Cidade do Cabo: diferenças entre revisões

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→‎História: História dos acontecimentos relativos ao Distrito Seis, localizado na Cidade do Cabo, durante a política do apartheid.
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== Distrito Seis ==
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O Distrito Seis (Afrikaans Distrik Ses) é uma antiga área residencial no centro da Cidade do Cabo, na África do Sul. Mais de 60.000 dos seus habitantes foram removidos à força durante a década de 1970 pelo regime do apartheid. A área do Distrito Seis está agora parcialmente dividida entre os subúrbios de Walmer Estate, Zonnebloem e Lower Vrede, enquanto o resto é terra não desenvolvida.
 
A área, que foi nomeada em 1867 como o Sexto Distrito Municipal da Cidade do Cabo,começou a crescer após a libertação dos escravos em 1833. Em 1901, grandes áreas de favelas foram queimadas e destruídas após um surto de peste bubônica. Novos edifícios logo surgiram das cinzas e floresceram.<ref name=":0">Occasional Paper No.2, District Six, Compiled and published by the Centre for Intergroup Studies c/o University of Cape Town</ref> O Distrito Seis é limitado por Sir Lowry Road ao norte, Buitenkant Street a oeste, De Waal Drive ao sul e Mountain Road a leste. Na virada do século, já era uma comunidade animada composta de ex-escravos, artesãos, comerciantes e outros imigrantes, bem como muitos malaios trazidos para a África do Sul pela Companhia Holandesa das Índias Orientais durante sua administração da Colônia do Cabo. Era o lar de quase um décimo da população da cidade do Cabo, que contava com mais de 1.700 a 1.900 famílias.
 
Após a Segunda Guerra Mundial, durante a parte inicial da era do [[apartheid]], o Distrito Seis era relativamente cosmopolita. Situada à vista das docas, era composta em grande parte por residentes de cor, que incluíam um número substancial de muçulmanos de cor, chamados malaios do cabo. Havia também um número de residentes negros de [[Xhosa]] e um número menor de africânderes, brancos de língua inglesa e índios.
 
Durante as décadas de 1960, 1970 e 1980, o governo sul-africano, sob a política do apartheid implementou uma política de "reassentamento" para forçar as pessoas a se mudarem para suas "áreas de grupo" designadas. Milhões de pessoas foram forçadas a se mudar. Essas remoções incluíram pessoas realocadas devido a programas de remoção de favelas, inquilinos trabalhistas em fazendas de propriedade branca, os habitantes dos chamados "pontos negros" (terras de propriedade de negros cercados por fazendas brancas), as famílias de trabalhadores que viviam em municípios próximos às capitais e "pessoas excedentes" das áreas urbanas, incluindo milhares de pessoas do Cabo Ocidental (que foi declarada uma "Área de Trabalho de Preferência Negra")<ref>{{Citar periódico|data=2002-06-01|titulo=A divided city: Cape Town|url=https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0962629802000161|jornal=Political Geography|lingua=en|volume=21|numero=5|paginas=711–716|doi=10.1016/S0962-6298(02)00016-1|issn=0962-6298}}</ref> que foram transferidas para as terras natais de Transkei e Ciskei. As remoções forçadas mais divulgadas da década de 50 ocorreram em Joanesburgo, quando 60.000 pessoas foram transferidas para o novo município de [[Soweto]] (uma abreviação para South Western Townships).<ref>{{Citar periódico|data=1955-02-21|titulo=SOUTH AFRICA: Toby Street Blues|url=http://content.time.com/time/magazine/article/0,9171,892971,00.html|jornal=Time|lingua=en-US|issn=0040-781X}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://web.archive.org/web/20080117170427/http://www.sahistory.org.za/pages/places/villages/gauteng/soweto/history3.htm|titulo=Soweto history|data=2008-01-17|acessodata=2018-06-26}}</ref>
 
Até 1955, Sophiatown tinha sido uma das poucas áreas urbanas onde os negros tinham permissão para possuir terras, e estava lentamente se desenvolvendo em uma favela multirracial. Com o crescimento da indústria em [[Joanesburgo]], Sophiatown tornou-se o lar de uma força de trabalho negra em rápida expansão, pois era conveniente e próxima da cidade. Tinha a única piscina para crianças negras em Joanesburgo.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=OsUXdCxt0WUC&pg=PT95&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false|título=Mandela: A Biography|ultimo=Meredith|primeiro=Martin|data=2010-04-01|editora=Simon and Schuster|lingua=en|isbn=9781847399335}}</ref> Como um dos mais antigos assentamentos negros em Joanesburgo, teve uma importância quase simbólica para os 50.000 negros que continha. Apesar de uma vigorosa campanha de protesto do [[Congresso Nacional Africano (partido político)|CNA]] e publicidade em todo o mundo, a remoção de Sophiatown começou em 9 de fevereiro de 1955 sob o Esquema de Remoção de Áreas Ocidentais. Na madrugada, policiais fortemente armados expulsaram os moradores de suas casas e carregaram seus pertences em caminhões do governo. Os moradores foram levados para um grande terreno a 19 quilômetros do centro da cidade, conhecido como Meadowlands, que o governo havia comprado em 1953. Meadowlands tornou-se parte de uma nova cidade negra planejada chamada Soweto. Sophiatown foi destruída por tratores e um novo subúrbio branco chamado Triomf (Triunfo) foi construído em seu lugar. Esse padrão de remoção e destruição forçada se repetiria nos próximos anos e não se limitaria apenas aos negros sul-africanos. Remoções forçadas de áreas como Cato Manor (Mkhumbane) em Durban e Distrito Seis na Cidade do Cabo, onde 55.000 pessoas de negras e indianas foram forçadas a se mudar para novos municípios em Cape Flats, foram criados sob a Ação de Áreas de Grupo em 1950. 600.000 pessoas negras, indianas e chinesas foram movidas sob a Lei de Áreas de Grupo. Cerca de 40 mil brancos foram forçados a se mudar quando a terra foi transferida da "África do Sul branca" para a terra negra.<ref>Muller, Carol (2008). ''Music of South Africa''. Routledge.</ref> Esses brancos, no entanto, tiveram o benefício do apoio do governo que a população negra não tinha.
 
Em 2 de outubro de 1964, como um primeiro movimento para a remoção de moradores do Distrito Seis, um comitê departamental criado pelo Ministro do Desenvolvimento Comunitário se reuniu para investigar o possível replanejamento e desenvolvimento do Distrito Seis e partes adjacentes de Woodstock e Salt River. Em junho de 1965, o Ministro anunciou um esquema de 10 anos para o replanejamento e desenvolvimento do Distrito Seis sob o CORDA - o Comitê para a Reabilitação de Áreas Deprimidas. Em 12 de junho de 1965, todas as transações de propriedade no Distrito Seis foram congeladas. Uma proibição de 10 anos foi imposta na construção ou alteração de qualquer edifício.<ref name=":0" />
 
Autoridades do governo deram quatro razões principais para as remoções. De acordo com a filosofia do apartheid, afirmou que a interação inter-racial gerava conflitos, necessitando a separação das raças. Eles consideraram o Distrito Seis como uma favela, apto apenas para a liberação, não para a reabilitação. Eles também retrataram a área como criminosa e perigosa; eles alegavam que o distrito era um vício, cheio de atividades imorais como jogar, beber e prostituir. Embora esses fossem os motivos oficiais, a maioria dos moradores acreditava que o governo buscava a terra por causa de sua proximidade com o centro da cidade, a Table Mountain e o porto.
 
Em 11 de fevereiro de 1966, o governo declarou o Distrito Seis uma área somente de brancos sob a ação de Áreas de Grupos, com remoções iniciadas em 1968. Cerca de 30.000 pessoas vivendo na área do grupo foram afetadas.<ref name=":0" /> Em 1966, o engenheiro municipal, Dr. SS Morris, contabilizou a população total da área afetada em 33.446, 31 248 deles negros. Havia 8.500 trabalhadores no Distrito Seis, dos quais 90% estavam empregados e imediatamente ao redor do Distrito Central de Negócios. Na época da proclamação havia 3 695 propriedades, 2 076 (56%) de propriedade de brancos, 948 (26%) de propriedade de pessoas de cor e 671 (18%) de índios. Mas os brancos constituíam apenas 1% da população residente, os negros 94% e os indianos 4%.<ref name=":0" /> O plano do governo para o Distrito Seis, finalmente revelado em 1971, era considerado excessivo mesmo para o boom econômico. A maioria das de 20.000 pessoas removidas de suas casas foi transferida para municípios em os resíduos do Cape Flats.<ref name=":0" />
 
Em 1982, mais de 60.000 pessoas haviam sido transferidas para o complexo residencial de Cape Flats, a cerca de 25 quilômetros de distância. As casas antigas foram demolidas. Os únicos edifícios que restavam em pé eram locais de culto. A pressão internacional e local dificultou o desenvolvimento do governo. O Cape Technikon (agora Universidade da Tecnologia da Península do Cabo) foi construído em uma parte do Distrito Seis, que o governo renomeou Zonnebloem. Além disso e de algumas unidades habitacionais da polícia, a área ficou sem desenvolvimento.
 
Desde a queda do apartheid em 1994, o governo sul-africano reconheceu as antigas reivindicações de antigos residentes na área e prometeu apoiar a reconstrução.{{Referências|col=2}}
 
== Ligações externas ==