Tonico & Tinoco: diferenças entre revisões

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O gosto pela música veio dos avós maternos Olegário e Isabel, que alegravam a colônia com suas canções, ao som de um antigo acordeão. A primeira canção que aprenderam foi “Tristeza do Jeca” em [[1925]]. Em 15 de agosto de [[1935]] fizeram a primeira apresentação profissional. Cantaram na [[Festa de Aparecida de São Manuel]], onde milhares de pessoas de todo o Brasil visitam o segundo Santuário dedicado à Padroeira do Brasil. Junto com o primo Miguel, formavam o "Trio da Roça".
 
Em [[1931]], Tonico e Tinoco moravam em [[Pratânia|Botucatu]] ([[São Paulo (estado)|São Paulo]]), na fazenda Vargem Grande, de Petraca Bacci, com os pais, Salvador Pérez - um [[espanhol]] de [[Leão (Espanha)|León]], chegado ao [[Brasil]] criança, em [[1892]] e Maria do Carmo, uma brasileira. A exemplo de outras crianças da época, os dois garotos, mal aprenderam a falar, já eram cantadores das modas de viola. Aprendiam as letras com Virgílio de Souza, violeiro das redondezas.
Num baile que Tonico conheceu e apaixonou-se por Zula, filha do administrador da fazenda, Antônio Vani.
 
Como não havia [[rádio (comunicação)|rádio]] na região, o conjunto ficou famoso. Mas Tonico & Tinoco só cantavam em dupla nas horas vagas ou nas folgas do trabalho, quando a turma parava para tomar café. Cantavam as modas de viola de Jorginho do Sertão, um autor imaginário, que utilizavam para assinar suas canções, que falava da crise no país com as revoluções de [[1930]] e [[1932]].
 
No fim do ano [[Agricultura|agrícola]] de [[1937]], os Pérez decidiram, com outras famílias, tentar a vida na cidade de [[Sorocaba]] ([[São Paulo (estado)|São Paulo]]). As irmãs Antônia, Rosalina e Aparecida foram trabalhar na fábrica de tecidos Santa Maria. Tonico foi ser servente na Pedreira Santa Helena, fábrica do cimento [[Votorantim]]. Tinoco virou engraxate na Estação Sorocabana e Chiquinho engajou-se na construção da [[Rodovia Raposo Tavares]], que liga o [[sul]] de [[São Paulo (estado)|São Paulo]] a [[Mato Grosso do Sul]]. A [[crise econômica]] do país chega ao auge. [[Getúlio Vargas]] implanta a ditadura do [[Estado Novo (Brasil)|Estado Novo]]. [[Adolf Hitler]] invade e ocupa a [[Checoslováquia]] e depois a [[Polônia]]. Começa a [[Segunda Guerra Mundial]].
A vida em [[Sorocaba]] fica insuportável, nada dá certo para os Pérez e eles decidem retornar ao campo, agora para a fazenda São João Sintra, em [[São Manuel]] ([[São Paulo (estado)|São Paulo]]).
 
A volta, contudo, possibilitou aos irmãos Perez a primeira chance de cantar numa Rádio. O administrador da fazenda, José Augusto Barros, levou-os para cantar na [[Rádio Clube (São Manuel)|Rádio Clube]] de [[São Manuel]] - ainda hoje lá, na rua Coronel Rodrigues Alves, no centro da cidade. Assim, até o fim de [[1940]], eles ficam trabalhando na roça durante a semana e aos domingos cantam na emissora da cidade. Só por amor à arte, sem ganhar. As dificuldades levaram os Pérez a uma derradeira [[migração humana|migração]].
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Em janeiro de [[1941]] chegam, de mala e [[cuia]] - quatro sacos com os “trens” de cozinha e duas trouxas de roupa - a São Paulo. À falta de profissão, as meninas foram trabalhar em casa de família, Tinoco num depósito de ferro-velho, Chiquinho na [[metalúrgica]] São Nicolau e Tonico, sem outra alternativa, comprou uma enxada e foi ser diarista nas chácaras do bairro de Santo Amaro.
 
Os tempos duros da cidade grande tinham lá sua compensação, principalmente nos domingos, quando a família ia ao circo, na rua Lins de Vasconcelos no então pacato bairro do Cambuci. Num desses espetáculos, os manos conheceram pessoalmente Raul Torres e Florêncio, a dupla de violeiros mais famosa de [[São Paulo (estado)|São Paulo]] e que depois, com Rielli na sanfona, formaram na [[Rádio Record]] o famoso trio "Os Três Batutas do Sertão”.
 
Em [[São Paulo (estado)|São Paulo]], inscreveram-se no programa de calouros comandado por Chico Carretel (Durvalino Peluzo), na Rádio Emissora de Piratininga.
O capitão Furtado, que estava sem violeiro em seu programa Arraial da Curva Torta, na Rádio Difusora, promoveu então concurso para preencher a vaga: os dois irmãos, formando a dupla Irmãos Perez, cantaram o cateretê "Tudo tem no sertão" (Tonico). Classificados para a final, interpretaram de Raul Torres e Cornélio Pires, (esse último um radialista e pesquisador que foi pioneiro no estudo da vida sertaneja, especialmente a paulista, e que deixou uma extensa obra a respeito.) "Adeus Campina da Serra". Quando terminaram, o auditório aplaudiu de pé, em meio a lágrimas. Todos pediam bis àquela dupla que cantava diferente, com afinação, fino e alto. Todos os outros violeiros foram abraçá-los. O [[cronômetro]] marcava 190 segundos de aplausos, contra apenas 90 segundos da dupla segundo colocada.
 
No dia seguinte o Trio da Roça estava contratado pela Rádio Difusora, que naquele período havia sido comprada pela [[Tupi FM]], parte de ofensiva do jornalista [[Assis Chateaubriand]] para formar uma poderosa rede de veículos de comunicação - os Diários e Emissoras Associados. Três meses depois o contrato foi renovado por dois anos e o salário foi acertado em cruzeiros, a nova moeda que aposentara os [[réis]]. Eram 1.200,00 uma fortuna, comparado ao salário mínimo, da época, de 280,00. Já sem o primo Miguel, eles eram apenas os irmãos Pérez. Um dia, durante um ensaio do programa Arraial da Curva Torta, o Capitão Furtado - de batismo Arioswaldo Pires, sobrinho de Cornélio Pires , apresentador do programa e também lendário divulgador da música sertaneja - disse que uma dupla tão original, com vozes gêmeas, não poderia ter nome espanhol. Batizou-os, na hora, de Tonico & Tinoco.
 
A divulgação nos programas da rádio transformava a dupla em sucesso imediato, fazendo surgir dezenas de convites para shows. A primeira apresentação dessas foi no cine Catumbi, em [[São Paulo (estado)|São Paulo]], hoje transformado em uma casa de forró sertanejo. Depois rumaram para o interior, em excursões que demoravam semanas. Apresentavam-se em cinemas, clubes e até em pátios vazios de armazéns. Quando terminaram a primeira excursão, no Circo Biriba, em [[Ribeirão Preto]], fizeram a partilha do lucro: quatro mil e quinhentos [[cruzeiros]] para cada um.
 
A dupla estreou em disco, na [[Continental (gravadora)|Continental]], em [[1944]], com o cateretê "Em vez de me agradecê" (Capitão Furtado, Jaime Martins e Aimoré), que foi lançada em [[1945]]. Na gravação de "Invés de me agardecê" ocorreu um fato inusitado, pois eles a gravaram e em seguida, quando foram gravar o lado B do disco soltaram a voz tão alto, da forma como cantavam lá na roça e estouraram o microfone . Como o processo de gravação era algo muito caro, o disco saiu apenas com um lado, mas como punição a dupla precisou ficar seis meses fazendo aula de canto para educar a voz e voltar a gravar. Por isso que o lançamento do primeiro 78 rpm para o segundo é curto pois eles gravaram a primeira moda ainda em [[1944]].
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Com o sucesso de “Chico Mineiro” a dupla consagrou-se definitivamente e tornou-se a dupla sertaneja mais famosa do Brasil. Uma curiosidade: quando Tonico & Tinoco foram gravar “Chico Mineiro” a gravadora havia informado que esse seria o último disco da dupla, pois eles já haviam gravado cinco discos e existia sempre uma reclamação dos ouvintes com relação a dupla, alegavam que não era possível entender a pronuncia deles nas letras das músicas, os fãs não entendiam o que eles estavam dizendo, aí surgiu “Chico Mineiro” e tudo mudou, inclusive com o dinheiro que eles ganharam com essa música conseguiram comprar sua 1ª casa para viver com a família. Desde então, tornou-se a dupla sertaneja mais famosa do país.
 
Ao final da [[Segunda Guerra Mundial]], o número de [[emissoras de rádio]] saltou para 117, e os aparelhos receptores eram 3 milhões. Tonico & Tinoco estão agora na [[Rádio Nacional (Radiobrás)|Rádio Nacional]] de [[São Paulo (estado)|São Paulo]] onde nasceu um de seus mais marcantes programas. Um dia, o auditório estava ocupado com um ensaio e como eles precisavam entrar no ar, puxaram os microfones para fora e fizeram a apresentação do corredor. O locutor Odilon Araújo perguntou de onde o programa estava sendo transmitido e Tinoco respondeu: "Da Beira da Tuia". O nome ficou.
 
Apesar da popularidade o trabalho para dupla sertaneja era garantido, porém limitado aos circos somente. Felizmente nessa época apenas em [[São Paulo (estado)|São Paulo]] estavam baseados cerca de 200 circos que iam ao interior para apresentação dos ídolos sertanejos do rádio.
 
Em [[1961]] estreiam no [[Cinema]] com o filme “Lá no Meu Sertão” de Eduardo Llorente, filme baseado na vida e obra de Tonico & Tinoco. No final de [[1960]] a dupla recebera um golpe quase mortal, quando Tonico, tuberculoso desde [[1940]], precisou ser internado num hospital em [[Campos do Jordão]] ([[São Paulo (estado)|SP]]), cedendo lugar para o irmão Chiquinho tanto nos shows, quanto nos programas de rádio e gravações de discos. Tonico fez uma cirurgia e um tempo depois deixou o hospital com a certeza que não voltaria mais a cantar. Tinoco, através da Rádio Nacional onde faziam o programa, pediu para os fãs rezarem pela saúde de Tonico, o qual ficou curado, e voltou a cantar com mais força e beleza. Em devoção a [[Nossa Senhora da Conceição Aparecida|Nossa Senhora Aparecida]], a quem a dupla atribuiu sua cura, construíram na Vila Diva em [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] uma capelinha que recebe romeiros e devotos até hoje.
 
Em [[1965]] filmam “Obrigado à Matar” de Eduardo Llorente, um filme baseado na lenda do [[Chico Mineiro (canção)|Chico Mineiro]]. Ano de [[1969]], novas mudanças na carreira de Tonico & Tinoco, eles estreiam na [[Rádio Bandeirantes]] onde permanecem até [[1983]].
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Apresentaram o Programa Na Beira da Tuia nas seguintes emissoras - [[Rede Bandeirantes|Bandeirantes]] (1983),e [[SBT]] (1988), [[TV Cultura|Cultura]] (Viola, Minha Viola).
Realizaram grandes eventos, como: A Grande Noite da Viola, no [[Maracanãzinho]]/Rio de Janeiro (1981), [[Teatro Municipal de São Paulo]] (1979), Semana Cultural Tonico e Tinoco no Centro Cultural de São Paulo (1988) e o Troféu Tonico e Tinoco (1992). No mesmo ano, realizaram um show em conjunto com [[Chitãozinho e Xororó]] na cidade de [[São Bernardo do Campo]] ([[São Paulo (estado)|SP]]), onde foram prestigiados por mais 100.000 espectadores.
Entre as inúmeras premiações destacamos: 04 Roquetes Pinto, Medalha Anchieta (Comenda da Cidade de São Paulo), Ordem do Trabalho (Ministro do Trabalho Almir Pazzianoto), Ordem do Mato Grosso (Comendador), Troféu Imprensa, 02 Prêmios Sharp de Música e o Prêmio Di Giorgio.
O slogan "A Dupla Coração do Brasil", surgiu em 1951, quando o humorista Saracura resolveu batizá-los assim, pela interpretação de todos os ritmos regionais.