Paginas/Olisipo%E2%80%93A-Cidade-Romana-sec-II-ac%E2%80%93sec-IV-dc.aspx Olisipo – A Cidade Romana (séc. II a.C. – séc. V d.C.)]</ref>
 
Achados [[arqueologia|arqueológicos]] sugerem que já havia trocas comerciais com os [[feníciofenícios]]s na região de Lisboa em {{AC|1200}} <ref>[https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/24204/1/O%20povoamento%20pr%C3%A9-romano%20de%20Freiria%20-%20Cascais.pdf O Tejo, palco de interação entre Indígenas e Fenícios] – texto de Guilherme Cardoso e José d’Encarnação em [https://estudogeral.sib.uc.pt/ Estudo Geral nº 2, setembro 2013]</ref>, levando alguns historiadores a admitir que teriam habitado o que é hoje o centro da cidade, na parte sul da colina do [[Castelo de São Jorge|castelo]].<ref>Lisboa, artigo publicado na pág. da [[Universidade Nova de Lisboa]] (lisboafenicia.blogspot.pt)</ref> Na praça de D. Luís, em Lisboa, foram localizados vestígios de um fundeadouro com mais de 2000 anos, remontando ao século {{-séc|I aC}} e ao século {{DC|V dC|x}}, onde os navios ancoravam para fazer descargas e reparações e também para o trânsito de passageiros e carga.<ref>[http://sol.sapo.pt/inicio/Cultura/Interior.aspx?content_id=68811 Fundeador romano encontrado em Lisboa é achado extraordinário]</ref> Além de viajarem daí para o Norte, os fenícios também aproveitaram o facto de estarem na desembocadura do maior rio da [[Península Ibérica]] para fazerem comércio de metais preciosos com as tribos locais.<ref>[http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/12125.pdf Os Primeiros Momentos da Colonização Fenícia na Península Ibérica: uma visão síntese das realidades socioeconómicas de Gadir em contacto com os indígenas] – artigo de João Pedro Oliveira e Silva, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa</ref> Outros importantes produtos aí comercializados eram o [[sal]], o peixe salgado e os [[puro sangue lusitano|cavalos puros-sangue lusitanos]], bem conhecidos na Antiguidade.<ref>{{Citar web|url=http://www.cavalo-lusitano.com/historial|título=Historial do Cavalo Puro Sangue Lusitano|publicado=Associação Portuguesa do Cavalo Puro Sangue Lusitano|acessodata=4 de Junho de 2009}}</ref>
 
Recentemente (1990/94)<ref>, [http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/?sid=sitios.resultados&subsid=56204 Sé de Lisboa], CNS:3229, [http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/ Portal do Arqueólogo]</ref> vestígios fenícios do {{AC-séc|século VIII}} foram encontrados sob a [[Sé de Lisboa]]. Não obstante, alguns historiadores modernos<ref>[[José Mattoso|Mattoso, José]] (dir.), ''História de Portugal. Primeiro Volume: Antes de Portugal'', Lisboa, Círculo de Leitores, 1992.</ref> consideram que a ideia da fundação fenícia é irreal, convictos que Lisboa era uma antiga civilização autóctone (chamada pelos romanos de [[ópido]]) que se limitava a estabelecer relações comerciais com os fenícios, o que explicaria a presença de cerâmicas e de outros artefactos com tal origem.
 
Uma velha [[lenda]] refere que a cidade de Lisboa foi fundada pelo [[mitologia grega|herói grego]] [[Odisseu]] (Ulisses),{{Carece de fontes|Portugal=sim|data=agosto de 2014}} e que, tal como [[Roma]], o seu povoado original era rodeado por [[Sete Colinas de Lisboa|sete colinas]]. Se todas as viagens de Ulisses através do Atlântico tivessem ocorrido como [[Théophile Cailleux]] as descreveu,<ref>Pays Atlantiques décrits par Homère, Théophile Cailleux, 1879, Paris</ref> isso significaria que Ulisses fundou a cidade vindo do Norte, antes de dar a volta ao Cabo Malea, (que Cailleux diz ser o [[Cabo de São Vicente]]), na sua viagem para Sudeste, rumo a [[Ítaca]]. No entanto, a presença dos fenícios, mesmo ocasional, é anterior à presença [[Grécia Antiga#Cultura da Grécia Antiga|helénica]] neste território. Posteriormente, o nome grego da cidade teria sido corrompido em [[latim]] para '''Olissipona'''. Outros [[Mitologia Lusitana|deuses pré-romanos]] da [[Lusitânia]] <ref>[http://historia-portugal.blogspot.pt/2008/02/provincia-da-lusitania-45ac-411dc.html A Província da Lusitânia – 45aC-411dC]</ref> são ''Aracus'', ''[[Cariocecus]]'', ''[[Bandua]]'' e ''[[Trebaruna]]''.<ref>{{Citar web|url=http://morganalefay.br.tripod.com/morganalefay/id11.html|título=Deuses da Lusitânia|publicado=Morgana LeFay|acessodata=3 de Junho de 2009}}</ref>
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[[Imagem:Cerca Velha - Portas do Sol.JPG|thumb|Parte das antigas muralhas romanas]]
 
Após a conquista de [[Cartago]], os [[Roma Antiga|romanos]] iniciam as [[Invasão romana da Península Ibérica|guerras de pacificação do ocidente]]. Cerca de {{AC|139/138|nl}}, conquistaram Olisipo, durante a campanha de [[Decimus Junius Brutus]], que reforçou as muralhas da cidade para se defender das tribos hostis. A Lisboa de então foi depois anexada ao [[Império Romano|império]] e recompensada com a atribuição de ''[[cidadania romana]]'', privilégio então raríssimo para povos não romanos.{{Carece de fontes|Portugal=sim|data=junho de 2010}} ''[[Felicitas Julia]]'' beneficia assim do estatuto de [[município romano|município]], juntamente com os territórios em seu redor, num raio de 50&nbsp;[[Quilômetro|km]], não pagando impostos a [[Roma]], ao contrário do que se passava com quase todos os outros [[castro]]s e povoados [[autóctones]] conquistados. A cidade foi por fim integrada, com larga autonomia, na [[província romana|província]] da [[Lusitânia]], cuja capital era [[Emerita Augusta|Emeritas Augusta]], a actual [[Mérida (Espanha)|Mérida]], situada na [[Estremadura (Espanha)|Estremadura espanhola]]. A Olisipo romana dispunha-se em anfiteatro desde a colina do [[Castelo de São Jorge]] até ao Terreiro do Trigo, o Campo das Cebolas, a antiga Ribeira Velha e a [[Rua Augusta (Lisboa)|Rua Augusta]].<ref>{{Citar livro|url= http://books.google.com/books?id=RT9K8cek_HwC&dq=olisipo&source=gbs_navlinks_s|nome= |sobrenome= |título=IV Reunió D'Arqueología Cristiana Hispànica|subtítulo= Lisboa, 28-30 de Setembre/1-2 D'octubre de 1992 = Lisboa, 28-30 Setembro/1-2 Outubro 1992 |idioma=catalão |edição= 4|local=Barcelona |editora=Institut d'Estudis Catalans |ano= 1995|páginas=546 |volume=1}}</ref> Um dos mais antigos e importantes vestígios da presença romana em Lisboa são as [[ruínas do teatro romano de Lisboa|ruínas de um magnífico teatro]] (século {{séc|I}}) então construído no local que hoje corresponde ao nº 3A da Rua de São Mamede, em [[Alfama]], muito frequentado pelas elites da época.<ref>[http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/teatro-romano-reabre-para-nos-dar-mais-um-pouco-da-historia-de-lisboa-1709657 Teatro Romano reabre para nos dar mais um pouco da história de Lisboa], artigo de Cláudia Carvalho no jornal Público de 30 de setembro 2015</ref><ref>[http://www.dn.pt/artes/interior/museu-do-teatro-romano-conta-23-seculos-da-vida-de-lisboa--4806080.html Museu do Teatro Romano conta 23 séculos da vida de Lisboa], artigo de Filipe Amorim no Diário de Notícias, 30 de setembro 2015</ref><ref>[http://www.agendalx.pt/local/museu-de-lisboa-teatro-romano Museu de Lisboa – teatro romano] em [http://www.agendalx.pt/ Agenda Cultural de Lisboa]</ref><ref>[http://www.rtp.pt/play/p2002/e216675/visita-guiada Visita Guiada (V), RTP2] – programa de [[Gabriela Canavilhas]] em 5 de março 2016</ref>
 
No tempo dos romanos, a cidade era famosa pelo fabrico de [[garum]], alimento de luxo feito de pasta de peixe, conservado em [[ânfora]]s e exportado para Roma e todo o império. Outros produtos comercializados eram o [[vinho]] e o [[sal]]. [[Ptolomeu]] designava essa primordial Lisboa como sendo a cidade de [[Ulisses]]. No seu tempo, para além exploração das minas de ouro e prata, a maior receita provinha de tributos, impostos, resgates e saques, que incluíam [[ouro]] e [[prata]] dos tesouros públicos dos povos da Lusitânia e de outras [[feitoria]]s peninsulares.<ref>{{Citar web|url= http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/09253885489847339647857/014845.pdf |título=Fuentes literarias griegas y romanas referentes a las explotaciones mineras de la Hispania romana |autor=José María Blázquez Martínez|obra=Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes |acessodata=28 de Julho de 2010}}</ref><ref>{{Citar web|url= http://descargas.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/12604174228150424198846/020226.pdf?incr=1 |título=Roma y la explotación económica de la Península Ibérica |autor=José María Blázquez Martínez|obra=Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes |acessodata=28 de Julho de 2010}}</ref><ref>{{Citar web|url= http://descargas.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/13559953901917940700080/025178.pdf?incr=1 |título=Mineros antiguos españoles |autor= Antonio Blanco Freijeiro e José M. Luzón Nogué|obra=Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes |acessodata=28 de Julho de 2010}}</ref><ref>{{Citar web|url= http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/8325/2/2022.pdf |título=A Actividade Mineira em Portugal durante a Idade Média |autor= Luís Miguel Duarte|obra=Faculdade de Letras do Porto |acessodata=28 de Julho de 2010}}</ref>
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Permite o povoamento das ilhas atlânticas a oeste e sudoeste de Portugal fundar cidades-portos necessários para a exploração de novos mercados. De Lisboa partem inúmeras expedições nessa época dos [[Descobrimentos portugueses|descobrimentos]] (séculos XV a XVII), como a de [[Vasco da Gama]], em 1497-1498, fazendo melhorar o porto de Lisboa, centro mercantil da [[Europa]], ávida por ouro e especiarias.<ref>{{Citar livro|url= http://books.google.com/books?id=w41UcD6ImZYC&dq=portugueses+descobertas+ouro+africa+asia+-brasil&as_brr=3&source=gbs_navlinks_s|autores= Rodrigues, Jorge Nascimento e Devezas, Tessaleno |título=Portugal:o pioneiro da globalização|subtítulo=a Herança das descobertas |edição= 1|local= Vila Nova de Famalicão|editora= Centro Atlântico|ano= 2009|páginas= 606|volume= 1}}</ref>
 
Na alta da expansão colonial portuguesa, as casas ribeirinhas de Lisboa tinham entre três a cinco andares: uma loja e, acima dela, instalações comerciais. Duas gravuras da Rua Nova dos Mercadores no {{séc|XVI}} descobertas em Londres ilustram essa realidade e o importante papel da presença negra na cidade.<ref>[http://www.publico.pt/ciencia/noticia/a-quinta-avenida-do-seculo-xvi-ficava-em-lisboa-1716946 A quinta avenida do século {{séc|XVI}} ficava em Lisboa] – notícia do jornal Público, 10/12/2015</ref> Lisboa passou a ocupar o lugar de [[Génova]] no comércio de escravos <ref>{{Citar livro|url= http://books.google.com/books?id=0B8NAQAAIAAJ&dq=comerce+of+slaves++genova&lr=&as_brr=3&source=gbs_navlinks_s|nome= William D. |sobrenome=Phillips |título=Slavery from Roman times to the early transatlantic trade |idioma= inglês|edição= 1|local= Manchester |editora= Manchester University Press ND |ano=1985|páginas=286 |volume=1}}</ref> provenientes de África, da Península Ibérica<ref>{{Citar livro|url=http://books.google.com/books?id=FvUygSjHwSQC&dq=peireto+giovanni+scriba&source=gbs_navlinks_s |nome=Steven |sobrenome= Epstein|título=Speaking of slavery|subtítulo=color, ethnicity, and human bondage in Italy |idioma=inglês|local=New York |editora=Cornell University Press |ano=2001 |páginas=215 |volume=1}}</ref> e resto da Europa<ref>{{Citar livro|url= http://books.google.com/books?id=oZYRAAAAIAAJ&dq=middle+ages+slavery+traffic+slave+markets&lr=&as_brr=3&source=gbs_navlinks_s|nome= George S. |sobrenome=Sawyer |título=Southern institutes |subtítulo= or, an inquiry into the origin and early prevalence of slavery and the slave-trade, with an analysis of the laws, history, and government of the institution in the principal nations, ancient and modern, from the earliest ages down to the present time |idioma= inglês|local= Pensilvânia|editora=J.B. Lippincott & Co. |ano= 1859 |páginas=381 |volume= 1 }}.</ref> Tornou-se um porto em que circulavam cativos que depois eram vendidos para diversos pontos da Europa.<ref>{{Citar livro|url=http://www.google.com/books?id=p0jXzU1pT3YC&dq=ivan+van+sertima&lr=&as_brr=3&source=gbs_navlinks_s |nome= Ivan |sobrenome=Van Sertima |título=African presence in early Europe |idioma=inglês |local=New Jersey |editora=Transaction Publishers |ano= 1986|páginas=317 |volume=7}}</ref><ref>{{Citar web|autor=Alfonso Pozo Ruiz|url= http://personal.us.es/alporu/histsevilla/esclavos_procedencia.htm |título=La procedencia de los esclavos negros en Sevilla |obra=personal.us.es |acessodata=28 de Julho de 2010}}</ref> Lisboa era então frequentada por muitos comerciantes estrangeiros.
 
A maior riqueza de Lisboa desde o fim do {{séc|XVI}} era o [[ouro]] e o [[monopólio]] dos produtos do [[Brasil]]. Findos os conflitos e guerras entre conservadores e liberais, foi perdido o monopólio e do ouro só uma pequena parte chegava aos cofres reais devido ao contrabando e à pirataria.<ref>[http://books.google.com/books?id=8MQlBP0IrHgC&pg=PA73&dq=gold+brazil++smugglers+piracy&hl=en&ei=GwEFTtzFCdODhQfEq-SECA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&sqi=2&ved=0CCwQ6AEwAA#v=onepage&q=gold%20brazil%20%20smugglers%20piracy&f=false David Birmingham. A concise history of Portugal pg 73]</ref><ref>[http://books.google.com/books?id=LdrBUR6jtIYC&pg=PA100&dq=gold+brazil++smugglers+colony&hl=en&ei=TwYFTtfEMsLX8gOI4qSwDQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=2&ved=0CDAQ6AEwATgK#v=onepage&q=gold%20brazil%20%20smugglers%20colony&f=false A Companion to Latin American History pg 101]</ref>
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O centro cultural e comercial da cidade passou para o [[Chiado]] durante o {{séc|XIX}} (cerca de 1880). Com as velhas ruas da Baixa já ocupadas, os donos de novas [[loja]]s e clubes estabeleceram-se na colina anexa, que rapidamente se transformou. Aqui são fundados clubes célebres, como o [[Grémio Literário de Lisboa|Grémio Literário]], afamado pelas histórias de [[Eça de Queirós]], frequentado por [[Almeida Garrett]], [[Ramalho Ortigão]], [[Guerra Junqueiro]], [[Joaquim Pedro de Oliveira Martins|Oliveira Martins]] e [[Alexandre Herculano]]. Surgiram no Chiado lojas de roupas da moda, em particular de Paris, e outros produtos de [[Luxúria (pecado)|luxo]], grandes armazéns no estilo do [[Harrods]] de [[Londres]] ou das Galerias Lafayette de [[Paris]], novos cafés de luso-Italianos, como ''O Tavares'' e o ''Café do Chiado''.
 
=== Século XX ===
[[Imagem:Proclamação República Portuguesa.jpg|thumb|[[Implantação da República Portuguesa|Proclamação da república]] por [[José Relvas]] em Lisboa]]
[[Imagem:Murder of Sidonio Pais at Lisboa-Rossio Railway Station.jpg|thumb|Assassinato de [[Sidónio Pais]] na [[Estação do Rossio]].]]
 
Espectáculo típico de tavernas e pequenos recintos dos bairros populares de Lisboa, o [[fado]] <ref name="Etnográfica">[http://ceas.iscte.pt/etnografica/docs/vol_03/N1/Vol_iii_N1_5-20.pdf O fado é o coração: o corpo, as emoções e a performance no fado] – [http://ceas.iscte.pt/etnografica/ Etnográfica]</ref><ref name="encontro2014.rj.anpuh.org">[http://www.encontro2014.rj.anpuh.org/resources/anais/28/1400527819_ARQUIVO_GASPAROTTO_Lucas_Andre_final.pdf Eu sou em quase tudo um francês: o rechaço de Eça de Queiroz ao Fado português na formulação de um projeto político para a nação]</ref>, a partir do início do século, «… conhece uma gradual divulgação e consagração popular, através da publicação de periódicos que se consagram ao tema e da consolidação de novos espaços performativos numa vasta rede de recintos …».<ref>[http://www.museudofado.pt/gca/?id=17 História do Fado] ([[Museu do Fado]])</ref> Ao mesmo tempo, em espaços amplos como a [[Praça de Touros do Campo Pequeno]], a [[tourada]] torna-se um dos divertimentos populares preferidos. O teatro popular ou [[teatro de revista]], pegando em temas de velhas comédias e dramas eruditos, ocupa novas salas da capital. Outro passatempo, tipicamente português, é a [[Oratória]], praticada por actores que, comentando temas em moda, imitam o [[Padre António Vieira]] com uma retórica cheia de floreados, com argumentos superficiais, por vezes cantando, em espetáculos onde se disputa prémios. Matam ainda os alfacinhas os seus ócios em grandes jardins públicos que surgem em Lisboa imitando o [[Hyde Park]] de Londres e jardins das cidades alemãs. O primeiro é o [[Jardim da Estrela]].
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Lisboa dispõe de três universidades públicas, a [[Universidade de Lisboa]], a [[Universidade Técnica de Lisboa]] e a [[Universidade Nova de Lisboa]] e diversas universidades privadas. A cidade está equipada com diversas bibliotecas, sendo a mais importante a [[Biblioteca Nacional de Portugal|Biblioteca Nacional]], e arquivos, nomeadamente o Arquivo Histórico Militar e o [[Arquivo Histórico Ultramarino]] entre outros, no entanto o que merece maior destaque, por ser um dos mais importantes arquivos do mundo, é a [[Arquivo Nacional da Torre do Tombo|Torre do Tombo]].
 
Entre os museus destacam-se: [[Museu Nacional de Arte Antiga]], com a mais importante colecção nacional de pintura antiga; [[Museu Calouste Gulbenkian]], cuja colecção diversificada inclui seis mil peças de arte de vários períodos históricos; [[Museu do Chiado]], com uma colecção de arte portuguesa a partir do Século {{séc|XIX}}; [[Museu Colecção Berardo|Museu-Colecção Berardo]], onde é apresentada uma colecção de arte moderna e contemporânea internacional em paralelo com mostras de arte contemporânea; [[Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão]] onde, a par de exposições temporárias se expõe um núcleo permanente de arte portuguesa dos séculos XX e XXI; [[Museu Nacional dos Coches]], o mais visitado do país, com a maior colecção de coches do mundo; [[Museu da Electricidade]] com uma exposição permanente onde se mostra a produção de energia e a maquinaria da antiga Central Tejo misturando [[ciência]] e diversão; [[Oceanário de Lisboa]], com a sua impressionante colecção de espécies vivas; [[Museu Militar de Lisboa]], com uma exposição permanente de armamento de diversas épocas.
 
Outros museus e centros culturais: [[Museu Arpad Szenes - Vieira da Silva]]; [[Museu Rafael Bordalo Pinheiro]]; [[Museu do Design e da Moda]]; [[Fundação Ricardo do Espírito Santo|Museu de Artes Decorativas]]; [[Museu Nacional de Arqueologia]]; [[Museu Nacional do Traje]]; [[Museu do Oriente]]; [[Museu Nacional do Azulejo]]; [[Museu da Farmácia]]; [[Museu de Marinha]]; [[Museu da Água]]; [[Museu da Companhia Carris de Ferro de Lisboa]]; [[Casa Fernando Pessoa|Casa-Museu de Fernando Pessoa]]; [[Fundação José Saramago]].