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A doutrina da ''Sola Scriptura'' é um dos cinco pilares fundamentais do pensamento da Reforma Protestante, conhecidos como [[Cinco solas|''Quinque Solae'']].
 
== Críticas à ''Sola Scriptura'' ==
 
A Igreja Católica, que fundamenta sua doutrina sobre o tripé (1) Tradição Apostólica, (2) Bíblia e (3) [[Magistério da Igreja Católica|Magistério]], contesta de maneira sistemática este ensinamento protestante desde o [[Concílio de Trento]].<ref>http://www.montfort.org.br/concilio-ecumenico-de-trento-2</ref> Os padres conciliares, contrários às inovações de Lutero, mantiveram-se firmes contra a interpretação particular das Sagradas Escrituras, como comprova o seguinte parágrafo do documento conciliar final.
{{citação2|''Ademais, para refrear as mentalidades petulantes, decreta que ninguém, fundado na perspicácia própria, em coisas de fé e costumes necessárias à estrutura da doutrina cristã, torcendo a seu talante a Sagrada Escritura, ouse interpretar a mesma Sagrada Escritura contra aquele sentido, que [sempre] manteve e mantém a Santa Madre Igreja, a quem compete julgar sobre o verdadeiro sentido e interpretação das Sagradas Escrituras, ou também [ouse interpretá-la] contra o unânime consenso dos [[Padres da Igreja|Padres]], ainda que as interpretações em tempo algum venham a ser publicadas.''|XIX Concílio Ecumênico, parágrafo 786}}
 
Além disso, alega a Igreja Católica que a doutrina do ''Somente a Escritura'' paradoxalmente não consta nas Escrituras, sendo invenção de um homem, e que os protestantes estariam a crer não na Bíblia, mas na criação do homem, contrariando a própria Bíblia:
{{citação2|''Assim diz o Senhor: Maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a sua força, mas cujo coração se afasta do Senhor.''| Jeremias, capítulo XVII, versículo 5 <ref>{{Citar web |url=https://www.bibliaonline.com.br/nvi/jr/17 |título=Jeremias XVII |acessadoem=10 de fevereiro de 2015}}</ref>}}
 
Existem ainda inúmeras contradições da ''Sola Scriptura'' do ponto de vista católico: nas Escrituras, não consta o que é a Bíblia, sendo assim, para se tentar compreender o que é a Bíblia, é necessário sair das Escrituras, descumprindo assim a ''Sola Scriptura''. Outro ponto de contradição, segundo a visão católica, é que nem tudo foi escrito nas Escrituras, como consta na própria Bíblia:
{{citação2|''Apesar de ter mais coisas que vos escrever, não o quis fazer com papel e tinta, mas espero estar entre vós e conversar de viva voz, para que a vossa alegria seja perfeita.''| 2 João, capítulo I, versículo 12 <ref>{{Citar web |url=https://www.bibliaonline.com.br/vc/2jo/1 |título=2 João I |acessadoem=10 de fevereiro de 2015}}</ref>}}
 
Segundo a fé católica existem preceitos [[Novo Testamento|neotestamentários]], formulados por São Paulo, que ordenam aos cristãos a obediência à Tradição Apostólica, como no versículos que seguem:
 
{{citação2|''Por isso, irmãos, fiquem firmes e mantenham as tradições que lhes ensinamos de viva voz ou por meio da nossa carta.''|[[ Segunda Epístola aos Tessalonicenses]], capítulo II, versículo 15}}
 
{{citação2|''Intimamo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que eviteis a convivência de todo irmão que leve vida ociosa e contrária à tradição que de nós tendes recebido.''|[[ Segunda Epístola aos Tessalonicenses]], capítulo III, versículo 6}}
 
Os opositores da ''Sola Scriptura'' defendem ainda que tal doutrina não poderia, pela lógica, receber crédito, uma vez que todos os cristãos dos primeiros três séculos do cristianismo morreram sem conhecer uma Bíblia, cujo [[cânone]] só foi concluído em 397, pelo [[Concílio de Cartago]]. Eles alegam que, se fosse realmente a intenção de [[Cristo]] que seus seguidores obedecessem somente às Escrituras em detrimento da Tradição e do Magistério, Ele o teria dito, ou lhes deixaria uma Bíblia. Desta Forma, as Escrituras Sagradas seriam um produto da Igreja e não o contrário. Entretanto, eles se esquivam em observar que o "corpo doutrinário essencial" estava formado desde o início, ainda que não escrito, e que o conceito de "Escrituras Sagradas" é mais amplo que o entendimento ortodoxo.
 
Note-se, a propósito, que [[Abraão]], o Patriarca e Pai da Fé, ''não conhecia qualquer escrito bíblico ou de origem divina''. Mas, sua experiência e intimidade diretas com [[Deus]], o Pai, eram de tal forma Deus declarou "Abraão, o Meu amigo" (Gênesis 18: 17; Isaías 41: 8).
 
== Sobre o termo ==
Para os reformadores, somente a Escritura Sagrada tem a palavra final em matéria de fé e prática. É o que ficou consubstanciado nas Confissões de Fé de origem reformada. A Confissão de Fé de Westminster afirma:''Sob o nome de Escritura Sagrada, ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Velho e do Novo Testamento, ... todos dados por inspiração de Deus para serem a regra de fé e de prática...&nbsp;&nbsp;&nbsp;A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (a mesma verdade) que é o seu autor; tem, portanto, de ser recebida, porque é a palavra de Deus... O Velho Testamento em Hebraico... e o Novo Testamento em Grego..., sendo inspirados imediatamente por Deus e pelo seu singular cuidado e providência conservados puros em todos os séculos, são por isso autênticos e assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles como para um supremo tribunal... O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença nos devemos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura''. (I, 2,4,8,10). <ref>{{citar web|URL = http://www.defencionemevangelium.com.br/2014/02/confissao-de-fe-de-westminster.html|título = Sola Scriptura|data = 18 de março de 2014|acessadoem = 10 de junho de 2014|autor = Rev. João Alves dos Santos|publicado = Maique Borges}}</ref>
 
A Igreja Católica Romana também aceita as Escrituras como Palavra de Deus, mas não só as Escrituras. Ela acredita que além da Bíblia a Tradição e as decisões da Igreja através dos seus concílios e do papa, quando fala oficialmente (''ex cathedra'') em matéria de fé e de moral, são igualmente a palavra de Deus. É o que se chama de Magistério da Igreja. Sobre a autoridade da Igreja e do Papa, assim diz um autor católico: "Cristo deu à Igreja a tarefa de proclamar sua Boa-Nova ({{citar bíblia|Mateus|28|19|20}}). Prometeu-nos também seu Espírito, que nos guia "para a verdade" ({{citar bíblia|João|16|13}}). Este mandato e esta promessa garantem que nós, a Igreja, jamais apostataremos do ensinamento de Cristo. Esta incapacidade da Igreja em seu conjunto de extraviar-se no erro com relação aos temas básicos da doutrina de Cristo chama-se infalibilidade... A infalibilidade sacramental da Igreja é preservada pelo seu principal instrumento de infalibilidade, o papa. A infalibilidade que toda a Igreja possui, pertence ao Papa dum modo especial. O Espírito de verdade garante que quando o Papa declara que ele está ensinando infalivelmente como representante de Cristo e cabeça visível da Igreja sobre assuntos fundamentais de fé ou de moral, ele não pode induzir a Igreja a erro. Esse dom do Espírito se chama infalibilidade papal. Falando da infalibilidade da igreja, do papa e dos bispos, o Concílio Vaticano II diz: "Esta infalibilidade, da qual quis o Divino Redentor estivesse sua Igreja dotada... é a infalibilidade de que goza o Romano Pontífice, o Chefe do Colégio dos Bispos, em virtude de seu cargo... A infalibilidade prometida à Igreja reside também no Corpo Episcopal, quando, como o Sucessor de Pedro, exerce o supremo magistério" (Lúmen Gentium, nº 25).<ref>http://www.defencionemevangelium.com.br/2014/03/resumo-da-teologia-reformada.html</ref>
 
No âmbito protestante, entende-se que a unção fica em cada um cristão, e lhes ensina, não havendo a necessidade de que alguém os ensine,<ref>{{citar livro|nome = |sobrenome = |título = 1 João 2:27|ano = |isbn = }}</ref> e que todos pecaram,<ref>{{citar livro|nome = |sobrenome = |título = Romanos 3:23|ano = |isbn = }}</ref> e não há um justo, um só, que faça o bem e não peque.<ref>{{citar livro|nome = |sobrenome = |título = Romanos 3:10, Eclesiastes 7:20|ano = |isbn = }}</ref> Além disso, no dia de Pentecostes, o apóstolo Pedro (reconhecido pela Igreja Católica como sendo o primeiro papa) reconhece como cumprida a profecia do profeta Joel, de que o Espírito de Deus seria derramado sobre toda carne,<ref>{{citar livro|nome = |sobrenome = |título = Atos 2:17, Joel 2:28|ano = |isbn = }}</ref> e mais tarde critica a tradição e diz que Deus não faz acepção de pessoas.<ref>{{citar livro|nome = |sobrenome = |título = 1 Pedro 1:18,19|ano = |isbn = }}</ref> Desta forma, segundo a visão protestante, a infalibilidade papal contradiz o próprio apóstolo Pedro, considerado o primeiro papa, e portanto, infalível ''ex cathedra''. Diz-se também que a Palavra de Deus permanece para sempre, é viva, e '''foi''' evangelizada entre nós,<ref>{{citar livro|nome = |sobrenome = |título = 1 Pedro 1:23-25|ano = |isbn = }}</ref> o que segundo o enfoque protestante confirmaria o princípio ''Sola Scriptura''.
 
Dentre as críticas à infalibilidade papal, consta os principais motivos da Reforma Protestante, como por exemplo a venda de indulgências,<ref>{{Citar periódico|titulo=Comércio de Indulgências|jornal=Wikipédia, a enciclopédia livre|url=https://pt.wikipedia.org/wiki/Com%25C3%25A9rcio_de_indulg%25C3%25AAncias|idioma=pt}}</ref> ou seja, os papas também cometeram erros ao longo da história. Quando se aceita a interpretação de apenas um homem como verdadeira sem analisar as fontes que o influenciaram, permite-se que esse homem o faça conforme seus próprios interesses, podendo levar ao erro uma multidão de pessoas ou uma igreja inteira.<br>
 
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