Império Italiano: diferenças entre revisões
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O '''Império Colonial Italiano''', ou simplesmente '''Império Italiano''' (em [[Língua italiana|italiano]]: ''Impero Italiano'') compreende as [[colônia]]s, [[protetorado]]s, [[concessão territorial|concessões]], [[Dependência (economia)|dependências]] e [[Protetorado das Nações Unidas|mandatos]] do [[Reino
Até o início da [[Primeira Guerra Mundial]] em 1914, a Itália tinha [[Anexação|anexado]] a [[Eritreia]], a [[Somália Italiana|Somália]], a [[Líbia Italiana|Líbia]] e as ilhas do [[Dodecaneso]]. Também foi uma das concessionárias europeias em [[
O governo fascista sob o ditador italiano [[Benito Mussolini]], que chegou ao poder em 1922, procurou aumentar o tamanho do império ainda mais. No final de 1930, a intenção de Mussolini de aumentar o poder e a influência da Itália, procurando romper a aliança anglo-francesa por ser mais conciliatório e de cooperação com a Grã-Bretanha, sendo agressivo com a França.<ref name="Reynolds Mathewson Salerno 1940. p32">Reynolds Mathewson Salerno. Vital Crossroads: Mediterranean Origins of the Second World War, 1935-1940. Cornell University, 2002. p32.</ref> A Itália ficou ao lado da [[Alemanha Nazi|Alemanha]] durante a Segunda Guerra Mundial, inicialmente com sucesso. O país ocupou a [[Albânia]], parte da [[Grécia]], [[Croácia]], [[Eslovênia]] e parte do Egito, com assistência militar alemã após campanhas vacilantes na Grécia e na África do Norte. no entanto, com o decorrer da Segunda Guerra Mundial, a Itália perdeu todas as suas colônias na África para as forças aliadas e depois com a capitulação da Itália, todos as colônias na África e as conquistas territoriais na Europa desde a [[Primeira Guerra Mundial]] lhe foram tiradas. A Itália administrou a [[Somália Italiana]] usando um mandato das [[Nações Unidas]] com a finalidade de atingir a sua independência, o que ocorreu na década de 1960, encerrando a experiência colonial italiana após cerca de 80 anos.
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== História ==
=== Antecedentes ===
No período das [[grandes navegações]] do século XV, alguns países europeus começaram a estender os seus domínios ao ultra-mar e a criar os seus próprios [[império colonial|impérios coloniais]] resultando na [[colonização europeia
=== Corrida por um império ===
[[Ficheiro:Francesco Crispi.jpg|thumb|miniaturadaimagem|left|[[Francesco Crispi]] promoveu o colonialismo italiano na África no fim do Século XIX]]
[[Ficheiro:Possessions italiennes en Afrique-1896.jpg|miniaturadaimagem|thumb|left|Possessões e área de influência italianas no [[Chifre da África]] em 1896]]
A [[Unificação Italiana]] trouxe consigo a ideia de que a Itália merecia o seu próprio império
Ao fim de 1869, o explorador [[Emilio Cerruti]] foi mandado a [[Nova Guiné]] para reportar a respeito do local e lidar com a população nativa, obtendo bons resultados para a criação de uma eventual colônia comercial ou penal, mas o temor de se tornar inimiga do Reino Unido e dos [[Países Baixos]] fez tudo cair por terra.<ref>Franchini, Vittorio. ''Storia economica coloniale: lezioni di storia economica'' p.526</ref> Cerruti, de fato retornou em 1870 a [[Florença]] com rascunhos de tratados firmados com os sultões das ilha de [[Aru]], [[Kai]] e Balscicu da Nova Guiné, onde eles aceitavam a soberania italiana (Cerruti chegou a tomar posse de alguns setores da costa sul e ocidental da ilha de Nova Guiné em nome da Itália).<ref>[http://books.google.it/books?id=UvYsAAAAYAAJ&pg=PA275&lpg=PA275&dq=esploratore+Cerruti+in+nuova+guinea&source=bl&ots=21INjT8L9x&sig=2c97yv2CIzDwjA5wrW2BCtOkRsg&hl=it&ei=5wTfTeDcEoXXiAL1qojtCg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CBkQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false L'esploratore Cerruti in Nuova Guinea]</ref> Em 1883, o governo italiano pede ao governo britânico, por via diplomática, se havia aceitado a possibilidade da ilha de Nova Guiné se tornar uma colônia italiana. Com a resposta negativa britânica, a Itália abandonou qualquer tentativa de colonização da ásia banhada pelo [[oceano Pacífico]].<ref>[http://books.google.com/books?id=vKVFAauDdHkC&pg=PA42&lpg=PA42&dq=emilio+cerruti+in+new+guinea+1870&source=bl&ots=a6DlZoluQY&sig=z_gMRBnafb83XpnAUqBHnninY5M&hl=en&ei=tg3fTcyQNYTGsAOdsY2TBw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=7&ved=0CDAQ6AEwBg#v=onepage&q=emilio%20cerruti%20in%20new%20guinea%201870&f=false Ultimo tentativo italiano in Nuova Guinea nel 1883]</ref>
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Desde o reinado de [[Vítor Emanuel II da Itália|Vítor Emanuel]] (1820-1878), [[Reino da Sardenha|rei da Sardenha]], e depois [[Lista de reis da Itália|rei de Itália]], a monarquia italiana, temendo uma intervenção militar da [[França]] (devido à rivalidade entre o [[Estado]] italiano e o [[Vaticano]]), vinha solicitando há algum tempo uma aliança com o [[Império Alemão]]. O [[Chanceler da Alemanha|chanceler alemão]] [[Otto von Bismarck]] impôs como condição para esta se realizar uma [[Tríplice Aliança (1882)|Tríplice Aliança]], com o [[Império Austro-Húngaro]] igualmente envolvido.<ref>Lowe, p.27</ref> A partir daqui, os destinos destas [[Grande potência|potências]], bem como os dos seus adversários, estiveram interligados. Um dos aspectos marcantes da política deste período passava por [[África]], e pela aquisição de novos territórios além-mar, onde se prolongava a rivalidade internacional sentida na [[Europa]]. Após a ocupação da [[Tunísia]] pela França em 1881, concluía-se a aliança, quando na Itália reinava já [[Humberto I da Itália|Humberto I]].
A procura italiana por colônias continuou sem resultados práticos até fevereiro de 1886, quando por um acordo secreto com o Reino Unido, ela anexou o porto de [[Maçuá]] na costa do [[mar Vermelho]] do decadente [[Quedivato do Egito|Império Egípcio]]. A anexação italiana de Maçuá negou ao [[Império Etíope]] de [[Yohannes IV]] uma saída ao mar <ref>Pakenham (1992), p.280</ref> e preveniu qualquer expansão da [[Somalilândia
Com a subida ao trono de [[Vítor Emanuel III da Itália]] em 1900, registrou-se uma inflexão na política italiana. Apesar da renovação da [[Tríplice Aliança (1882)|Tríplice Aliança]] em 1902, a Itália, por influência inglesa, reaproximou-se da França. E os resultados passaram a ser mais animadores. A partir de então, com o caminho livre, conseguiram apoderar-se de territórios até aí sob o domínio do [[Império Otomano]], como sucedeu com a [[Vilaiete de Tripolitânia|Tripolitânia]]. Em 7 de setembro de 1901, uma concessão em [[
tinham Uma onda de nacionalismo que varreu a Itália na virada do século XX levou à fundação da [[Associação Nacionalista Italiana]], que pressionou para a expansão do Império da Itália. Jornais foram preenchidos com falas de revanche pelas humilhações sofridas na Etiópia ao fim do século anterior e nostalgia pela era do [[Império Romano]]. A [[Líbia]], como uma ex-colônia romana, deveria ser "tomada de volta" para providenciar uma solução aos problemas de crescimento populacional do [[Mezzogiorno|Sul da Itália]]. Temerosa de ser excluída do norte da África pelos impérios britânico e francês e atenta à opinião popular, a Itália agiu; o primeiro-ministro [[Giovanni Giolotti]] ordenou uma declaração de guerra ao [[Império Otomano]], do qual a Líbia fazia parte, em outubro de 1911.<ref>Killinger (2002), p.133</ref> Como resultado da [[Guerra Ítalo-Turca]], a Itália ganhou a Líbia e as ilhas do [[Dodecaneso]]. Uma característica marcante dessa guerra no deserto na Líbia em 1912 foi o primeiro uso na história de [[veículo blindado de combate|veículos blindados de combate]] e emprego significante de guerra aérea.{{sfn|Clodfelter|2017|p=353}} Nove aeronaves italianas voaram missões de combate e suporte curante a campanha.{{sfn|Clodfelter|2017|p=353}} A primeira morte de um piloto na história ocorreu quando uma aeronave caiu durante uma sortida de reconhecimento.{{sfn|Clodfelter|2017|p=353}}
=== Primeira Guerra Mundial e após ===
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Durante o fim da década de 920, a expansão imperial se tornou um tema cada vez mais favorecido nos discursos de Mussolini.<ref name="smith">Smith, Dennis Mack (1981). ''Mussolini'', p. 170. Weidenfeld and Nicolson, London.</ref> Dentre as aspirações de Benito, estava a de tornar a Itália o poder dominante no Mediterrâneo que seria capaz de desafiar a França ou o Império Britânico, assim como obter acesso ao [[oceano Atlântico]] e [[oceano Índico]].<ref name="smith"/> Para ele, a Itália precisava de acesso incontestado aos oceanos e rotas rotas marítimas para assegurar a sua soberania nacional.<ref name="salerno">Salerno, Reynolds Mathewson (2002). ''Vital crossroads: Mediterranean origins of the Second World War, 1935–1940'', [https://books.google.com/books?id=YnJ6EsHEDhQC&pg=PA106&dq=mussolini+access+to+atlantic+great+power&hl=nl&ei=uRr8TbndG8WhOqat3a4E&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=4&ved=0CDsQ6AEwAw#v=onepage&q=mussolini%20access%20to%20atlantic%20great%20power&f=false pp. 105–106]. [[Cornell University Press]]</ref> Isso foi elaborado em um documento que ele fez em 1939 chamado de " A Marcha aos Oceanos", e incluiu gravação oficial de um encontro no [[Grande Conselho do Fascismo]].<ref name="salerno"/> Esse texto declarava que a posição marítima determinava a independência de uma nação: país com acesso livre ao alto mar eram independentes; enquanto que aqueles que não tinham, não eram. A Itália, que só tinha acesso ao Mediterrâneo sem permissão francesa ou britânica, era apenas uma "nação semi-independente" e alegou que era um "prisioneira do Mediterrâneo":<ref name="salerno"/>
Nas [[Bálcãs]], o regime fascista clamou a [[Dalmácia]] e manteve ambições sobre toda a costa do [[mar Adriático]] usando como base argumentativa a dominação [[Império Romano|romana]] nessas regiões.<ref name="Robert Bideleux 1998. Pp. 467">Robert Bideleux, Ian Jeffries. ''A history of eastern Europe: crisis and change''. London, England, UK; New York, New York, USA: Routledge, 1998. Pp. 467.</ref> A Dalmácia e Eslovênia seriam diretamente anexadas à Itália, enquanto que o restante dos [[Bálcãs]] seria transformado em [[Estado
Em 1932 e 1935, a Itália exigiu mandatos na [[Liga das Nações]] com a antiga colônia alemã dos [[Camarões]] e mão livre na Itália por parte da França em retorno pelo suporte italiano contra a Alemanha.<ref name="burgwyn">Burgwyn, James H. (1997). ''Italian foreign policy in the interwar period, 1918–1940'', [https://books.google.com/books?id=PNHxISN-dmQC&pg=PA68&dq=mussolini+cameroons&hl=nl&ei=u3f2TcquK8GEOry9vZgH&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCsQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false p. 68]. Praeger Publishers.</ref> Isso foi recusado pelo primeiro-ministro francês [[Édourad Herriot]], que ainda não estava preocupado o suficiente com relação a ressurgência alemã.<ref name="burgwyn"/> A resolução falha da [[Crise da Abissínia]] levou à [[Segunda Guerra Ítalo-etíope]], na qual a Itália derrotou o [[Império Etíope]] e o anexou ao seu próprio império formando a [[África Oriental Italiana]] ao fundir suas colônias no [[Chifre da África]].
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