Piotr Kropotkin: diferenças entre revisões

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Em agosto, abandonou a frenética [[Petrogrado]] e se estabeleceu em [[Moscou]], participando pouco depois na Conferência de Estado de todos os partidos como orador, onde manifestou suas críticas às políticas bolcheviques, e a favor da continuidade da guerra e da constituição de uma república federal. Estas manifestações reformistas e moderadas foram utilizadas pelos bolcheviques para desacreditar Kropotkin e contra-golpear os anarquistas. A [[Revolução de Outubro]] acabou com o governo de [[Kerensky]], assumindo o poder os [[bolcheviques]]. O fim da guerra e a radicalização do movimento de massas acabaram com o desconcerto ideológico que havia se apoderado de Kropotkin desde seu apoio à [[Aliados da Primeira Guerra Mundial|Entente]], e retomou seus princípios anarquistas. Se dedicou a trabalhar na Liga Federalista, um grupo de estudiosos das problemáticas sociológicas que impulsava o federalismo e a descentralização, produzia e divulgava dados estatísticos e estudos ao público, mas em meados de [[1918]], foi suprimido pelas autoridades bolcheviques. Apesar de Kropotkin não ter sido pessoalmente afetado pela repressão (já que o consideravam inofensivo), os bolcheviques iniciaram sua repressão não somente contra os opositores [[mencheviques]] e social-revolucionários, mas também contra os grupos, organizações e periódicos anarquistas, que haviam apoiado o movimento de massas na Revolução de Outubro. Esta situação e o fim da guerra, fez com que os grupos anarquistas russos se aproximassem novamente, Kropotkin restabeleceu boas relações com [[Gregori Maximoff]], [[Voline|Volin]] e Alexander Shapiro.
 
Na primavera de [[1918]], Kropotkin foi visitado por [[Nestor Makhno]], líder dos camponeses anarquistas da [[Ucrânia]]. Em Dmitrov, ficou responsável pela reorganização do museu local, e se esforçou para concluir seu livro ''Eticas'' (que apesar de seus esforços permaneceria inacabado devido aos seus problemas de saúde). Apesar de sua oposição aos bolcheviques, Kropotkin recusou a apoiar quaisquer formas de intervenção dos Aliados ocidentais nos assuntos russos. No início de maio [[1919]], reuniu-se com [[Lenin]] em Moscou, e fez uma defesa das [[cooperativas]] que os bolcheviques atacavam, e criticou também os métodos coercitivos e a burocracia dos bolcheviques, ainda que o tom geral da reunião fora cordial. Mais adiante, escreveria para Lenin em três ocasiões distintas em tons cada vez menos cordiais, suas petições e críticas nunca foram sequer consideradas.{{nota de rodapé|Segundo Woodcock, "o mais provável é que o objetivo principal de Lenin fosse assegurar o nome de Kropotkin como apoiador naqueles dias difíceis para os bolcheviques, especialmente considerando que uma declaração de parcialidade por parte de Kropotkin ajudaria a debilitar o prestigio de Makhno na Ucrânia."<ref>''[[Ibid.]]'', pp. 369</ref>}}{{quote|"''Lenin não se compara a nenhuma figura revolucionária na história. Revolucionários tinham ideais. Lenin não tem nada.''"{{nota de rodapé|No original: "Lenin is not comparable to any revolutionary figure in history. Revolutionaries have had ideals. Lenin has none. He is a madman, an immolator, wishful of burning, and slaughter, and sacrificing. Things called good and things called evil are equally meaningless to him. He is willing to betray Russia as an experiment."<ref>{{Smallcaps|G. Woodcock — I. Avakumovic}}, ''[[op. cit.]]'', 1990, pp. 407</ref>}} <br> "''Vladimir Ilyich [Lenin], suas ações concretas são completamente contrárias às ideias que você finge sustentar.''"{{nota de rodapé|No original: "Vladimir Ilyich, your concrete actions are completely unworthy of the ideas you pretend to hold."<ref>''[[Ibid.]]'', pp. 470</ref>}}| P. Kropotkin}} Os métodos bolcheviques fizeram com que Kropotkin endurecesse suas críticas. Esta atitude foi testemunhada pelos visitantes [[Alexander Berkman]], [[Emma Goldman]], Alexander Shapiro, Ángel Pestaña e [[Augustin Souchy|Agustín Souchy Bauer]] e pelas cartas que escreveu a [[Georg Brandes]] e a Alexander Atabekian. Escreveu em junho de [[1920]] uma "Carta aos trabalhadores do mundo ocidental" onde expôs suas concepções anarquistas e suas críticas lúcidas à Revolução. Também em [[1920]] escreveu uma dura carta a Lenin reprovando-lhe a prática de ameaçar com a execução os prisioneiros de guerra para proteger-se de seus oponentes.[[Ficheiro:Kropotkin on Deathbed.jpg|thumb|right|380px|Kropotkin em seu leito de morte]]{{quote|''notíciasNotícias tem aparecido nos jornais "''[[Izvestia"]]'' e "''[[Pravda"]]'' anunciando a decisão do governo soviético de tomar como reféns a alguns membros dos grupos Cherkov e Savinkov do Partido Social-Democrata, do centro tático nacionalista do Exército Branco, e a oficiais de Wrangel, para que, caso uma tentativa de assassinato seja cometida contra cento e oito líderes dos sovietes, sejam "exterminados sem piedade", tais reféns. Será que não há ninguém entre vocês que recorde a seus camaradas e lhes convença de que tais medidas representam um retorno ao pior período da Idade Média e das guerras religiosas, e é totalmente decepcionante, atitude de gente que deu as costas para a criação da sociedade em consonância com os princípios comunistas? Qualquer pessoa que deseje o futuro do comunismo não pode compactuar com tais medidas. Penso que devem tomar em conta que o futuro do comunismo é mais precioso do que suas próprias vidas. E me alegraria se com estas reflexões renunciassem a este tipo de medidas. Ainda que com todas estas deficiências muito sérias, a revolução de outubro trouxe um enorme progresso. Foi demonstrado que a revolução social não é impossível, coisa que pessoas da Europa Ocidental já começam a pensar, e que apesar de seus defeitos está trazendo algum progresso em direção à igualdade. Por que então golpear a revolução, empurrando-a para um caminho que a levará a sua destruição, sobretudo por falhas que não são inerentes ao socialismo ou ao comunismo, será que isso não representa a sobrevivência da velha ordem e dos efeitos destrutivos da onívora autoridade ilimitada?''|P. Kropotkin}} Em novembro, sua saúde se deteriorou mais ainda. No dia [[23 de dezembro|23]], daquele mês escreveu aquela que seria a sua última carta para o anarquista [[Holanda (topônimo)|holandês]] P. de Reyger. Em janeiro, pegou uma pneumonia que o deixou de cama até o fim dos seus dias. Apesar dos cuidados médicos, faleceu às três horas da madrugada do dia [[8 de fevereiro]] de [[1921]] em sua casa na cidade de [[Dmitrov]].<ref>[http://www.alasbarricadas.org/noticias/?q=node/11338 Homenagem da Federação Local de Sindicatos de Madrid] de [[Confederação Nacional do Trabalho|CNT]]</ref>
 
=== Funeral [[wikt:multitudinário|multitudinário]] ===