Ruy Coelho: diferenças entre revisões

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==Vida==
''Ruy Coelho'', que nasceunascido em 32 de Março de 18891886, em Alcácer do Sal, autenticado em 3 de Março de 1889, e morreufalecido em 5 de Maio de 1986, em Lisboa, foi um dos mais importantes compositores portugueses de música erudita da primeira metade do século XX.
 
A sua formação teve início em Alcácer do Sal numa Banda Filarmónica, continuou no [[Conservatório de Lisboa]], onde estudou entre 1904 e 1909 (piano, composição, flauta e contraponto) com os professores [[Alexandre Rey Colaço]], [[Frederico Guimarães]], [[Tomaz Borba]] e [[António Taborda]], entre outros. E conclui-se entre 1910 e 1913 em Berlim com [[Engelbert Humperdinck|Humperdinck]], [[Max Bruck]], [[Einsenberg]] (Piano) e [[Schönberg]], e em Paris com [[Paul Vidal (1863-1931)|Paul Vidal]].
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- "Sinfonia Camoneana nº1", a primeira obra portuguesa dodecafónica, politonal, e em que foi empregue a atonalidade.
 
Uma vez terminada a edição da "Sinfonia Camoneana nº1", em Berlim, volta a Lisboa, onde em 10 de Junho de 1913, com apenas 24 anos, participaria (tocando órgão) e acompanhado por cerca de quinhentos executantes, o maior conjunto coral sinfónico reunido até esse momento em Portugal, na estreia da mesma, numa récita de gala no [[Teatro Nacional de São Carlos|Teatro S. Carlos]], precedida de conferência do ex-Presidente [[Teófilo Braga]].
 
Em 1 de Dezembro de 1913, estreia no Teatro S. Carlos e na presença das mais altas individualidades como [[Manuel de Arriaga]] e [[Afonso Costa]], o "Serão da Infanta", que seria a primeira ópera portuguesa cantada em português na estreia. Com libretto de [[Teófilo Braga]].
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Em 1919 e 1922 viaja para o [[Brasil]] onde são exibidas por diversas vezes as suas obras, a Sinfonia Camoneana nº 5 foi uma encomenda da cidade de [[São Paulo (cidade)|S. Paulo]].
 
Em 1924 recebe o 1º Prémio no Concurso Oficial de Espanha com a sua Ópera Belkiss. Dois anos depois, em 1926, o sr. Valentim de Carvalho e a soprano [[Corina Freire]] providenciam a 1ª gravação de dois "Lieds" de sua autoria, o "Soneto de António Nobre" (Oh! Virgem que passais ao Sol Poente) e a "Melodia de Amor". Nas gravações, Corina foi acompanhada por piano e violino, num disco "Columbia" com as matrizes "J 644" e "J 646",
Em 1924 recebe o 1º Prémio no Concurso Oficial de Espanha com a sua Ópera Belkiss.
 
Em Maio de 1927, foi gravada em disco um "Lied" de sua autoria, "O Beijo", cantado pelo barítono profissional activo em Lisboa Edgar Duarte de Almeida, com acompanhamento de piano, num disco Columbia, nº 8108, master P 168. No mesmo ano, António Menano grava em Berlim a ária em questão, com guitarra e viola, num disco ODEON, matriz A 136810, master Og 577.
 
Em 1928, a "Foz Melody Band", orquestra ligeira do "Salão Foz", em Lisboa, registou para a marca "His Master's Voice", o 2º andamento da "Suite Portuguesa Nº 2", o Fado.
 
Bem ao jeito da época, Ruy Coelho ambicionava com a sua obra dar "expressão musical à alma da nação" tendo, em muitas das suas obras, utilizado temas identificados com o imaginário nacionalista, como as cinco Sinfonias [[Camões|Camoneanas]], as Óperas sobre textos de [[Gil Vicente]] ou a Ópera D. João IV , que compõe em [[1940]] para as [[Comemorações centenárias da Independência de Portugal]]<ref>[http://www.fmsoares.pt/aeb/crono/id?id=040336 Cronologia, ano de 1940, Fundação Mário Soares]</ref> com libreto da autoria do poeta [[João da Silva Tavares]],<ref>[http://toponimia.cm-lisboa.pt/pls/htmldb/f?p=106:1:4046293596886748::NO::P1_TOP_ID:348: Rua Silva Tavares, toponimia.cm-lisboa, consulta em 11-02-2013]</ref> entre outras. Afirmava não seguir nenhuma corrente, nem ter ideias pré concebidas e limitadoras sobre processos, sistemas ou teorias técnicas ou estéticas, quando compunha as suas obras, interessando-lhe tão só conseguir exprimir o que sentia sobre determinado tema.
 
Embora sendo um compositor muito conotado com o antigo regime, Coelho era na verdade [[monárquico]], pois fez parte do movimento conhecido pelo "Grupo do Tavares",<ref>[http://biografias.netsaber.com.br/ver_biografia_c_4262.html João Mendes da Costa Amaral (Político) 1893-1981]</ref> e é importante ter em atenção que, quando em 1926 é implantado o [[Estado Novo]], já tinha levado ao S. Carlos pelo menos onze obras da sua autoria e já tinha sido premiado em Madrid. É certo que beneficiou, como muitos outros artistas, das políticas culturais de [[António Ferro]], com quem até já tinha colaborado em 1924, tocando as suas músicas nas conferências "A Idade do Jazz Band".
 
Defendeu, através de vários artigos e pequenos livros, a música erudita portuguesa e a ópera cantada em português (considerando que à semelhança do que se passava na Alemanha, França e Inglaterra, as óperas deviam ser cantadas na língua do país onde eram exibidas)., Argumentavaargumentando que o contrário, era não só provinciano como prejudicial aos interesses da arte e do público, que não percebia verdadeiramente o que estava a ver e ouvir.
 
Em 1942 e 1943 dirige a [[Orquestra Filarmónica de Berlim]] no [[Coliseu dos Recreios|Coliseu]], regendo excertos da sua Ópera "Tá-Mar", e providenciando em simultâneo a banda sonora do filme português "Alla-Arriba!" de Leitão de Barros, protagonizado somente por pescadores.
 
Em 1946 dirige a Orquestra da Rádio de Espanha, em Madrid, regendo o poema sinfónico "Passeios d’Estio" e o "Concerto para Piano e Orquestra nº1". Nesse ano, providencia a banda sonora do filme "Camões" de Leitão de Barros, com excertos importantes da sua "Sinfonia Camoneana Nº 1".
 
Em 1948, começa a trabalhar no Gabinete de Estudos Musicais da [[Rádio e Televisão de Portugal|Emissora Nacional]], em Lisboa, onde providencia a sua 2ª Sinfonia Camoniana, seguindo-se a 3ª em 1951.
Em 1949 dirige a Orquestra Colonne, na sala Gavean em Paris, regendo Rondó Alentejano, Jardim Chimérico, Noites nas Ruas da Mouraria, Passeios d’Estio, Feira, 6 Canções Populares Portuguesas e Peninsulares.
 
Em 1949 dirige a Orquestra Colonne, na sala Gavean em Paris, regendo as obras "Rondó Alentejano", "Jardim Chimérico", "Noites nas Ruas da Mouraria", "Passeios d’Estio", "Feira", e mais "6 Canções Populares Portuguesas e Peninsulares".
 
Durante a década de 1940 colabora como compositor em diversas produções da [[Companhia Portuguesa de Bailado Verde Gaio]].<ref>A.A.V.V. – '''Verde Gaio: Uma Companhia Portuguesa de Bailado (1940-1950)'''. Lisboa: Museu Nacional do Teatro, 1999. ISBN 972-776-016-3</ref>
 
Em 1960, Ruy Coelho dirige a Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, nos Estúdios Valentim de Carvalho, em Paço d'Arcos, regendo e gravando em disco LP de 33 R.P.M. editado pela marca "Parlophone" as suas 4 Suites Portuguesas, constituídas por pequenos trechos descritivos, que recriam algumas das mais belas e típicas paisagens nacionais, o que facilmente poderá ser percebido pelos títulos "Promenades d’été au Portugal", "Alentejo", "Peninsular" e "Alcácer". Rege também, em simultâneo, a sua "Sinfonia Camoniana Nº 2".
 
Envolveu-se em várias polémicas, como era típico no meio artístico da época: a primeira, com apenas vinte e um anos, quando, durante uma curta estadia em Lisboa, toma conhecimento do êxtase da crítica perante uma sonata de [[Luís de Freitas Branco]], e reage, acusando-o de ter copiado [[César Franck]], demonstrando os seus argumentos ao piano no Salão Nobre do Conservatório; com vinte e quatro anos, com o governo de Afonso Costa, devido ao episódio do "Serão da Infanta"; posteriormente, com várias Direcções do Conservatório, que acusa de incompetência, de má gestão, e até de apropriação de bens públicos; com a Direcção do S. Carlos, já durante o Estado Novo, por não cumprir a lei que obrigava a uma determinada percentagem de exibições de música portuguesa; com [[Fernando Lopes Graça|Lopes Graça]], que inicialmente o "aplaudira entusiasticamente", e outros da Revista [[Seara Nova]], que o atacaram e com quem trocou livros recheados de insultos.
 
Recebeu os elogios de compositores como [[Manuel de Falla|Falla]], que muito admirava e com quem trocava partituras por correspondência, bem como de inúmeros críticos, e de músicos, cantores, cenógrafos, escritores que com ele colaboraram.

Exibiu as suas obras por todo o país, levando a música erudita a locais tão improváveis na época como: Amadora, Almada, Aveiro, Alcácer, Beja, Covilhã, Évora, Funchal, Santarém, e tantos outros., Exibiufazendo aso suas obrasmesmo em vários países europeus (e sul-americanos. Prova disso é que levou, em 1959, as primeiras companhias portuguesas de Ópera a Paris, e em 1961 a Madrid) e sul-americanos.

Segundo [[José Blanc de Portugal]], a obra orquestral de Ruy Coelho terá sido mais divulgada no estrangeiro do que em Portugal.

Além Compôsde ter composto música para filmesos comofilmes "Alla-Arriba!" de 1942 e "[[Camões (filme)|Camões]]" de 1946, ambos de [[Leitão de Barros]], ou "Rainha Santa", uma co-produção luso-espanhola., Ruy Coelho Escreveuescreveu manifestos, livros, crónicas e críticas em jornais, a maioria no Diário de Notícias, onde colaborou durante muitos anos e de onde foi saneado por [[José Saramago|Saramago]] durante o [[PREC]] (voltando a escrever, de 1979 a 83, umas crónicas intituladas "Histórias da Música").

Foi organista e pianista, muitas vezes empresário dos seus concertos ou edições, maestro e director de orquestras, mas foi, fundamentalmente, compositor, tendo escrito obras musicais de vários géneros. Para além de Óperas e Bailados, Música Sinfónica e de Câmara, Lieder e Música Religiosa, até curiosamente o ''Hino da Cidade de Lisboa'' e o famoso ''Fado de Coimbra "O Beijo"'', sobre poema de [[Afonso Lopes Vieira]], que tendo sido popularizado por [[António Menano]], é por vezes erradamente atribuído a esse célebre fadista.
 
Para além de Óperas e Bailados, Música Sinfónica e de Câmara, Lieder e Música Religiosa, até curiosamente o ''Hino da Cidade de Lisboa'' e o famoso ''Fado de Coimbra "O Beijo"'', sobre poema de [[Afonso Lopes Vieira]], que tendo sido popularizado por [[António Menano]], é por vezes erradamente atribuído a esse célebre fadista pelos melómanos do Fado de Coimbra.
 
Conhecem-se colaborações suas na revista [http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/Atlantida/Atlantida.htm ''Atlântida''] (1915-1920)
 
Ruy Coelho também se destacaria na actividade discográfica, com obras suas gravadas por Corina Freire, António Menano, Edgar Almeida, a "Foz Melody Band", dirigida por Lopes da Costa, ou Luiz Rovira y Su Orquesta, e obras gravadas sob sua regência e direcção de orquestra.
 
A última gravação discográfica em vida de Ruy Coelho foi providenciada em 1980, pela Orquestra Sinfónica da RDP, dirigida por Silva Pereira, que gravou o bailado "A Princesa dos Sapatos de Ferro" e "Passeios de Estio", mais as "Sonatas para Violino e Piano Nº 1 e Nº 2", interpretadas por Vasco Barbosa (Piano) e Grazi Barbosa (Violino).
 
Apesar de todas as polémicas, e apesar das suas poucas reedições da sua discografia, Ruy Coelho seria reconhecido por tudo e por todos como um dos maiores nomes da música em Portugal.
 
Recentemente, em 2004, a Banda Sinfónica do Exército, sob regência do Tenente-Chefe de Banda João Basílio, gravou pela 1ª vez em CD a sua obra emblemática, a "Sinfonia Camoniana Nº 1", com o nome de "Camoniana", no álbum "Música Portuguesa" da "Difference", editado em 2006.
 
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