Nobreza: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
desambiguações
Linha 8:
==Antiguidade ==
Sociedades com uma hierarquia definida e dominadas por uma classe superior detentora de privilégios provavelmente já existiam em remotos tempos pré-históricos. Há boas evidências indicando que em civilizações mediterrâneas pré-gregas um conceito de nobreza de certas formas comparável ao que se tornou popular no ocidente já estava bem definido, existindo um rei governante e uma classe superior rica e poderosa que vivia em palácios, embora seja difícil determinar como ela se distinguia das outras e como essas sociedades funcionavam.<ref name="Stakenborg"/><ref>Feuer, Bryan. ''Mycenaean Civilization: An Annotated Bibliography through 2002''. McFarland, 2004, p. 181 </ref> Ao que parece seu poder estava ligado essencialmente à capacidade de reunir e comandar milícias armadas, uma capacidade indispensável para assegurar a conquista e a conservação de territórios e cidades e dos seus meios econômicos, e há um largo consenso de que este traço militarista estava presente já na elite dos antigos povos [[indo-europeus]]. Desde muito cedo a nobreza se vinculou ao domínio masculino das sociedades.<ref name="Duchesne">Duchesne, Ricardo. [https://scholarsarchive.byu.edu/ccr/?utm_source=scholarsarchive.byu.edu%2Fccr%2Fvol61%2Fiss61%2F3&utm_medium=PDF&utm_campaign=PDFCoverPages "The Aristocratic Warlike Ethos of Indo-Europeans and the Primordial Origins of Western Civilization — Part Two"]. In: ''Comparative Civilizations Review'', 2009; 61 (61)</ref>
[[Ficheiro:Kouros anavissos2.jpg|left|thumb|190px|O ''[[Kouros AnavissosKroisos]]'', c. 530 a.C.]]
 
[[Homero]], na [[Grécia Antiga]], refere que na [[Período Arcaico|Idade Arcaica]] uma nobreza era a classe dominante,<ref name="Stakenborg">Stakenborg-Hoogeven, Jeanette. "Mycenean Thrace from the Fifth till the Third Century B.C." In: Best, Jan G. P. & De Vries, Manny M. W. ''Thracians and Mycenaeans: Proceedings of the Fourth International Congress of Thracology''. Rotterdam, 24-26/09/1984, pp. 185-186</ref> e novamente o domínio de uma elite militar sobre a sociedade transparece na poesia arcaica, prestigiando valores como o [[heroísmo]], a bravura na batalha, a capacidade de sofrer sem queixas, o desejo de aventura e de realizar feitos gloriosos, cuja fama se perpetuaria pelas gerações futuras e pelos quais os homens se aproximariam dos deuses, formando uma [[ética]] peculiar cercada de fortes tradições e ritualismo, sintetizada no conceito de ''[[aretê]]'' (virtude), e expressa em maneiras próprias de afirmação social da virtude, mas também do poder e da riqueza, onde se incluía a agregação de uma [[clientela]], para a qual o nobre servia como protetor e dispensador de benesses em troca de fidelidade, de obediência e da prestação de serviços. Por outro lado, na Grécia Arcaica foi articulado o conceito de [[aristocracia]], significando a classe dos melhores, dos capazes de exercer bem o poder, e que se opunha à tendência à [[tirania]], à crueldade e ao passionalismo observada nas culturas guerreiras mais antigas.<ref name="Duchesne"/> A ''aretê'' aristocrática encontrou um importante meio de expressão plástica na estatuária, através da figura do ''[[kouros]]'', um jovem atlético e nu, cuja beleza, confiança e vigor espelhavam suas virtudes morais e espirituais.<ref>Vernant, Jean-Pierre. ''Mortals and Immortals''. Princeton University Press, 1991, p. 160</ref>