Benedito Calixto: diferenças entre revisões

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== Linha do tempo ==
 
=== 1853 1872 ===
Benedito Calixto de Jesus nasceu no dia [[14 de outubro]] de [[1853]], na então ''Vila de Conceição de Itanhaém'', no [[litoral sul paulista]], que em 1906 tornou-se o município de [[Itanhaém]]. Filho de João Pedro de Jesus e Anna Gertrudes Soares, Calixto tinha sete irmãos. Nesta época, a vila era considerada um lugarejo semi-isolado do litoral. Seus habitantes se limitavam à [[pesca]] e eram de famílias remanescentes dos anos de sua maior importância econômica e administrativa, quando a vila era o centro da [[Capitania de Itanhaém]], extinta em 1753. Benedito Calixto passou a infância entre a escola do mestre João Batista do Espírito Santo e as brincadeiras próprias da infância em cidade pequena.<ref>Teixeira, Milton. Benedito Calixto: Imortalidade. Santos, Editora da UNICEB, 1992</ref><ref name=":3">{{citar periódico|ultimo=Poletini|primeiro=Moisés|data=2003|titulo=Um Estudo das Obras Sacras de Benedito Calixto|url=http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/278657|jornal=Tese - Repositório da Produção Científica e Intelectual da Unicamp|volume=|via=}}</ref>
 
=== 1873 1876 ===
Calixto aprendeu o ofício de [[marceneiro]] com o pai, João Pedro de Jesus, que era também [[ferreiro]]. Porém a cidade oferecia poucas oportunidades de trabalho e foi preciso sair à procura de melhores oportunidades em cidades mais ativas. Chega até a cidade de [[Santos]], onde começa a pintar tabuletas de propaganda e composições de paisagens em casarões da época. Depois, vai à [[Brotas (São Paulo)|Brotas]], no interior do [[São Paulo|estado de São Paulo]], onde residiam seus tios Antonio Pedro e Joaquim Pedro. Antonio era [[maestro]] da banda local e ensinou noções básicas de [[música]] a Calixto. Seu tio Joaquim o levava para ajudar no trabalho, limpando e pintando as imagens da igreja matriz da cidade. Tendo em mãos todo o material para [[pintura]], é nesse período que Calixto pinta suas primeiras telas.<ref name=":3" />
 
=== 1877 1880 ===
Aos 24 anos, Calixto retorna a Itanhaém, onde se casa com sua prima Antônia Leopoldina de Araújo, com quem teve três filhos: Fantina, Sizenando e Pedrina. Sizenando e Pedrina vieram a dedicar-se à [[pintura]] e o filho de Sizenando, João Calixto de Jesus, seguiu a carreira de Benedito Calixto e foi professor de pintura na [[Escola de Belas Artes de São Paulo]].<ref name=":7">{{citar periódico|ultimo=El Banat|primeiro=Ana Kalassa|data=2014|titulo=A cidade pelos olhos do pintor: memória e representação de Santos em Benedito Calixto entre 1890 e 1927|url=http://www.encontro2014.sp.anpuh.org/resources/anais/29/1406702320_ARQUIVO_CalixtoTEXTOANPUH.pdf|jornal=Anais eletrônicos do XXII Encontro Estadual de História da ANPUH-SP|volume=|via=}}</ref> Após o casamento, Calixto volta a Brotas, onde passa a viver com seu irmão, João Pedro. Começa nessa época a pintar [[retrato]]s e vistas das fazendas locais a pedido dos proprietários.<ref name=":3" />
 
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Aos 29 anos, Calixto muda-se para Paris,<ref name=":5">{{citar periódico|ultimo=Cavalcanti Simioni|primeiro=Ana Paula|data=2005|titulo=A viagem a Paris de artistas brasileiros no final do século XIX|url=http://www.scielo.br/pdf/ts/v17n1/v17n1a14|jornal=Scielo|volume=|via=}}</ref> onde passa a morar em [[Asnières]], um bairro afastado do centro da cidade. Inicia seus estudos no ''ateliê'' de Jean-François Raffaëlli, porém deixa o ''ateliê'', por não se moldar à técnica [[Impressionismo|impressionista]]. Entra então na [[Academia Julian|''Académie Julian'']], onde tem como professores [[Tony Robert-Fleury]], [[Gustave Boulanger]], Jules Lefebvre e [[William Bouguereau]]. Estuda composição de desenhos a partir de modelos vivos. Com a tela ''Uma Cena do Dilúvio'', obtêm o segundo prêmio em um concurso de [[pintura histórica]].<ref name=":3" /> Durante sua estada na [[França]], Calixto teve a oportunidade de expor suas pinturas na ''Académie Julian''.<ref name=":7" />
 
=== 1884 1889 ===
Calixto retorna a Santos trazendo, além da tela ''Longe do Lar'', uma [[Câmera|câmera fotográfica]], que mais tarde o auxiliaria no registro de cenas para a elaboração de suas telas históricas e religiosas.<ref name=":5" /> Em Santos, o artista pinta paisagens da cidade e das transformações urbanas pelas quais passa, principalmente no [[Porto de Santos|porto]], além de retratos de personalidades santistas. Passa a dar aulas de desenho no colégio Azurara e faz algumas exposições de suas obras.<ref name=":3" /> A principal exposição do período foi realizada em um edifício na rua General Câmara, onde o artista expôs cerca de 45 pinturas entre temas religiosos, acadêmicos, cenas de Paris e retratos. Também foram expostos 42 desenhos, realizados a partir de estudos de modelos vivos na academia.<ref name=":7" />
 
=== 1890 1893 ===
[[Ficheiro:Proclamação_da_República_by_Benedito_Calixto_1893.jpg|direita|miniaturadaimagem|''Proclamação da República''.]]
Na tentativa de ampliar seu mercado de compradores, muda-se para [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], onde expõe na [[Casa Levy de Pianos|Casa Levy]]. Recebe sua primeira grande encomenda da [[pintura histórica]] ''A Inundação da Várzea do Carmo'', que é exposta em 1892. Em 1893 realiza as obras ''Evangelho nas Selvas'' e ''Proclamação da República''.<ref name=":3" /> Nesse período, Calixto realizou obras que tinham a própria cidade como tema. Suas obras incluíam imagens produzidas a partir de fotografias de [[Militão de Azevedo]], dando continuidade a seu interesse pelo estudo e preservação do patrimônio histórico.<ref name=":7" />
 
=== 1894 1896 ===
Insatisfeito com o retorno financeiro de suas [[exposições]] em [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], Calixto retorna ao [[Litoral de São Paulo|litoral]] em [[1894]], para [[São Vicente (São Paulo)|São Vicente]], onde permanece até o fim da vida. Publica seu primeiro livro “A Vila de Itanhaém” em [[1895]], mesmo ano em que se torna sócio do [[Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo]] ([[Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo|IHGSP]]). No ano seguinte, Calixto realiza as obras “Jesus no Horto” e “A Bandeira do Divino” ambas sobre costumes do [[Litoral de São Paulo|litoral]].<ref name=":3" />
 
=== 1897 1899 ===
Calixto pinta a tela ''José de Anchieta e a Fera''. Muda-se para uma nova residência, na Rua Martim Afonso, 192, com amplo espaço para seu ''[[atelier]]'', além de um laboratório fotográfico construído com o equipamento que trouxe de Paris.<ref name=":7" /> Recebe medalha de ouro de 3.ª classe na 5.ª Exposição Geral de Belas Artes, da [[Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro]], com o quadro ''Panorama do Porto de Santos e do Novo Cais''. Em 1898, pinta ''Gólgota'', para a Irmandade dos Passos em Santos, e expõe no [[Salão Nacional de Belas Artes]], no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], onde recebe medalha de ouro de 3.ª classe.<ref name=":3" />
 
=== 1900 1906 ===
[[Ficheiro:Benedito_Calixto_de_Jesus_-_Retrato_do_Padre_Bartolomeu_Lourenço_de_Gusmão,_Acervo_do_Museu_Paulista_da_USP.jpg|miniaturadaimagem|''Retrato do Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão''.]]
Realiza, em 1900, ''O Poema de Anchieta'' e ''Fundação São Vicente''. Expõe novamente no Salão Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro. Entre os anos de 1901 e 1903, realiza as obras ''O Poema a Virgem Maria'', ''Padre José de Anchieta'', ''José Bonifácio de Andrade e Silva'', ''Padre Bartolomeu de Gusmão'', ''D. Pedro I'', ''Capitão Mor de Itu Vicente da Costa Taques Góes Aranha'' e ''Brás Cubas''. No ano de 1902, Calixto inicia sua extensa série de trabalhos sobre o [[História do Brasil|passado histórico do Brasil]] e, principalmente, de [[São Paulo]], para o [[Museu Paulista]].<ref name=":3" /> As transformações urbanas de Santos e de São Paulo se fazem presentes nas telas do acervo do Museu Paulista, principalmente nas de Calixto. O artista não era só um pintor de telas para o museu, mas também um importante informante de descobertas e aspectos históricos das cidades do litoral.<ref name=":4" /> Expõe, no mesmo ano de 1902, na primeira Exposição de Belas Artes de São Paulo. Em 1903, o artista realizou a pintura ''Domingos Jorge Velho'', para o Museu Paulista. No mesmo ano deu início a estudos sobre vida e a obra do Padre [[Jesuíno do Monte Carmelo]]. No ano de 1904, com a obra ''Os Falquejadores'', é premiado com medalha de ouro na Exposição Internacional de Saint Louis, nos [[Estados Unidos]].<ref name=":3" />
 
=== 1907 1910 ===
No início do período, realiza ''O Naufrágio do Sírio''. Faz uma exposição em [[Belém (Pará)|Belém do Pará]], na qual alcança excelente resultado financeiro. Em 1909 pinta ''Santa Ceia'', e dá início aos seus trabalhos para a [[Largo de Santa Cecília|Igreja de Santa Cecília]], na cidade de São Paulo.<ref name=":3" /> Calixto recebe a encomenda e executa dez pinturas de [[óleo sobre tela]], sendo este seu primeiro trabalho de fôlego executado no campo da [[arte sacra]]. O artista recebe a encomenda de [[Duarte Leopoldo e Silva|Dom Duarte Leopoldo e Silva]], então [[Arquidiocese de São Paulo|bispo de São Paulo]] e faz um amplo estudo sobre a vida de [[Santa Cecília]], que dá nome ao templo. Calixto não só atende a encomenda religiosa, como também atua como [[historiador]], vertente esta que sempre o acompanha em suas pinturas.<ref name=":6">{{citar periódico|ultimo=Philippov|primeiro=Karin|data=2013|titulo=A Produção Religiosa de Benedito Calixto e a Ótica do Mecenato Religioso|url=http://www.unicamp.br/chaa/eha/atas/2013/Karin%20Philippov.pdf|jornal=IX EHA - ENCONTRO DE HISTÓRIA DA ARTE - UNICAMP|volume=|via=}}</ref> ''O Batismo de São Valeriano'', ''Aparição do Anjo do Senhor'', ''Morte de Santa Cecília'', ''Os Funerais nas Catacumba'', estudos para ''Santa Cecília perante o Tribunal'', ''A Morte de Santa Cecília'' e ''A Imposição do Véu'' são datadas no mesmo período. Calixto inicia os trabalhos para o Palácio Episcopal de São Carlos, entre eles ''Tobias e o Anjo''. Em 1910, realiza ''Pedro Correa Via Damasco'' ou ''A Conversão de Pedro Correa'', a primeira de suas telas a retratar a vida do [[Bandeirantes|bandeirante]] Pedro Correa,<ref name=":6" /> ''Verdadeira Efígie de São Carlos Borromeu'' e ''Leitura''.<ref name=":3" />
 
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Participa da primeira Exposição Brasileira de Belas Artes no [[Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo]]. Realiza as obras ''O Batismo de Cristo'', ''Corpo de Cristo Morto'', ''O Martírio de Pedro Correa'', além de trabalhos para a [[Paróquia Matriz Nossa Senhora da Conceição (Santa Ifigênia)|Igreja de Santa Ifigênia]]: ''Anunciação à Maria'', ''Deposição de Cristo'' e ''A Ceia de Emaús''. Realiza obras para o [[Palácio São Joaquim]], no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]]: ''Conversão de São Paulo'', ''Investidura de São Pedro'', ''Martim Afonso a caminho de Piratininga'' e ''Partida de Estácio de Sá''. Em 1915, realiza ''Santo Afonso'' para os padres redentoristas da [[Aparecida (São Paulo)|Basílica de Aparecida]], e publica ''Memória Histórica sobre a Egreja e o Convento da Imaculada Conceição de Itanhaém''.<ref name=":3" /> A produção religiosa de Calixto se insere no contexto de união entre [[Igreja]] e [[Estado]]. O artista executa aproximadamente dezessete encomendas religiosas para igrejas, matrizes, conventos e mosteiros na cidade de São Paulo, no litoral paulista e no interior do estado, no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]] e no [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]], trabalhando livremente para a igreja. Além disso, sua produção também se adéqua aos anseios da elite cafeeira, na medida em que executa pinturas com temáticas interessantes e adequadas aos mesmos. Assim, o artista se insere em um mercado de arte religiosa fortemente estruturado, tendo em vista as ligações com a elite cafeeira do início do [[século XX]].<ref name=":6" />
 
=== 1917 1919 ===
No ano de 1917, as obras ''A Imposição do Véu'', ''Santa Cecília perante o Tribunal'', ''Santa Symphorosa'' e ''São Tarcísio'', realizadas para a [[Largo de Santa Cecília|Igreja Santa Cecília]] de São Paulo, são finalizadas. No mesmo ano, Calixto inicia trabalhos para a [[Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto|Catedral de Ribeirão Preto]], com as pinturas ''Restituição da fala a Neófita Zoé'' e ''Serás o Defensor da Igreja de Cristo''. Calixto realiza também seis estudos referentes aos quadros da vida de [[São Sebastião]]. Em 1918, o artista pinta ''A Santa Ceia'' e ''Lava-pés'', na catedral de [[Amparo (São Paulo)|Amparo]], interior de São Paulo. A partir de fotografias de [[Militão de Azevedo]], o pintor inicia uma série de quadros da cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]].<ref name=":3" /> Calixto realizou a transposição integral para a tela de algumas dessas fotos que, nesse processo, ganhavam cores intensas que caracterizam as telas do artista.<ref>{{citar periódico|ultimo=Lima de Toledo|primeiro=Benedito|data=1999|titulo=A Cidade de Santos: Iconografia e História|url=http://www.journals.usp.br/revusp/article/viewFile/28436/30294|jornal=Jornal da USP|volume=|via=}}</ref> ''Paço Municipal'' e ''Fórum e Cadeia de São Paulo'' foram obras patrocinadas pelo [[Museu Paulista]], sob a direção de [[Afonso d'Escragnolle Taunay]]. Na mesma época, Calixto realiza obras para a [[Paróquia Nossa Senhora da Consolação (São Paulo)|Igreja da Consolação]] e para a [[Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto|Catedral de Ribeirão Preto]], interior de São Paulo.<ref name=":3" />
 
=== 1920 1926 ===
[[Ficheiro:Benedito_Calixto_de_Jesus_-_Auto-retrato.jpg|miniaturadaimagem|Autorretrato de 1923]]
Entre os anos de 1920 e 1923, Calixto realiza as obras ''Marechal Deodoro da Fonseca'', ''Rua da Quitanda'', ''Estação da Luz em 1860'', ''Na Cabana de Pindobuçu'', ''Santos Antiga'', ''Porto de Santos'', ''Fundação da Vila de Santos'', ''Panorama de Santos em 1822'', ''Panorama de Santos em 1922'' e ''Martim Afonso de Souza''. Em 1924, inicia seus trabalhos para a Igreja Matriz de São João Batista. Além de realizar desenhos sobre a vida de [[Santa Teresa d'Ávila]] para seu mosteiro, na cidade de São Paulo, Calixto também decorou a igreja da Ordem Primeira do Carmo, no [[Convento do Carmo de Santos]]. Publicou ''Capitanias Paulistas'', pintou o quadro ''O Cristo Benze o Pão Eucarístico'' para a igreja Matriz de [[Itanhaém]], e realizou desenhos para vitrais do Convento de Itanhaém, tendo sido agraciado pelo [[Papa Pio XI]] por suas obras religiosas. Em 1926, trabalhou para o [[Convento da Penha|Convento de Nossa Senhora da Penha]], em [[Vila Velha]], no [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]].<ref name=":3" /> Sua última exposição foi realizada em junho de 1926, no [[Teatro Coliseu Santista]], onde apresentou principalmente cenas históricas.<ref name=":8" />