Anglo-saxões: diferenças entre revisões

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As primeiras referências históricas usando este termo são de fora da Grã-Bretanha, referindo-se a invasores piratas germânicos, "saxões" que atacaram as margens da Grã-Bretanha e da Gália no {{séc|III}}. Procópio afirma que a Grã-Bretanha foi colonizada por três povos: ângilos (''angiloi''), frisões (''frisones'') e bretões<ref>{{citar livro|título=História das Guerras|ultimo=Procópio}}</ref>. O termo anglo-saxões (''angli saxones'') parece ter sido usado na escrita continental do {{séc|VIII}}; Paulo o Diácono usa para distinguir os saxões ingleses dos saxões continentais (Ealdseaxe, literalmente, "saxões antigos") <ref>{{citar periódico|ultimo=McKitterick|primeiro=Rosamond|data=1999|titulo=Paul the Deacon and the Franks|jornal=Early Medieval Europe 8.3}}</ref>. O nome parece significar saxões "ingleses".
 
A igreja cristã parece ter usado a palavra ''Angli''; por exemplo, na história do papa Gregório I e sua observação, "''Non Angli sed angeli''" (não ingleses, mas anjos) <ref name=":1" />. Os termos ''ænglisc'' ('a língua inglesa') e ''Angelcynn'' ('o povo inglês') também foram utilizados pelo rei saxão ocidental [[Alfredo da Saxônia Ocidental|Alfredo]] para se referir ao povo; ao fazê-lo, ele seguia a prática estabelecida <ref>{{citar periódico|ultimo=Timofeeva|primeiro=Olga|data=2013|titulo=Of ledenum bocum to engliscum gereorde|jornal=Communities of Practice in the History of English}}</ref>. O primeiro uso do termo anglo-saxão entre as fontes insulares está nos títulos para Etelstano: ''Angelsaxonum Denorumque gloriosissimus rex'' (mais glorioso rei dos anglo-saxões e dos dinamarqueses) e ''rex Angulsexna'' ''et Norþhymbra imperator gubernator paganorum Brittanorumque propugnator'' (rei dos anglo-saxões e imperador dos nortúmbrios, governador dos pagãos e defensor dos bretões). Em outras ocasiões, ele usa o termo rex Anglorum (rei dos ingleses), que provavelmente significava anglo-saxões e dinamarqueses. Alfredo o Grande usou ''Anglosaxonum Rex'' <ref>{{citar web|url=https://www.johnfoxe.org/index.php?realm=text&edition=1583&pageid=168|titulo=The Acts and Monuments Online|ultimo=Foxe|primeiro=John}}</ref>. O termo ''Engla cyningc'' (Rei dos ingleses) é usado por Etelredo. O rei Canuto em 1021 foi o primeiro a se referir à terra e não as pessoas com este termo: ''ealles Englalandes cyningc'' (Rei de toda a Inglaterra) <ref>{{citar livro|título=Ealles Englalandes Cyningc: Cnut's Territorial Kingship and VulfstanoWulfstan's Paronomastic Play|ultimo=Gates|primeiro=Jay Paul}}</ref>. Estes títulos expressam a sensação de que os anglo-saxões eram um povo cristão com um rei ungido pelo deus cristão <ref>{{citar livro|título=From Roman Britain to Norman England|ultimo=Sawyer|primeiro=Peter H.|editora=St. Martin's Press|ano=1978|local=Nova Iorque}}</ref>.
 
Os falantes indígenas de britônico comum se referiam aos anglo-saxões como saxões ou talvez ''Saeson'' (a palavra ''Saeson'' é a palavra galês moderna para "pessoa/povo inglês"); A palavra equivalente em gaélico escocês é ''Sasannach'' e na língua irlandesa, ''Sasanach'' <ref>{{citar livro|título=A View of the Irish Language: Language and History in Ireland from the Middle Ages to the Present|ultimo=Ellis|primeiro=Steven G.}}</ref>. Catherine Hills sugere que não é um acidente "que os ingleses se chamam pelo nome santificado pela Igreja, como o de um povo escolhido por Deus, cujos inimigos usam o nome originalmente aplicado aos incursores piratários" <ref name=":1" />.
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=== Etelredo e o Retorno dos Escandinavos ===
O reinado de Etelredo o Despreparado testemunhou a retomada das invasões vikings na Inglaterra, colocando o país e sua liderança sob tensões tão severas quanto duradouras. As invasões começaram em uma escala relativamente pequena nos anos 980, mas se tornaram muito mais sérias na década de 990 e levaram à calamidade em 1009-12, quando grande parte do país foi devastada pelo exército de Þorkell ''inn hávi'' ([[Thorkell, o Alto]]). Assim permaneceu para que ''Sveinn Haraldsson tjúguskegg'' ([[Sueno I da Dinamarca|Sueno Barba Bifurcada]]), rei da Dinamarca, conquistasse o reino da Inglaterra em 1013-14, e (após a restauração de Etelredo) para seu filho Canuto alcançar o mesmo em 1015-16. O conto desses anos incorporado na ''Crônica Anglo-Saxã'' deve ser lido por direito próprio e se juntar a outro material que reflete de uma forma ou de outra sobre a condução do governo e da guerra durante o reinado de Etelredo <ref>See, e.g., EHD, no. 10 (the poem on the battle of Maldon), nos. 42–6 (law-codes), nos. 117–29 (charters, etc.), nos.230–1 (letters), and no. 240 (Archbishop VulfstanoWulfstan's Sermo ad Anglos).</ref>. É essa evidência que é a base para a visão de Simon Keynes de que o rei não tinha força, julgamento e determinação para dar liderança adequada ao seu povo em um momento de grave crise nacional; que logo descobriu que ele poderia confiar pouco além da traição de seus comandantes militares; e que, ao longo de seu reinado, não provaram senão a ignomínia da derrota. As incursões expuseram tensões e fraquezas que penetraram profundamente no tecido do estado anglo-saxão tardio e é evidente que os acontecimentos se basearam em um plano de fundo mais complexo do que o cronista provavelmente sabia. Parece, por exemplo, que a morte do bispo Etelvoldo em 984 precipitou uma nova reação contra certos interesses eclesiásticos; que em 993 o rei chegou a lamentar o erro de seus caminhos, levando a um período em que os assuntos internos do reino parecem ter prosperado <ref>White, Stephen D. "Timothy Reuter, ed., The New Cambridge Medieval History, 3: C. 900–c. 1024. Cambridge, Eng.: Cambridge University Press, 1999. Pp. xxv." Speculum 77.01 (2002).</ref>.
 
[[imagem:Londrescnut.jpg|miniaturadaimagem|Moeda do tipo "Quatrefoil" de Canuto com a legenda "CNUT REX ANGLORU[M]" (Canuto, Rei dos Ingleses), retido em Londres pelo comerciante Eduíno]]
 
Os tempos cada vez mais difíceis provocados pelos ataques viquingues são refletidos tanto nas obras de [[Elfrico de Eynsham|Elfrico]] e [[VulfstanoVulstano (morto em 1095)|VulfstanoVulstano]], quanto mais notavelmente na feroz retórica de VulfstanoVulstano no ''Sermo Lupi ad Anglos'', datado de 1014 <ref>Dorothy Whitelock, ed. Sermo Lupi ad Anglos, 2. ed., Methuen's Old English Library B. Prose selections (Londres: Methuen, 1952).</ref>. Malcolm Godden sugere que as pessoas comuns viram o retorno dos viquingues, como a iminente "expectativa do apocalipse", e isso foi dado voz nos escritos de Elfrico e VulfstanoVulstano <ref>Malcolm Godden, "Apocalypse and Invasion in Late Anglo-Saxon England," in From Anglo-Saxon to Early Middle English: Studies Presented to E. G. Stanley, ed. Malcolm Godden, Douglas Gray, and Terry Hoad (Oxford: Clarendon Press, 1994).</ref>, que é semelhante ao de Gildas e Bede. As incursões eram sinais de que Deus punia seu povo, Elfrico se refere a pessoas adotando os costumes dos dinamarqueses e exorta as pessoas a não abandonarem os costumes nativos em nome dos dinamarqueses, e então solicita um "irmão Eduardo", para tentar pôr fim para um "hábito vergonhoso" de beber e comer na dependência, que algumas das mulheres do campo praticavam nas festas de cervejas <ref>Mary Clayton, "An Edition of Aelfric's Letter to Brother Edward," in Early Medieval English Texts and Interpretations: Studies Presented to Donald G. Scragg, ed. Elaine Treharne and Susan Rosser (Tempe, Arizona: Arizona Center for Medieval and Renaissance Studies, 2002).</ref>.
 
Em abril de 1016, Etelredo morreu de doença, deixando seu filho e sucessor [[Edmundo II de Inglaterra|Edmund Braço de Ferro]] para defender o país. As lutas finais foram complicadas pela dissensão interna, e especialmente pelos atos traidores do Ealdorman Eadrico de Mércia, que mudaram oportunamente para o partido de Canuto. Após a derrota dos ingleses na batalha de Assandun em outubro de 1016, Edmund e Canuto concordaram em dividir o reino para que Edmund dirija a Saxônia Ocidental e Canuto da Mércia, mas Edmund morreu logo após sua derrota em novembro de 1016, possibilitando a Canuto aproveitar o poder sobre toda a Inglaterra <ref>Keynes, S. The Diplomas of King Æthelred "the Unready".</ref>.