Abraham Lincoln: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:Lincoln home springfield.jpg|200px|thumb|esquerda|A residência da família Lincoln em Springfield (foto de 2008).]]
Em 1844, o casal comprou uma casa em Springfield, próximo ao escritório de advocacia de Lincoln. Mary Todd Lincoln cuidava do lar, muitas vezes com a ajuda de um parente ou empregada contratada.<ref>Baker, p. 142.</ref> Robert Todd Lincoln nasceu em 1843 e Edward Baker Lincoln (Eddie) em 1846. Lincoln "foi notavelmente apaixonado pelas crianças",<ref>White, p. 126.</ref> e o casal não era considerado rigoroso com seus filhos.<ref>Baker, p. 120.</ref> Edward morreu em 1 de fevereiro de 1850 em Springfield, provavelmente de tuberculose. "Willie" Lincoln nasceu em 21 de dezembro de 1850, e morreu em 20 de fevereiro de 1862. O quarto filho, Thomas "Tad" Lincoln, nasceu em 4 de abril de 1853, e morreu aos 18 anos em 16 de julho de 1871 causado possivelmente por tuberculose, problemas pulmonares,<ref>{{citar livro|último =Davenport|primeiro =Don|título=In Lincoln's Footsteps: A Historical Guide to the Lincoln Sites in Illinois|ano=2001|publicado=Big Earth Publishing|url=http://books.google.com/books?id=Rz3VkkikvngC&pg=PA210#v=onepage&q&f=false|página=210; 153}}</ref> pneumonia,<ref name="Classroom">{{citar web|título=Abraham Lincoln and Chicago (Abraham Lincoln's Classroom)|url=http://www.abrahamlincolnsclassroom.org/Library/newsletter.asp?ID=60&CRLI=140|publicado=The Lincoln Institute|acessodata=2 de dezembro de 2012}}</ref> ou insuficiência cardíaca.<ref>{{citar web|título=The Lincoln Boys|url=http://myloc.gov/Exhibitions/civil-war-in-america/april-1862-november-1862/ExhibitObjects/Lincoln-Boys.aspx|publicado=Library of Congress|acessodata=2 de dezembro de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20131023062257/http://myloc.gov/Exhibitions/civil-war-in-america/april-1862-november-1862/ExhibitObjects/Lincoln-Boys.aspx|arquivodata=23 de outubro de 2013|urlmorta=yes}}</ref><ref>White, pp. 179–181, 476.</ref> Robert foi o único a viver até a idade adulta e ter filhos. Seu último descendente, o neto Robert Todd Lincoln Beckwith, morreu em 1985.<ref>{{citar livro|autor =Jason Emerson|título=Giant in the Shadows: The Life of Robert T. Lincoln|url=http://books.google.com/books?id=tPqgC3RS-7sC&pg=PA420|ano=2012|publicado=SIU Press|página=420|isbn=978-0-8093-3055-3}}</ref>
 
A morte dos filhos teve profundos efeitos nos pais. Abraham Lincoln sofria de "melancolia", uma condição que atualmente é conhecido como [[depressão clínica]].<ref name="Atlanticoct2005">{{citar web|url=http://www.theatlantic.com/doc/200510/lincolns-clinical-depression|título=Lincoln's Great Depression|primeiro =Joshua Wolf|último =Shenk|data=outubro de 2005|obra=The Atlantic|publicado=The Atlantic Monthly Group|arquivourl=httphttps://www.webcitation.org/62a4fProj |arquivodata?url=2011-http://www.theatlantic.com/magazine/archive/2005/10/lincoln-apos-s-great-depression/4247/|arquivodata=20 de outubro de 2011|urlmorta=no|acessodata=10 de outubro de 2009}}</ref> Mais tarde, Mary lutou contra o [[stress]] pela perda do marido e dos filhos, sofrendo de alucinações a partir de 1871; Robert Lincoln instaurou um processo alegando demência da mãe e consegue interná-la em um asilo em [[Batavia (Illinois)]] em 1875,<ref>Steers, p. 341.</ref> sendo libertada quatro meses depois com a ajuda da primeira advogada de Illinois, Myra Bradwell. Ela viveu quatro anos no município de [[Pau (Pirenéus Atlânticos)|Pau (França)]], onde sofreu uma lesão na espinha ao cair duma escada. Doente, volta para a casa da irmã e falece em 15 de julho de 1882.<ref name="MaryL">{{Cita web|url=http://www.mulherportuguesa.com/sociedade/na-historia/3362|título=A mulher do presidente - Mary Lincoln|publicado=Mulher portuguesa|acessodata=23 de abril de 2013|língua=português}}</ref>
 
O sogro de Lincoln vivia em Lexington (Kentucky); este e outros da família Todd conviviam entre proprietários de escravos ou comerciantes de escravos. Lincoln era muito próximo dos Todds, e sua família ocasionalmente visitava a propriedade Todd em Lexington.<ref>Foner (1995), pp. 440–447.</ref> Lincoln era afetuoso, embora frequentemente ausente, esposo e pai de quatro filhos.
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Em 1846, eleito para [[Câmara dos Representantes dos Estados Unidos]], serviu por um mandato de dois anos como sendo o único Whig na delegação do estado de Illinois, mostrou lealdade ao seu partido por participar em quase todas as votações e fazer discursos remetidos as ideias partidárias.<ref>Oates, p. 79.</ref> Em colaboração com o congressista abolicionista Joshua R. Giddings, Lincoln elaborou um projeto de lei para abolir a escravidão no [[Distrito de Columbia]] com a indenização para com os proprietários, captura dos escravos fugitivos e um plebiscito sobre a questão. No entanto, ele não deu seguimento a proposta ao passo que não obteve apoio suficiente de seus partidários Whigs.<ref>Harris, p. 54; Foner (2010), p. 57.</ref> Sobre políticas externas e militares, posicionou-se contra a [[Guerra Mexicano-Americana]], atribuindo como o desejo do presidente [[James K. Polk]] ([[Partido Democrata (Estados Unidos)|D]]) para a "glória militar, esse atrativo arco-íris, que se levanta em chuvas de sangue".<ref>Heidler (2006), pp. 181–183.</ref> Lincoln apoiou o [[Wilmot Proviso]],<!--http://www.britannica.com/EBchecked/topic/644611/Wilmot-Proviso [[:en:Wilmot_Proviso]]---> que, se aprovado, teria banido a escravidão nos novos territórios conquistados do México.<ref>Holzer, p. 63.</ref>
 
Lincoln enfatizou sua oposição ao presidente Polk através de uma série de resoluções; a guerra havia iniciado com um massacre do México para com os soldados americanos em território disputado pelo México e os Estados Unidos; Polk insistiu que os soldados mexicanos tinham "invadido ''nosso território'' e derramado o sangue dos nossos concidadãos em ''nosso próprio solo''".<ref>Oates, pp. 79–80.</ref><ref name="Basler1pp199—202">Basler (1946), pp. 199–202.</ref> O congressista exigia que Polk mostrasse o local exato no qual ocorreu o derramamento de sangue e que provasse que aquele território era americano.<ref name="Basler1pp199—202"/> O Congresso nunca aprovou essa resolução ou sequer debateu-a, os jornais nacionais o ignoraram, e o resultado foi uma consequente perda de apoio político em seu distrito.<ref name="McGovern, p. 33">McGovern, p. 33.</ref><ref>Basler (1946), p. 202.</ref><ref name="MuellerSchamel">{{citar web|url=http://www.archives.gov/education/lessons/lincoln-resolutions/|título=Lincoln's Spot Resolutions|publicado=National Archives|arquivourl=httphttps://www.webcitation.org/62a5gtE9P?url=http://www.archives.gov/education/lessons/lincoln-resolutions/|arquivodata=2011-10-20 de outubro de 2011|urlmorta=no|acessodata=9 de dezembro de 2010}}</ref> Lincoln se arrependeu de algumas de suas declarações, especialmente o ataque aos poderes bélicos do presidente.<ref>Donald (1996), p. 128.</ref>
 
Percebendo ser pouco provável que [[Henry Clay]] conseguisse ser candidato presidencial e se elegesse, Lincoln, que em 1846 tinha prometido a servir por apenas um único mandato na Câmara dos Representantes, apoiou a pré-candidatura do general [[Zachary Taylor]] no Partido Whig para a [[Eleição presidencial nos Estados Unidos em 1848|eleição presidencial de 1848]].<ref>Donald (1996), pp. 124–126.</ref> Taylor venceu e Lincoln esperava ser nomeado para comandar o ''General Land Office'',{{Nota de rodapé|Agência governamental responsável pelas terras públicas do País. Em tradução livre, o cargo esperado por Lincoln era o de "Comissário do Gabinete de Terras Gerais".}} mas o lucrativo emprego foi para um rival de Illinois, Justin Butterfield, considerado pela administração como sendo um advogado altamente habilidoso, mas na visão de Lincoln, um "velho antiquado".<ref>Donald (1996), p. 140.</ref> A administração ofereceu-lhe como recompensa de consolação a função de secretário ou governador do [[Território de Oregon]], um território distante e extremamente Democrata, o que na prática representava efetivamente o fim de sua carreira política, de forma a qual recusou a proposta e se dedicou às funções de advocacia.<ref>Harris, pp. 55–57.</ref>
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[[Ficheiro:US Slave Free 1789-1861.gif|thumb|right|350px|Animação mostrando os estados livres (azul) e os estados escravocatas (vermelho), acompanhando a expansão do país de 1789 até o ano de 1861, quando começou a Guerra Civil. A 13ª Emenda à Constituição pôs fim a escravidão em 1865.]]
{{Artigo principal|Escravidão nos Estados Unidos}}
Na década de 1850 a escravidão era legalmente aceita no [[sul dos Estados Unidos]], mas tinha sido generalizadamente proibida nos estados do norte.<ref>{{citar web|título=The Peculiar Instution|url=http://publications.newberry.org/lincoln/exhibits/show/alwayshatedslavery/peculiarinstitution|publicado=Newberry Library and Chicago History Museum|arquivourl=httphttps://www.webcitation.org/62dB0ccYV?url=http://lincolnat200.org/exhibits/show/alwayshatedslavery/peculiarinstitution|arquivodata=2011-10-22 de outubro de 2011|acessodata=2012-01-05|urlmorta=no}}</ref> Lincoln tinha repúdio dessa prática que se expandia pelos novos territórios à Oeste.<ref>{{citar web|título=Lincoln Speaks Out|url=http://publications.newberry.org/lincoln/exhibits/show/alwayshatedslavery/speaksout|publicado=Newberry Library and Chicago History Museum|arquivourl=httphttps://www.webcitation.org/62dBlWFGi?url=http://lincolnat200.org/exhibits/show/alwayshatedslavery/speaksout|arquivodata=2011-10-22 de outubro de 2011|acessodata=2012-01-05|urlmorta=no}}</ref> Voltou para a política a fim de se opor ao [[Ato de Kansas-Nebraska]] (1854) que permitia a expansão da escravidão que havia sido restringida pelo [[Compromisso do Missouri]] (1820). O [[Antiguidade dos senadores dos Estados Unidos|senador sênior]] [[Stephen A. Douglas]] de Illinois inseriu o conceito de [[soberania popular]] numa proposta, a qual Lincoln se opôs, especificava que os colonizadores tinham o direito de determinar localmente se consentiriam com a escravidão no novo território, em vez de restringir a decisão para o Congresso Nacional.<ref>McGovern, pp. 36–37.</ref> Eric Foner (2010) diferencia os abolicionistas e radicais republicanos do [[Nordeste dos Estados Unidos|Nordeste]] que viam a escravidão como um pecado, enquanto os conservadores republicanos pensavam que era maléfico por ferir as pessoas brancas e impedir o progresso. Foner argumenta que Lincoln era um moderado, opondo-se a escravidão primariamente por violar os [[Republicanismo nos Estados Unidos|princípios republicanos]] dos [[Pais Fundadores dos Estados Unidos|Pais Fundadores]], especialmente a igualdade de todos os homens e democraticamente o próprio governo como expresso na [[Declaração da Independência dos Estados Unidos|Declaração de Independência]].<ref>Foner (2010), pp. 84–88.</ref>
 
Em 16 de outubro de 1854, em seu discurso de [[Peoria (Illinois)|Peoria]], Lincoln declarou oposição a escravidão.<ref>Thomas (2008), pp. 148–152.</ref> Falando em sotaque de [[Kentucky]], com uma voz muito forte,<ref>White, p. 199.</ref> disse que o Ato de Kansas tinha "declarado indiferença, mas como eu posso pensar, um verdadeiro zelo secreto para a propagação da escravidão. Eu não posso, mas eu odeio isso. Eu odeio isso por causa de uma injustiça monstruosa da prória escravidão. Eu odeio isso porque priva o nosso exemplo republicano de ser a única influência no mundo ..."<ref>Basler (1953), p. 255.</ref>
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{{artigo principal|Proclamação de Emancipação}}
[[Imagem:Emancipation proclamation.jpg|thumb|300px|left|Lincoln apresenta o primeiro esboço da Proclamação de Emancipação ao seu gabinete.]]
Lincoln compreendeu que o poder do governo federal e o fim da escravidão estavam limitados pela Constituição, que antes de 1865, levou a questão para os estados de forma individual. Antes e durante sua eleição, em sua concepção, a eventual extinção da escravidão resultaria na expansão de novos territórios. No início da guerra, ele tentou persuadir os estados a aceitarem a emancipação dos escravos indenizando seus respectivos proprietários. Assim como os Pais Fundadores, acreditava que a restrição à escravidão poderia economicamente desvalorizá-la.<ref name="Mackubin">{{citar web|url=http://www.nationalreview.com/books/owens200403251139.asp|título=The Liberator|primeiro =Thomas Owens|último =Mackubin|data=25 de março de 2004|obra=National Review|publicado=National Review|arquivourl=httphttps://www.webcitation.org/62a7fJ9hj?url=http://old.nationalreview.com/books/owens200403251139.asp|arquivodata=2011-10-20 de outubro de 2011|acessodata=12 de dezembro de 2008|urlmorta=no}}</ref> Duas propostas que criavam limites geográficos à tal prática, concebidas pelos generais [[John C. Frémont]] em agosto de 1861 e [[David Hunter]] em maio de 1862, foram por ele rejeitados porque isso não satisfazia o seu desejo e poderia estragar a relação com estados fronteiriços, aqueles que apesar de permitirem a escravidão não declararam secessão, mantendo-se portanto fiéis à União.<ref>Guelzo (1999), pp. 290–291.</ref>
 
Em 19 de junho de 1862, o Congresso, com o consentimento presidencial, aprovou uma lei para banir a escravidão de todos os territórios federais. Em julho de 1862, a Segunda Lei de Confisco (Second Confiscation Act) foi aprovada, a qual estabeleceu procedimentos que poderiam libertar escravos daqueles que se envolvessem em atos bélicos não patrióticos. Embora Lincoln acreditasse não possuir poder suficiente no Congresso para dar alforria dentro dos estados, conseguiu fazê-lo apoiado pelo legislativo. Ele sentia que tal ação só se concretizaria como comandante-em-chefe, usando da força militar garantida ao presidente pela Constituição, assim fazendo. Naquele mês, dialogou sobre um projeto de Proclamação de Emancipação com o seu gabinete, afirmando que "como uma medida militar apta e necessária, em 1º de janeiro de 1863, todas as pessoas mantidas como escravos nos estados confederados passam desde então, e para sempre, sendo livres".<ref>Donald (1996), pp. 364–365.</ref>
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Grant travou a sangrenta Campanha de Overland em 1864, frequentemente caracterizada como uma [[guerra de exaustão]], acarretando em grandes perdas para a União em batalhas tais como as de Wilderness e Cold Harbor. Apesar de terem a vantagem de atuarem na defensiva, as forças confederadas tinham "quase tão alto percentual de baixas quanto os unionistas".<ref>McPherson (2009), p. 113.</ref> Um terço das tropas havia sido perdida, o que alarmou o Norte, de forma que Lincoln questionou Grant, tendo recebido a reposta de que este planejava lutar até o fim nesta linha de combate mesmo que tomasse todo o verão.<ref>Donald (1996), p. 501.</ref>
 
Os confederados estavam desprovidos de reforços, por isso o Exército de Lee minguava a cada batalha. Grant, movia sua tropa ao sul, tendo atravesado o [[Rio James (Virgínia)|Rio James]], forçando um cerco e uma [[Cerco de Petersburg|guerra de trincheiras ao redor de Petersburg (Virgínia)]]. Apressadamente, [[William Tecumseh Sherman]], que estava na Carolina do Norte, conseguiu uma visita a Grant em City Point. Lincoln também fez uma visita ao general Grant, e pode se informar com ambos sobre as hostilidades.<ref name="whitehousehistory">{{citar web|url=http://www.whitehousehistory.org/whha_about/whitehouse_collection/whitehouse_collection-art-06.html|título=The Peacemakers|publicado=The White House Historical Association|arquivourl=httphttps://www.webcitation.org/62a8J9jOa|arquivodata?url=2011http://www.whitehousehistory.org/whha_about/whitehouse_collection/whitehouse_collection-10art-06.html|arquivodata=20 de outubro de 2011|urlmorta=yes|acessodata=3 de maio de 2009}}</ref> No Norte, o Partido Republicano e Lincoln conseguiram mobilizar apoio o suficiente para repor todas as perdas da União.<ref>Thomas (2008), pp. 422–424.</ref>
 
Lincoln autorizou Grant de usar meios para comprometer a infra-estrutura confederada, tais como ataques à plantações, ferrovias e pontes, objetivando desmoralizar o inimigo e enfraquecer sua capacidade econômica durante a guerra. O avanço de Grant em Petersburg resultou na obstrução de três ferrovias entre [[Richmond]] e o Sul, permitindo que os generais Sherman e [[Philip Sheridan]] destruíssem plantações e cidades no [[Vale do Shenandoah]] em Virgínia. Os danos causados na [[Marcha ao Mar]], incursão na Geórgia em 1864, foram limitados a uma faixa de terra de 97 quilômetros, mas nem Lincoln nem seus comandantes ambicionavam a destruição como objetivo principal, mas sim derrotar as forças confederadas. Neely (2004) conclui que não havia esforços para engajar uma "guerra total" contra os civis como ocorreu na Segunda Guerra Mundial.<ref>Neely (2004), pp. 434–458.</ref>
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As nomeações de Lincoln buscavam manter tanto os moderados quanto os radicais sob controle. Para ocupar o lugar do chefe de justiça [[Roger B. Taney|Taney]] na Suprema Corte, ele designou a escolha dos radicais, [[Salmon P. Chase]], que Lincoln acreditava apoiar as políticas de emancipação e monetárias.<ref>Nevins, ''Ordeal of the Union'', Vol IV., p. 206.</ref>
 
Com a implementação da Proclamação de Emancipação, que não se aplicou a todos os estados, Lincoln aumentou a pressão sobre o Congresso para proibir a escravidão em todo o território nacional por meio de uma emenda constitucional, que poria um final irrevogável para a questão..<ref>Donald (1996), p. 561.</ref> Em dezembro de 1863, essa proposta foi levada para apreciação e se tornou a primeira tentativa de mudança na carta magna que não obteve sucesso, pois não alcançou o apoio necessário de dois terços da Câmara dos Representantes em votação no dia 15 de junho de 1864. A aprovação dessa emenda se tornou parte da plataforma ideológica dos republicanos/unionistas na eleição de 1864. O que se seguiu foram várias negociações na Câmara, e numa nova tentativa o Congresso aprovou-a em 31 de janeiro de 1865. O texto então foi enviado para as legislaturas estaduais para ratificação,<ref>Donald (1996), pp. 562–563.</ref><ref>{{citar web|url=http://www.history.com/this-day-in-history/house-passes-the-13th-amendment |título=House passes the 13th Amendment — History.com This Day in History — 1/31/1865 |publicado=History.com |data= |acessodata=2012-11-19}}</ref> fazendo-o oficialmente a [[Décima Terceira Emenda à Constituição dos Estados Unidos]] em 6 de dezembro de 1865.<ref>{{citar web|título=Primary Documents in American History: 13th Amendment to the U.S. Constitution|url=http://www.loc.gov/rr/program/bib/ourdocs/13thamendment.html|publicado=Library of Congress|arquivourl=httphttps://www.webcitation.org/62a9BIwNw?url=http://www.loc.gov/rr/program/bib/ourdocs/13thamendment.html|arquivodata=2011-10-20 de outubro de 2011|acessodata=26 de setembro de 2013|urlmorta=no}}</ref>
 
À medida em que a guerra civil se aproximava do fim, a Reconstrução ocorreu em fluxo no Sul, crendo o governo federal ter limitado a responsabilidade dos milhões de homens libertos. Lincoln sancionou uma lei do senador Charles Summer (chamada de "Freedman's Bureau") criando uma agência federal temporariamente para satisfazer as necessidades materiais imediatas dos ex-escravos. A lei atribuiu um arrendamento de terras por três anos com a possibilidade da compra de títulos de propriedade pelos mesmos. Lincoln afirmou que o seu plano para a Louisiana não se aplicava a todos os estados sob reconstrução. Pouco antes de seu assassinato, Lincoln havia anunciado um novo plano para a reconstrução do Sul. As discussões em seu gabinete revelaram o planejamento de um controle militar a curto prazo nos nesses estados até a retomada do controle por unionistas dessas áreas.<ref>Carwardine (2003), pp 242-243.</ref>
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[[Imagem:Abraham Lincoln O-116 by Gardner, 1865-crop.png|thumb|upright|left|alt=Lincoln envelhecido com uma barba.|Lincoln em fevereiro de 1865, aproximadamente dois meses antes de sua morte.]]
 
Na língua portuguesa, é uma dúvida frequente a colocação do termo "Estados Unidos" em plural ou singular. As regras gramaticais definem que quando vier precedido do [[artigo (gramática)|artigo "os"]] se faz [[concordância verbal|concordância]] com o verbo no plural (os Estados Unidos são...); no entanto, se o artigo estiver implícito, é admitido o singular (Estados Unidos é...).<ref>{{Citar web|url=http://wp.clicrbs.com.br/sualingua/2009/05/11/os-estados-unidos-sao/|título=Os Estados Unidos são|publicado=clic [[RBS]]|autor=Moreno, Cláudio|departamento=sua língua|acessodata=30 de janeiro de 2013}}</ref><ref>{{Citar livro |sobrenome=Gregorim |nome=Clóvis Osvaldo |título=Português, Gramática Prática |edição=3ª |local=São Paulo |editora=Melhoramentos |data=março de 2011 |páginas=594 |página=491-505 |capítulo=XVII - Concordância |isbn=978-85-06-06579-2 |notas= |url=http://livraria.folha.com.br/livros/dicionarios-de-portugues/michaelis-portugues-clovis-osvaldo-gregorim-1016605.html |acessodata=30 de janeiro de 2013}}</ref> Na língua materna dos Estados Unidos também houve essa dúvida, que diferentemente não possuía uma regra gramatical. Assim sendo, durante grande parte histórica, as referências ao nome se dava em plural (''are'' - são), mas a partir da Guerra Civil essa concepção mudou. Incluindo motivos políticos, o termo passou ao singular (''is'' - é). O que se via era um substantivo coletivo, reforçando a ideia de que seria a União (com sua singularidade). Foi essa nova visão que predominou desde o final do século XIX até a atualidade.<ref name="Presidential Proclamation">{{citar web|url=http://www.whitehouse.gov/the-press-office/2011/04/12/presidential-proclamation-civil-war-sesquicentennial|título=Presidential Proclamation-Civil War Sesquicentennial|publicado=The White House|data=12 de abril de 2011|citação=...&nbsp;a new meaning was conferred on our country's name&nbsp;... |arquivourl=httphttps://www.webcitation.org/62aAPoA6B?url=http://www.whitehouse.gov/the-press-office/2011/04/12/presidential-proclamation-civil-war-sesquicentennial|arquivodata=20 de outubro de 2011|acessodata=26 de abril de 2011|urlmorta=yes}}</ref>
 
Nos anos recentes, historiadores tais como Harry Jaffa, Herman Belz, John Diggins, Vernon Burton e Eric Foner destacam uma redefinição dos [[Republicanismo nos Estados Unidos|valores republicanos]] por Lincoln. No início da década de 1850, em uma época em que a retórica política se centrava na idoneidade da Constituição, Lincoln direcionou ênfase para a [[Declaração de Independência dos Estados Unidos|Declaração de Independência]] como a base para os valores políticos, considerando-a como uma "grande âncora" para o republicanismo.<ref>Jaffa, p. 399.</ref> O destaque para a liberdade e a igualdade para todos contida na Declaração, em contraste com a tolerância à escravidão na Constituição, impulsionou o debate. Como Diggins conclui ao mencionar o influente [[Abraham Lincoln#Os debates Lincoln–Douglas e o discurso da Cooper Union|discurso na universidade de Cooper Union]] (1860), "Lincoln apresentou aos americanos uma parte da História que oferece uma profunda contribuição para a teoria e o destino do próprio republicanismo."<ref>Diggins, p. 307.</ref> Sua posição ganhou força porque ele destacou a base moral do republicanismo, ao invés de sua jurisprudência.<ref>Foner (2010), p. 215.</ref> Todavia, em 1861, Lincoln justificou a guerra usando de termos da legislação — a Constituição formava um contrato, e uma de suas partes só poderia sair se todas as outras concordassem —, e como um dever nacional para garantir uma forma republicana de governo em cada estado.<ref>Jaffa, p. 263.</ref> Burton (2008) argumenta que o republicanismo de Lincoln foi sendo incorporado aos libertos à medida em que foram sendo emancipados.<ref>Orville Vernon Burton, ''The Age of Lincoln'' (2008) p 243</ref>
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Lincoln aderiu ao projeto presidencial dos Whigs: ao Congresso cabia a função de escrever as leis, enquanto o Executivo a aplicava. Durante seu governo, apenas quatro projetos de lei foram vetados. O veto mais importante foi sobre o projeto de lei "Wade-Davis Bill", no qual determinava que para um estado sulista ser reintegrado, pelo menos metade de sua população teria de assinar um juramento de nunca ter apoiado os Estados Confederados, o que ameaçava a Reconstrução da União.<ref>Donald (2001), p. 137.</ref> Em 1862, assinou o [[Homestead Act]], projeto de colonização do [[Região Oeste (Estados Unidos)|Oeste]] concedendo 160 acres (65 hectares) para quem cultivasse a terra por cinco anos, o que atraiu grandes levas de europeus. O "Morrill Land-Grant Colleges Act" (1862) provia recursos federais para instituições de ensino agrícola em cada estado. Por meio dos "Pacific Railroad Acts" de 1862 a 1864 foram emitidos [[títulos públicos]] e garantidas terras para companhias ferroviárias, permitindo a construção da [[Primeira Ferrovia Transcontinental]], concluída em 1869.<ref>Paludan, p. 116.</ref> A aprovação do "Homestead Act" e os "Pacific Railroad Acts" somente foi possível devido à ausência de congressistas e senadores do Sul que eram contrários às medidas na década de 1850.<ref>McPherson (1993), pp. 450–452.</ref>
{| class="toccolours" style="float: right; margin: 0 0 1em 1em; font-size:90%; width:500px; background:F5F5F5;"
!style="background:lavender;" colspan="3"|<div style="float:left;">&nbsp;[[Ficheiro:US presidential seal 1850.png|50px|border]]</div><span style="color: black;font-family:Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size:100%">Gabinete presidencial de<br />Abraham Lincoln</span><ref>{{citar web|autor =Summers, Robert|título=Abraham Lincoln|url=http://www.ipl.org/div/potus/alincoln.html|obra=Internet Public Library 2 (IPL2)|publicado=U. Michigan and Drexel U.|arquivourl=httphttps://www.webcitation.org/62dM1T7zn?url=http://www.ipl.org/div/potus/alincoln.html|arquivodata=22 de outubro de 2011|urlmorta=yes|acessodata=9 de dezembro de 2012}}</ref>
|- style="font-weight:bold;"
|Posto
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[[Ficheiro:O PRESIDENTE LINCOLN DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA DO NORTE assassinado na noite de 14 de abril no Theatro Ford (Semana Illustrada, n. 233).jpg|thumb|O Presidente Lincoln dos Estados Unidos da América do Norte assassinado na noite de [[14 de abril]] no [[Teatro Ford]] ([[Henrique Fleiuss]]).]]
 
O guarda-costas presidencial John Parker saiu do Teatro Ford durante o intervalo para, juntamente com o cocheiro, tomar alguma bebida no bar próximo. O presidente desprotegido estava em seu camarote quando John Wilkes viu a oportunidade e por volta das 22h13m, tendo como vista a parte de trás da cabeça de Lincoln, disparou-lhe um tiro que o feriu mortalmente. O major Henry Rathbone momentaneamente lutou com John Wilkes, mas foi esfaqueado e o criminoso fugiu.<ref>Donald (1996), p. 597.</ref><ref>{{citar web|url=http://www.smithsonianmag.com/history-archaeology/Lincolns-Missing-Bodyguard.html|título=Lincoln's Missing Bodyguard|primeiro =Paul|último =Martin|data=8 de abril de 2010|obra=Smithsonian Magazine|publicado=Smithsonian Institution|arquivourl=httphttps://www.webcitation.org/62aAqLOzq|arquivodata?url=2011http://www.smithsonianmag.com/history-10archaeology/Lincolns-Missing-Bodyguard.html|arquivodata=20 de outubro de 2011|acessodata=15 de outubro de 2010|urlmorta=no}}</ref>
 
Após dez dias de procura, John Wilkes foi localizado em uma fazenda na Virgínia, a aproximadamente 110 quilômetros (70 milhas) ao sul de Washington DC; tentando resistir à captura, o criminoso terminou morto pelo sargento Boston Corbett em 26 de abril.<ref>Donald (1996), p. 599.</ref>
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== Religião e crenças filosóficas ==
[[Imagem:Abraham Lincoln by George Peter Alexander Healy.jpg|180px|thumbnail|Retrato oficial de Abraham Lincoln.]]
Quando jovem, Lincoln era um cético religioso,<ref>{{citar livro|autor =Douglas L. Wilson|título=Honor's Voice: The Transformation of Abraham Lincoln|url=http://books.google.com/books?id=KCM50uZMsQMC&pg=PA84|ano=1999|publicado=Random House Digital, Inc.|página=84|isbn=978-0-307-76581-9}}</ref> ou, nas palavras de um biógrafo, até mesmo um [[iconoclasta]].<ref>Carwardine (2003), p. 4.</ref> Posteriormente, o uso frequente de imagens e textos religiosos pode ter sido reflexo de suas crenças pessoais, ou pode ter sido uma forma de atrair seguidores, que eram na maioria [[protestante]]s.<ref>Carwardine (1997), pp. 27–55.</ref> Ele nunca se aliou a uma igreja, apesar de ter frequentemente visitado-as com sua esposa<ref>On claims that Lincoln was baptized by an associate of [[Alexander Campbell (clergyman)|Alexander Campbell]], see {{citar periódico|url=http://www.acu.edu/sponsored/restoration_quarterly/archives/1990s/vol_38_no_2_contents/martin.html|último =Martin|primeiro =Jim|título=The secret baptism of Abraham Lincoln|periódico=Restoration Quarterly|volume=38|número=2|ano=1996|acessodata=27 de maio de 2012|arquivourl=https://web.archive.org/web/20121019204330/http://www.acu.edu/sponsored/restoration_quarterly/archives/1990s/vol_38_no_2_contents/martin.html|arquivodata=19 de outubro de 2012|urlmorta=yes}}</ref> e estivesse familiarizado com a Bíblia, a qual citava e elogiava em seus discursos.<ref>Donald (1996), pp. 48–49, 514–515.</ref> Lincoln nunca exerceu uma clara demostração de fé cristã, mantendo-se reservado e respeitando a diversidade religiosa. Entretanto, ele acreditava em um Deus todo-poderoso e demonstrava isso por meio dos eventos que participava, e especialmente em 1865, com louváveis discursos.<ref>{{citar livro|autor =Mark A. Noll|título=A History of Christianity in the United States and Canada|url=http://books.google.com/books?id=VGF3wbzzy9QC&pg=PA322|ano=1992|publicado=Wm. B. Eerdmans|páginas=321–22}}</ref>
 
Nos anos de 1840, Lincoln firmou-se na Doutrina da Necessidade, atestando que a mente humana é controlada por um poder superior.<ref>Donald (1996), pp. 48–49.</ref> Na década seguinte, de uma forma generalista ele reconhecia a "providência divina", mas raramente usava uma linguagem ou a aparência dos evangélicos, o republicanismo propagado pelos Pais Fundadores era quase como uma reverência religiosa para si próprio.<ref>Grant R. Brodrecht, ''"Our country": Northern evangelicals and the Union during the Civil War and Reconstruction'' (2008) p. 40</ref> A morte de seu filho Edward fez com que cada vez se sentisse mais dependente de Deus,<ref>Parrillo, pp. 227–253.</ref> e com o falecimento de outro filho, Willie, em fevereiro de 1862, ele lançou o olhar para a religião em busca de respostas e consolo.<ref>Wilson, pp. 251–254.</ref> Foi nesse estado espiritual, do ponto de vista divino, que ele considerou que o agravante de guerra era necessário. Nessa época, em suas palavras, "Deus poderia ter salvado ou destruído a União sem a contestação humana. No entanto, a contestação começou. E tendo a contestação começado Ele poderia dar a vitória final para qualquer um dos lados em qualquer dia. No entanto, a contestação continua."<ref>Wilson, p. 254.</ref> No dia em que Lincoln foi assassinado, ele teria dito a sua esposa que desejava visitar a [[Terra Santa]].<ref>Guelzo (1999), p. 434</ref>