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m Adição de um tópico sobre a construção da imagem nacional pelo IHGB.
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|fundador_nome = Januário C. Barbosa
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====== O '''Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro''' ('''IHGB''') <small>[[Ordem Militar de Sant'Iago da Espada|GCSE]] • [[Ordem Militar de Sant'Iago da Espada|MHSE]] • [[Ordem do Infante D. Henrique|MHIH]] • [[Ordem da Instrução Pública|GCIP]]</small> é a mais antiga e tradicional entidade de fomento da [[pesquisa]] e preservação [[história|histórico]]-[[geografia|geográfica]], [[cultural]] e de [[Ciências Sociais|ciências sociais]] do [[Brasil]], fundado em [[21 de outubro]] de [[1838]].<ref name="Brasil Escola">{{citar web |url=http://www.brasilescola.com/historiab/a-criacao-instituto-historico-geografico-brasileiro.htm |título=A criação do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro |acessodata=21 de outubro de 2012 |autor=SOUSA, Rainer|data= |obra=R7 |publicado=Brasil Escola }}</ref> ======
 
==História==
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A 22 de Setembro de 1941 foi agraciado com a Grã-Cruz da [[Ordem da Instrução Pública]] e a 4 de Abril de 1949 foi agraciado com a Grã-Cruz da [[Ordem Militar de Sant'Iago da Espada]] de [[Estado Novo (Portugal)|Portugal]], a 20 de Dezembro de 1977 foi feito Membro-Honorário da [[Ordem do Infante D. Henrique]] e a 26 de Novembro de 1987 foi feito Membro-Honorário da [[Ordem Militar de Sant'Iago da Espada]] de [[Portugal]].<ref>{{citar web |url=http://www.ordens.presidencia.pt/?idc=154 |título=Cidadãos Estrangeiras Agraciados com Ordens Nacionais|data=|publicado=Presidência da República Portuguesa (Ordens Honoríficas Portuguesas) |acessodata=2016-03-02 |notas=Resultado da busca de "Associação Comercial do Rio de Janeiro".}}</ref>
 
== Construção da Imagem Nacional pelo IHGB ==
O papel do IHGB foi além do seu estatuto de fundação, o instituto tinha implicações políticas mesmo que não explícitas. Para [[Manoel Luiz Salgado Guimarães|Manuel Luiz Salgado Guimarães]]<ref>{{Citar periódico|data=2016-02-03|titulo=Manoel Luiz Salgado Guimarães|url=https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Manoel_Luiz_Salgado_Guimar%C3%A3es&oldid=44669176|jornal=Wikipédia, a enciclopédia livre|lingua=pt}}</ref> em sua tese: ‘’''Nação e Civilização nos Trópicos: o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro e o projeto de uma história nacional’’''<ref>{{Citar periódico|ultimo=Guimarães|primeiro=Manoel Luis Lima Salgado|data=1988-01-30|titulo=Nação e Civilização nos Trópicos: o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro e o projeto de uma história nacional|url=http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/1935|jornal=Revista Estudos Históricos|lingua=pt-BR|volume=1|numero=1|paginas=5–27|issn=2178-1494}}</ref> o IHGB se pautou na construção de uma ideia de nação, relacionando-se com movimentos similares no período.
 
No [[século XIX]] ocorreram diversos processos de modificação social. A História ganha espaço nas universidades se consolidando como disciplina e ganhando um caráter científico. Com isso, os historiadores adquirem um novo status social. Possibilitando que seus escritos fossem utilizados para legitimar um modelo que nascia, o [[Estado-nação|Estado Nação]].
 
A medida que o modelo [[Absolutismo|absolutista]] começa a ruir, surge a necessidade de substitui-lo, dessa forma o modelo de Estado-nação surge trazendo a noção de identificação e unificação que antes provinha dos reis absolutistas. Dessa maneira, a disciplina História surge nesse contexto para traçar uma história comum entre os povos, não só ela como a [[literatura]], a geografia e a própria linguagem. E isso só ocorre por conta do processo de cientifização que consolida essas áreas de conhecimento no espaço universitário. Assim sendo, essas áreas acabam por fundamentar o próprio Estado- nação.
 
A criação do Instituto histórico e Geográfico Brasileiro surge nesse viés de pensamento internacional, viabilizando um projeto de pensar a história brasileira sistematizada, dessa forma, dando-lhe uma identidade própria. Manuel Luiz Salgado Guimarães aponta as diferenças em relação ao processo que ocorre na [[Europa]] e no [[Brasil]]. A começar por uma história produzida num instituto e uma história produzida na universidade. O instituto mistura suas características com as da [[faculdade]], atribuindo um caráter [[Elitismo|elitista]], pois, as pessoas são nomeadas, convidados, sem um procedimento que as universidades adotam de concurso, seleção, tanto de professores quanto de alunos.
 
Essa identidade criada pelo IHGB não prega o distanciamento com [[Portugal]], um tanto quanto paradoxal, visto que esse período pós independência pregava um distanciamento com os portugueses. Segundo o autor esse processo ocorre porque o rompimento com Portugal implicaria abraçar a realidade nacional, negra, mestiça e indígena, que no período era vista como inferior, Portugal seria nosso ponto de encontro com a civilização, a Europa ocidental.
 
Um outro ponto do IHGB é como construir o outro externo, que são os países vizinhos, as repúblicas latino americanas, dessa forma, foram criadas distâncias e diferenciações da nação brasileira para com esses vizinhos, diferenciação que se reflete politicamente posteriormente. Há uma distinção do outro interno também, que seriam os [[negros]] e [[indígenas]] povos que não contemplam o ideal civilizatório, portanto, não entram no modelo de nação. Ou seja, esse modelo de nação é criado para contemplar um espelho de nação europeia, com isso o IHGB precisou colocar a realidade brasileira dentro desse ideal civilizatório, excluindo os que não combinassem.
 
A realidade nacional era mestiça, negra e indígena, contudo, na história propagada pelo IHGB, esses atores somem, tornando a história do Brasil de uma perspectiva puramente [[Eurocentrismo|eurocêntrica]], pelo menos nesse período<ref>{{citar livro|título=‘’As raças indígenas no pensamento brasileiro do império’’, em tupis, tapuias e historiadores- estudos de história indígena e do indigenismo.|ultimo=MONTEIRO|primeiro=John Manuel|editora=|ano=2001|local=São Paulo|páginas=|acessodata=}}</ref>. Em relação aos indígenas o que se propunha com projeto era uma idealização dos indígenas do [[Período pré-colonial do Brasil|período pré-colonial]]<ref>{{citar livro|título=“Comunidades indígenas e Estado nacional; histórias, memórias e identidades em construção (Rio de Janeiro e México – séculos XVIII e XIX)”. In: Abreu, M.; Soihet, R.; Gontijo, R. Cultura política e leituras do passado: historiografia e ensino de História.|ultimo=ALMEIDA|primeiro=Maria Regina Celestino de|editora=civilização brasileira|ano=2007|local=rio de janeiro|páginas=|acessodata=}}</ref>, e colonial, o mito do [[bom selvagem]] abarcava essa perspectiva. Uma perspectiva [[Jean-Jacques Rousseau|Rousseauniana]] onde o indígena seria bom em sua natureza, e que o contato com a sociedade os corromperia. Dessa forma, os índios [[Idade Contemporânea|contemporâneos]] no sec. XIX eram vistos como degradados sociais, pois já integrados a sociedade eram vistos como corrompidos, preguiçosos.
 
A própria [[Literatura do Brasil|literatura]] assim como a história criada pelo IHGB contribuía para essa imagem do bom selvagem, um exemplo seria o gênero [[Romantismo|romântico]] do período como o romance de [[José de Alencar]] ‘[[O Guarani|’''O guarani'']]''’’'' ao construir a imagem de um índio heroicizado, uma imagem que se propaga no período, pois essas histórias tinham grande circulação, o que contribuía para a construção do imaginário de nação. Dessa forma o IHGB apagava os índios do presente, o que podemos enxergar até hoje, pois mesmo com a [[Lei 10 639|lei 10.639]] e 11.645 tanto a história negra como indígena continuam no esquecimento. A história colocou os indígenas como se deixassem de existir, e isso se propagou, mas não sem relutância indígena.
 
Destaca-se que ainda nos dias de hoje, existe uma ideia de que os índios foram extintos, ou que os remanescentes se integraram a sociedade de forma que não são mais índios, mas esse pensamento tem base nessa política de apagamento dos índios da história, principalmente no sec. XIX. As pesquisas recentes nos mostram que mesmo fora dos registros históricos do período os indígenas continuavam e continuam demostrando suas estratégias de [[Resistência indígena|resistência.]]
 
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