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{{Ver desambig|a Crucificação de Cristo|Crucificação de Jesus}}
[[Imagem:Michelangelo Caravaggio 038.jpg|thumb|300px|"[[Crucificação de São Pedro (Caravaggio)|Crucificação de São Pedro]]" por [[Caravaggio]].|borda|right]]
'''Crucificação''' ou '''crucifixão''' é um método de [[pena de morte]] no qual a vítima é amarrada ou pregada em uma viga de madeira e pendurada durante vários dias até a eventual morte por exaustão e [[asfixia]].<ref name="josephus-jewishwars-5.11.1">[[Flávio{{Citar Josefo]],livro|título=A ''[[GuerrasGuerra Judaicas]]''dos 5.11.1Judeus|ultimo=Josefo|primeiro=Flávio|editora=Sílabo|ano=2013|local=Lisboa|isbn=978-972-618-717-2}}</ref><ref>{{citar periódico|último1 =Edwards |primeiro1 =William D. |título=On the Physical Death of Jesus Christ |periódico=JAMA |data=1986-03-21|volume=255 |número=11 |páginas=1455 |doi=10.1001/jama.1986.03370110077025}}</ref><ref>{{citar periódico|último1 =Byard |primeiro1 =Roger W. |título=Forensic and historical aspects of crucifixion |periódico=Forensic Science, Medicine, and Pathology |data=2016-03-05|volume=12 |número=2 |páginas=206–208 |doi=10.1007/s12024-016-9758-0}}</ref>
 
Crê-se que o método tenha sido criado na [[Pérsia]]<ref>[http{{Citar livro|título=Crucifixion://www.terra.com.br/noticias/educacao/infograficos/penas-de-morte-vc-sabia/ TodosIn the Ancient World and the Folly condenadosof àthe cruzMessage eramof crucificadosthe vivos?]Cross|ultimo=Hengel|primeiro=Martin|editora=Fortress TerraPress|ano=1977|local=Minneapolis|isbn=9780800612689}}</ref> e trazido no tempo de [[Alexandre, o Grande|Alexandre]] para o [[Ocidente]]. Os itálicos copiaram a prática dos [[cartagineses]]. Neste ato se combinavam os elementos de [[vergonha]] e [[tortura]], e por isso o processo de crucificação era olhado com profundo horror. O castigo da crucificação começava com a [[flagelação]], depois do criminoso ter sido despojado de suas vestes. No [[azorrague]] os [[soldado]]s fixavam os [[wikt:prego|pregos]], pedaços de [[wikt:osso|ossos]], e coisas semelhantes, podendo a tortura do açoitamento ser tão forte que às vezes o flagelado morria em consequência do [[wikt:açoite|açoite]]. O flagelo era cometido ao réu estando este preso a uma coluna.
 
No ato de crucificação a [[vítima]] era pendurada de braços abertos em uma [[cruz]] de [[madeira (material)|madeira]], amarrada ou, raramente{{Carece de fontes|geo|si|data=2013-04}}, presa a ela por pregos perfurantes nos [[punho]]s e [[pé]]s. O peso das [[perna]]s sobrecarregava a musculatura abdominal que, cansada, tornava-se incapaz de manter a [[respiração]], levando à [[morte]] por [[asfixia]]. Para abreviar a morte os torturadores às vezes [[:wikt:fratura|fratura]]vam as pernas do condenado, removendo totalmente sua capacidade de sustentação, acelerando o processo que levava à morte. Mas era mais comum{{Carece de fontes|geo|si|data=2013-04}} a colocação de "bancos" no crucifixo, que foi erroneamente interpretado como um pedestal. Essa prática fazia com que a vítima vivesse por mais tempo. Nos momentos que precedem a morte, falar ou gritar exigia um enorme esforço.
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==Terminologia==
O Grego Antigo possui dois verbos para crucificação: ''ana-stauro'' (ἀνασταυρόω), de ''stauros'', "estaca", e ''apo-tumpanizo'' (ἀποτυμπανίζω) "crucificar numa prancha",<ref>[http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A1999.04.0057%3Aentry%3Da)potumpani%2Fzw&highlight=crucify LSJ apotumpanizo] ἀποτυμπα^ν-ίζω (latermas tarde ἀποτύμπα^ν-τυπ- UPZ119 (2nd century BC), POxy.1798.1.7), A. cruficicar em uma prancha, D.8.61,9.61:—Pass., Lys.13.56, D.19.137, Arist. Rh. 1383a5, Beros. ap. J.Ap.1.20. 2. de forma geral, destruir, Plu.2.1049d.</ref> junto com ''anaskolopizo'' (ἀνασκολοπίζω "empalar"). Em antigos textos pré Grego-Românicos ''anastauro'' normalmente significa "empalar".<ref>LSJ anastauro ἀνασταυρ-όω, = foreg., Hdt.3.125, 6.30, al.; idêntico a ἀνασκολοπίζω, 9.78:—Pass., Th. 1.110, Pl.Grg.473c. II. nos tempos romanos, afixar a uma cruz, crucificar, Plb. 1.11.5, al., Plu.Fab.6, al. 2. crucificar de novo, Ep.Hebr.6.6.</ref><ref>Plutaro Fabius Maximus 6.3 "Aníbal agora percebera o erro de sua posição, e seu perigo, e crucificou os guias nativos responsáveis por ela."</ref><ref>Polybius 1.11.5 [5] [https://archive.org/details/polybioyistoriai00polyuoft Historiae]. Polybius. Theodorus Büttner-Wobst after L. Dindorf. Leipzig. Teubner. 1893-. </ref>
 
O Novo Testamento Grego utiliza quatro verbos, três deles baseados em ''stauros'' (σταυρός), normalmente traduzido como "cruz". O termo mais comum é ''stauroo'' (σταυρόω), "crucificar", aparecendo 43 vezes; ''sustauroo'' (συσταυρόω), "crucificar com" ou "ao lado" aparece cinco vezes, enquanto ''anastauroo'' (ἀνασταυρόω), "crucificar novamente" aparece somente uma vez na Epístola de {{Citar bíblia|livro=Hebreus|capítulo=6|verso=6}} ''prospegnumi'' (προσπήγνυμι); "fixar ou amarrar em, empalar, crucificar" ocorre somente uma vez em {{Citar bíblia|livro=Atos dos Apóstolos|capítulo=2|verso=23}}
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A pessoa executada poderia ser amarrada à cruz por cordas, embora pregos e outros materiais afiados sejam mencionados de passagem pelo historiador judaico [[Flávio Josefo]], em que ele afirma que no [[Cerco de Jerusalém (70)]], "os soldados tomados por fúria e ódio, ''pregaram'' aqueles que capturavam, um após o outro, outro após o outro, a cruzes, só por pirraça"..<ref>{{citar web|último1 =Flavius|primeiro1 =Josephus|título=Jewish War, Book V Chapter 11|url=http://www.ccel.org/j/josephus/works/war-5.htm|publicado=ccel.org|acessodata=2018-05-05}}</ref> Objetos utilizados na crucificação de criminosos, como pregos, eram vendidos como [[amuletos]] com notória qualidade medicinal.<ref>Mishna, Shabbath 6.10: see [https://books.google.com/books?id=EdbdQ-5fMr0C&pg=PA182 David W. Chapman, ''Ancient Jewish and Christian Perceptions of Crucifixion''] (Mohn Siebeck 2008 {{ISBN|978-31-6149579-3}}), p. 182</ref>
 
Enquanto uma crucificação era uma execução, era também uma humilhação, fazendo o condenado o mais vulnerável possível. Embora artistas tradicionalmente retratem a figura na cruz com uma tanga ou cobrindo os genitais, a pessoa crucificada era geralmente deixada nua. Escritos de [[Sêneca]] afirmam que algumas vítimas tiveram uma vara de madeira enfiada pela virilha.<ref name="Seneca 1946">Seneca, Dialogue "To Marcia on Consolation", in ''Moral Essays'', 6.20.3, trad. John W. Basore, The Loeb Classical Library (Cambridge, Mass.: Harvard University Press, 1946) 2:69</ref><ref>[[Wikisource{{Citar livro|url=https://en.wikisource.org/wiki/Of%20Consolation:%20To%20Marcia#XX.|título=Of Consolation: To Marcia#XX.]]|ultimo=Seneca}}</ref> Apesar de seu uso frequente pelos Romanos, os horrores da crucificação não escaparam das críticas de alguns eminentes oradores romanos. [[Cícero]], por exemplo, descrevia a crucificação como "a mais cruel e detestável punição",<ref>{{citar livro|último =Licona|primeiro =Michael|título=The Resurrection of Jesus: A New Historiographical Approach|ano=2010|publicado=InterVarsity Press|isbn=978-0-8308-2719-0|oclc=620836940|autorlink =Michael Licona|página=304}}</ref> e sugeria que "a simples menção da cruz deveria ser removida não apenas do corpo de um cidadão romano, mas da sua mente, seus olhos, seus ouvidos".<ref>{{citar livro|último =Conway|primeiro =Colleen M.|título=Behold the Man: Jesus and Greco-Roman Masculinity |ano=2008 |publicado=Oxford University Press|isbn=978-0-19-532532-4|página=67}} (citando Cícero, ''pro Rabirio Perduellionis Reo'' [http://perseus.uchicago.edu/perseus-cgi/citequery3.pl?dbname=PerseusLatinTexts&getid=1&query=Cic.%20Rab.%20Perd.%2019 5.16]).</ref> Em outra parte ele diz: "Pregar um cidadão romano é um crime, açoitá-lo é uma abominação, matá-lo é quase um ato de vil: crucificá-lo é -- o quê? Não existe uma palavra capaz de descrever tão horrível ato".<ref>{{citar livro|último =Stott|primeiro =John R.|título=The Cross of Christ |ano=1986 |publicado=InterVarsity Press|isbn=0-87784-998-6|página=24}} (citando Cícero, ''Against Verres II.v.66, para. 170'')</ref>
 
Frequentemente, as pernas da pessoa executada eram quebradas ou esmagadas com uma barra de ferro, um ato chamado ''crurifragium'', que era também frequentemente aplicado em escravos, mesmo sem crucificação.<ref name="Wine">{{citar periódico|último =Koskenniemi|primeiro =Erkki|autor2 =Kirsi Nisula|autor3 =Jorma Toppari|título=Wine Mixed with Myrrh (Mark 15.23) and Crurifragium (John 19.31-32): Two Details of the Passion Narratives|periódico=Journal for the Study of the New Testament|volume=27|número=4|páginas=379–391|publicado=SAGE Publications|ano=2005|url=http://jnt.sagepub.com/cgi/content/abstract/27/4/379|doi=10.1177/0142064X05055745|acessodata=2018-05-05}}</ref> Esse ato apressava a morte da pessoa mas também significava prevenir aqueles que assistiam à crucificação de cometer crimes.<ref name="Wine"/>
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A [[forca]] na qual a crucificação era realizada podia possuir várias formas. [[Flávio Josefo]] descreve múltiplas torturas e posições de crucificação durante o [[cerco de Jerusalém (70)|Cerco de Jerusalém]] conforme [[Tito]] crucificou os rebeldes;<ref name=josephus-jewishwars-5.11.1/> [[Sêneca]] registrou: "Eu vejo cruzes lá, não de somente um tipo, mas feitas de diferentes maneiras: algumas têm a vítima com a cabeça ao chão; algumas [[Empalamento|empaladas]] pelas partes pudendas; outras com os braços esticados na forca."<ref name="Seneca 1946"/>
 
Algumas vezes a forca era somente uma estaca vertical, chamada em Latim de ''crux simplex''.<ref>{{citar livro|url=https://books.google.com/books?id=bBOqGJc6tpcC&pg=PA78 |primeiro título=WilliamThe Apostles' Creed|último =Barclay |títuloprimeiro=William|editora=TheWestminster Apostles'John CreedKnox Press|ano=1998 |isbnlocal=978-0-664-25826-9Louisville, KY|página=78|isbn=9780664258269}}</ref> Esta era facilmente construída para torturar e matar o condenado. Constantemente, contudo, havia uma peça cruzada amarrada ao top para dar a forma de um T (''crux comissa'') logo abaixo do topo, como na forma mais comum do simbolismo cristão (''crux immissa'').<ref>"A&nbsp;... mais antiga representação de crucificação &nbsp;... foi descoberta por arqueologistas mais de um século atrás na [[Colina do Palatino]] em Roma. É uma [[graffiti]] do século II rabiscado em uma parede que era parte do complexo imperial. Ela inclui a inscrição&nbsp;— não por um Cristão, mas por alguém insultando e ridicularizando os cristãos e as crucificações que sofreram. Ela mostra um rascunho de um rapaz reverenciado seu 'Deus', que possui uma cabeça de [[burro]] e está em uma cruz com os braços abertos na viga cruzada. Aqui temos um esboço Romano de uma Crucificação Romana, e esta em sua forma tradicional de cruz." Clayton{{Citar F. Bower, Jr. [web|url=https://www.catholic.com/magazine/print-edition/cross-or-torture-stake-0 "|titulo=Cross or Torture Stake?"]|data=01/10/1991|acessodata=18/05/2018|publicado=Catholic.com|ultimo=Bower Jr.|primeiro=Clayton F.}}</ref> A mais antiga imagem de uma crucificação Romana retrata um indivíduo em uma cruz em forma de 'T'. É um grafite encontrado em uma [[Taberna (Roma Antiga)|taberna]] em Puteoli, datado da época de [[Trajano]] ou [[Adriano]] (final do século I e início do século II{{nbsp}}EC.).<ref name="Cook">{{citar periódico|último =Cook|primeiro =John Granger|ano=2012|título=Crucifixion as Spectacle in Roman Campania|periódico=Novum Testamentum|volume=54|número=1|páginas=60, 92–98|jstor=23253630}}</ref> {{nota de rodapé|As notações "Antes da Era Comum" (AEC) e "Era Comum" (EC) têm sido utilizadas em trabalhos acadêmicos para registrar os períodos "Antes de Cristo" e "Depois de Cristo", respectivamente. No [[Wikipédia:Livro de estilo|Livro de Estilo da Wikipédia lusófona]], ambas as formas são aceitáveis. Para manter um padrão acadêmico atual, as notações "AEC" e "EC" são utilizadas neste artigo.}}
 
Alguns autores do século II garantiam que os braços da pessoa crucificada deveriam ser esticados e não amarrados a uma estaca simples: [[Luciano de Samósata]] fala de [[Prometeu]] crucificado "sobre a ravina com suas mãos esticadas" e explica que a letra 'T' (a letra grega [[tau]]) era vista acima como um sinal de mau presságio (similar ao modo como o número treze é visto atualmente como um número de azar), dizendo que a letra conseguiu esse "significado maligno" devido ao "instrumento odioso" que possuía aquela forma, um instrumento no qual tiranos sacrificavam pessoas. [[Testemunhas de Jeová]] sustentam que Jesus foi crucificado em uma ''crux simplex'', e que a ''crux immissa'' foi utilizada primeiramente como um símbolo Cristão no período da suposta conversão do [[Constantino|Imperador Constantino]].<ref>{{citar web|título=Why do Watch Tower publications show Jesus on a stake with hands over his head instead of on the traditional cross?|url=http://wol.jw.org/en/wol/d/r1/lp-e/1101989219|publicado=Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania}}</ref> Outras formas eram em forma da letra X e Y.
 
As passagens do Novo Testamento sobre a crucificação de Jesus não explicitam o formato da cruz, mas primeiros escritos que falam sobre seu formato, a partir do ano 100{{nbsp}}EC, descrevem sua forma como a da letra T (a letra grega tau)<ref>[[Epístola de Barnabé]], [[wikisource:Epístola de Barnabé#Chapter_9|Chapter 9]]. O documento sem dúvida pertence ao final do século I ou início do século II.[http://www.earlychristianwritings.com/barnabas-intro.html]</ref> ou composta de uma viga vertical e uma viga transversal, algumas vezes com uma pequena projeção para o alto.<ref>"TheA veryprópria formforma ofda the crosscruz, tootambém, hastem fivecinco extremitiesextremidades, twoduas inno lengthcomprimento, twoduas inna breadthlargura, ande oneuma inno the middlemeio, onna whichqual [last]a thepessoa persondescansa restsàquele whoque isé fixedfixado bypelos the nailspregos." ([[IrenaeusIreneu de Lyon]] (c. 130–202), ''[[On the Detection and Overthrow of the So-Called Gnosis|AdversusContra HaeresesHeresias]]'' II, xxiv, 4 [http://www.newadvent.org/fathers/0103224.htm]).</ref><ref>[[Justino]] (c. 100–165) [[Diálogo com Trifão]] [http://www.ccel.org/ccel/schaff/anf01.viii.iv.xc.html "Chapter XC – The stretched-out hands of Moses signified beforehand the cross"], [http://www.ccel.org/ccel/schaff/anf01.viii.iv.xci.html "Capítulo XCI"] "Com efeito, uma haste da cruz se ergue verticalmente e dela surge a parte superior, quando se ajustou a haste transversal. Seus extremos aparecem de um lado e de outro, como chifres unidos em um único chifre." <br>[http://www.ccel.org/ccel/schaff/anf01.viii.iv.cxi.html "Capítulo CXI"] "Com efeito, um deles permaneceu sobre a colina, até o entardecer, com os braços estendidos, graças àqueles que os sustentavam, o que não era mais do que a figura da cruz".</ref>
 
===Colocação de Pregos===
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as chagas são descritas como sendo "em suas mãos"), Jesus é retratado com pregos em suas mãos. Mas em Grego a palavra "χείρ", normalmente traduzidas como "mão", podia se referir à toda porção do braço abaixo do cotovelo,<ref>No [[Grego homérico]] da [[Ilíada]] XX, 478–480, uma ponta de lança é dita ter penetrado o χεῖρ "onde os tendões do cotovelo se juntam" (ἵνα τε ξενέχουσι τένοντες / ἀγκῶνος, τῇ τόν γε φίλης διὰ χειρὸς ἔπειρεν / αἰχμῇ χακλκείῃ).</ref> e para denotar a ''mão'' como uma forma distinta de ''braço'' algumas outras palavras poderiam ser adicionadas, como "ἄκρην οὔτασε χεῖρα" (ele a feriu no final do χείρ, i.e., "ele a feriu na mão".<ref>{{LSJ|xe/ir|χείρ|ref}}</ref>
 
Uma possibilidade que não requer amarração é que os pregos eram fixados logo acima do pulso, entre os ossos do antebraço (o [[rádio (osso)|rádio]] e a [[ulna]]).<ref>{{citar jornal|primeiro =Jonathan |último =Wynne-Jones |título=Why the BBC thinks Christ did not die this wayCitar web|url=https://www.telegraph.co.uk/news/uknews/1581838/Why-the-BBC-thinks-Christ-did-not-die-this-way.html |obratitulo=Why |publicado=Dailythe TelegraphBBC thinks Christ did not die this way|data=16/03/2008-03-16|acessodata=18/05/2018-05-05|publicado=The Telegraph|localultimo=LondonWynne-Jones|primeiro=Jonathan}}</ref>
 
Um experimento que foi tema de um documentário ''Busca pela Verdade: A Crucificação'', do [[National Geographic (canal de televisão)|canal National Geographic]],<ref>{{citar web|url=http://www.nbcnews.com/id/7291066/#.Wu0mnrhG2Uk |título=Science replays the crucifixion|publicado=MSNBC|data=2005-03-25|acessodata=2018-05-05}}</ref> mostrou que os pés pregados forneciam suporte suficiente para o corpo e que as mãos poderiam ter sido simplesmente amarradas. Pregar os pés ao lado da cruz alivia a pressão nos pulsos colocando a maior parte do peso na parte de baixo do corpo.
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[[Imagem:Burmese Dacoits Readied for Execution by WW Hooper c1880s.jpg|thumb|left|"Dacoits birmaneses preparados para execução", fotografia por Willough Wallace Hooper (c. 1880). "Dacoit" é um anglicismo da palavra "bandido" no idioma Hindu.]]
 
O tempo necessário para alcançar a morte poderia variar de horas a dias dependendo do método, da saúde da vítima e do ambiente. Uma revisão de literatura feita por Maslen and Mitchell<ref name=Maslen2006>{{citar periódico|último =Maslen|primeiro =Matthew|autor2 =Piers D Mitchell|título=Medical theories on the cause of death in crucifixion|periódico=Journal of the Royal Society of Medicine|data=2006-04-01|volume=99|número=4|páginas=185–188|doi=10.1258/jrsm.99.4.185|pmid=16574970|pmc=1420788}}</ref> identificou evidências científicas para diversas possíveis causas de morte: ruptura cardíaca,<ref name="StroudSimpson1871">{{citar livro|autor1 =William Stroud|autor2 =Sir James Young Simpson|título=Treatise on the Physical Cause of the Death of Christ and Its Relation to the Principles and Practice of Christianity|url=https://openlibrary.org/works/OL17088989W/Treatise_on_the_physical_cause_of_the_death_of_Christ_and_its_relation_to_the_principles_and_practic|acessodata=2018-05-08|ano=1871|publicado=Hamilton, Adams & Company}}</ref> falha cardíaca,<ref>{{citar periódico|último =Davis|primeiro =CT|título=The Crucifixion of Jesus. The Passion of Christ From a Medical Point of View|periódico=Arizona Medicine|ano=1962|volume=22|página=182}}</ref> [[hipovolemia]],<ref name="Zugibe2005">{{citar livro|autor =Frederick T. Zugibe|título=The Crucifixion of Jesus: A Forensic Inquiry|url=https://books.google.com/books?id=_iU4CPSvDK4C|acessodata=2018-05-08|data=2005-04-30|publicado=Rowman & Littlefield|isbn=978-1-59077-070-2}}</ref> [[acidose]],<ref name=Wijffels>{{citar periódico|último =Wijffels|primeiro =F|título=Death on the cross: did the Turin Shroud once envelop a crucified body?|periódico=Br Soc Turin Shroud Newsl|ano=2000|volume=52|número=3}}</ref> [[asfixia]],<ref name="Barbet1953">{{citar livro|autor =Pierre Barbet|título=A Doctor at Calvary: The Passion of Our Lord Jesus Christ as Described by a Surgeon|url=https://books.google.com/books?id=F509AAAAYAAJ|acessodata=2018-05-08|ano=1953|publicado=Kenedy}}</ref> [[Arritmia cardíaca|arritmia]],<ref name="Edwards1986">{{citar periódico|último =Edwards|primeiro =WD|autor2 ano=Gabel WJ|autor3 =Hosmer FE1986|título=On the physical cause of death of Jesus Christ|url=http://www.creativeyouthideas.com/resources/crucifixion_of_christ.pdf|periódico=Journal of the American Medical Association|ano=1986|volume=255|número=11|páginas=1455–1463|doi=10.1001/jama.255.11.1455|urlautor2=http://www.creativeyouthideas.com/resources/crucifixion_of_christ.pdfGabel WJ|autor3=Hosmer FE|número=11}}<!--|acessodata=2018-05-12--></ref> e [[embolia pulmonar]].<ref name=Brenner2005>{{citar periódico|último =Brenner|primeiro =B|título=Did Jesus Christ die of pulmonary embolism?|periódico=J Thromb Haemost|ano=2005|volume=3|páginas=1–2}}</ref> A morte poderia resultar de qualquer combinação de um desses fatores ou de outras causas, incluindo [[sepse]] seguida de infecção devida às feridas causadas pelos pregos, ou pela [[flagelação]] que frequentemente precedia a crucificação, eventual [[desidratação]], ou predação animal.<ref>{{citar periódico|vauthors=Edwards WD, Gabel WJ, Hosmer FE|título=On the physical death of Jesus Christ|periódico=JAMA |volume=255 |número=11|páginas=1455–63|data=1986-03-21|pmid=3512867|doi=10.1001/jama.1986.03370110077025|url=http://jama.ama-assn.org/cgi/content/abstract/255/11/1455}}</ref><ref name=patho>{{citar periódico|vauthors=Retief FP, Cilliers L |título=The history and pathology of crucifixion |periódico=South African Medical Journal|volume=93|número=12|páginas=938–41|data=2003-12-01|pmid=14750495}}</ref>
 
Uma teoria atribuída a [[Pierre Barbet (médico)|Pierre Barbet]] atesta que, quando todo o peso do corpo é suportado pelos braços esticados, a causa típica da morte era [[asfixia]].<ref>[http://www.columbia.edu/cu/augustine/arch/barbet.html Columbia University page of Pierre Barbet on Crucifixion]</ref> Ele escreveu que o condenado teria muita dificuldade para inspirar, devida à super expansão dos músculos do tórax e pulmões. O condenado deveria então se suspender pelos braços, levando à [[exaustão]], ou ter seus pés apoiados por um suporte ou peça de madeira. Quando não podia mais sustentar seu corpo, o condenado morreria em poucos minutos. Alguns acadêmicos, inclusive [[Frederick Zugibe]], atestam outras causas da morte. Zugibe suspendeu indivíduos em testes com seus braços de 60° a 70° em relação à vertical. As cobaias tiveram dificuldade de respirar durante os experimentos, mas sofreram rapidamente um aumento da dor,<ref>{{citar livro|último =Zugibe|primeiro =Frederick T|autorlink =Frederick Zugibe|título=The cross and the shroud: a medical inquiry into the crucifixion|publicado=Paragon House|local=New York|ano=1988|isbn=0-913729-75-2}}{{Page needed|data=2010-07-01}}</ref><ref>{{citar livro|autor =Zugibe, Frederick T. |título=The Crucifixion Of Jesus: A Forensic Inquiry |publicado=M. Evans and Company |local=New York |ano=2005 |páginas= |isbn=1-59077-070-6}}{{Page needed|data=2010-09-01}}</ref> o que é consistente com o uso romano da crucificação para atingir uma morte prolongada e agonizante. Não obstante, a posição dos pés das cobaias de Zugibe não são referendadas por qualquer evidência histórica ou arqueológica.<ref>{{citar periódico|pmc=1420788|pmid=16574970|doi=10.1258/jrsm.99.4.185|volume=99|número=4|título=Medical theories on the cause of death in crucifixion|ano=2006|periódico=J R Soc Med|páginas=185–8|último1 =Maslen|primeiro1 =MW|último2 =Mitchell|primeiro2 =PD}}</ref>
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==Nas Artes==
{{principal|Crucificação nas Artes}}
<gallery heights="200px" mode="packed">
Ficheiro:Construction Crucifixion Homage to Mondrian crop.jpg|Escultura: ''Crucificação, homenagem a Mondrian'', por Barbara Hepworth, Reino Unido (2007)
Ficheiro:Sergey Solomko 025.JPG|''Alegoria na Polônia'' (1914-1918), cartão postal por [[Sergey Solomko]]