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|morte_data={{morte|31|5|1927|14|10|1853}}
|morte_local=[[São Paulo (cidade)|São Paulo]], São Paulo
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'''Benedito Calixto de Jesus''' ([[Itanhaém]], [[14 de outubro]] de [[1853]] — [[São Paulo]], [[31 de maio]] de [[1927]]) foi um [[pintor]], [[desenhista]], [[fotógrafo]], [[professor]], [[historiador]], [[decorador]], [[Cartografia|cartógrafo]] e [[astrônomo]] amador [[brasileiro]] e é considerado um dos maiores expoentes da pintura brasileira do início do século {{Séc|XX}}.<ref name=":0" /><ref name=":9">{{citar livro|título=Pintores paisagistas: São Paulo, 1890 a 1920|ultimo=Sprung Tarasantchi|primeiro=Ruth|editora=Edusp Ed. da Univ. de São Paulo|ano=2002|local=São Paulo|páginas=102|acessodata=}}</ref>
 
O artista manifesta a tendência para a pintura desde muito jovem. Em [[1881]], passa a residir em [[Santos]], cidade que lhe serve de inspiração para vários quadros. Seu trabalho causou tamanho entusiasmo que a elite da cidade concede uma bolsa para que aprimore seus conhecimentos em [[Paris]]. É com o quadro ''[[Inundação da Várzea do Carmo]]'' ([[1892]]), que o artista consegue maior destaque: a crítica da época aponta a exatidão admirável com que representa a cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] e alguns de seus principais pontos.<ref name=":9" /><ref name=":3" />
 
O artista realiza diversas obras para o [[Museu do Ipiranga|Museu Paulista]], sob encomenda de [[Afonso d'Escragnolle Taunay|Afonso d´Escragnolle Taunay]], sobretudo cenas da [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] antiga e paisagens. Para seus quadros históricos e religiosos, realiza estudos fotográficos preparatórios, para os quais se vale de minuciosa pesquisa histórica. As paisagens são a temática mais cara ao artista. Nessas obras, apresenta uma pintura lisa, com o uso de veladuras[[velatura]]s e um colorido sempre fiel às características locais, embora trabalhado de maneira bastante pessoal no uso dos verdes, azuis e ocres. Benedito Calixto, dispunha de amplo conhecimento sobre o [[litoral paulista]], e atua ainda como [[Cartografia|cartógrafo]], realizando ensaios de mapas de [[Santos]], e como [[historiador]], escrevendo sobre as capitanias paulistas de [[Capitania de Itanhaém|Itanhaém]] e [[Capitania de São Vicente|São Vicente]].<ref name=":9" />
 
== Biografia ==
Diferente da típica trajetória dos consagrados artistas brasileiros da época, Calixto não frequentou a [[Academia Imperial de Belas Artes|Academia Imperial de Belas-Artes]], no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]].<ref name=":0">{{citar periódico|ultimo=Dionisio G. de Oliveira|primeiro=Emerson|data=2008|titulo=Instituições, Arte e o Mito Bandeirante: Uma Contribuição de Benedito Calixto|url=http://scholar.google.com.br/scholar_url?url=http%3A%2F%2Fperiodicos.ufpb.br%2Fojs2%2Findex.php%2Fsrh%2Farticle%2Fdownload%2F11411%2F6525&hl=pt-BR&sa=T&oi=ggp&ct=res&cd=0&ei=xawMWo_1Csf_mAHbxK74Bw&scisig=AAGBfm0ATgJXQtzf5A8yoRNIJhkmO14B0A&nossl=1&ws=1366x650|jornal=SÆCULUM - Revista de História|volume=19|via=}}</ref>Benedito Calixto começouComeçando como autodidata, teve sua formação em ateliês e escolas de arte do [[São Paulo|estado de São Paulo]].<ref name=":1">{{citar periódico|ultimo=Santos de Mato|primeiro=Maria Izilda|data=2012|titulo=Revista Porto|url=https://periodicos.ufrn.br/porto/article/view/2194/1615|jornal=Revista Porto|volume=1|via=}}</ref>e teve sua formação em ateliês e escolas de artes do [[São Paulo|estado de São Paulo]]. Iniciou sua carreira como retratista na cidade de [[Brotas (São Paulo)|Brotas]], no interior do estado. Passou a realizar trabalhos de propaganda em [[Santos]], onde teve seu talento reconhecido pela elite da cidade, através da Associação Comercial, que acabou por patrocinar a sua ida de Calixto à [[França]],<ref name=":0" /> onde estudou na [[Academia Julian|''Académie Julien'']], em [[Paris]]. Teve como mestres [[Gustave Boulanger]], Lefebvre e Robert Fleury.<ref name=":0" /><ref name=":2">{{Citar periódico|ultimo=Lima|primeiro=Solange Ferraz de|ultimo2=Carvalho|primeiro2=Vânia Carneiro de|data=1993-01-01|titulo=São Paulo Antigo, uma encomenda da modernidade: as fotografias de Militão nas pinturas do Museu Paulista|url=http://www.periodicos.usp.br/anaismp/article/view/5280|jornal=Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material|volume=1|numero=1|paginas=147–178|issn=1982-0267}}</ref>
 
Destaca-se em suas obras um gosto acentuado pelo tema regionalista.<ref name=":2" /> O artista preocupou-se em construir uma carreira voltada para organizações ligadas à esfera pública e seus interesses.<ref name=":0" /> A cidade foi a temática central em todos os seus domínios. A afinidade às tradições populares, cívicas e religiosas formam seu traço característico, tendo dedicado-se dedicado, nos últimos anos de sua vida, à [[pintura histórica]], de costumes regionais e temas religiosos.<ref name=":2" /> Com obras compostas por pinturas de cenas históricas, retratos de figuras históricas e personalidades, painéis decorativos e vistas das cidades, Calixto escreveu memórias históricas sobre [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], [[Santos]], [[Itanhaém]] e o litoral santista. O maior aspecto de sua obra se concentra nas paisagens e [[Costa|marinhas]] do [[Litoral de São Paulo|litoral paulista]]. A [[fotografia]] foi grande aliada e importante referência para o artista em suas produções, utilizada para estudo de composição, registro de cenas, preparação de posturas e organização dos personagens que povoavam sua pintura.<ref name=":8" /> O artista também escreveu contos, como o intitulado "''Costumes de Minha Terra"<ref name=":2" />'' e manteve contribuição intensa com jornais locais, nos quais publicava diversos artigos.<ref name=":2" /><ref name=":8" />
 
Apesar de encomendas de quadros religiosos e de temática histórica e documentarista serem o que lhe rendeu maior reconhecimento, a observação da natureza e telas de paisagens e marinhas continuaram a ser parte importante de sua produção. Além da pintura, Calixto mantinha grande interesse pela história do litoral.<ref name=":8" /> Tal interesse fez com que, em [[1895]], o artista torna-se tornasse sócio do [[Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo]] ([[Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo|IHGSP]]),<ref name=":0" />onde recebeu grande destaque pelas suas obras.<ref name=":0" /><ref>{{citar periódico|ultimo=Silva de Jesus|primeiro=Mirian|data=2007|titulo=Abrindo Espaços: Os "paulistas" na formação da capitania do Rio Grande|url=|jornal=Universidade Federal do Rio Grande do Norte|volume=|via=}}</ref> A instituição também foi importante para a formação de seu pensamento historiográfico, na medida em que procurava honrar com integridade os fatos do passado.<ref name=":0" /> O artista escreveu diversos artigos para a revista da instituição, além de publicar livros e participar dos estudos que deram origem a um dos principais mapas que buscam reconstruir o processo de urbanização da cidade de [[Santos]].<ref name=":8" /> Calixto foi também sócio fundador do [[Instituto Histórico e Geográfico de Santos]].<ref name=":1" /> O artista teve sua carreira profundamente identificada com a elaboração de uma iconografia paulista associada ao acervo do [[Museu do Ipiranga|Museu Paulista]], sob a direção de [[Afonso d'Escragnolle Taunay|Afonso d’Escragnolle-Taunay]], e com a colaboração do [[Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo]].<ref>Piazza, Maria de Fátima Fontes. "Benedito Calixto: um pintor caiçara." ''Estudos Ibero-Americanos'' 30.2.</ref>
 
Benedito Calixto manteve a atividade de pintor, trabalhando em constantes encomendas, até falecersua morte. Sua última exposição foi realizada no mês de junho de [[1926]], no [[Teatro Coliseu (Santos)|Teatro Coliseu de Santos]], onde apresentou principalmente cenas históricas. Deixou aproximadamente 1.000mil pinturas. Comoe, como forma de manter e valorizar suas obras e sua memória, instalou-se em Santos a [[Pinacoteca Benedito Calixto]], onde um centro de documentação de sua obra foi instalado.<ref name=":8">{{citar periódico|ultimo=ANA KALASSA|primeiro=EL BANAT|data=2014|titulo=A cidade pelos olhos do pintor: memória e representação de Santos em Benedito Calixto entre 1890 e 1927|url=http://www.encontro2014.sp.anpuh.org/resources/anais/29/1406702320_ARQUIVO_CalixtoTEXTOANPUH.pdf|jornal=Anais eletrônicos do XXII Encontro Estadual de História da ANPUH-SP|volume=|via=}}</ref>
 
== Linha do tempo ==
 
=== 1853 - 1872 ===
Benedito Calixto de Jesus nasceu no dia [[14 de outubro]] de [[1853]], na vilaentão ''Vila de Conceição de [[Itanhaém]]'', no [[litoral sul paulista]], que em 1906 tornou-se o município de [[Itanhaém]]. Filho de João Pedro de Jesus e Anna Gertrudes Soares, Calixto tinha sete irmãos. Nesta época, a cidade de Itanhaémvila era considerada um lugarejo semi-isolado do litoral. Seus habitantes se limitavam aà [[pescadorespesca]] e eram de famílias remanescentes dos anos de sua maior importância econômica e administrativa, quando a vila era o centro da [[Capitania de Itanhaém]], extinta em 1753. Benedito Calixto passou a infância entre a escola do mestre João Batista do Espírito Santo e as brincadeiras próprias da infância em cidade pequena.<ref>Teixeira, Milton. Benedito Calixto: Imortalidade. Santos, Editora da UNICEB, 1992</ref><ref name=":3">{{citar periódico|ultimo=Poletini|primeiro=Moisés|data=2003|titulo=Um Estudo das Obras Sacras de Benedito Calixto|url=http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/278657|jornal=Tese - Repositório da Produção Científica e Intelectual da Unicamp|volume=|via=}}</ref>
 
=== 1873 - 1876 ===
Calixto aprendeu o ofício de [[marceneiro]] com o pai, João Pedro de Jesus, que era [[marceneiro]] etambém [[ferreiro]]. Porém a cidade oferecia poucas oportunidades de trabalho e foi preciso sair à procura de melhores oportunidades em cidades mais ativas. Chega até a cidade de [[Santos]], onde começa a pintar tabuletas de propaganda e composições de paisagens em casarões da época. Depois, vai à [[Brotas (São Paulo)|Brotas]], no interior do [[São Paulo|estado de São Paulo]], onde residiam seus tios Antonio Pedro e Joaquim Pedro. Antonio era [[maestro]] da banda local e ensinou noções básicas de [[música]] a Calixto. Seu tio Joaquim o levava para ajudar no trabalho, limpando e pintando as imagens da Igrejaigreja Matrizmatriz da cidade. Tendo em mãos todo o material para [[pintura]], é nesse período que Calixto pinta suas primeiras telas.<ref name=":3" />
 
=== 1877 - 1880 ===
Aos 24 anos, Calixto retorna àa [[Itanhaém]], onde se casa com sua prima Antônia Leopoldina de Araújo, com quem teve três filhos: Fantina, Sizenando e Pedrina. Sizenando e Pedrina vieram a dedicar-se à [[pintura]] e o filho de Sizenando, João Calixto de Jesus, seguiu a carreira de Benedito Calixto e foi [[professor]] de pintura na [[Escola de Belas Artes de São Paulo]].<ref name=":7">{{citar periódico|ultimo=El Banat|primeiro=Ana Kalassa|data=2014|titulo=A cidade pelos olhos do pintor: memória e representação de Santos em Benedito Calixto entre 1890 e 1927|url=http://www.encontro2014.sp.anpuh.org/resources/anais/29/1406702320_ARQUIVO_CalixtoTEXTOANPUH.pdf|jornal=Anais eletrônicos do XXII Encontro Estadual de História da ANPUH-SP|volume=|via=}}</ref> Após o casamento, Calixto volta àa [[Brotas (São Paulo)|Brotas]], onde passa a viver com seu irmão, João Pedro. Começa nessa época a pintar [[retrato]]s e vistas das fazendas locais a pedido dos proprietários.<ref name=":3" />
 
=== 1881 ===
Calixto realizou sua primeira exposição no saguão do [[Correio Paulistano]], foi reconhecido pela crítica, porém, nenhuma tela foi vendida. Retorna a [[Santos]], onde volta a realizar trabalhos de propaganda, como o mural "''Deusa da Fortuna"'' para uma casa de [[loteria]]s, além de [[farmácia]]s e outros comércios.<ref name=":3" /> Seu primeiro trabalho executado na cidade foram quatro medalhões com o tema de [[Paisagem|paisagens]] e marinhas do [[porto de Santos]], para a decoração do saguão de entrada do escritório comercial de Hygino Botelho de Carvalho, homem influente do partido conservador e pai do [[Poeta nacional|poeta]] [[Vicente de Carvalho]].<ref name=":7" /> Companhias como as [[Companhia Docas do Estado de São Paulo|Docas de Santos]] e a [[São Paulo Railway Company]], recém chegadas à cidade encomendaram paisagens a Calixto. Seu sucesso na cidade foi o que lhe garantiu a possibilidade de realizar estudos mais aprofundados.<ref name=":4">{{citar periódico|ultimo=Lippi Oliveira|primeiro=Lúcia|data=2003|titulo=Pedro Américo e Benedito Calixto: a construção do imaginário paulista|url=|jornal=Edusc|volume=|via=Caleb Faria Alves}}</ref> No mesmo ano, Calixto pinta "''Porto das Naus e Desembarque de Martim Afonso de Souza"''.<ref name=":3" /> O pintor foi o primeiro a se dedicar a pintar imagens relacionadas à chegada de [[Martim Afonso de Sousa]].<ref name=":4" />
 
=== 1882 ===
Já conhecido na cidade, é convidado por [[Garcia Redondo]], engenheiro responsável pela construção do [[Teatro Guarani]], para decorar esta nova sala de espetáculos. Calixto ficou responsável pela pintura do teto e do pano de boca.<ref name=":3" /> Ponto de destaque em seus primeiros anos de carreira, os trabalhos no [[Teatro Guarani]] marcam uma encruzilhada na trajetória de Calixto, que vai de [[artesão]] de prestígio a [[artista]].<ref name=":4" /> Devido aà repercussão destasde [[pintura]]ssuas obras, [[Garcia Redondo]] solicita àa um dos beneméritos do município de Santos, [[Visconde de vergueiro|Visconde de Vergueiro]], que financiasse os estudos artísticos de Calixto em [[Paris]].<ref name=":3" /> Na época, membros dos poderes públicos santistas, das sociedades dramáticas e de associações privadas representantes de comerciantes e cafeicultores (Associação Comercial de Santos), configuravam uma elite que precisava adquirir capital simbólico e que, para tanto, abriu espaço para prestigiar seus [[artistas]]. Assim, Calixto é [[Financiadora de Estudos e Projetos|financiado]] para se aperfeiçoar em Paris.<ref name=":4" />
 
=== 1883 ===
Aos 29 anos, Calixto muda-se para [[Paris]],<ref name=":5">{{citar periódico|ultimo=Cavalcanti Simioni|primeiro=Ana Paula|data=2005|titulo=A viagem a Paris de artistas brasileiros no final do século XIX|url=http://www.scielo.br/pdf/ts/v17n1/v17n1a14|jornal=Scielo|volume=|via=}}</ref> onde moravapassa a morar em [[Asnières]], um bairro afastado do centro da cidade. Inicia seus estudos no ''ateliê'' de Jean-François Raffaëlli, porém deixa o ''ateliê'', por não se moldar à técnica [[Impressionismo|impressionista]]. Entra então na [[Academia Julian|''Académie Julian'']], onde tem como professores [[Tony Robert-Fleury|Tony Robert-Freury]], [[Gustave Boulanger]], Jules Lefebvre e [[William Bouguereau]]. Estuda composição de desenhos a partir de modelos vivos. Com a tela "''Uma Cena do Dilúvio"'', obtêm o segundo prêmio em um concurso de [[pintura histórica]].<ref name=":3" /> Durante sua estadiaestada na [[França]], Calixto teve a oportunidade de expor suas pinturas na academia''Académie francesaJulian''.<ref name=":7" />
 
=== 1884 -1889 ===
Calixto retorna àa [[Santos]]<ref name=":5" />trazendo, além da tela “Longe''Longe do Lar”Lar'', um aparelhouma [[Fotografia coloridaCâmera|fotográficocâmera fotográfica]], que mais tarde o auxiliaria no registro de cenas para a elaboração de suas telas [[História|históricas]] e [[religiosas]].<ref name=":5" /> Em [[Santos]], o artista pinta [[Paisagem|paisagens]] da cidade e das transformações [[urbanas]] pelas quais passa, principalmente no [[Porto de Santos|porto]], além de retratos de personalidades santistas. Calixto passaPassa a dar aulas de desenho no colégio Azurara e faz algumas exposições de suas obras.<ref name=":3" /> A principal exposição do período foi realizada em um edifício na rua General da Câmara, onde o artista expôs cerca de 45 pinturas entre temas religiosos, acadêmicos, cenas de [[Paris]] e retratos. Também foram expostos 42 desenhos, realizados a partir de estudos de modelos vivos realizados na academia.<ref name=":7" />
 
=== 1890 - 1893 ===
[[Ficheiro:Proclamação_da_República_by_Benedito_Calixto_1893.jpg|direita|miniaturadaimagem|''Proclamação da República''.]]
Na tentativa de ampliar seu mercado de compradores, muda-se para [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], onde expõe na [[Casa Levy de Pianos|Casa Levy]]. Recebe sua primeira grande encomenda deda [[pintura histórica]] “A''A Inundação da Várzea do Carmo”Carmo'', que é exposta em [[1892]]. Em [[1893]] realiza as obras “Evangelho''Evangelho nas Selvas”Selvas'' e “Proclamação''Proclamação da República”República''.<ref name=":3" /> Nesse período, Calixto realizou obras que possuíamtinham a própria cidade como tema. Suas obras incluíam imagens realizadasproduzidas a partir de fotografias de [[Militão de Azevedo]], dando continuidade a seu interesse pelo estudo e preservação do patrimônio histórico.<ref name=":7" />
 
=== 1894 - 1896 ===
Insatisfeito com o retorno financeiro de suas [[exposições]] em [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], Calixto retorna ao [[Litoral de São Paulo|litoral]] em [[1894]], para [[São Vicente (São Paulo)|São Vicente]], onde permanece até o fim da vida. Publica seu primeiro livro “A Vila de Itanhaém” em [[1895]], mesmo ano em que se torna sócio do [[Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo]] ([[Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo|IHGSP]]). No ano seguinte, Calixto realiza as obras “Jesus no Horto” e “A Bandeira do Divino” ambas sobre costumes do [[Litoral de São Paulo|litoral]].<ref name=":3" />
 
=== 1897 - 1899 ===
Calixto pinta a tela “José''José de Anchieta e a Fera”Fera''. Muda-se para uma nova residência, na Rua Martim Afonso, 192, com amplo espaço para seu ''[[atelier]]'', além de um laboratório fotográfico construído com o equipamento que trouxe de [[Paris]].<ref name=":7" /> Recebe [[medalha de ouro]] de 3.ª classe na 5.ª Exposição Geral de Belas Artes, da [[Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro|Escola de Belas Artes]] do [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], com o quadro “Panorama''Panorama do Porto de Santos e do Novo Cais”Cais''. Em [[1898]], pinta “Gólgota”''Gólgota'', para a Irmandade dos Passos em [[Santos]], e expõe no [[Salão Nacional de Belas Artes]], no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], onde recebe medalha de ouro de 3.ª classe.<ref name=":3" />
 
=== 1900 - 1906 ===
[[Ficheiro:Benedito_Calixto_de_Jesus_-_Retrato_do_Padre_Bartolomeu_Lourenço_de_Gusmão,_Acervo_do_Museu_Paulista_da_USP.jpg|miniaturadaimagem|''Retrato do Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão''.]]
Realiza, em [[1900]], “O''O Poema de Anchieta”Anchieta'' e “Fundação''Fundação São Vicente”Vicente''. Expõe novamente no [[Salão Nacional de Belas Artes]], no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]]. Entre os anos de [[1901]] e [[1903]], realiza as obras “O''O Poema a Virgem Maria”Maria'', “Padre''Padre José de Anchieta”Anchieta'', “José''José Bonifácio de Andrade e Silva”Silva'', “Padre''Padre Bartolomeu de Gusmão”Gusmão'', “D''D. Pedro I”I'', “Capitão''Capitão Mor de Itu Vicente da Costa Taques Góes Aranha”Aranha'' e “Brás''Brás Cubas”Cubas''. No ano de [[1902]], Calixto inicia sua extensa série de trabalhos sobre o [[História do Brasil|passado histórico do [[Brasil]] e, principalmente, de [[São Paulo]], para o [[Museu Paulista]].<ref name=":3" /> As transformações [[urbanas]] de [[Santos]] e de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] se fazem presentes nas telas do acervo do [[Museu Paulista]], principalmente nas de Calixto. O [[artista]] não era só um [[Pintura|pintor de telas]] para o museu, mas também um importante informante de descobertas e aspectos históricos das [[Litoral de São Paulo|cidades do litoral]].<ref name=":4" /> Expõe, no mesmo ano de 1902, na primeira Exposição de Belas Artes de São Paulo. Em [[1903]], o [[artista]] realizou a pintura “Domingos''Domingos Jorge Velho”Velho'', para o [[Museu Paulista]]. No mesmo ano deu início àa estudos sobre vida e a obra do Padre [[Jesuíno do Monte Carmelo]]. No ano de [[1904]], com a obra “Os''Os Falquejadores”Falquejadores'', é premiado com [[medalha de ouro]] na Exposição Internacional de St.Saint Louis, nos [[Estados Unidos]].<ref name=":3" />
 
=== 1907 - 1910 ===
No início do período, realiza “O''O Naufrágio do Sírio”Sírio''. Faz uma [[exposição]] em [[Belém (Pará)|Belém do Pará]], na qual alcança excelente resultado [[financeiro]]. Em [[1909]] pinta “Santa''Santa Ceia”Ceia'', e dá início aos seus trabalhos para a [[Largo de Santa Cecília|Igreja de Santa Cecília]], na cidade de São Paulo.<ref name=":3" /> Calixto recebe a encomenda e executa dez pinturas de [[óleo sobre tela]], sendo este seu primeiro trabalho de fôlego executado no campo da [[arte sacra]]. O [[artista]] recebe a encomenda de [[Duarte Leopoldo e Silva|Dom Duarte Leopoldo e Silva]], Bispoentão [[Arquidiocese de [[São Paulo|bispo de (cidade)|São Paulo]] de então e faz um amplo estudo sobre a vida dade [[Santa Cecília|Santa]], que dá nome ao templo. Calixto não só atende a encomenda [[Religião|religiosa]], como também atua como [[historiador]], vertente esta que sempre o acompanha em suas [[pintura]]spinturas.<ref name=":6">{{citar periódico|ultimo=Philippov|primeiro=Karin|data=2013|titulo=A Produção Religiosa de Benedito Calixto e a Ótica do Mecenato Religioso|url=http://www.unicamp.br/chaa/eha/atas/2013/Karin%20Philippov.pdf|jornal=IX EHA - ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ARTE - UNICAMP|volume=|via=}}</ref>“O ''O Batismo de São Valeriano”Valeriano'', “Aparição''Aparição do Anjo do Senhor”Senhor'', “Morte''Morte de Santa Cecília”Cecília'', “Os''Os Funerais nas Catacumba”Catacumba'', estudos para "''Santa Cecília perante o Tribunal”Tribunal'', "''A Morte de Santa Cecília”Cecília'' e "''A Imposição do Véu”Véu'' são datadas no mesmo período. Calixto inicia os trabalhos para o Palácio Episcopal de São Carlos, entre eles “Tobias''Tobias e o Anjo”Anjo''. Em [[1910]], realiza “Pedro''Pedro Correa Via Damasco"'' ou "''A Conversão de Pedro Correa”Correa'',<ref name=":3" />a primeira de suas telas a retratar a vida do [[Bandeirantes|bandeirante]] Pedro Correa,<ref name=":6" />“Verdadeira ''Verdadeira Efígie de São Carlos Borromeu”Borromeu'' e “Leitura”''Leitura''.<ref name=":3" />
 
=== 1911 ===
Participa da primeira Exposição Brasileira de Belas Artes no [[Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo|Liceu de Artes e Ofícios]] de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]]. Realiza as obras “O''O Batismo de Cristo”Cristo'', “Corpo''Corpo de Cristo Morto”Morto'', “O''O Martírio de Pedro Correa”Correa'', além de trabalhos para a [[IgrejaParóquia deMatriz Nossa Senhora da Conceição (Santa Ifigênia)|igrejaIgreja dade Santa Ifigênia]]: “Anunciação''Anunciação à Maria”Maria'', “Deposição''Deposição de Cristo”Cristo'' e “A''A Ceia de Emaús”Emaús''. Realiza obras para o [[Palácio São Joaquim]], no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]]: “Conversão''Conversão de São Paulo”Paulo'', “Investidura''Investidura de São Pedro”Pedro'', “Martim''Martim Afonso a caminho de Piratininga”Piratininga'' e “Partida''Partida de Estácio de Sá”Sá''. Em [[1915]], realiza “Santo''Santo Afonso”Afonso'' para os Padrespadres Redentoristasredentoristas da [[Aparecida (São Paulo)|Basílica de Aparecida]], e publica ''Memória Histórica sobre a Egreja e o Convento da Imaculada Conceição de [[Itanhaém]]''.<ref name=":3" /> A produção religiosa de Calixto se insere no contexto de união entre [[Igreja]] e [[Estado]]. O artista executa aproximadamente [[dezessete]] encomendas religiosas para [[igreja]]sigrejas, matrizes, [[convento]]sconventos e [[mosteiros]] na cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], no [[Litorallitoral de São Paulo|litoral]]paulista e no [[Interior de São Paulo|interior do estado]], no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]] e no [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]], trabalhando livremente para a [[Igreja]]igreja. Além disso, sua produção também se adéqua aos anseios da elite cafeeira, na medida em que executa pinturas com temáticas interessantes e adequadas aos mesmos. Assim, o [[artista]] se insere em um mercado de [[arte]] religiosoreligiosa fortemente estruturado, tendo em vista as ligações com a elite cafeeira do início do [[século XX]].<ref name=":6" />
 
=== 1917 - 1919 ===
No ano de [[1917]], as obras “A''A Imposição do Véu”Véu'', “Santa''Santa Cecília perante o Tribunal”Tribunal'', “Santa''Santa Symphorosa”Symphorosa'' e “São''São Tarcísio”Tarcísio'', realizadas para a [[IgrejaLargo de Santa Cecília (Porto Alegre)|Igreja Santa Cecília]] de São Paulo, são finalizadas. No mesmo ano, Calixto inicia trabalhos para a [[Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto|Catedral de [[Ribeirão Preto]], com as pinturas “Restituição''Restituição da fala a Neófita Zoé”Zoé'' e “Serás''Serás o Defensor da Igreja de Cristo”Cristo''. Calixto realiza também seis estudos referentes aos quadros da vida de [[São Sebastião]]. Em [[1918]], o artista pinta “A''A Santa Ceia”Ceia'' e “Lava''Lava-pés”pés'', na catedral de [[Amparo (São Paulo)|Amparo]], interior de São Paulo. A partir de fotografias de [[Militão de Azevedo]], o pintor inicia uma série de quadros da cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]].<ref name=":3" /> Calixto realizou a transposição integral para a tela de algumas dessas fotos que, nesse processo, ganhavam cores intensas que caracterizam as telas do artista.<ref>{{citar periódico|ultimo=Lima de Toledo|primeiro=Benedito|data=1999|titulo=A Cidade de Santos: Iconografia e História|url=http://www.journals.usp.br/revusp/article/viewFile/28436/30294|jornal=Jornal da USP|volume=|via=}}</ref> “Paço''Paço Municipal”Municipal'' e “Fórum''Fórum e Cadeia de São Paulo”Paulo'' foram obras patrocinadas pelo [[Museu Paulista]], sob a direção de Affonso[[Afonso de Escrangnoled'Escragnolle Taunay]]. Na mesma época, Calixto realiza obras para a [[Paróquia Nossa Senhora da Consolação (São Paulo)|Igreja da Consolação]] e para a [[Catedral Metropolitana de SãoRibeirão Sebastião,Preto|Catedral emde [[Ribeirão Preto]], interior de São Paulo.<ref name=":3" />
 
=== 1920 - 1926 ===
[[Ficheiro:Benedito_Calixto_de_Jesus_-_Auto-retrato.jpg|miniaturadaimagem|Autorretrato de 1923]]
Entre os anos de [[1920]] e [[1923]], calixtoCalixto realiza as obras “Marechal''Marechal Deodoro da Fonseca”Fonseca'', “Rua''Rua da Quitanda”Quitanda'', “Estação''Estação da Luz em 1860”1860'', “Na''Na Cabana de Pindobuçu”Pindobuçu'', “Santos''Santos Antiga”Antiga'', “Porto''Porto de Santos”Santos'', “Fundação''Fundação da Vila de Santos”Santos'', “Panorama''Panorama de Santos em 1822”1822'', “Panorama''Panorama de Santos em 1922”1922'' e “Martim''Martim Afonso de Souza”Souza''. Em [[1924]], inicia seus trabalhos para a Igreja Matriz de São João Batista. Além de realizar desenhos sobre a vida de [[Santa Teresa d'Ávila|Santa Tereza D’Ávila]] para seu mosteiro, na cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], Calixto também decorou a igreja da Ordem Primeira do Carmo, no [[Convento do Carmo, emde Santos]]. Publicou “Capitanias''Capitanias Paulistas”Paulistas'', pintou o quadro “O''O Cristo Benze o Pão Eucarístico”Eucarístico'' para a igreja Matriz de [[Itanhaém]], e realizou desenhos para vitrais do Convento de [[Itanhaém]]., Devidotendo às suas obras religiosas, foisido agraciado pelo [[Papa Pio XI]] por suas obras religiosas. Em [[1926]], trabalhou para o [[Convento da Penha|Convento de Nossa Senhora da Penha]], em [[Vila Velha]], no [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]].<ref name=":3" /> Sua última exposição foi realizada em junho de [[1926]], no [[Teatro Coliseu Santista|Teatro Coliseu de Santos]], onde apresentou principalmente cenas históricas.<ref name=":8" />
 
=== 1927 ===
Os últimos trabalhos sacros de Calixto foram realizados para a [[Catedral de Santos]]. Morre no dia 31 de maio, em [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], na casa de seu filho Sizenando. Quando faleceu, Calixto estava em negociações com o Arcebispo de São Paulo, D. Duarte Leopoldino e Silva, para realizar a decoração da Capela do Carmelo, dasno bairro de [[Perdizes (bairro de São Paulo)|Perdizes]] e com os [[Ordem dos Frades capuchinhosMenores Capuchinhos|frades Capuchinoscapuchinhos]], para a decoração da [[Paróquia Matriz Nossa Senhora da Conceição (Santa Ifigênia)|Igreja da Imaculada Conceição]], ambos em [[São Paulo (cidade)|São Paulo]].<ref name=":3" />
 
== Obra ==
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Benedito Calixto foi pintor de paisagens, marinhas, costumes populares, cenas históricas e religiosas. Considerado pintor de história e religioso, gêneros nos quais deixou produção abundante, suas obras de cenas portuárias e litorâneas o consagraram como artista. Dedicado a temas históricos e a paisagens, suas telas são registros raros de cenas e eventos marcantes do passado do [[litoral paulista]], bem como de vistas urbanas e de marinhas à época em que viveu. Além da pintura e da fotografia, Calixto se desenvolveu na palavra escrita. O artista escreveu e publicou vários artigos e livros.<ref>{{citar web|url=http://www.portalsaofrancisco.com.br/biografias/benedito-calixto|titulo=Portal São Francisco|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
ProduzProduziu obras importantes para vários museus, entre eles o [[Museu Paulista]], em [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], para inúmeras igrejas em todo o país, associações, fundações, instituições.<ref name=":3" /> Além da pintura se revelou-se como historiador, escritor e fotógrafo. Como historiador, resgatou a existência da então ignorada [[Capitania de Itanhaém]],<ref>http://www.novomilenio.inf.br/santos/calixtoch24.htm</ref> assim como sua importância na história da exploração e colonização do interior do [[Brasil]], raças a minuciosas pesquisas a a documentos seculares esquecidos em [[Itanhaém]], [[São Vicente (São Paulo)|São Vicente]] e [[São Paulo]].<ref>http://www.novomilenio.inf.br/santos/calixtoch24.htm</ref>
 
=== Capitanias Paulistaspaulistas ===
Na obra reconhecida como a mais importante do artista como historiador, Calixto enaltece a índole e a história dos paulistas identificados como os bandeirantes, expõe suas descobertas, interpretações e impressões sobre a história dos vicentinos. O historiador transita de uma história fundiária privada com fortes tons e acentuada inclinação genealógica até os aspectos mais gerais sobre a história do Brasil. Uma versão preliminar de ''Capitanias Paulistas'' foi originalmente publicada em [[1915]], na revista do [[Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo]] (IHGSP), com o nome de “Capitanias''Capitanias de Itanhaen”Itanhaen'', mas seu formato revisado fora publicado somente em [[1924]]. O livro tinha como objetivo apresentar os desdobramentos dos primeiros anos colonização do litoral paulista por meio das disputas das famílias herdeiras dos irmãos Martim e Pero Afonso de Souza, entre [[1535]] – criação da capitania de São Vicente – e [[1791]] – extinção da capitania de Itanhaen.<ref name=":0" />
 
Para Calixto, ao visar instituir sa história como “ciência”, essa necessitava de um elenco de personagens-mito e tradições, a tornando capaz de compreender o passado como um conjunto de estruturas controladas e pretensamente imutáveis. Empenhado na representação da história e na “invenção” de uma paisagem do litoral paulista, Calixto contribuiu para a representação iconográfica do mito “bandeirante” através da tela "''O Mestre de campo Domingos Jorge Velho e seu lugar-tenente Antônio Fernandes de Abreu"'' ([[1903]]) e do vitral "''Epopeia dos Bandeirantes"'' ([[1922]]). Mais que uma ilustração, a tela "''O Mestre de campo Domingos Jorge Velho e seu lugar-tenente Antônio Fernandes de Abreu"'' efetivamente daé a constituição do mito bandeirante.<ref name=":0" />
 
=== Museu Paulista ===
Affonso[[Afonso de Escragnoled'Escragnolle Taunay]] assumiu a direção no [[Museu Paulista]] em [[1917]], quando dedicou-se a Seção de História Nacional e desenvolveu um projeto de exposições históricas visando as comemorações do centenário da Independência, em [[1922]]. Quatro das dezesseis salas de exposições foram reservadas à história de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], duas das quatro salas foram voltadas especificamente à reconstrução da cidade em meados do [[século XIX]]: a sala da maquete São Paulo, em [[1841]] e a antiga Iconografia Paulista. Para a "sala Antiga Iconografia Paulista", Taunay encomendou telas a óleo de pintores como Benedito Calixto de Jesus. Affonso de Escragnole Taunay forneceu como modelo para as telas, fotografias de [[Militão Augusto de Azevedo]], que registram aspectos da cidade em [[1862]] e em [[1887]].<ref>{{citar periódico|ultimo=Ferraz de Lima e Carneiro de Carvalho|primeiro=Solange e Vânia|data=|titulo=São Paulo Antigo, uma'encomendada modernidade: as fotografias de Militão nas pinturas do Museu Paulista|url=|jornal=MPlUniversidadede São Paulo|volume=|via=}}</ref> Calixto trabalhou especialmente na reprodução em pinturas, dessas fotografias de Militão .<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=7QjhAQAAQBAJ&pg=PA121&lpg=PA121&dq=benedito+calixto+taunay&source=bl&ots=ki3cccaPJi&sig=v-sx34Z9Sdfq_CVaLa-gBc2t5hk&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwiP4pzkwc7WAhXKhJAKHZXWBEAQ6AEINTAC#v=onepage&q=benedito%20calixto%20taunay&f=false|título=O museu paulista: Affonso de Taunay e a memória nacional, 1917-1945|ultimo=Brefe|primeiro=Ana Claudia Fonseca|data=2005-01-01|editora=SciELO - Editora UNESP|isbn=9788539303281}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Lima|primeiro=Solange Ferraz de|ultimo2=Carvalho|primeiro2=Vânia Carneiro de|data=1993-01-01|titulo=São Paulo Antigo, uma encomenda da modernidade: as fotografias de Militão nas pinturas do Museu Paulista|url=https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/5280|jornal=Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material|volume=1|numero=1|paginas=147–178|doi=10.1590/S0101-47141993000100012|issn=1982-0267}}</ref> As imagens no acervo do Museu Paulista, que compõem a Coleção Benedito Calixto de Jesus (CBCJ), retratam paisagens urbanas da cidade de São Paulo, da [[Baixada Santista]] e de cidades do interior do estado de São Paulo. Dentre os quadros de destaque na coleção do museu estão ''Inundação da Várzea do Carmo, 1892'', em que Calixto registra o limite industrial de da cidade de São Paulo, destacando edificações associadas à indústria do café.<ref>{{Citar periódico|ultimo=|primeiro=|data=|titulo=Na Pinacoteca, a criação da paisagem de São Paulo|url=https://www.cartacapital.com.br/revista/887/a-criacao-da-paisagem|jornal=CartaCapital|doi=|acessadoem=}}</ref> Esse quadro, assim como outros do pintor, é considerado um "verdadeiro documento de época".<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=7QjhAQAAQBAJ&oi=fnd&pg=PA13&dq=%22benedito+calixto%22+%22museu+paulista%22&ots=ki3d8c6LHi&sig=PK6u3JlD3fvEUcJedmP3a-5q4f4#v=onepage&q=%22benedito%20calixto%22%20&f=false|título=O museu paulista: Affonso de Taunay e a memória nacional, 1917-1945|ultimo=Brefe|primeiro=Ana Claudia Fonseca|data=2005-01-01|editora=SciELO - Editora UNESP|ano=|local=|páginas=p. 107|isbn=9788539303281|acessodata=}}</ref>
 
Calixto trabalhou especialmente na reprodução em pinturas de fotografias de [[Militão Augusto de Azevedo]].<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=7QjhAQAAQBAJ&pg=PA121&lpg=PA121&dq=benedito+calixto+taunay&source=bl&ots=ki3cccaPJi&sig=v-sx34Z9Sdfq_CVaLa-gBc2t5hk&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwiP4pzkwc7WAhXKhJAKHZXWBEAQ6AEINTAC#v=onepage&q=benedito%20calixto%20taunay&f=false|título=O museu paulista: Affonso de Taunay e a memória nacional, 1917-1945|ultimo=Brefe|primeiro=Ana Claudia Fonseca|data=2005-01-01|editora=SciELO - Editora UNESP|isbn=9788539303281}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Lima|primeiro=Solange Ferraz de|ultimo2=Carvalho|primeiro2=Vânia Carneiro de|data=1993-01-01|titulo=São Paulo Antigo, uma encomenda da modernidade: as fotografias de Militão nas pinturas do Museu Paulista|url=https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/5280|jornal=Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material|volume=1|numero=1|paginas=147–178|doi=10.1590/S0101-47141993000100012|issn=1982-0267}}</ref> As imagens no acervo do [[Museu Paulista]], que compõem a Coleção Benedito Calixto de Jesus (CBCJ), retratam paisagens urbanas da cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], da [[Baixada Santista]] e de cidades do interior do [[Estado de são paulo|estado de São Paulo]]. Dentre os quadros de destaque na coleção do museu estão "Inundação da Várzea do Carmo, 1892", em que Calixto registra o limite industrial de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], destacando edificações associadas à indústria do café.<ref>{{Citar periódico|ultimo=|primeiro=|data=|titulo=Na Pinacoteca, a criação da paisagem de São Paulo|url=https://www.cartacapital.com.br/revista/887/a-criacao-da-paisagem|jornal=CartaCapital|doi=|acessadoem=}}</ref> Esse quadro, assim como outros do pintor, é considerado um "verdadeiro documento de época".<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=7QjhAQAAQBAJ&oi=fnd&pg=PA13&dq=%22benedito+calixto%22+%22museu+paulista%22&ots=ki3d8c6LHi&sig=PK6u3JlD3fvEUcJedmP3a-5q4f4#v=onepage&q=%22benedito%20calixto%22%20&f=false|título=O museu paulista: Affonso de Taunay e a memória nacional, 1917-1945|ultimo=Brefe|primeiro=Ana Claudia Fonseca|data=2005-01-01|editora=SciELO - Editora UNESP|ano=|local=|páginas=p. 107|isbn=9788539303281|acessodata=}}</ref>
 
=== Arte Sacra ===
Vindo de uma família de [[Catolicismo|católicos]], Calixto acompanhava as atividades da igreja de [[Itanhaém]] desde criança. Teria feito, na adolescência, o primeiro [[presépio]] da cidade, em madeira. Mesmo depois de adulto, era o responsável pela decoração da cidade durante as encenações da [[Semana Santa]]. Nessa época, o artista criou seus estreitos laços de amizade com senhores da igreja, o que posteriormente ajudaria em sua indicação para diversas obras. Pode-se afirmar que em sua formação, o gosto pela pesquisa, pintura e a importância de sua religiosidade se fundiram. Calixto se tornou um pintor [[católico]] que pesquisa. Suas primeiras pinturas religiosas são encomendas feitas por irmandades da cidade de [[Santos]]. Calixto passa por um importante ciclo de estudo e pinturas sobre a vida do padre jesuíta [[José de Anchieta]]. Após esse ciclo, o artista vislumbra um novo mercado para seu trabalho: a decoração de igrejas, principalmente no interior e na capital paulista. A partir da [[década de 1900]], o artista trabalharia arduamente para a [[Igreja Católica|Igrejaigreja católica]]. Além de telas, realiza também a decoração interna de igrejas, como a de Santa Cecília, Antade Santa Ifigênia e da Consolação, em [[São Paulo (cidade)|São Paulo]]. No interior do estado, realiza trabalhos em [[São Carlos (São Paulo)|São Carlos]], [[Bocaina (São Paulo)|Bocaina]], [[Catanduva]] e [[Ribeirão Preto]].<ref name=":3" />
 
=== Em Bocaina ===
Uma obracasualidade do acaso trouxeramtrouxe as telas de Calixto para [[Bocaina (São Paulo)|Bocaina]], município do centro do Estadoestado de São Paulo, hojeque tinha em 2015, comquase 11doze mil habitantes. A história registra que ele deveria pintar os seus quadros na Igrejaigreja Matrizmatriz de [[Jaú]]. Não houve acordo quanto ao preço e ele foiabandonou emborao projeto. Em Bocaina, na época, estava o padre José Maria Alberto Soares., Eleque gostariatinha deinteresse em ter as telas do pintor em sua igreja, a Matriz de São João Batista, e começou a escrever a Calixto, falandoexpressando dessaessa vontade. Conseguiu sensibilizar o artista, que veio a Bocaina e pintou as telas por um preço bem menor daquele que pedira em [[Jaú]]. AsEm obras10 podemde serdezembro consideradasde o1923 melhorcomeçava daseu arteúltimo sacragrande pintada por Calixtotrabalho, quea porpintura ter nascido e vivido em cidades litorâneas, pintou muitas marinhas. O próprio pintor considerava asdas telas ''Salomé recebe a cabeça de João Batista'' e ''Transfiguração'', comopara osa seusmatriz melhoresde trabalhos sacrosBocaina. ElasAs estãoobras empodem Bocaina.ser Aconsideradas [[10o demelhor dezembro]]da dearte [[1923]]sacra começavapintada seupor últimoCalixto, grandeque trabalhopor ter nascido e vivido em cidades litorâneas, apintou pinturamuitas dos[[Costa|marinhas]]. quadrosO parapróprio apintor Matrizconsiderava deas Sãoobras Joãocomo Batistaos deseus Bocainamelhores trabalhos sacros. Dominado pela ideia da morte próxima, dizia que nessa igreja seria o lugar onde se perpetuaria a sua derradeira arte.<ref>{{citar web|url=http://warburg.chaa-unicamp.com.br/artistas/view/650|titulo=Warburg|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
== Homenagens a Benedito Calixto ==
* Há uma exposição permanente "na cidade paulista de [[São Carlos (São Paulo)|São Carlos]], chamada ''Benedito Calixto na Terra do Pinhal"'', com amplo panorama da vida e obra do célebre pintor brasileiro e trabalhos originais realizados por ele para o antigo [[Diocese de São Carlos|Palácio Episcopal de São Carlos]]. eOs que hojetrabalhos pertencem ao acervo da municipalidade são-carlense, os quais sãocom 8oito [[afrescos]] que também estão na exposição. A exposição é no Museu da "Estação Cultura" na [[Estação de São Carlos]] em [[São Carlos (São Paulo)|São Carlos]], de terça a sexta das 8h às 18h, e aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h. A entrada é franca. O agendamento de grupos e escolas pode ser feito por telefone.<ref>{{citar web|url=http://www.saocarlos.sp.gov.br/index.php/noticias-2006/148355-museu-retoma-visitas-a-exposicao-de-benedito-calixto.html|titulo=Governo de São Carlos|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
* A [[Fundação Pinacoteca Benedito Calixto]], entidade sem fins lucrativos, localizada em um antigo casarão em estilo eclético e interior em ''Art Noveau'' à Avenida Bartolomeu de Gusmão, 15, Boqueirão, Santos, São Paulo, tem uma exposição permanente de obras de Calixto. Seu acervo é de cerca de 60sessenta obras do pintor - marinhas, paisagens, retratos e nus [desenhados na Academia Julian, Paris]. O local está aberto para visitação de terça a domingo das 09h00 às 18h00. Grupos ou escolas, que quiserem monitoria, podem ser agendados. A Pinacoteca conta também com uma biblioteca, com acervo de livros de arte, e um Centro de Documentação sobre Calixto e sua obra.<ref>{{citar web|url=http://pinacotecadesantos.org.br/|titulo=Pinacoteca de Santos|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
 
* Foi homenageado na cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] com a [[Praça Benedito Calixto]].<ref>{{citar web|url=http://www.cidadedesaopaulo.com/sp/o-que-visitar/atrativos/pontos-turisticos/3835-praca-benedito-calixto|titulo=Cidade de São Paulo|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>
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Imagem:Vista panorâmica da cidade de Santos-SP, Brasil.jpg|Vista panorâmica da cidade de Santos-SP, c.1898
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A [[Fundação Pinacoteca Benedito Calixto]], entidade sem fins lucrativos, localizada em um antigo casarão em estilo eclético e interior em Art Noveau à Avenida Bartolomeu de Gusmão, 15, Boqueirão, Santos, São Paulo, tem uma exposição permanente de obras de Calixto. Seu acervo é de cerca de 60 obras do pintor - marinhas, paisagens, retratos e nus [desenhados na Academia Julian, Paris]. O local está aberto para visitação de terça a domingo das 09h00 às 18h00. Grupos ou escolas, que quiserem monitoria, podem ser agendados. A Pinacoteca conta também com uma biblioteca, com acervo de livros de arte, e um Centro de Documentação sobre Calixto e sua obra.
 
{{Referências|col=2}}